Torrente de novas informações complicam Flávio Bolsonaro

Se complica cada vez mais a situação do senador eleito Flávio Bolsonaro, filho do presidente da República. No sábado, o Jornal Nacional teve acesso a novo trecho do relatório do Coaf a respeito de movimentações bancárias atípicas feitas pelo então deputado estadual. O Conselho de Controle identificou o pagamento, por Flávio, de um título bancário da Caixa de R$ 1,106 milhão cujo beneficiado não foi possível identificar. A conta se junta à série de 48 depósitos pequenos, em dinheiro, feitos em caixas eletrônicos da Assembleia do Rio, totalizando R$ 96 mil. De acordo com a leitura do Banco Central, os depósitos têm característica de lavagem de dinheiro.

Tampouco ficou mais simples a situação de Fabrício Queiroz, o ex-assessor de Flávio que vem driblando o Ministério Público. Segundo Lauro Jardim, além dos R$ 1,2 milhão atípicos movimentos entre janeiro de 2016 e o mesmo de 2017, passaram pela conta de Queiroz outros R$ 5,8 milhões nos dois anos anteriores. Um total de R$ 7 milhões em três anos. A investigação, ao menos por enquanto, está congelada. Mas o ministro Marco Aurélio Mello já deu sinal de que, em 1º de fevereiro, a devolve para o MP-RJ. (Globo)

Em entrevista à Reuters, o general Hamilton Mourão, que assumiu ontem a presidência da República para a viagem de Bolsonaro a Davos, criou distância. “É preciso dizer que o caso Flávio Bolsonaro não tem nada a ver com o governo”, afirmou. Valdo Cruz explica: é a estratégia adotada pelo núcleo militar: afastar o presidente de seu filho para preservá-lo. Os militares querem uma explicação plausível o mais rápido possível.

O título no site R7 era ‘Flávio Bolsonaro explica pagamento de R$ 1 milhão’. Na entrevista exclusiva dada à TV Record, que tem se mostrado a preferencial da família, o filho 01 afirmou que o pagamento de pouco mais de um milhão se referia à compra de um apartamento na planta, que depois foi vendido. Os 48 depósitos de R$ 2 mil, segundo o futuro senador, também são relacionados ao apartamento. O comprador lhe pagou parte em dinheiro vivo. Assista em vídeo. “Ao senador, não foi perguntado, e por isso ele não respondeu, por que motivo optou por fazer 48 depósitos, com diferença de minutos entre cada operação, em vez de depositar a totalidade do que recebeu em dinheiro de uma vez só”, disse alguns minutos depois a âncora Ana Paula Araújo, no Fantástico da TV Globo. “Também não foi questionado por que preferiu receber parte da venda do apartamento em dinheiro e não em cheque administrativo ou transferência bancária.”

É uma resposta que pode lhe trazer mais dores de cabeça do que resolver o problema. A Folha informa, hoje, que Flávio gastou R$ 4,2 milhões em dois imóveis na Zona Sul, área nobre do Rio, entre 2014 e 17. O valor declarado por compradores e vendedores é menor do que o utilizado pela prefeitura para cálculo de impostos, o que é raro de ocorrer. Foi justamente neste período que o Coaf detectou movimentação de R$ 7 milhões nas contas de Queiroz. Quando começou a vida pública, em 2002, o único bem declarado por Flávio era um Gol 1.0.

Elio Gaspari: “Desde que os ‘rolos’ de Queiroz se tornaram públicos, todos os seus movimentos ofenderam a boa-fé do público. Não atendeu a duas convocações do MP, passou por uma cirurgia e deixou-se filmar dançando. Quem acompanhou a reação do comissariado petista diante das denúncias de corrupção acredita que está num pesadelo. A melodia dos poderosos é a mesma. Onyx Lorenzoni diz que a oposição busca um terceiro turno. Em 2011, Dilma Rousseff disse a mesma coisa. A letra do samba é muito diferente, porque os ‘rolos’ de Queiroz são cascalho quando comparados com as propinas bilionárias que rolaram durante o consulado dos comissários. O pesadelo estraga o sono de milhões de pessoas que votaram contra a roubalheira, o blablablá e a resistência dos petistas a uma autocrítica.” (Globo ou Folha)

