Dia de tensão no Congresso, com posse e eleição

Não foi fácil — o placar terminou em 7 a 5 —, mas Renan Calheiros superou a briga interna do MDB e será o candidato do partido à presidência do Senado, hoje. O discurso formal é de que ele promoverá a política liberal do governo Jair Bolsonaro. Mas há outros motivos que podem levar os senadores a escolhê-lo. “A cúpula do PSDB, que tem rejeitado Renan, deveria se lembrar que dentro de seu próprio partido tem muitos investigados e até presos”, explicou Katia Abreu a Andréia Sadi. “Vamos dar oportunidade a todos de defesa, inclusive Flavio Bolsonaro.” Além dele, concorrerão hoje mais sete candidatos. Se o voto for secreto, a fragmentação deverá favorecer Calheiros.

Aliás... Bolsonaro ligou do hospital para parabenizar Renan pela vitória. Quando o telefonema vazou, o presidente saiu ligando para os outros. (Globo)

E... Como presidente do Senado, segundo gravações que a Folha conseguiu, Renan operou com Joesley Batista para definir o ministro da Agricultura no governo Dilma.

Na Câmara, a bancada do PSB aprovou a formação de um bloco com Rede, PSOL e PT, frustrando o projeto de isolar os petistas no Congresso na formação de um novo bloco opositor. Segundo Daniela Lima e Thais Arbex, PCdoB e PDT estão pressionados, agora, a se juntar. (Folha)

Seis deputados concorrem à presidência da Casa, mas Rodrigo Maia deverá ser reeleito.

PUBLICIDADE

O Ministério dos Direitos Humanos soltou uma nota em defesa da ministra Damares Silva. “Lulu não foi arrancada dos braços dos familiares”, afirma o texto que renega reportagem de Época segundo a qual a moça foi levada da tribo ainda menina. “Ela saiu com total anuência de todos e acompanhada de tios, primos e irmãos para tratamento ortodôntico e de processo de desnutrição. Damares é cuidadora de Lulu e a considera uma filha. Como não se trata de um processo de adoção, e sim um vínculo socio-afetivo, os requisitos citados pela reportagem não se aplicam. Ela nunca deixou de conviver com os parentes.” A ministra não tem qualquer documento que indique o direito de guarda.

O presidente do STJ, ministro João Otávio de Noronha, mandou soltar o ex-governador do Paraná, Beto Richa. O tucano havia sido preso, na semana passada, durante a 58ª fase da Operação Lava Jato, que apura suposto esquema de fraude em concessões rodoviárias federais no estado.

O desemprego encerrou o ano de 2018 atingindo 12,2 milhões de brasileiros. O país terminou o ano passado com apenas 116 mil desempregados a menos que no quarto trimestre de 2017. Já na comparação com o terceiro trimestre do ano, houve uma redução de 297 mil pessoas. A queda continua sendo puxada pelo crescimento do trabalho informal ou por conta própria.

Élida Graziane Pinto, do MP-SP: “Não são meros acidentes as tragédias como o rompimento das barragens, os incêndios no Museu Nacional e na boate Kiss. Em todos esses casos, a ausência do Estado se fez presente. Tantas mortes evitáveis e tamanhos danos coletivos são escolhas sobre o que priorizamos, com todos os riscos daí decorrentes. Contra a tese de que o Estado brasileiro é grande demais, a evidência dos fatos sugere exatamente o contrário: faltam fiscais; falta investimento para conter a depreciação de pontes, viadutos, rodovias etc.; falta cobertura vacinal; faltam médicos; faltam professores bem formados e valorizados; falta policiamento inteligente. Falta o básico, mas tal constatação não pode, tampouco, ser imputada à tese, no outro extremo, de que nosso aparato estatal seja pequeno demais. Vivemos uma realidade de inchaços (a começar pelo excesso de municípios e estados federados sem sustentabilidade mínima) e também de capturas (um ‘Orçamento de Castas’). São precisamente tais inchaços e capturas que esvaziam a capacidade de operação das políticas públicas. Enquanto faltam vacinas e médicos, sobram hospitais de pequeno porte geridos mediante repasses ao terceiro setor, avolumam-se emendas parlamentares impositivas paroquiais. Enquanto falta custeio para a mera manutenção da infraestrutura, o TCU aponta a existência de mais de 12 mil obras paralisadas. Enquanto o país já enfrenta um apagão docente nas áreas de física, química, matemática e biologia, explodiram estratégias insustentáveis de fomento ao ensino superior privado ofertado em cursos de péssima qualidade por meio de renúncias fiscais e crédito subsidiado. A tudo isso se soma o exorbitante nível de comprometimento dos Estados e Municípios com pessoal ativo e inativo na fronteira aproximada dos 70% da receita corrente líquida. Sequer reconhecemos nossa incapacidade em cumprir o básico: eleger prioridades, entregar resultados conforme o planejado e avaliar ambos os processos à luz dos respectivos custos. Sem isso todo o resto é reiteração formalizada de capturas e inchaços.”

