Bebianno ainda é ministro. Por enquanto

Gustavo Bebbiano amanheceu ainda ministro da Secretaria-Geral da Presidência, sua exoneração não foi publicada publicada pelo Diário Oficial da União. Uma edição extra pode ser publicada ao longo do dia. A demissão era dada como certa durante o fim de semana, desde que ele apareceu no olho do furacão por denúncias de candidaturas laranja no PSL e foi alvo de um ataque feito por Carlos Bolsonaro, filho 02 do presidente. Não há indícios de que o presidente Jair Bolsonaro tenha decidido mantê-lo. Mas a decisão de exonerar, obviamente, ainda não ocorreu.

Na quinta, líderes políticos e ministros do núcleo militar agiram para manter Bebianno, mas Bolsonaro, após uma reunião tensa, havia decidido exonerá-lo sob a alegação de que o ministro havia vazado áudios privados de conversas entre ambos. A longo do fim de semana Bolsonaro se reuniu com Onyx Lorenzoni, ministro da Casa Civil, para tentar uma saída honrosa para Bebianno.

Na eventual demissão de Bebianno, a ala militar quer que o general Floriano Peixoto, veterano do Haiti, seja o novo ministro. Os olavistas do governo, porém, tentam impedir a nomeação. Preferem que o ministro-general Santos Cruz, hoje na Secretaria de Governo, acumule os dois cargos. (Folha)

Ao longo do fim de semana, com a demissão dada como certa, Bebianno disse aos jornalistas que era hora de “esfriar a cabeça” e que só daria declarações nos próximos dias. Privadamente, porém, o novo ex-ministro transbordou toda a sua mágoa. “O problema não é o pimpolho. O Jair é o problema. Ele usa o Carlos como instrumento”, disse a um interlocutor, de acordo com Lauro Jardim, do Globo. “Preciso pedir desculpas ao Brasil por ter viabilizado a candidatura de Bolsonaro.”, falou a outro, pelo registro de Gerson Camarotti. Teme-se que ele saia atirando em Carlos e que tenha documentos comprometedores da campanha eleitoral. O ministro passou o fim de semana alvo de ataques por parte de partidários do presidente nas redes sociais.

O governo tenta uma agenda positiva para virar a página da crise. Na terça-feira vai para o Congresso o pacote anticrime do ministro Moro. Na quarta será a vez da proposta de reforma da Previdência. (Folha)

Com a encrenca montada no PSL, os filhos de Bolsonaro estariam planejando se mudar para um novo partido, uma recriação da União Democrática Nacional (UDN), agremiação de centro-direita criada em 1945. Derrotado por Bolsonaro na eleição, Fernando Haddad ironizou no Twitter o movimento. (Estadão)

Míriam Leitão: “O desfecho do caso Bebianno já foi dado, sejam quais forem os próximos desdobramentos. A ‘filhocracia’ está instalada, os métodos da velha política estão presentes no novo governo, e diretoria de empresa pública é moeda de troca e prêmio de consolação. A crise confirmou as piores previsões sobre o governo Bolsonaro.” (Globo)

Vera Magalhães: “O governo Jair Bolsonaro já estava paralisado sem nem ter começado. A expectativa era de que essa letargia cessaria com a alta do presidente da República após duas semanas de internação. Mas a prioridade de Bolsonaro e família ao deixar o hospital não era a reforma da Previdência, mas incinerar um aliado nas redes sociais, sem se dar conta de que a chama poderia voltar e chamuscar o próprio governo.” (Estadão)

Pedro Doria: “Ao se ver ameaçado, Bebianno ameaçou o presidente da República. Bolsonaro tem de demiti-lo. Mas, ao demitir Bebianno, também passa o recado de que seu filho Carlos manda no governo. Não adianta o teatro de mandá-lo de volta ao Rio. Ele continua no papel de articulador da comunicação. O principal problema já está evidente: o presidente não tem comando. É indeciso. Toma decisões sem pensar e depois volta atrás. Não é à toa que seu governo começou com uma guerra interna. Palácios não toleram vácuos de poder. Se o presidente não sabe o que fazer, alguém tentará assumir este lugar. Quem vai virar a eminência parda do governo?”

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A necessidade de aprovar a reforma da Previdência superou a promessa de despolitizar a administração pública. O governo vai abrir espaço para indicações políticas de cargos públicos. A ideia é que as bancadas dos estados se reúnam e escolham os cargos a serem ocupados. A única exigência é que o apadrinhado tenha formação e experiência compatíveis. Para evitar reações corporativas, o ministro Paulo Guedes retirou da proposta medidas que afetavam os servidores públicos estaduais. (Folha)

O líder do governo na Câmara, Major Vitor Hugo (PSL-GO) disse que “direitos adquiridos” serão mantidos na reforma, o que pode significar a continuidade privilégios. (Estadão)

Falando em privilégios, pensionistas militares chegam a ganhar R$ 58 mil mensais. São viúvas e filhas de militares que acumulam benefícios dos maridos e pais.

Enquanto a reforma da Previdência chega ao Congresso, o presidente do STF, Dias Toffoli, trabalha em outra frente de apoio à equipe econômica. Ele quer resolver neste semestre processos que se arrastam há anos e poderiam ter impacto de R$ 50 bilhões sobre as contas do governo. A falta de segurança jurídica é uma das reclamações da equipe de Paulo Guedes. (Estadão)

O acionamento de uma sirene da Vale na noite de sábado levou terror aos moradores de São Sebastião das Águas Claras, distrito de Nova Lima (MG). A localidade, conhecida como Macacos, fica próxima a uma barragem de rejeitos da empresa, como a que arrebentou em Brumadinho, matando 169 pessoas.

