Jean Wyllys renuncia ao mandato por medo de morrer

Jean Wyllys renunciou à cadeira que teria na Câmara quando se encaminhava para ocupa-la no terceiro mandato. “Eu já vinha pensando em abrir mão da vida pública desde que passei a viver sob escolta, quando aconteceu a execução da Marielle”, disse à Folha. “A violência contra mim foi banalizada de tal maneira que Marilia Castro Neves, desembargadora do Rio, sugeriu minha execução num grupo de magistrados do Facebook. Vou recompor minha vida, quero fazer um doutorado.” Segundo Wyllys, no momento em que foi divulgado que Flávio Bolsonaro tinha a mãe e a mulher de um dos suspeitos do assassinato de Marielle entre seus assessores, tomou a decisão final. (Folha)

Interpretando o episódio como de alta gravidade, o presidente da Câmara, Rodrigo Mais, soltou uma nota oficial. “Lamento a decisão”, pôs em texto. “Como presidente da Casa, e seu colega na Câmara, mesmo estando em posições divergentes, reconheço a importância de seu mandato. Nenhum parlamentar pode se sentir ameaçado, ninguém pode ameaçar um deputado federal e sentir-se impune.”

O presidente Jair Bolsonaro publicou em seu Twitter, pouco mais de meia hora após o anúncio, uma mensagem cifrada. “Grande dia”. Seu filho Carlos, que durante a campanha era responsável pelas contas do pai, lançou em seu Twitter quase ao mesmo tempo: “Vá com Deus e seja feliz!” Quando os tweets foram interpretados como resposta a Wyllys, ambos negaram relação. “Fake News”, escreveu. “Referi-me à missão concluída, reuniões produtivas com Chefes de Estado”

As reuniões que o presidente afirma terem sido um sucesso não foram, no geral, com países de grande impacto comercial. A comitiva brasileira teve encontros bilaterais com a República Tcheca, a Geórgia, a África do Sul, Coreia do Sul, Colômbia e Holanda. Da lista, com relevância para o Brasil, apenas Holanda e Coreia. (Folha)

Parlamentares governistas trataram com deboche a renúncia de Wyllys. Sóstenes, um colega de bancada do Rio, foi ao Twitter. “Se a vida da maioria dos brasileiros ainda está ruim, imagina pra quem cuspiu na cara do presidente?” Alexandre Frota seguiu no mesmo tom. “Jean Wyllys partiu, desistiu, magoei. Achei que o deputado fosse sentar ao meu lado.” Joice Hasselmann foi além. Mostrou um vídeo no qual diz ter recebido uma cabeça de porco. “Fico imaginando a reação de Jean Wyllys se tivesse recebido um presentinho desses. Talvez sairia correndo aos gritos, dando um piti louco.”

Wyllys será substituído na Câmara pelo vereador carioca David Miranda, marido do jornalista Glenn Greenwald, editor do Intercept. “Acredito em uma coincidência do destino”, disse em entrevista. “Se eles acham que vão acabar com um LGBT, outro de nós vai assumir.” (Globo)

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Ainda evitando repórteres brasileiros, Bolsonaro deu mais uma entrevista à imprensa americana. Desta vez, a Lally Weymouth, do Washington Post. “Nós não embarcaremos o Brasil em uma intervenção militar”, declarou a respeito da Venezuela. “Não temos uma história de intervir militarmente para resolver problemas.” O presidente também aproveitou para se queixar dos jornalistas. “Você realmente acredita nos jornais impressos, acredita cegamente?” ele perguntou à repórter. “Não estou colocando em dúvida o seu jornal. Mas, no Brasil, os jornais são todos a mesma coisa.” Bolsonaro ainda se irritou com a pergunta a respeito da relação de seu filho, Flávio, com milícias. “Este não é um problema de governo ou ligado à administração federal, e não é da sua conta.”

