Protecionistas ganham a primeira briga

Na primeira queda de braço entre liberais e protecionistas, o presidente Jair Bolsonaro preferiu o agronegócio a Paulo Guedes. O governo deve publicar amanhã medida aumentando a taxa de importação de leite em pó da União Europeia e da Nova Zelândia, para compensar o fim de uma tributação antidumping de 14,8%, revogada pela equipe econômica. Os produtores temiam que, sem a taxa, em vigor desde 2001, o mercado fosse invadido por leite em pó europeu e derrubasse o preço. Com a medida, as importações do produto passam ser taxadas em 42,8%. Bolsonaro confirmou a informação num tweet. (Estadão)

E Guedes vê um outro atrito com os ruralistas no horizonte. A proposta de reforma da Previdência que circula desde a semana passada prevê o fim da isenção de contribuição previdenciária sobre exportação de produtos agropecuários. A renúncia tira hoje cerca de R$ 7 bilhões por ano de recursos do INSS. O Ministério da Agricultura é contra. Não é a primeira vez que a ministra Tereza Cristina bate de frente com Guedes. Ela reagiu duramente à ideia do colega de cortar os subsídios do crédito rural. (Estadão)

O impasse, como tantos outros, só será resolvido com a volta do presidente Jair Bolsonaro, cuja alta do Hospital Albert Einstein está prevista para hoje. A tramitação do pacote anticrime, a formação da base no Congresso e até nomeações de cargos comissionados também aguardam o retorno do presidente para Brasília. (Globo)

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O ministro da Secretaria-Geral da Presidência, Gustavo Bebianno, está no olho do furacão do escândalo envolvendo o uso de candidatas laranja para desviar recursos durante a campanha do PSL no ano passado. Segundo fontes, o presidente Jair Bolsonaro, também eleito pelo PSL, responsabiliza Bebianno, que presidia interinamente o partido durante a campanha pela dimensão do escândalo, e já é forte a pressão para que o ministro deixe o cargo. O mais cotado para substitui-lo seria o general Maynard Santa Rosa, que já atua na Secretaria-Geral e aumentaria a presença militar no Ministério. No fim de semana, após a publicação das denúncias, Bebianno teria ligado para Bolsonaro no hospital, sem ser atendido. E o MP Eleitoral de Minas decidiu investigar o esquema de laranjas do PSL no estado, que teria sido comandado pelo atual ministro do Turismo, Marcelo Álvaro Antonio. (Folha)

Bebianno negou o mal estar com Bolsonaro e disse ter falado por Whatsapp com o presidente. (Globo)

O presidente do STF, Dias Toffoli, se reuniu ontem, fora da agenda e na sala reservada de um restaurante em Brasília, com o ministro da Casa Civil, Onyx Lorenzoni, para jogar água na fervura das relações entre o Judiciário e os demais Poderes, em especial com o Senado. A Casa está em pé de guerra desde que Toffoli determinou que a votação para sua presidência fosse fechada, o que beneficiaria Renan Calheiros (MDB-AL). Ministros do Supremo entraram em campo pessoalmente para abortar uma CPI já apelidada de “Lava Toga” para investigar o Judiciário, mas alguns senadores tentam resgatá-la da gaveta. Outro ponto de atrito é a iniciativa de revogar a “PEC da Bengala”, que elevou a aposentadoria compulsória do STF de 70 para 75 anos. Se a lei for mudada, Bolsonaro terá direito a nomear quatro e não dois ministros do Supremo. (Estadão)

Toffoli também se reuniu com representantes da Bancada Evangélica. Eles queriam o adiamento da ação que pode equiparar a homofobia ao crime de racismo, mas o tema continua na pauta de hoje no STF. (Estadão)

Bruno Boghossian: “Aliados de Jair Bolsonaro querem dar um novo golpe do pijama no tribunal. A manobra é mais do que oportunista. Em 2015, o Congresso aprovou a PEC da Bengala, uma malandragem para impedir Dilma Rousseff de fazer novas indicações para o STF. Bolsonaro votou a favor da proposta. O novo Congresso decidiu enfrentar o Judiciário, mas flerta com uma crise que pode pulverizar a relação entre as instituições. A popularidade do STF está no buraco, mas um expurgo seria injustificável.” (Folha)

A despeito de todo o discurso de renovação política, o (sempre ele) MDB ficou com o comando da Comissão de Constituição de Justiça (CCJ) do Senado, a mais importante da Casa. Para quem não sabe, todos os projetos apresentados têm de passar primeiro pela CCJ, que decide se as propostas respeitam ou não a Constituição. No total, 11 dos 16 partidos representados no Senado vão presidir comissões, como parte do acordo que elegeu Davi Alcolumbre (DEM-AP) presidente da Casa. Mesmo derrotado na eleição – Renan Calheiros era seu candidato oficial –, o MDB levou a CCJ e outra joia da coroa, a Comissão Mista de Orçamento. Simone Tebet (MDB-MS), que articulou contra Renan, fica com a CCJ. (Estadão)

Na série Polêmica do Dia, o ministro de Meio Ambiente, Ricardo Salles, surpreendeu quando, em entrevista ao programa Roda Viva, disse que não conhecia Chico Mendes, líder seringueiro e ambientalista, assassinado a mando de fazendeiros no Acre em 1988. As críticas vieram de todos os lados, incluindo de Marina Silva, antiga companheira de militância do morto. Salles se irritou com a repercussão, indagou qual a importância, nos dias de hoje, de saber quem foi Mendes e ainda insinuou que o seringueiro, respeitado mundialmente, seria um grileiro. Indagado sobre as declarações, o vice Hamilton Mourão disse que não iria comentar, mas acabou comentando: “O Chico Mendes faz parte da história do Brasil na defesa do meio ambiente.” (Globo)