Cotidiano Digital

O Parlamento britânico publicou, hoje, um extenso e agressivo relatório contra o Facebook. “A empresa tomou a iniciativa de ignorar as configurações de privacidade de seus usuários para transferir dados a parceiros”, escreveram os MPs. “Não devemos permitir que companhias como o Facebook ajam como ‘gângsteres digitais’ no mundo online, se considerando à frente e acima da lei.” O CEO da rede social, Mark Zuckerberg, havia se recusado a depor perante os deputados britânicos. De acordo com o texto, o Facebook violou a privacidade de seus usuários e quebrou leis de livre concorrência.

Cada vez mais postagens em redes sociais, no Twitter em especial, voltam do passado para assombrar as pessoas. São piadas que se tornaram ofensivas, opiniões das quais o autor já não partilha mais ou mesmo declarações corretas retiradas do contexto. Quando algo assim se torna viral, só resta ao infeliz torcer para a tempestade passar. Mas, segundo Jack Dorsey, CEO do Twitter,  uma das ideias que a empresa estuda é a “ferramenta de esclarecimento”. Numa situação dessas, o dono do tuíte poderia dar as explicações que achasse pertinente na publicação polêmica, e essa explicação passaria a ser retuitada. Não que isso vá aliviar um tuíte racista ou homofóbico, mas pode ajudar quem apenas não se expressa direito.

Cultura

Um filme que critica política militarista de Israel venceu o Urso de Ouro do Festival de Berlim deste ano. A comédia Synonyms (teaser), de Nadav Lapid, é, sobretudo, uma provocação ao governo de Benjamin Netanyahu. Nela, Yoav (Tom Mercier) anda pelas ruas de Paris munido apenas de um dicionário hebraico-francês. O jovem, que fugiu de Israel, se recusa a falar a língua nativa — uma decisão ideológica. Já a segunda estatueta mais importante do festival, o Grande Prêmio do Júri, foi para o francês Grâce à Dieu (trailer). O drama político cutuca a ferida aberta dos casos de pedofilia na Igreja Católica e marca uma inflexão na obra de François Ozon, mais famoso por thrillers psicológicos e eróticos. (Folha)

O brasileiro Wagner Moura lançou no festival sua obra Marighella. O filme foi aplaudido de pé após sua primeira exibição. O diretor levou uma placa com o nome da vereadora carioca Marielle Franco ao tapete vermelho da premiação e, em entrevista coletiva, falou sobre o atual presidente do Brasil. “Espero que meu filme seja maior que o atual governo de Bolsonaro, e é a primeira resposta da cultura a esta situação. Marighella fala de alguém que resistiu naquela época e se dirige a quem resiste agora: a comunidade LGBTI, os negros, os moradores das favelas...”, afirmou. Também encontrou por lá o ex-deputado Jean Wyllys, em sua primeira aparição após abrir mão de seu mandato devido a ameaças de morte. Amigos, o ex-parlamentar e Moura se cumprimentaram com um beijo e um longo abraço, enquanto os presentes aplaudiam Wyllys.

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Há uma semana do Oscar, o G1 pergunta: O que pode acontecer de inédito na premiação? A primeira mulher indígena como melhor atriz, uma história em quadrinhos como melhor filme e o reconhecimento da Netflix como potência na indústria do cinema. Tudo isso pode acontecer pela primeira vez no próximo domingo.

Viver

A USP havia decidido cancelar a matrícula de ao menos dez alunos de colégios militares aprovados pelo Sisu por meio do sistema de cotas. O argumento era de que eles não podem ser equiparados a escolas públicas, uma vez que cobram ‘contribuições’ e ‘quotas mensais escolares’ dos alunos. A medida contrariou o comando do Exército, que foi à Cidade Universitária na sexta-feira. Agora, a universidade voltou atrás. Em nota, comunicou que, “face às afirmações que se tornaram públicas e para garantir a lisura de seu processo de matrícula, todos os candidatos aprovados oriundos de colégios militares, vinculados e mantidos efetivamente pelas Forças Armadas, que se inscreveram no vestibular optando pela ação afirmativa para egressos de escolas públicas, tiveram a sua matrícula aceita”. (Estadão)

A indústria farmacêutica pediu que 28 remédios se tornem “isentos de prescrição médica” pela Agência Nacional de Vigilância Sanitária, a Anvisa. Eles se tornariam acessíveis nas farmácias sem a necessidade de um atendimento no balcão. A solicitação inclui substâncias destinadas ao tratamento de herpes (penciclovir), alergias (dicloridrato de levocetirizina), inflamações (diclofenaco potássico) e gastrite e esofagite (omeprazol e esomeprazol). A justificativa é que eles são usados para doenças de simples tratamento e que, ao serem liberados, reduziriam a demanda por serviços de saúde. (Globo)

O papa Francisco expulsou o ex-cardeal norte-americano Theodore McCarrick, de 88 anos, acusado de abusar sexualmente de ao menos um adolescente na década de 1970. É a primeira vez na história da Igreja Católica que um cardeal é expulso da vida religiosa por razões de abuso sexual. (Folha)

Caos, decisões judiciais conflitantes, correria e confusão. Assim foi a final da Taça Guanabara, primeiro turno do Campeonato Carioca. Teve até futebol, e o Vasco levou o título.

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