O Axios, um dos mais influentes sites políticos americanos, avaliou que Davos o recebeu bem. “O Fórum Econômico Mundial trata de dinheiro e poder, e ambos são em essência amorais.” Sobre a entrevista ao Post, os editores comentaram — “Bolsonaro driblou as perguntas sobre sexismo e homofobia.”

No exercício da presidência, o general Hamilton Mourão assinou ontem um decreto mudando a regulamentação da Lei de Acesso à Informação. Passam a ter poder de classificar informações como ultrassecreta e secreta inúmeros assessores. Antes, só podiam fazê-lo os ocupantes dos cargos mais altos do governo. (Nexo)

Porém... O Banco Central está voltando atrás da ideia de excluir parentes de políticos da lista de vigilância obrigatória pelos bancos. O projeto tiraria o Coaf do jogo de buscar indícios de corrupção política. (Folha)

Helio Gurovitz: “Ditadores não caem por gravidade. Não será diferente com Nicolás Maduro. O tempo e a dor provocada pela agonia dele dependerão da correlação de forças na Venezuela. Três fatores serão essenciais para estabelecê-la. 1. A disposição do próprio Maduro em resistir. Se renunciar diante dos protestos gigantescos e do repúdio internacional em massa, a agonia será curta. 2. A extensão do apoio a Maduro nas Forças Armadas. As lideranças, em especial o ministro da Defesa Vladimir Padrino, empenharam lealdade à permanência de Maduro na Presidência para um novo mandato, apesar de mais de 50 países terem reconhecido o líder da Assembleia Nacional, Juan Guaidó, como presidente interino. A AN acenou com anistia a militares que se rebelarem e apoiarem a transição até novas eleições. Não há consenso interno e cresce a oposição a Maduro. Uma primeira revolta de patentes inferiores foi sufocada no fim de semana. 3. A ação internacional para derrubar Maduro, caso ele insista em ficar no poder. Na atual situação de confronto e protestos, é improvável que haja uma intervenção militar externa para depô-lo. Se o quadro evoluir para uma guerra civil, contudo, esse é um cenário que não está descartado. Maduro rompeu relações com os EUA e deu 72 horas para diplomatas americanos deixarem o país. A proteção à embaixada seria um pretexto para o envio de tropas.”

Na edição especial de sábado, o Meio fará um mergulho na oposição da Venezuela. Henrique Caprilles, Leopoldo López, agora Juan Guaidó — que ideias políticas representam, o quanto os grupos realmente pertencem a uma elite pré-chavista. Os assinantes Premium recebem, amanhã. Faça sua assinatura. Ainda há tempo ;-)

NASA detecta impacto de discurso de Bolsonaro em Davos

Tony de Marco

 
Lua-vermelha

Cultura

Em São Paulo, hoje é dia de festa. Na Praça das Artes, a Batekoo convida KL Jay e a Discopédia, e o DJ Seu Osvaldo — um dos pioneiros na cidade. No Vale do Anhangabaú, Paulinho da Viola convida Beatriz Rabello, Fabiana Cozza e Rodrigo Campos. E o Balé da Cidade fará uma apresentação gratuita de Risco, espetáculo dirigido por Ismael Ivo, no Municipal. No sábado, o carioca BK' faz o lançamento de Gigantes, seu elogiado álbum do ano passado, na Nos Trilhos. E a Casa da Luz abre a exposição Jungle Juice | The Guerrilla Queens, com inéditas de André Niemeyer. Já no domingo, a Orquestra Jazz Sinfônica apresenta canções de Dorival Caymmi, Caetano Veloso e Tom Jobim na Sala São Paulo.

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Dentre as estreias da semana está uma que remete aos anos 1980 — É Creed II (trailer). Silvester Stallone volta a viver Rocky Balboa, só que desta vez ele está encarregado de treinar o boxer Adonis Creed. O rapaz lutará contra Viktor Drago, cujo pai Ivan, em Rocky IV (trailer), matou no ringue seu pai, Apollo. É a última vez em que Rocky virá às telas. O delicado Green Book (trailer) narra a história do motorista vivido por Viggo Mortensen que tem a missão de guiar um pianista mundialmente famoso, papel de Mahershala Ali, pelo sul racista americano dos anos 1960. O livro verde era um guia informal que apontava os locais onde negros podiam entrar sem medo. Veja também os outros lançamentos.

