Bolsonaro e Maia seguem no bate boca, Bolsa cai, dólar sobe

“Não tenho problema com Rodrigo Maia”, disse ontem o presidente Jair Bolsonaro em entrevista a José Luiz Datena, âncora do Brasil Urgente, da Band. “Nada, zero problema com ele. Ele está um pouco abalado com questões pessoais que vêm acontecendo na vida dele. Não quero entrar em detalhes, coisas pessoais, que logicamente isso passa por esse estado emocional dele no momento.” (Assista.) Quando perguntado se a questão teria a ver com a prisão do padrasto de sua mulher, o ex-ministro Moreira Franco, o presidente negou.

“Abalados estão os brasileiros, que estão esperando desde 1º de janeiro que o governo comece a funcionar”, respondeu o presidente da Câmara. “São 12 milhões de desempregados, 15 milhões de vivendo abaixo da linha de pobreza, capacidade de investimento do Estado diminuindo, 60 mil homicídios e o presidente brincando de presidir o Brasil. Está na hora de a gente parar com esse tipo de brincadeira, de ele sentar na cadeira dele, de o parlamento sentar aqui, e em conjunto resolver os problemas do Brasil. Não dá mais para a gente perder tempo com coisas secundárias.”

Teve tréplica. Numa entrevista em que TV Globo, GloboNews, CBN, O Globo, Valor, Estadão, Folha e UOL foram proibidos, Bolsonaro retrucou. “Não existe brincadeira da minha parte, muito pelo contrário”, afirmou. “Lamento palavras nesse sentido e quero acreditar que ele não tenha falado isso. Não é palavra de uma pessoa que conduz uma Casa. Se alguém quiser que eu faça o que os presidentes anteriores fizeram, não vou fazer.”

Bolsonaro havia ido a São Paulo para uma visita à Universidade Presbiteriana Mackenzie, noutros tempos conhecida pelo perfil conservador de seus alunos e cenário de embates estudantis no período da Ditadura. Ele visitaria um centro de pesquisas sobre o grafeno. Quando soube que mil pessoas, principalmente estudantes, protestavam contra a celebração do golpe de 1964, suspendeu a visita.

Os ministros da ala militar gostariam que o presidente procurasse Maia e focasse na Previdência ao invés de se perder com temas como as comemorações do golpe. Segundo Andréia Sadi, um deles resumiu — “estamos gastando pólvora em chimango”. Em gauchês farroupilha, perdendo tempo com bobagens.

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A ideia de submeter o governo a uma derrota de peso, tirando do Executivo poder sobre o Orçamento via emenda constitucional, surgiu entre os líderes para que o Planalto compreendesse a gravidade em que está a relação com o Congresso. Major Vitor Hugo, líder do governo, sequer percebeu o que estava acontecendo — estava fora da Câmara. No fim do dia, terça, o ministro Onyx Lorenzoni pediu de última hora uma reunião com líderes de dez partidos para tentar evitar o pior. Não conseguiu. Para evitar a aparência de derrota retumbante, parte do PSL — incluindo Eduardo Bolsonaro — decidiram votar a favor. Os líderes estavam eufóricos. “Acabou o governo”, gritou um, ouvido pelo repórter Eduardo Bresciani. “Acabou, acabou”, repetiram outros, às gargalhadas. (Globo)

Valdo Cruz: “Se a articulação política do governo não melhorar, vai sofrer novas derrotas no Congresso. A avaliação é de assessores do próprio presidente, preocupados com o clima de desorganização da base dentro do Legislativo. O problema, admitem, é que Bolsonaro ainda resiste a ter um contato mais próximo com seus aliados e assumir negociações políticas. Motivo: acredita que os parlamentares ainda não teriam entendido que não há mais espaço para ficar negociando cargos e verbas com o Executivo. Em tom de ironia, um deputado disse: ’É a velha política assumindo o papel da nova política e tirando poderes do Planalto.’ Agora, o Planalto avalia se vai tentar engavetar a proposta no Senado.”