Em votação simbólica, o Parlamento Europeu reconheceu ontem Juan Guaidó como presidente interino da Venezuela. O voto não representa apoio oficial da União Europeia — isto só cada governo europeu, individualmente, poderia fazer. A EU criou, porém, o que chama de um grupo de contato para buscar negociação com o regime bolivariano. (Globo)

Pois é... Guaidó, segue sua ofensiva de encontrar espaços internacionais. Ontem, em entrevista à Reuters, tentou se aproximar dos dois países que dão sustento ao governo Maduro. “O que mais interessa à Rússia e à China é a estabilidade do país e uma mudança de governo”, afirmou. “Maduro não protege a Venezuela, não protege os investimentos de ninguém.”

Hamilton Mourão: “A questão só será resolvida a partir do momento em que as Forças Armadas se derem conta de que não dá para continuar da forma como está. Nós, militares, a gente entende que tem um limite até onde a gente pode ir. Acho que eles estão entendendo que chegaram a este limite.” (Folha)

Então... Guaidó diz que está mantendo conversas ‘clandestinas’ com líderes militares. (New York Times)

Enquanto isso... O embaixador americano em Caracas negociou, discretamente, uma trégua com o governo Maduro. Não haverá pressão sobre os diplomatas por trinta dias.

Amanhã: o Meio vai mergulhar em inteligência artificial. Não a da ficção, tampouco a do futuro: a de hoje. Qual a diferença que IA já está fazendo em nossas vidas. A Edição de Sábado é distribuída apenas para os assinantes premium. Inscreva-se hoje. Custa menos do que o guaraná miúdo na porta do cinema.

Sequestradoras vestem rosa

Tony de Marco

 
Sequestro

Cultura

Em São Paulo, depois de exibir em galerias de Nova York, o jovem artista Samuel de Saboia apresenta a sua primeira individual no Brasil. A mostra Guardiões ocupa o mezanino da Emmathomas com telas, esculturas de cerâmica fria e bordados do recifense de apenas 21 anos. Para quem é de show, tem a cantora indie belga Cloé du Trèfle no Secretinho, hoje; Céu no Sesc Belenzinho, hoje e amanhã; e a banda Del Rey, versada no cancioneiro de Roberto e Erasmo, no Sesc Avenida Paulista, hoje e amanhã.

No Rio, no cruzamento entre as artes visuais e o teatro, a mostra coletiva Perdona que No Te Crea abre amanhã na Carpintaria com obras de artistas contemporâneos. Na Audio Rebel, tem shows de Rosa Neon com Ana Frango Elétrico e Tyaro, hoje. No domingo, o Centro de Arte Nós na Dança comemora 30 anos de atividades com coreografias e aulões de dança realizados ao ar livre, na Praia de Copacabana. A programação é gratuita.

Para mais indicações culturais, assine a newsletter da Bravo!

Com oito indicações ao Oscar, chega aos cinemas o filme Vice (trailer). Christian Bale, que concorre a melhor ator, vive Dick Cheney, o vice-presidente dos Estados Unidos entre 2001 e 2009. O filme mostra a influência dele no governo do George W. Bush. Para quem gosta de fantasia, tem a estreia de O Menino que Queria Ser Rei (trailer), sobre um garoto que encontra a espada Excalibur e precisa enfrentar a meia-irmã do rei Arthur. Também tem Jeniffer Lopez nas telonas. Em Uma Nova Chance (trailer), ela interpreta Maya, uma caixa de supermercado insatisfeita com sua vida profissional que, de repente, vê tudo mudar. E tem o novo filme de Gaspar Noé. Climax (trailer) acompanha um grupo de jovens dançarinos durante uma festa que se transforma em uma noite de alucinações quando eles descobrem que a bebida foi batizada com LSD. Veja todas as estreias.