Um documento interno da Vale, de outubro do ano passado, continha a projeção de número de mortos — mais de cem —, a previsão de causa — liquefação ou erosão —, e o prejuízo previsto — US$ 1,5 bilhão — em caso de rompimento da barragem de Brumadinho. Os números consideravam um cenário de rompimento durante o dia e com funcionamento dos alertas sonoros instalados para evitar emergências. O documento, que inclui a estrutura que se rompeu entre dez barragens em uma zona de atenção, é usado pelo MP de Minas Gerais em ação civil pública em que pede a adoção de medidas imediatas para evitar novos desastres. A mineradora afirma que o estudo considera cenários hipotéticos para danos e perdas e defende que a estrutura não estava em risco. (Folha)

Viver

As faculdades e universidades particulares poderão adotar uma autorregulamentação, à revelia do MEC. Esse é um projeto em estudo no governo, conforme revelou o secretário de Regulação e Supervisão da Educação Superior, Marco Antônio Barroso Faria, em evento para representantes dessas instituições. Hoje o MEC faz avaliações da qualidade do ensino e da infraestrutura do curso e pode punir instituições com baixo desempenho. Segundo dados mais recentes, somente 1,6% das faculdades privadas do país obtiveram nota máxima na avaliação do MEC. (Folha)

A impressão 3D é vista por muitos como uma revolução para o mundo da arquitetura e construção. Os entusiastas dizem que a tecnologia é muito mais rápida e barata do que a construção convencional, além de ter uma pegada ambiental menor. Até agora, no entanto, os edifícios impressos por máquinas não se materializaram em números significativos. A maioria dos exemplos são pontuais e não são totalmente habitáveis. A tecnologia é difícil de conciliar com os códigos de construção e as impressoras de grande escala são escassas e caras. Mas o mercado está amadurecendo. Exemplos recentes incluem um espaço de escritório em Copenhague e uma micro-casa em Amsterdã. Em março passado, uma startup de Austin construiu uma minúscula casa impressa em 3D, construída em menos de 48 horas. Há mais por vir.

Enquanto isso... A energia eólica já representa 8% da matriz energética brasileira. A região que mais concentra essa produção é, de longe, o Nordeste, com 85%.

A atriz e vlogueira Kéfera e a youtuber Alexandra Gurgel anunciaram que estão escrevendo juntas um livro sobre feminismo.

Morreu aos 81 anos Gordon Banks, lendário goleiro da seleção inglesa campeã de 1966. Embora tenha ajudado seu país a conquistar sua única Copa, Banks acabou imortalizado na competição seguinte, em 1970, ao fazer a que ficou conhecida como “maior defesa da História”. Na partida Brasil 1 x 0 Inglaterra, Banks praticamente desafiou as leis da física ao defender uma bola cabeceada para baixo por ninguém menos que Pelé, uma das jogadas mais mortíferas do brasileiro (confira o lance). O Rei lamentou a morte do goleiro.

Cultura

O que restou do Museu Nacional foi aberto pela primeira vez à imprensa ontem. Ainda não há previsão de abertura ao público. Agora, no prédio bicentenário, só existe o térreo — o segundo e o terceiro pavimentos foram quase inteiramente abaixo. O cenário é de ruína, mas na entrada ainda impera o Bendengó, o maior meteorito já encontrado no Brasil, com suas cinco toneladas — de todas as coleções, a dos meteoritos foi a menos afetada. Logo após o incêndio ser contido, os estudiosos achavam que tudo o que não conseguiram retirar do antigo palácio naquela noite havia sido perdido. Agora, fazem uma força-tarefa para catalogar, limpar e restaurar uma série de peças. Mas ainda não é possível estimar o quanto do acervo, dos equipamentos e dos elementos arquitetônicos foi salvo até o momento.

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O Atelier des Lumières, primeiro centro de artes da França, abrirá este mês, em Paris, uma exposição dedicada ao pintor holandês Van Gogh. Mas no espaço de 3300 m², no lugar de suas pinturas físicas, estarão projeções em murais de 10 metros de altura, que tomam conta tanto do chão quanto das paredes da galeria. As obras são projetadas em 360º, incluindo o solo. Será como ‘entrar’ nas obras do artista. (Globo)

E a estreia do filme Vingança a Sangue-Frio (trailer), protagonizado por Liam Neeson, foi adiada no Brasil. A distribuidora Paris Filmes citou conflitos com outros lançamentos e também a repercussão de uma entrevista do ator irlandês como motivos para a postergação. Na entrevista em questão, ao jornal The Independent, o ator disse ter sido dominado pela vontade de matar um homem negro para se vingar de uma amiga vítima de estupro. (Folha)

Cotidiano Digital

Cora Rónai: “Lições para toda uma vida online. Entre as mais importantes, jamais usar o email corporativo para conversas particulares e, especialmente, jamais escrever algo num computador que não possa sair nas primeiras páginas dos jornais (ou também, hoje, viralizar nas redes sociais). Até Jeff Bezos, o homem mais rico do mundo, dono da Amazon e do Washigton Post, foi alvo de chantagem por causa de nudes vazados. Essa é uma longa história cheia de ramificações políticas e personagens importantes. O que mais espanta nela, porém, não é o vazamento dos nudes, e sim que um homem com o seu conhecimento, e na sua posição de poder, ainda não tivesse aprendido a lição básica da vida online: não existe privacidade onde existe internet.” (Globo)

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