E os Bolsonaro pedem foro privilegiado ao Supremo

No final da manhã de ontem, o ministro Luiz Fux, do Supremo Tribunal Federal, ordenou que fosse suspensa a investigação que o Ministério Público conduz a respeito das movimentações financeiras atípicas nas contas bancárias de Fabrício Queiroz, ex-assessor do senador eleito Flávio Bolsonaro. Quem pediu a suspensão foi o próprio filho do presidente: alega ter direito a foro privilegiado por ter sido diplomado senador. A decisão final, afirma Fux, cabe ao também ministro Marco Aurélio Mello, relator sorteado do caso. Apesar de ter feito o pedido, Flávio afirma não ser alvo de qualquer investigação.

Pois foi de presto que voltou a circular nas redes, ontem, um vídeo de Jair Bolsonaro, que ao lado de Flávio, afirmava em março de 2017: “Sou o único deputado prejudicado, não preciso dessa porcaria de foro privilegiado.”

“Não suspendi o caso”, afirmou à repórter Andreia Sadi o ministro Luiz Fux. “Enviei para o relator. Se não o fizesse, a investigação toda poderia ser prejudicada. Todo mundo sabe que não tenho o hábito de suspender investigação.” Segundo ele, provas coletadas sobre Flávio deveriam ter sido encaminhadas pelo TJ, e não ocorreu. Caso Marco Aurélio concorde com a tese de que o senador Bolsonaro tem direito a foro privilegiado, as provas coletadas poderiam ser anuladas se o processo não fosse interrompido agora, disse.

Com a medida, os Bolsonaro ganharam tempo. Bastante tempo. “Só decido quando voltar de férias”, mandou avisar Marco Aurélio. “Estou no Rio, pelo menos desta vez ninguém vai me caçar — só que com c cedilha.” Referia-se à decisão de liberar presos condenados em segunda instância ‘cassada’ pelo presidente do Supremo, no final do ano passado. “Depois de 40 anos no STF, não tem mais abacaxi para descascar”, comentou ligeiro com Sadi.

O desgaste é imenso. “Não há como concordar com a decisão”, comentou com o Estadão o procurador da Lava Jato Deltan Dallagnol. “Hein?”, limitou-se a twitar o ex-procurador-geral da República, Rodrigo Janot. Pelo menos um ministro do STF, anonimamente, avaliou como erro estratégico dos Bolsonaro. Puseram-se agora nas mãos da procuradora-geral Raquel Dodge. “Ainda não há uma explicação convincente”, afirmou um dos militares próximos ao presidente a Gerson Camarotti. “Enquanto isso não acontecer, o desgaste desse caso vai continuar. Já está demorando demais.”

Ainda é janeiro do primeiro ano de mandato.

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Enquanto isso... Olavo de Carvalho está liderando uma insurgência entre bolsonaristas. Mas o motivo não é suspeita de corrupção. Classificou como gravíssima a visita de parlamentares do PSL à China, onde foram avaliar tecnologias. “Estão entregando o Brasil à China”, diz sem sutilezas em um vídeo. “Vocês são idiotas. Bando de caipira, inclusive você Carla Zambelli, já te apoiei muito. Se você não sair desse negócio não falo mais com você.” (Piauí)

Olavo, diga-se, que posou ontem para fotografia com Steve Bannon, o arquiteto intelectual da Doutrina Trump.

O BNDES tornou pública a lista das 50 empresas que mais tomaram emprestado do banco.

Seis testemunhas apontam um ex-capitão do Bope como o homem que disparou os tiros que custaram a vida da vereadora carioca Marielle Franco e seu motorista, Anderson Gomes. A informação vem de um inquérito policial que a Justiça proibiu a TV Globo de divulgar e que o Intercept publicou hoje. Para não atrapalhar as investigações, o site optou por não revelar seu nome. O ex-policial foi expulso da corporação por envolvimento com o crime e trabalha como mercenário, contratado em geral por bicheiros para cometer assassinatos. Para a polícia, os principais suspeitos de mandantes são o vereador Marcelo Siciliano e o miliciano Orlando Curicica, ambos envolvidos com grilagem de terra na Zona Oeste do Rio. No dia 14 de março o crime fará um ano ainda sem resolução oficial.

