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— Os editores

Secretário de Defesa bate de frente com Trump, caos nos EUA

O secretário de Defesa americano renunciou ontem ao cargo com uma dura carta contra o presidente Donald Trump. “Nossa força como nação é inexoravelmente ligada ao nosso sistema de alianças e parcerias”, escreveu Jim Mattis. “Também creio que precisamos ser resolutos e não ambíguos a respeito dos países cujos interesses estão em tensão com os nossos. Está claro que China e Rússia querem construir um mundo consistente com seu modelo autoritário. Minha visão a respeito de tratar aliados com respeito e sermos claros a respeito dos maus atores é baseada numa imersão de quatro décadas nestes temas. Porque o senhor tem o direito de ter um secretário de Defesa cuja visão se alinha com a sua, acredito ser certo que eu deixe minha posição.” Mattis estabeleceu como data final para sua substituição o dia 28 de fevereiro.

Dorrit Harazim: “A carta-renúncia do secretário de Defesa Jim Mattis é uma bomba na historia dos Estados Unidos. Trump em espiral de caos.”

A renúncia vem após a decisão de Trump de retirada total das tropas americanas da Síria. O movimento ocorre no mesmo momento em que a Turquia planeja uma ofensiva contra grupos curdos e ajuda tanto Rússia quanto Irã, que têm interesse de influenciar a região. O Estado Islâmico, que Trump afirma ter derrotado, ainda tem soldados lutando na Síria.

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Futuro ministro da Cidadania, pasta que integra Desenvolvimento Social, Cultura e Esporte, Osmar Terra sugere impor restrição à venda de álcool como medida de controle da violência. “A maior parte dos acidentes e mortes causadas por pessoas embriagadas acontecem depois da meia-noite”, disse em entrevista ao Globo. “Podemos colocar alguns limites para venda de bebidas em lugares mais violentos.” Terra elogia o modelo islandês, que proíbe jovens com menos de 18 de andar nas ruas sozinhos após 22h.

Também entre os planos do novo governo está a ampla desoneração da folha. “O único imposto que se justifica sobre o salário é o de Renda”, afirmou o futuro secretário da Receita Federal, Marcos Cintra. Incidem sobre os salários o INSS patronal (20%), Risco Ambiental do Trabalho (entre 1 e 3%), Salário-Educação (2,5%), Sistema S (entre 0,6 e 1,5%, dependendo do ramo) e 0,2% destinado ao Incra. O FGTS, de 8%, não é considerado tributo. (Globo)

PDT, PCdoB e PSB anunciaram a formação de um bloco de oposição ao governo na Câmara, a partir de 2019. O PT não foi incluído. Juntas, as legendas contam com 69 deputados e formarão a maior bancada da esquerda — os petistas somam 56. (Estadão)

Bolsonaro respondeu num tweet: “Se me apoiassem é que preocuparia o Brasil.”

Pois é... Quem espera conflito aberto na ceia de segunda-feira pode contar com o Guia Aos Fatos de Sobrevivência às Discussões Familiares. Todas as informações necessárias para manter a sanidade à mesa.

O empresário carioca Fabio Carvalho comprou o Grupo Abril. Giancarlo e Victor Civita, netos do fundador, receberão o valor simbólico de R$ 100 mil e passarão adiante uma dívida de R$ 1,6 bilhão. Carvalho, que se especializou na recuperação de empresas, já pôs de pé a Casa & Vídeo e é o atual dono da Leader Magazine. O negócio precisa ser aprovado pelo Cade e por três credores — Bradesco, Itaú e Santander. Na lista de credores há ainda pelo menos 804 jornalistas e 200 colaboradores freelancers que aguardam uma indenização que nunca chega. Em se fechando o negócio, Carvalho terá em suas mãos títulos como Veja e Exame.

Em tempo: O Brazil Journal entrevistou o novo dono da Abril.

Retrospectiva 2018

Remix das 38 colunas do Meio

Tony de Marco

 
Retrospectiva-2018

Cultura

Como não poderia deixar de ser, esta é uma semana quase toda infantil nos cinemas. Os Detetives do Prédio Azul têm mais um enigma a elucidar — mas não é no edifício onde se criaram. Viajam à Europa para a maior feira anual de bruxos em O Mistério Italiano (trailer). Noutro canto do planeta, e noutra época, o heroico transformer amarelo se encontra abandonado num ferro-velho. Em Bumblebee (trailer) ele será encontrado por uma moça que não desconfia de que há um robô muito além do fusca. O Retorno de Mary Poppins (trailer) traz a incrível babá mágica de volta — e, com ela, o ator Dick Van Dyke. Ele mesmo: o original. Uma geração de mulheres por certo se divertirá com Minha Vida em Marte (trailer), de Mônica Martelli. E o francês Conquistar, Amar e Viver Intensamente (trailer) volta aos anos 1990 para narrar uma história de amor no tempo da Aids. Veja os outros lançamentos.

