Bolsonaro decide hoje o que fazer com o MEC

O destino de Ricardo Vélez à frente do MEC vai ser decidido nesta segunda-feira, conforme disse o próprio presidente Jair Bolsonaro ao falar com jornalistas no domingo. A situação do ministro vem piorando desde a posse, com polêmicas, recuos e a aparente falta de controle sobre a própria estrutura do ministério. Na sexta-feira, em encontro com jornalistas, Bolsonaro já havia reclamado da “falta de gestão” na pasta e dito que, na segunda, a “aliança da mão direita” iria “para a mão esquerda ou a gaveta”. O ministro, por sua vez, disse que não entrega o cargo.

Entre os cotados para assumir a educação está o senador tucano Izalci Lucas (DF), ligado à bancada evangélica. Nos bastidores, a indicação enfrenta oposição dentro do partido. Fernando Henrique Cardoso está entre o que acham melhor ficar fora do governo. (Estadão)

Convidado para o MEC ainda no ano passado, mas desconvidado por pressão da bancada evangélica, o educador Mozart Neves Ramos, classificou a situação no ministério como “tempestade perfeita”, resultado, por um lado, da inabilidade de Vélez e, por outro, pelo fato de Bolsonaro não ter blindado a pasta contra interferências externas. (Globo)

Eliane Cantanhêde: “A inexplicável relutância em demitir Ricardo Vélez Rodríguez do importantíssimo Ministério da Educação diz muito da personalidade do cidadão Jair Bolsonaro e do desconforto do presidente Jair Bolsonaro no cargo. A culpa não é de gurus, generais e partidos, nem do próprio Vélez. Jabuti não sobe em árvore e não foi Vélez quem obrigou Bolsonaro a nomeá-lo. Ele é resultado de um processo muito particular de escolhas e só está no cargo por determinação, e agora por falta de determinação, de uma única pessoa: Jair Bolsonaro.” (Estadão)

Outro nó górdio que pode ser quebrado hoje é o impasse entre olavistas e militares na Apex, órgão de comércio exterior sob a guarda do Itamaraty. Segundo Lauro Jardim, Bolsonaro sugeriu ao chanceler Ernesto Araújo demitir a cúpula inteira - o presidente e os dois diretores, Márcio Cabral e Leticia Catelani. (Globo)

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Com o objetivo de engajar os governadores na reforma da Previdência, o Planalto planeja mudar a lei do teto de gastos para permitir o repasse de mais de R$ 100 bilhões do pré-sal a estados e municípios. O tema deve entrar na PEC do Pacto Federativo, que prevê, entre outras coisas, o fim de despesas obrigatórias como saúde e educação. (Globo)

Em que pesem os problemas na articulação política, o apoio à reforma cresce no Congresso. Hoje, 198 deputados dizem que votariam a favor da proposta, embora 129 condicionem seu voto a mudanças no texto. (Estadão)

Alon Feuerwerker: “A dificuldade política do governo não está na falta de diálogo ou habilidade. Os parlamentares, deputados principalmente, não querem ajudar o governo a dar certo para depois serem atropelados em suas bases na eleição de 2022 por bolsonaristas armados do discurso da nova política e vitaminados pelos cargos federais. O Planalto espera que o Congresso, especialmente os presidentes das duas Casas, entregue a mercadoria para o ansioso mercado, em nome do superior interesse nacional, enquanto as tropas bolsonaristas se ocupam de tomar o Estado para a partir dele consolidar seu poder. Se vai dar certo? Os fatos dirão, mas a probabilidade é razoável.”