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O governo Bolsonaro é uma Babel ideológica que José Fucs mapeou, no Estadão. A costura se dá entre seis grupos distintos — Políticos, Militares, Liberais, ‘Lavajatistas’, Evangélicos e Olavistas. Os militares são os com maior representação nos primeiro e segundo escalões — 32 pessoas. Em seguida vêm 16 políticos, 13 liberais, 12 declarados seguidores de Olavo de Carvalho, 10 pessoas ligadas à Operação Lava Jato e três evangélicos. O mapa de quem é quem está lá. E a conclusão de Fucs não poderia ser mais clara: nas brigas internas até agora, a turma da Lava Jato e os liberais vêm perdendo.

Pois é... Steve Bannon, o mentor intelectual do governo Trump, recebeu Olavo de Carvalho, na sexta à noite, para um jantar. Ele, que busca fomentar líderes da nova direita nacionalista pelo mundo, queria ouvir o homem com tanta influência ideológica sobre o novo governo brasileiro. A um ponto, um dos convidados comentou: “O mercado ama Bolsonaro”, ao que Bannon cortou. “Eles amam mais a Escola de Chicago” — e esta se mostrou uma de suas principais preocupações. “E aquele cara de Chicago?”, perguntou, referindo-se ao ministro Paulo Guedes. Segundo a repórter Beatriz Bulla, que acompanhou a noite, na visão de Bannon, Guedes pode atrapalhar o avanço de uma agenda nacionalista no Brasil. (Estadão)

Em parte da delação do ex-ministro Antonio Palocci só agora divulgada, ele relata a disputa entre os ex-presidentes Lula e Dilma. De acordo com Palocci, a decisão por Dilma de substituir José Sérgio Gabrielli por Graça Foster, no comando da Petrobras, marcou uma ruptura entre ambos. Ao tirar Gabrielli, ela inviabilizou o esquema de desvio de dinheiro sobre o qual Lula tinha controle. “Representava meios de Dilma inviabilizar o financiamento de Lula retornar à presidência, ao passo que viabilizaria recursos para sua reeleição”, afirmou o ex-ministro. Dilma teria dado ainda corda para a Lava Jato, no início, porque a operação implicava Lula, fechando ainda mais o espaço dele. O ex-presidente, por sua vez, gostava de lembra-la de que era ela a presidente do Conselho da Petrobras no período de maiores desvios. Lula e Dilma, ele conta, tinham uma relação diferente com corrupção. Enquanto o primeiro permitia que ocorresse a qualquer momento, mantendo-se sempre afastado para evitar ser relacionado, Dilma concentrava os desvios nos períodos eleitorais. “Nós podemos fazer o diabo quando é hora de eleição”, ela teria dito. (Estadão)

Então... Em um momento, Palocci perguntou a Lula por que ele não pagava o tríplex no Guarujá com o que recebia por palestras, limpando-o. “Um apartamento na praia não cabe em minha biografia”, ouviu. Palocci levou dinheiro em mãos para Lula inúmeras vezes. (Globo)

Começa amanhã o tradicional Fórum Econômico Mundial, que se realiza em Davos, na Suíça. Mas ele está mudando. Os millenials, por exemplo, estão chegando. Embora a média de idade seja de 54 anos para homens e 49 para mulheres, ele será co-presidido por um grupo de jovens líderes. Este será ainda o terceiro ano consecutivo em que a maioria dos co-presidentes são mulheres. E está todo mundo preocupado com os eventos climáticos extremos. A Bloomberg traz, em seis gráficos, o que muda no fórum deste ano.

Cultura

Morreu na sexta-feira, aos 53 anos, o músico e compositor Marcelo Yuka, um dos fundadores da banda O Rappa. Ele estava internado em estado grave com um quadro de infecção generalizada.