O ministro da Economia, Paulo Guedes, virou suas armas contra o presidente, falando ontem aos senadores. “Acredito numa dinâmica virtuosa da nossa democracia”, afirmou. “Tenho certeza de que os poderes, cada um vai fazer o seu papel. Se o presidente apoiar as coisas que podem resolver o Brasil, estarei aqui. Agora, se o presidente ou a Câmara, ninguém quer aquilo, eu vou obstaculizar o trabalho dos senhores? De forma alguma, voltarei para onde sempre estive. Venho para ajudar. Se o presidente não quer, se o Congresso não quer, vocês acham que vou brigar para ficar aqui?”

O dólar fechou em R$ 3,96, maior patamar desde outubro. A Bolsa caiu mais de 3%. (Folha)

Barlaeus, colunista de A República: “Era uma vez um presidente que se elegeu com promessas de acabar com a corrupção no Brasil. Entrou no governo com enorme apoio popular. Governava mandando recadinhos informais para políticos e colaboradores do governo, preterindo a imprensa e os meios oficiais de comunicação. Sem conseguir passar nada no Congresso, onde bateu recordes de rejeição, seu governo ficou paralisado. Você pode achar tudo isso muito contemporâneo e familiar, mas estamos falando de Jânio Quadros, no ano de 1961.”

A primeira-ministra do Reino Unido disse que renunciará se o Parlamento aprovar seu acordo do brexit. Thereza May pediu ainda que deputados do Partido Conservador seguissem a decisão do povo britânico: “deixar a União de modo suave e ordenado”. (Folha).

Cultura

A primeira ópera da temporada do Teatro São Pedro, em São Paulo, será La Clemenza di Tito, de Mozart. As apresentações acontecerão nos dias 26 e 28 de abril e 1º, 3 e 5 de maio. Segundo o teatro, os ingressos já estão à venda. O elenco é formado pelo tenor Caio Duran (Tito), as sopranos Gabriella Pace (Vitellia) e Marly Montoni (Servilia), as mezzo sopranos Luisa Francesconi (Sesto) e Luciana Bueno (Annio) e o baixo-barítono Saulo Javan (Publio).

Curiosidade: La Clemenza di Tito foi terminada em apenas 18 dias - ópera, a última de Mozart, foi encomendada para a coroação do rei da Boêmia Leopoldo II irmão de José II.

Paul McCartney está de volta ao Brasil pela oitava vez com a turnê Freshen Up. As apresentações em São Paulo foram repletas de músicas do quarteto britânico e carregadas de emoção; o ex-beatle chegou a chorar no show de ontem e homenageou "o irmão John Lennon", com Here Today, e ‘Georgie’, com Something. No dia 30, Paul se apresenta em Curitiba no Estádio Couto Pereira.

Viver

Barragens da Vale em Macacos e Ouro Preto entraram na noite de ontem em alerta máximo para risco de rompimento. Segundo ANM, nível para o risco de rompimento nas barragens B3/B4, em Macacos, e Forquilha 1 e 3, em Ouro Preto, mudaram de 2 para 3. Vale afirma que não haverá novas novas retiradas de moradores e que não houve rompimento. (G1)

Por falar em Minas Gerais, bombeiros que atuaram em Brumadinho viajarão nos próximos dias para Moçambique, onde ciclone matou centenas de pessoas. Em Brumadinho, os bombeiros localizaram, até o momento, 216 pessoas; oitenta e oito continuam desaparecidas e a operação de busca prossegue por 62 dias, sem data para terminar.

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O upcycle transforma objetos velhos em coisas muito mais úteis, mas o conceito foi levado à excelência pelos irmãos por trás da DeckStool. Eles começaram transformando shapes quebrados em mobília e foram além: diante de tantas peças, os designers se inspiraram nos arranhões e rachaduras encontrados na madeira dos skates quebrados e passaram a criar diferentes designs. Veja o vídeo das peças.