Jair Bolsonaro já estabeleceu um marco ao completar três meses de governo: a pior avaliação nesse período entre todos os presidentes eleitos pelo voto direto em primeiro mandato desde a redemocratização. Segundo o Datafolha, 30% dos brasileiros consideram seu governo ruim ou péssimo, um índice quase igual os que consideram ótimo ou bom (32%) e regular (33%). Com o mesmo tempo de primeiro mandato, Fernando Henrique Cardoso era ruim ou péssimo para 16% da população; Lula, para 10%; Dilma Rousseff, para 7%; e mesmo Fernando Collor, que havia acabado de confiscar a poupança, só era considerado péssimo ou ruim por 19%. A pesquisa mantém o corte demográfico da eleição. Bolsonaro é mais rejeitado por mulheres (33% ruim e péssimo) que por homens (26%) e pior avaliado no Nordeste (39%), onde perdeu para Fernando Haddad no segundo turno, que no Sul e no Centro-Oeste (ambos com 22%). (Folha)

Outro dado alarmante é que, pela primeira vez em um início de primeiro mandato, diminuiu o otimismo em relação à economia, de 65% na posse de Bolsonaro para 50% hoje. (Folha)

Pelo Twitter, Bolsonaro ironizou um dado da pesquisa que o mostraria com uma imagem de “menos inteligente” que Dilma ou Lula. Mais tarde, respondendo a jornalistas, disse que não iria “perder tempo comentando pesquisa do Datafolha”.

Se os números são ruins para Bolsonaro, o mesmo não pode ser dito para Sérgio Moro, ministro da Justiça. Segundo o Datafolha, ele é conhecido por 93% dos brasileiros e considerado bom ou ótimo no ministério por 59%. (Folha)

Leandro Colon: “Cem dias, por mais desastrosos que tenham sido, são muito pouco em um período de quatro anos. É possível corrigir a rota política, trocar ministros ineficientes, controlar o impulso na rede social e governar para valer. Só não há tempo a perder.” (Folha)

Nem o próprio Bolsonaro parece muito feliz. Na sexta-feira, em encontro com jornalistas, disse que costuma se perguntar: “Meu Deus, o que eu fiz para merecer isso? É só problema. Mas temos como ir em frente, nós temos como mudar o Brasil.” (Globo)

“Burra”, “delinquente” e “débil mental”. Essas são apenas algumas das ofensas que a deputada Tabata Amaral (PDT-SP), de 25 anos, enfrenta desde que chegou ao Congresso em janeiro. Sexta mais votada em seu estado, Tabata ganhou projeção nacional ao confrontar o ministro da Educação, Ricardo Vélez, durante sessão na Câmara. Em entrevista à BBC, ela falou da própria trajetória de estudante na rede pública a bolsista em Harvard, do assédio e do machismo no Congresso (“me perguntam se sou casada no meio de uma votação”) e de sua preocupação com a atual situação do MEC. Embora se veja como uma pessoa de centro-esquerda, ela defende temas polêmicos incluindo, no futuro, a cobrança de mensalidade dos alunos de alta renda nas universidades públicas. Ela também criticou duramente iniciativas como o Escola Sem partido e disse que o extremismo ideológico paralisa discussões no Congresso.

A ação feminina na política não se restringe ao Congresso nem ao campo progressista. Na cidade maranhense de Senador La Rocque, sete vereadoras se uniram para tirar dos homens (apenas quatro) a presidência da Câmara local e já exigem pelo menos a indicação de uma vice-prefeita nas eleições do ano que vem. A pauta do grupo é conservadora, contra o aborto e o casamento gay – assuntos fora da alçada de vereadores do interior do Maranhão. (Folha)

Viver

Pela primeira vez em quase cem anos de história, a UFRJ escolheu uma mulher para a reitoria. Denise Pires de Carvalho, de 54 anos, venceu neste fim de semana a consulta interna e vai encabeçar a lista tríplice enviada até o fim do mês para a presidência da República. Professora do Instituto de Biofísica, ela tem pós-doutorado na França e na Itália e já havia concorrido antes ao cargo. Em entrevista, Denise Carvalho disse não haver motivos para Bolsonaro, a quem cabe a nomeação, rejeitar seu nome, afirmou que trabalhará em harmonia com o MEC, quem quer que seja o ministro, e defendeu uma participação maior das mulheres na comunidade acadêmica. Ela também anunciou medidas polêmicas, como o corte nos custos a universidade e uma comissão para verificar se alunos que solicitam inclusão no sistema de cotas têm realmente direito ao benefício.