Um atentado a bomba que ocorreu ontem, em Bogotá na Colômbia, já custou a vida de pelo menos 21 pessoas. Há 68 feridos. O autor do ataque é José Aldemar Rojas Rodríguez, um homem de 56 anos que morreu na explosão e não tinha antecedentes criminais. Um cão farejador chegou a dar o alerta de que seu veículo utilitário era suspeito mas, à entrada da Academia de Polícia General Santander, ele pisou no acelerador e fez o carro explodir perto do alojamento de mulheres. Pouco antes ocorrera ali uma cerimônia de promoção de cadetes. Ainda não está clara a motivação.

A arma que libera revólver e laranja

Tony de Marco

 
Bic

Cultura

Depois das versões de clássicos como A Bela e a Fera (trailer), Mogli: O Menino Lobo (trailer), e Aladin (trailer), que estreia em maio, a Disney dará continuidade a esta estratégia de sucesso com o remake de O Corcunda de Notre Dame. O longa agora será um musical com atores de carne e osso.

Também vai ganhar nova versão o filme de 1990 Convenção das Bruxas (trailer), protagonizado por Anjelica Huston. Dessa vez, será estrelado por Anne Hathaway. (Estadão)

A Netflix está recebendo críticas por usar cenas de uma tragédia real em seu filme Bird Box. As imagens são do acidente ferroviário de Lac-Mégantic, em 2013, quando um trem que transportava petróleo descarrilhou e foi parar numa cidade do Canadá, causando uma gigante explosão. No total, 47 pessoas foram mortas. No longa, as cenas aparecem num noticiário. A plataforma disse que não vai retirar as imagens do filme, mas afirmou que vai ser mais cuidadosa daqui para a frente.

Nos cinemas, a grande estreia da semana é Vidro (trailer). Após a conclusão de Fragmentado (trailer), Kevin Crumb (James McAvoy), o homem com 24 personalidades diferentes, passa a ser perseguido por David Dunn (Bruce Willis), o herói de Corpo Fechado (trailer). O jogo de gato e rato entre eles é influenciado pela presença de Elijah Price (Samuel L. Jackson), que manipula seus encontros e guarda segredos sobre os dois. Tem também a chegada da animação Como Treinar o seu Dragão 3 (trailer), em que o garoto Soluço tenta encontrar um lar onde os dragões possam viver em paz ao mesmo tempo em que o vilão Grimmel aparece para acabar com a liberdade dos dragões. Já para quem gosta de suspense policial, em O Peso do Passado (trailer), Nicole Kidman é uma detetive que sofreu um trauma ao se infiltrar entre bandidos. Anos depois, ela reencontra pistas da gangue e volta a persegui-los. Veja as outras estreias da semana.

Viver

Daqui a cem anos, o solo pode não ter um papel tão importante na agricultura quanto tem hoje. Pois é. Para que haja alimentos adequados e de qualidade para todos os 10 bilhões, 15 bilhões ou 20 bilhões de pessoas no futuro, a agricultura vertical e hidropônica e a biologia sintética podem vir a ser essenciais. As técnicas modernas de produção de alimentos podem gerar 10 vezes o rendimento por unidade de área que as condições normais de campo proporcionam hoje. E isso pode ser transferido para espaços de crescimento vertical, com 100 unidades de altura. O que isso significa? Que precisaríamos de apenas 0,1% da área de terra que usamos agora para a produção de alimentos.

Falando nisso... Cientistas desenvolveram uma dieta que promete salvar vidas, alimentar 10 bilhões de habitantes e não causar danos catastróficos ao planeta. É a “dieta para saúde planetária” — menos carne, mais leguminosas.

