Previdência dos militares, o desafio de Guedes
A briga promete não ser pequena, mas a equipe econômica quer incluir os militares na reforma da Previdência. A categoria havia sido poupada na proposta que tramita no Congresso, enviada na gestão de Michel Temer, mas a área econômica avalia que é importante “dar um exemplo”, já que serão exigidos sacrifícios de todos os trabalhadores. Além disso, segundo levantamento, a caserna tem o regime de previdência mais deficitário, com o Tesouro bancando 93% dos gastos. Entre as ideias estão criar uma idade mínima e aumentar as contribuições, ainda assim mantendo um regime diferenciado em relação a servidores civis e aos trabalhadores do setor privado. (Globo)
Bernardo Mello Franco: “Os generais prometem resistir a qualquer tentativa de incluir as Forças Armadas na reforma da Previdência. Eles cavaram a trincheira nos últimos dias, com recados públicos aos ‘Chicago Oldies’ de Paulo Guedes. Há mais de um quarto de século, Bolsonaro é um combatente incansável pelos privilégios dos militares.” (Globo)
E o sistema de capitalização individual para a aposentadoria, que só deve entrar em vigor em 2030 e para quem ganhar mais de R$ 4 mil, pode ter uma administração semelhante à do Tesouro Direto. Com isso, o trabalhador poderia investir o dinheiro que guardou para a aposentadoria em títulos, ações, títulos ligados à infraestrutura ou fundos de investimentos. A proposta é defendida há dois anos pelo agora ministro da Casa Civil, Onyx Lorenzoni, e por dois assessores que estão trabalhando no governo, o que incomoda a equipe de Paulo Guedes. O funcionamento da capitalização, porém, não deve ser incluído na proposta que vai ao Congresso este ano, apenas sua criação. (Folha)
O mercado terminou o dia feliz. Bolsonaro declarou publicamente que não se opõe à fusão entre a Embraer e a Boeing, dias depois de ter feito questionamentos sobre o impacto do negócio sobre a soberania nacional, provocando uma queda de 5,1% nos papéis da empresa brasileira. A notícia veio depois do fechamento da Bovespa, que havia encerrado o pregão com um novo recorde: 93.805,93 pontos, alta de 0,21%. O impacto sobre as ações da Embraer só devem ser sentidos nesta sexta-feira.
O que era para ser uma simples mudança de segundo escalão ganhou contornos de crise e precisou da intervenção direta do presidente Jair Bolsonaro. Na noite de quarta-feira, o chanceler Ernesto Araújo anunciou via Twitter que o presidente da Agência Brasileira de Promoção de Exportações e Investimentos (Apex), Alecxandro Carreiro, havia pedido demissão. O demitido negou e apareceu para trabalhar normalmente na quinta, alegando, via assessoria, que somente o presidente tinha autoridade para demiti-lo. Carreiro tentou sem sucesso falar com Bolsonaro, que, no fim da tarde, confirmou a demissão e posou com Araújo e o novo presidente da Apex, o diplomata de carreira Mario Vilalva. Pesaram contra Carreiro seu currículo (ele não fala inglês fluente e não tinha experiência na área de atuação da agência) e supostos conflitos com funcionários da confiança de Araújo. (Globo)
Embora tenha vencido a queda de braço, Araújo sai desgastado, segundo informações de bastidores. O chanceler anunciou a demissão sem ter falado antes com Bolsonaro. Carreiro, que foi presidente do Patriotas no Distrito Federal, havia sido indicado para a Apex por políticos do PSL e teria aval de Flávio Bolsonaro, senador eleito e filho do presidente. (Folha)
Mantida a ideia de facilitar a posse de armas para quem vive em cidades com mais de 10 homicídios por 100 mil habitantes, 169 milhões de brasileiros poderão se armar. Eles vivem nos 3.179 municípios com esses índices de violência. A medida deve ser anunciada na semana que vem. (Globo)
O senador eleito Flávio Bolsonaro não atendeu ao convite do MP para depor sobre seu ex-assessor Fabrício Queiroz. Em vez disso, deu entrevista ao SBT dizendo não ter como controlar o que subordinados fazem “fora do gabinete”.