É a primeira vez desde 1984 que indicados ao álbum do ano no Grammy não foram lançados em CD. As obras Invasion of Privacy (Spotify), da Cardi B, e H.E.R (Spotify), da cantora homônima, pularam o disco compacto em seus lançamentos oficiais e favoreceram o streaming, os downloads digitais e até o vinil. A novidade é vista como mais um sinal da grande crise que a plataforma enfrenta. (Globo)

Também não está fácil para os DVDs musicais. Isso porque a febre do streaming já tomou conta da música e do vídeo, mas ainda não chegou com força à mistura dos dois. Clipes e outros vídeos vão direto para o YouTube e outros sites, onde podem ser vistos de graça. E gigantes como a Netflix estão preferindo se concentrar em documentários musicais. A seca de lançamentos mostra que as gravadoras estão deixando de apostar no formato, que sempre foi bastante tradicional no fim de ano. Na versão física, a maioria tem dois ou três DVDs nas lojas. (Globo)

Nos últimos três meses, o Museu do Prado, em Madri, organizou uma vaquinha para comprar um quadro do século 17. Precisava arrecadar 200 mil euros para adquirir a obra Retrato de menina com pombo, de Simón Vouet. Com a ajuda de mais de 6 mil colaboradores que doaram 204 mil euros, acabou ultrapassando a meta e garantiu a tela, que pertencia a um colecionador particular e nunca havia sido exposta. O que intrigou a equipe do museu foi que a fisionomia da menina que aparece na tela era muito parecida com a de uma mulher retratada em uma obra posterior de Vouet e que já pertencia ao Prado. (Nexo)

Viver

Sol, verão, praia... Um levantamento da Folha mostrou que o número de praias consideradas ruins ou péssimas cresceu 20% no último ano. Mas 283 delas estão sempre limpas desde 2016. E você pode consultar a classificação do seu destino de verão.

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A FDA, agência reguladora de tudo relacionado à saúde e alimentação nos EUA, sinalizou ontem um possível abrandamento na sua posição sobre as vendas de alimentos e bebidas à base de cannabis. A agência está à procura de caminhos que legalizem a venda de óleo de CBD (o cannabidiol, composto que, além das evidências dos benefícios médicos, não proporciona o 'barato' da maconha ou causa dependência), e outras substâncias derivadas de cannabis em alimentos, bebidas e suplementos. O movimento, o primeiro em âmbito federal de legalização de maconha nos EUA, pode remover um dos últimos obstáculos legais para as empresas que esperam vender esses produtos em todos os estados.

O e-cigarro Juul surgiu no mercado em 2015. O objetivo: tornar o tabagismo obsoleto. A empresa está hoje, porém, lidando com uma epidemia de vaping adolescente — 27% dos estudantes de ensino médio americanos afirmam ter usado um e-cigarro recentemente. Se o tabagismo de adultos fosse substituído pelo vaping, isso seria uma boa notícia do ponto de vista da saúde pública. Mas o que parece estar acontecendo, em vez disso, é que os jovens não-fumantes estão fazendo uso dele a taxas alarmantes. E é em meio a isso tudo que a fabricante de cigarros Altria — controladora da Philip Morris USA —, comprou 35% da empresa de e-cigarros. Pois é. Alguns funcionários não ficaram muito contentes e viram o negócio como uma traição à missão da startup de ajudar os fumantes de cigarros a mudar para produtos menos nocivos. Mas os donos da empresa garantiram que estão convencidos de que isso vai, na verdade, ajudá-los. Convencidos e bilionários. O negócio fez com que o valor da Juul chegasse a impressionantes US$ 38 bilhões. Isso torna a empresa mais valiosa do que a Airbnb e a SpaceX, de Elon Musk, segundo a Bloomberg News.

Londres tem um plano: fazer seus moradores apaixonarem-se pelo ciclismo — em cinco anos. A ideia é triplicar o número de ciclovias e criar o primeiro banco de dados de infraestrutura de ciclismo do mundo — um registro digital de dados abertos de todas as instalações nas ruas da capital. Além disso, a prefeitura também promete aumentar o número de escolas envolvidas com aulas de bike e dobrar o número de adultos que recebem treinamento gratuito a cada ano.

Já no Brasil... Um estudo da Universidade de Oxford mostrou que as obras de transporte público da Copa e Olimpíada no Rio de Janeiro beneficiaram mais ricos que pobres. Pos é. Apesar do estudo indicar que todos foram beneficiados de alguma forma com os investimentos bilionários – aproximadamente US$ 6 bilhões – feitos em mobilidade urbana, os benefícios para a população de baixa renda, em termos de acesso, foram menores quando comparados à parcela mais rica da capital fluminense.

Enquanto isso... A Índia está construindo uma nova cidade a partir do zero. É um presente para o setor de serviços financeiros. Foi projetada para ajudar o país a competir com centros financeiros internacionais e regionais, como Hong Kong e Cingapura. Construída entre Ahmedabad e Gandhinagar, no oeste do país, a nova cidade quer atrair empresas globais, fornecendo infraestrutura e instalações de alta classe, além dos melhores talentos indianos para preencher vagas de trabalho.

Pois é. Segundo o Fórum Econômico Mundial, todas as 10 cidades que crescem mais rápido em termos de PIB entre 2019 e 2035 estarão na Índia.

 

Cotidiano Digital

A Apple tomou a decisão de divulgar, anualmente, números de pedidos feitos por governos de quebra de sigilo. O Estado brasileiro, por exemplo, requereu entre janeiro e junho informações a respeito dos donos de 407 aparelhos e 200 contas de iCloud.

Os EUA indiciaram dois hackers, membros do grupo APT10, pela invasão e roubo de informação de pelo menos 45 companhias, além de autarquias como o Laboratório Nacional de Energia e a NASA, desde 2006. Zhu Hua e Zhang Shilong trabalham para o Serviço de Inteligência chinês e seu objetivo era colher informação estratégica e sabotar concorrentes em benefício de Beijing. A guerra digital entre as duas potências está em pleno curso.

Entre 2016 e 17, caiu ligeiramente o número de domicílios brasileiros com TV a cabo — de 33,7% para 32,8%. Este quase um ponto percentual representa menos 1,5 milhão de casas. Também diminuiu o número de domicílios com aparelhos de TV: de 97,2% para 96,6%. Aumentou, porém, o uso de internet para assistir filmes, séries e programas. Dentre a população com acesso à rede, usavam sua conexão para este fim 75,6%, pouco mais de três quartos. Agora é 81,8%. Os números são do IBGE.

Este massagista é um robô.

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