Yuka era também um ativista político. Boa parte de suas músicas versavam sobre a violência urbana. Em 2000, ficou paraplégico ao ser atingido por nove tiros ao tentar impedir um assalto a uma mulher na Tijuca, na zona norte do Rio. Manteve-se por mais um ano n’O Rappa, mas deixou a banda e fundou, em 2004, a banda F.UR.T.O. Também filiou-se ao PSOL e chegou a concorrer ao lado de Marcelo Freixo à prefeitura do Rio, em 2012. Seu último álbum foi lançado em 2017: Canções para depois do ódio (Spotify). No Nexocinco músicas que representam seu trabalho.

Silvio Essinger: “Yuka foi das figuras centrais de uma transformação profunda que aconteceu na música brasileira nos anos 1990: aquela que levou os jovens artistas do pop-rock a assumirem a preocupação com as complexidades de um Brasil cada vez mais integrado com o mundo e com si mesmo. Depois de 18 anos de dores intensas e persistentes (mas de um pensamento cada vez mais afiado e lírico), que não impediram de fazer música e envolver-se em projetos sociais, o corpo abandonou Yuka. Para os amigos, que acorreram ao seu velório, na Sala Cecilia Meireles, na Lapa, ficou a memória de um sujeito de humor finíssimo, envolvente, que driblava a amargura com a força da palavra bem colocada.” (Globo)

No mundo da arte, em 2019, várias exposições nas salas dos maiores museus do mundo reivindicarão as esposas e companheiras dos grandes criadores do século XX. E mostrarão que elas não tiveram o papel passivo que a história oficial lhes conferiu.

Viver

Aos 113 anos, morreu o homem mais velho do mundo. Masazo Nonaka, que recebeu o título do Guinness World Records aos 112, faleceu enquanto dormia.

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Assim como no restante do mundo, os cânceres de pele dos tipos melanoma e não melanoma são os mais comuns no Brasil e devem responder por quase 172 mil casos novos por ano no biênio 2018-2019. O número, do relatório Estimativa 2018 – Incidência de Câncer no Brasil (PDF), corresponde a quase um terço dos casos novos de câncer projetados para 2018-2019 no país (600 mil). Eles não são, contudo, os que mais matam — esses são o de mama e o de próstata. (Folha)

Há algumas cidades ao redor do mundo que têm um carisma especial e uma espécie de magnetismo. Mas Londres é a campeã. É o que diz o ranking do Instituto de Estratégias Urbanas da Mori Memorial Foundation, que desde 2008 analisa os pontos fortes e fracos de 44 das cidades mais conhecidas e amadas do mundo para conhecer sua capacidade de atrair capital, empresas e pessoas. Este ano, os cinco primeiros lugares permanecem inalterados em relação ao ano passado: Londres, Nova York, Tóquio, Paris e Cingapura. Uma das maiores mudanças foi a ascensão das cidades norte-americanas e o declínio de alguns grandes nomes da Ásia. Desde o ano passado, por exemplo, Pequim caiu do 13º para o 23º lugar no ranking devido ao desempenho mais fraco nas medidas de acessibilidade.

Por falar... Nós frequentemente nos enganamos muito em nossas percepções sobre os nossos países. Os brasileiros acreditam que 30 em cada 100 pessoas no país são imigrantes. Na verdade, são apenas 3. Em gráficos, o Nexo mostra o quão distante a percepção da população de diferentes países está da realidade em 12 temas.

Cotidiano Digital

Em tempos de Marie Kondō, a repórter Nitasha Tiku se lamenta pela bagunça de sua vida digital. Os e-mails não respondidos que se acumulam, os trocentos alertas a toda hora. “Os milhões de espectadores ouviram Kondō dizer, de novo e de novo, que o objetivo de seu método é abrir espaço para uma vida ideal”, ela escreve. “E no entanto, numa vida nada ideal, adultos passam metade de seus dias consumindo conteúdo numa tela ou outra.” A vida digital, quem arruma?

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