Cotidiano Digital

Após bloquear por um dia todos os apps de uso interno do Facebook, a Apple permitiu que voltassem a funcionar em iPhones e iPads. A decisão foi tomada quando se descobriu que um destes apps, chamado Facebook Research, era distribuído entre não-funcionários, muitos deles adolescentes, para mapear como usam smartphones. Apps internos, segundo as regras, não podem ser distribuídos fora da companhia.

Logo depois, a Apple também suspendeu os apps de uso interno do Google. A empresa fazia o mesmo que o Facebook, coletando dados de uso de iPhones dos usuários que instalavam um app chamado Screenwise Meter. Na manhã de hoje, também os apps do Google foram restabelecidos.

Pois é: A Apple mandou um recado.

Casey Newton, do Verge: “A tensão entre Apple e Facebook já está alta faz algum tempo. Para Tim Cook, CEO da Apple, Facebook e Google, os gigantes sustentados por publicidade, são sacos de pancada convenientes. Cook quer promover a ideia de que os aparelhos com iOS valem mais por não explorarem propaganda. (Sua retórica aumentou em 2016, quando o projeto da Apple de desenvolver um sistema publicitário próprio naufragou.) Zuckerberg não pode bater duro de volta. Cook tem o poder de excluir seu app de todos os iPhones. O Facebook pode parecer uma das empresas mais poderosas do mundo. Mas, por este ângulo, é frágil. Quando a Apple retirou o certificado empresarial do Facebook, ontem, Cook apertou um dos botões mais leves que tem à disposição. E o resultado dentro do Facebook foi caos: funcionários não puderam se comunicar, acessar informação interna, ou usar os ônibus da companhia. Um dia de trabalho jogado fora. O que era uma guerra fria escalou para troca de tiros. Para quem acredita que o Facebook deveria coletar menos dados de seus usuários, hoje soou como vitória. Mas para quem se preocupa com concorrência, a notícia assusta. Uma plataforma gigante decidiu que a ferramenta de pesquisa de mercado da outra plataforma gigante era inapropriada e simplesmente fez com que desaparecesse, como num estalo de dedos de Thanos. Se Tim Cook pode provocar caos por um dia no Facebook, por mais que seja justo, apenas imagine o tamanho do poder que tem sobre nós.”

Viver

Acontece no domingo o maior evento esportivo dos EUA: o Super Bowl. New England Patriots e Los Angeles Rams vão duelar no Mercedez-Bens Stadium, a casa dos times de futebol americano Atlanta Falcons e ‘soccer’ Atlanta United FC. Um estádio de 1,6 bilhão de dólares. Pois é. Inaugurada há dois anos, a arena é uma das mais modernas do mundo e também a mais cara em funcionamento nos EUA. Conta com um teto retrátil e um supertelão 360º. Um grande palco para o espetáculo que vai receber ainda a banda Maroon 5 no show de intervalo, com participações dos rappers Travis Scott e Big Boi. O hino americano será cantado pela ‘Imperatriz do Soul’, Gladys Knight.

Para ir se preparando: Um quiz sobre os melhores shows do intervalo no Super Bowl.

Culpar a imigração por problemas no mercado de trabalho é um erro de países desenvolvidos. É o que diz um estudo feito pelo Banco Mundial e pela Universidade de Oxford. Os dados mostram que o efeito da imigração sobre os salários é menos significativo que o provocado por mudanças na idade e na formação dos trabalhadores. O impacto da imigração foi o de elevar o salário dos menos qualificados nos países da OCDE. No caso dos mais qualificados, a redução é menor do que a causada pela parcela de idosos. O estudo ainda afirma: “O envelhecimento tem sido objeto de preocupação, mas de nenhuma ação concreta, enquanto a falsa percepção sobre a imigração provoca o fechamento de fronteiras”. (Folha)

Encontrou algum problema no site? Entre em contato.