E um quiz divertido para você testar seus conhecimentos sobre hits que marcaram o verão desde a virada do milênio. (Nexo)

Aos 130 anos, uma das famosas pinturas de Vincent van Gogh se tornou delicada demais para continuar em turnê pelo mundo. Girassóis voltará à mostra no Museu Van Gogh, em Amsterdã, no dia 22 de fevereiro. (Estadão)

Aliás... A obra foi a inspiração do rapper Baco Exu do Blues para uma das músicas (Spotify) de seu novo disco, Bluesman. “Quando eu falo de pressa eu penso automaticamente nos girassóis de Van Gogh, que tinham o lance dele pintar tão rápido que conseguia desenhar o girassol perfeitamente antes do girassol manchar.”

Viver

Dois novos estudos apontam caminhos surpreendentes para tratar o mal de Alzheimer. Segundo as pesquisas, a privação de sono e a presença de uma bactéria que causa infecções na gengiva têm correlação estreita com o surgimento da doença. Nos últimos anos, ganhou força entre os cientistas a hipótese de que o problema começa com alterações em uma proteína conhecida como tau, que pode se agregar em fibras e filamentos do cérebro que levam à perda de neurônios e de sinapses. Acontece que a proteína é liberada pelos neurônios com mais frequência quando eles estão excitados, o que tende a ser mais comum durante o estado desperto. Os cientistas confirmaram que um processo mais forte de acúmulo de moléculas de tau acontece quando um indivíduo não dorme normalmente. Já a presença da bactéria P. gingivalis, causadora da periodontite crônica, já era um conhecido fator de risco para o surgimento da doença. Uma toxina produzida por ela é capaz de causar a morte de neurônios e de afetar estruturalmente a tau, o que poderia funcionar como gatilho da doença. Agora, se mais pesquisas confirmarem esses dados, regularizar o sono e diagnosticar e combater a presença da P. gingivalis podem tornar-se novas abordagens promissoras contra o mal de Alzheimer. (Folha)

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A indústria da aviação está se movendo em direção à mobilidade aérea urbana. A Aurora Flight Sciences, subsidiária da Boeing, anunciou esta semana que realizou o primeiro vôo teste de seu protótipo de ‘carro voador’, uma aeronave autônoma e totalmente elétrica. Vale lembrar que ainda não há aeronaves elétricas, ou mesmo híbridas, em operação comercial hoje. E a empresa é apenas mais uma das dezenas que estão buscando entrar no ramo de serviço de táxi aéreo urbano — mas também uma das que tem mais potencial para chegar lá.

Enquanto isso... Aplicativos de corrida como o Uber e o Cabify sofreram uma derrota na Espanha. O governo da Catalunha queria exigir que os clientes solicitassem carros com ao menos 15 minutos de antecedência. Os taxistas catalães acharam pouco. Queriam que a reserva tivesse de ser feita até 24 horas antes do embarque, e iniciaram uma greve que durou seis dias. O governo catalão decidiu, então, que cada cidade poderá determinar a antecedência obrigatória da reserva, até o limite de uma hora. Barcelona optou pelo tempo máximo. Outro ponto polêmico é a proibição do uso de geolocalização dos carros — os usuários não poderão saber se há veículos por perto. E enquanto as empresas estão negociando com o governo, os taxistas de Madrid já se animaram com a ideia. (Folha)

Cotidiano Digital

Inadvertidamente, o site brasileiro da Motorola publicou as imagens de todos os celulares da nova linha Moto G7. Um vazamento oficial.

O Grupo Globo decidiu entrar pesado no ramo dos games. Vai produzir, em março, um torneio de Counter Strike. Marcado para os dias 22 e 23, a competição será transmitida pelo SporTV.com.

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