O MEC abriu sindicância para saber como surgiram as modificações polêmicas no edital do Programa Nacional do Livro Didático. A versão publicada no dia 2 deste mês, já no governo Bolsonaro, não trazia as exigências de bibliografia, controle de erros, retratação de diversidade étnica e combate à violência contra a mulher. Nenhuma dessas mudanças constava do documento liberado pelo ministério em 28 de dezembro, ainda no governo Temer. (Folha)
“Bolsonaro assume o poder. E quer vingança.” Com esse título, o New York Times dedicou um editorial ao presidente brasileiro. O jornal destaca sua proximidade com Trump, dizendo que os dois se parecem “nas declarações ultrajantes e na base política formada por evangélicos, elites endinheiradas, políticos covardes e militares linha-dura”, e diz que seu sucesso depende de conseguir entregar “as desesperadamente necessárias reformas econômicas”.
Mais um viaduto foi atacado a bombas em Fortaleza, numa onda de violência que nem a ação de tropas federais parece conter. Nem todos os explosivos deixados nos pilares foram acionados. Ainda assim, o barulho foi ouvido em quatro bairros da capital cearense.
Nicolás Maduro tomou posse em mais um mandato como presidente da Venezuela sem o reconhecimento do Congresso, da OEA, dos EUA e da União Europeia. Mas a presidente do PT, Gleisi Hoffmann, prestigiou o evento.
Cotidiano Digital
Enquanto a Disney não vem... A semana começou com o Roku anunciando 27 milhões de assinantes. Na terça, a Hulu anunciou que já conta com 25 milhões e que sua aposta em também exibir publicidade trouxe no ano passado US$ 1,5 bilhão em faturamento. Já ontem, a Amazon divulgou que seu serviço de streaming, Fire TV, já passou dos 30 milhões de assinantes. Ainda correm atrás da Netflix, que já passou dos 137 milhões no mundo inteiro. O serviço de streaming da Disney deve ser lançado ainda este ano.
Mas a Amazon não parou por aí. Anunciou o lançamento de um serviço de streaming gratuito, baseado em publicidade, chamado IMDB Freedive. Além disso, segundo o pessoal do Verge, a empresa está se preparando para lançar um streaming de games direto para TV.
Já a Netflix, que aproveitou a CES para divulgar sua série Altered Carbon com um falso estande de biotech, diz que vai usar inteligência artificial para coibir o compartilhamento de senhas do serviço.
O Facebook aproveitou a feira para fazer uma reservada reunião de seu conselho de clientes, quando recebe executivos de seus maiores anunciantes para discutir sobre os planos de publicidade na plataforma. Um dos focos é vender para seus parceiros o potencial de anúncios com vídeos verticais dentro de Stories no Facebook. Foram discutidos ainda questões como privacidade de dados e brand safety.
Com a CES entrando na reta final começam a surgir uma série de listas sobre o que foi lançado:
Os principais aparelhos com: Google Assistant ou Alexa;
As dez melhores TVs da CES (vídeo);
Os principais smartphones;
Os melhores laptops;
As dez principais matérias sobre carros da feira;
E os produtos mais estranhos em exposição.
Cultura
“O nome dela é Jenifer, eu encontrei ela no Tinder...” Se essas estrofes ainda não pegaram você, cuidado. Jenifer (Spotify), que já é chamado ‘novo hit do verão’ desbancou o pagonejo Atrasadinha no topo do Spotify no Brasil. Também já é líder no YouTube, onde acumula 67 milhões de views. Mas o G1 conta que o caminho para o sucesso da canção não foi fácil. A ideia quase não vingou entre seus oito compositores, que buscavam músicas diferentes. Depois, o cantor Gusttavo Lima assinou contrato para gravar e desistiu. Gabriel Diniz assumiu a tarefa mesmo com a desconfiança da própria equipe. E aí, deu no que deu.