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Contamos aqui no Meio que os terraplanistas estão fretando um navio até a borda do planeta. Mas eles enfrentarão um problema: todos os sistemas de navegação de navios de cruzeiro se baseiam no fato de que a Terra é redonda. O GPS só funciona por causa do formato aproximadamente esférico do nosso planeta. (Folha)

Já pensou se o governo, em vez de ter uma estrutura pública de atendimento nas áreas de saúde e educação, te desse um voucher para pagar a escola ou uma consulta médica? A ideia liberal, que já funciona em outros países, até foi posta em pauta pelo ministro da Economia, Paulo Guedes, e pelo presidente, Jair Bolsonaro. Mas a Folha mostra que ela é vista com descrédito pelos especialistas. É que não há evidências de benefícios aos usuários. No caso da saúde, a iniciativa pode ainda estimular consultas e exames desnecessários e, assim como na educação, deixar o custo do sistema mais alto.

A Política Nacional de Saúde Integral da População Negra (PNSIPN) foi criada em 2006 para combater as disparidades raciais no acesso a serviços de saúde no Brasil. Mas 12 anos depois, em um universo de mais de 5 mil municípios, somente 57 a colocaram em prática. Os dados são de um levantamento de pesquisadores da Secretaria de estado da Saúde de São Paulo e da USP. (Globo)

Para ouvir com calma: O 29º relatório mundial da organização Human Rights Watch foi divulgado ontem e critica o embrutecimento das polícias brasileiras e o autoritarismo de algumas decisões do governo de Jair Bolsonaro. No podcast Durma com Essa, a turma do Nexo explica melhor os diagnósticos da ONG.

Cotidiano Digital

Foi via Twitter que o Facebook negou qualquer participação do meme do desafio dos dez anos. “Começou por conta própria, sem nosso envolvimento”, afirmou o responsável pela conta em resposta a Nicholas Thompson, editor da Wired. “É sinal da diversão que as pessoas têm no Facebook, e só isso.” Não há, pois, algoritmos sendo treinados para envelhecimento em reconhecimento facial.

O CEO da Apple, Tim Cook, pediu publicamente ao governo americano que dê ferramentas legais para que usuários controlem sua informação privada. “O problema tem solução — não é grande demais, não é um grande desafio, tampouco é tarde demais”, escreveu em um artigo na nova edição da Time. “Eu e outros pedimos ao Congresso americano que proponha um pacote de leis que protejam e empoderem o consumidor.” Para Cook, a legislação abarcaria quatro princípios. O direito a ter só um mínimo de informações, sempre anônimas, capturadas por empresas. O direito a saber que informações são coletadas e o porquê. O direito a acessar a informação armazenada e poder corrigi-la. E, por fim, o direito à garantia de segurança. De que não vai vazar. O que Cook não fala é que, das cinco grandes empresas de tecnologia, a Apple é a única que vive de vender hardware e, portanto, depende muito menos do que as outras de dados.

Esta edição da Time mergulha no digital e pergunta, a seis pessoas particularmente influentes na indústria, o que mais temem. Diretor Jurídico da Microsoft, Brad Smith conta que seu maior receio é a inabilidade de governos de acompanharem o passo do desenvolvimento tecnológico. Kathy Hirsh-Pasek e Joshua Sparrow, especialistas em infância, temem as consequências nas crianças pela desatenção que a atual geração de pais tem, distraídos por seus celulares. Moran Cerf, neurocientista da Universidade Northwestern, acredita que a desigualdade social vai se ampliar muito quando tecnologias puderem mexer com as habilidades do cérebro. Quem tiver dinheiro vai ser mais capaz do que quem não tiver.

A Nova Zelândia é o mais novo país a proibir participação da chinesa Huawei em sua infraestrutura de telefonia 5G.

Em seu tempo, e isso foi bem antes dos smartphones, o Motorola Razr foi um celular excepcional. Raros eram tão finos e em uma de suas últimas gerações chegou a ter iTunes integrado, podendo tocar músicas baixadas da loja da Apple. Um pré-iPhone. Agora, a empresa quer trazer o Razr de volta... Com uma tela dobrável.

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