Atualmente, a empresa recebe os materiais a partir de um programa próprio de reciclagem que coleta shapes quebrados de lojas de skate independentes e parques nos Estados Unidos e no Canadá. Uma quantia do dinheiro gerado a partir das vendas dos móveis volta para as lojas de skate ou ajuda a financiar projetos de apoio à prática do esporte entre jovens.

Em meio a surto de sarampo, o Condado de Rockland, no Estado de Nova York, proibiu que crianças e adolescentes não vacinadas frequentem espaços públicos. Os pais podem ser multados e até presos se violarem a medida.

Os EUA registram o 2º maior número de casos desde que a doença foi eliminada em 2000. Rockland, que fica a cerca de 48 quilômetros da cidade de Nova York, registrou 153 casos de sarampo em menos de seis meses e já havia tentado combater a doença ao intensificar as vacinas - autoridades decidiram reforçar a proibição na terça-feira.

Fake News. A medida acontece no momento em que os EUA lidam com o movimento ‘anti-vaxxer’; antivacina no Brasil, em que os pais se recusam a vacinar seus filhos. A OMS considera o movimento uma ameaça à saúde mundial. Para Frank Bruni, colunista do NYT, a grande dificuldade tem sido a disseminação de notícias falsas.

A desinformação é tanta que o Facebook, no começo de março, anunciou planos para combater notícias falsas envolvendo vacinas. Para ‘anti-vaxxers’, as vacinas podem levar ao autismo, uma relação completamente descartada pelas autoridades de saúde.

Um supermercado tailandês trocou a embalagem plástica, usada para embalar frutas, verduras e legumes, por folha de bananeira. Se os produtos podem ser orgânicos, por que as sacolas não podem ser também? A embalagem logo chamou a atenção no Facebook a partir de fotos divulgadas pela página Perfect Homes.

Erramos. No tempo. A informação que publicamos ontem sobre a exigência de históricos de redes sociais para retirada de visto americano não é tão atual assim. Trata-se de uma reprodução de nota publicada originalmente em abril de 2018. Pois é. Circulou na rede novamente, caímos. A regra, que Washington ameaçou seguir, sequer se concretizou. Nos penitenciamos.

Cotidiano Digital

Esta semana, motoristas da Uber e de sua principal concorrente americana, a Lyft, organizaram uma série de protestos coordenados na Califórnia. Um deles, em San Francisco, ocorreu na porta do local em que executivos da Lyft fariam uma apresentação a possíveis investidores — ambas as empresas estão para abrir capital. A reunião foi remarcada. A exploração que existe na gig economy é conhecida. A economia via aplicativos, se por um lado prática para o consumidor, reduz os ganhos e torna ainda mais precária a vida de um naco da sociedade. Mas há dois fenômenos novos. O primeiro é a ausência de sindicatos. É também via apps, os de mensagem, que os trabalhadores se organizam. O mais interessante, porém, é o outro fenômeno. Os protestos chamaram a atenção de funcionários da Uber. Não executivos; mas a turma que, com frequência, trabalha bem mais do que oito horas ao dia, cinco dias por semana, nos escritórios coloridos da nova economia. Embora ganhando bem mais, têm de dar o sangue para que se mantenham empregados. O movimento dos motoristas começa a despertar solidariedade interna na companhia. Ainda não é um novo movimento trabalhista. Mas há algo de diferente no ar.

Alexa precisa de um corpo. A afirmação é de Rohit Prasad, cientista-chefe de Inteligência Artificial da Amazon, responsável por sua assistente digital. A tecnologia de aprendizado por máquina, que permite a softwares aprenderem, depende de dados. Quanto mais informação possa usar, mais aprende. Sem um corpo robô e câmeras que lhe permitam andar pelo mundo e experimentar o espaço tridimensional, afirma Prasad, há limites para o quanto assistentes podem ficar de fato inteligentes. O cientista não deixou claro se falava em teoria ou se planeja criar um robô com Alexa.

Foi muito pouco o que a Samsung apresentou, até agora, a respeito do Galaxy Fold — seu modelo de celular dobrável. Mas o vídeo hipnotizante que a empresa colocou no ar, com robôs testando a resistência da dobra, impressiona.

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