O filme Marighella, dirigido por Wagner Moura, foi selecionado para a mostra principal do Festival de Berlim 2019. A produção, que tem Seu Jorge no papel principal, terá sua estreia mundial no evento e está fora da competição. O filme é orçado em R$10 milhões e é inspirado no livro Marighella — O Guerrilheiro que Incendiou o Mundo (Amazon), do jornalista Mário Magalhães, lançado originalmente em 2012. (Estadão)
Nos cinemas, uma nova versão do Homem-Aranha vem aí. Em Homem-Aranha no Aranhaverso (trailer), um jovem negro do Brooklyn que se tornou o spiderman inspirado no legado de Peter Parker, já falecido, vê tudo mudar ao se deparar com o próprio Peter e uma dimensão paralela onde existem várias outras versões do super-herói. Chega também às telas o filme que consagrou Glenn Close como melhor atriz no Globo de Ouro. Em A Esposa (trailer), sua personagem, que passou 40 anos ignorando seus talentos literários para valorizar a carreira do marido, decide abandoná-lo. E em Máquinas Mortais (trailer), nova produção de Peter Jackson, a Terra está destruída após uma guerra e Robert Sheehan precisa lutar para sobreviver e enfrentar uma ameaça que coloca a vida no planeta em risco. Veja as outras estreias da semana.
Viver
Astrônomos detectaram, pela segunda vez na história, ondas de rádio misteriosas e ultracurtas no espaço sideral profundo. Suas origens ainda são desconhecidas. A maioria dos cientistas afirma que elas são geradas por poderosos fenômenos astrofísicos que surgem a bilhões de anos-luz fora de nossa galáxia — como os buracos negros ou estrelas de nêutrons superdensas se fundindo. Mas há quem defenda que elas podem ser evidências de vida alienígena avançada. (Globo)
E não é só isso. Cientistas apresentaram esta semana avanços importantes para entender o comportamento dos tais buracos negros. Conseguiram explicar, por exemplo, a origem de potentes sinais de raios-X que chegaram à Terra vindos de uma galáxia remota em 2014 — eles eram periódicos: repetiam-se exatamente a cada 131 segundos por 450 dias. E não tinha nada a ver com aliens. Era um buraco negro se ‘alimentando’ de uma estrela.
Ainda sobre ciência... Em 2013, a ministra da Mulher, Família e Direitos Humanos, Damares Alves, apareceu em um vídeo afirmando que a Igreja perdeu espaço na sociedade brasileira ao “deixar” a “Teoria da Evolução entrar nas escolas”.
O ministro da Ciência e Tecnologia, Marcos Pontes, rebateu sua fala. Disse, em entrevista à rádio CBN, que não se deve misturar ciência com religião.
Para os curiosos, o Globo explica como surgiu a Teoria da Evolução.
Giuliana Mazzoni, professora de Psicologia da Universidade de Hull: “Hoje em dia, tendemos a comprometer muito pouco a memória — confiamos muito à nuvem. Até os eventos mais pessoais são geralmente gravados em nossos celulares. Em vez de lembrar o que comemos no casamento de alguém, olhamos para todas as fotos que tiramos da comida. Isso tem sérias consequências. Tirar fotos de um evento, em vez de ficar imerso nele, já demonstrou levar a uma lembrança mais pobre do real — nos distraímos no processo. Pesquisas também descobriram uma falta de espontaneidade nas selfies e em outras fotos. Elas são planejadas, as poses não são naturais. Em outras palavras, elas não refletem realmente quem somos, mas o que queremos mostrar aos outros sobre nós mesmos no momento. Nossa obsessão em tirar fotos pode estar causando perda de memória e uma identidade própria distorcida.”