Na sexta-feira, Bolsonaro anunciou via Twitter o fim do horário de verão. Também no microblog, seu assessor ideológico, Felipe Martins, apontou os próximos alvos do governo: a tomada de três pinos, a urna eletrônica e o acordo ortográfico.

Sarah Bethea é uma fotógrafa com um propósito: enviar uma mensagem sobre a fragilidade do nosso planeta. Ela passou um tempo nas incríveis cavernas de gelo localizadas na costa sul da Islândia e voltou pra sua casa, em Portland, Oregon, com algumas imagens inspiradoras.

Curiosidade: as cavernas de gelo da Islândia são formadas dentro de blocos de gelo e são visitáveis apenas durante a temporada de inverno. Foi durante a estação que Bethea aproveitou a iluminação específica da época para tirar uma de suas fotografias mais memoráveis.

A Disney anunciou que proibirá o cigarro, inclusive o eletrônico, a partir de 1º de maio nos seus parques temáticos, bem como em seus parques aquáticos. De acordo com um post no blog da Disney Parks, os visitantes que quiserem fumar em seus parques terão que fazê-lo em locais designados fora da área de segurança. A nova política, que não se aplica aos parques Disney na França, China e Japão, foi recebida com elogios. Além de mudar as regras, a Disney também está mudando os preços: em janeiro a empresa elevou o valor dos ingressos em 8%.

E por falar em Disney… É provável que o número de visitantes cresça este ano por conta da inauguração, em maio, do Star Wars: Galaxy's edge’. Nessas novas áreas haverá brinquedos, passeios, comidas, bebidas e outras atrações pensadas nos fãs da série. De acordo com a CNN — que já visitou o local, juntamente com outros jornalistas —, visitantes terão uma experiência totalmente física e imersiva de Star Wars.

Cultura

A comédia nacional Cine Holliúdy 2 – A Chibata Sideral chegou às salas do Sudeste e Norte do país no dia 4 de abril. Em seu primeiro fim de semana em cartaz, o filme atingiu 50 mil espectadores e renda de R$ 783,4 mil, com 68% dos ingressos vendidos no seu estado de origem, segundo dados do Filme B, site de análise do mercado cinematográfico. O filme lidera o ranking de mais vistos no Ceará, ficando à frente de Capitã Marvel. O texto Por que ‘Cine Holliúdy’ é um fenômeno de bilheteria no Ceará avalia as razões de seu sucesso.

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Por que Tarsila do Amaral foi uma mulher à frente do seu tempo? “Para ela era inaceitável assumir o papel de dona do lar e abdicar de suas pretensões artísticas”.

As obras mais importantes e populares de Tarsila do Amaral, um dos principais nomes do modernismo, já podem ser vistas no Masp (Museu de Arte de São Paulo).

Cotidiano Digital

Sem nenhum aviso prévio, a Netflix suspendeu o suporte de seu sistema ao aplicativo AirPlay, da Apple, que permite fazer streaming de dados entre aparelho da grife de Steve Jobs. Ele permite, por exemplo, transmitir de um iPhone streaming de vídeo diretamente para uma TV conectada ao dispositivo Apple TV. Pode ser só coincidência, claro, mas a Apple anunciou recentemente seu Apple TV+, um serviço de streaming para competir com a Netflix.

Não satisfeitas em dominar a internet no lado virtual, as principais empresas de tecnologia querem também ser donas de sua plataforma física. Até o final do ano deve estar em operação o cabo Curie, uma rede de fibras óticas ligando a Califórnia ao Chile, o primeiro cabo de comunicações intercontinental a pertencer a uma única companhia: o Google. É a mais ambiciosa e recente iniciativa numa tendência que se verifica há alguns anos, com gigantes como Amazon, Facebook e o próprio Google investindo pesadamente na infraestrutura global da internet. Resta saber se, no longo prazo, é realmente bom que as mesmas empresas controlem todos os aspectos de um serviço cada vez mais essencial.

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