Governo tenta se resolver com preço do diesel

O presidente Jair Bolsonaro se reúne hoje com os ministros da Economia, Paulo Guedes, e das Minas e Energia, Bento Albuquerque. Acompanharão os dois os presidentes da Petrobras, Roberto Castello Branco, e do BNDES, Joaquim Levy. Na pauta: como resolver o problema criado na semana passada para baixar o preço do diesel. A intervenção repentina do presidente na Petrobras derrubou o valor de mercado da empresa em R$ 32 bilhões. Uma das possibilidades seria repetir a fórmula adotada pelo governo Temer, de criar uma subvenção temporária no valor do combustível. No ano passado, o Tesouro Nacional bancou R$ 0,30 por litro para poupar o consumidor. Outro método pode ser um corte de impostos — o preço para a Petrobras segue o mesmo, flutuando com o mercado internacional, mas com menos tributos o valor real cai na bomba. O receio do governo federal é com a ameaça de uma nova greve de caminhoneiros. (Folha)

Merval Pereira: “O episódio da intervenção de Bolsonaro revogando o aumento do diesel determinado pela Petrobras é apenas um dos vários que revelam o desconforto do presidente com o perfil liberal na economia com que se travestiu para ganhar a eleição. A presença do economista Paulo Guedes na sua equipe, com plenos poderes para decidir qualquer coisa na área que o presidente declaradamente ignora, deu a um grupo importante de eleitores a certeza de que, elegendo Bolsonaro, não estavam elegendo apenas aquele deputado tosco e radical do baixo clero. Foi Guedes quem garantiu a Bolsonaro deixar de ser um tipo de candidato como o Cabo Daciolo para reunir em torno de si não apenas radicais de direita, mas também uma classe média que aspira a uma ascensão social, e empresários e investidores que sentiam firmeza na presumível influência do economista liberal sobre o capitão. Ledo engano. No fundo da alma Bolsonaro não mudou a maneira de pensar, apenas adaptou-se às necessidades eleitorais do momento. Não é por acaso que ele volta e meia repete que gostaria de não ter que fazer a reforma da Previdência. Como não entende nada de economia, faz raciocínios simplistas que parecem corretos a setores da população que acham possível ter combustíveis baratos num mercado globalizado em que a competição é em dólar. Esses são movimentos que revelam uma mentalidade estatizante adormecida, mas não vencida, e não sinaliza um governo liberal, e sim um que aproxima os ares retrógrados que dominam áreas importantes como as Relações Exteriores, o Meio-Ambiente, a Educação, a um possível retrocesso também econômico.” (Globo)

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Irritado com seu partido, o presidente Jair Bolsonaro ameaça deixar o PSL. (Globo)

Pois é... A Luiz Maklouf Carvalho, no fim de semana, o Delegado Waldir, líder do PSL na Câmara, havia disparado contra o presidente. “Rodrigo Maia é o primeiro ministro”, afirmou, “se a reforma da Previdência sair, é mérito dele. O grande atrito que existe hoje no governo, as caneladas do presidente, são influência desse filósofo Olavo de Carvalho.” (Estadão)

A deputada federal mineira Alê Silva, do PSL, acusa o ministro do Turismo, Marcelo Álvaro Antônio, de tê-la ameaçado de morte em reunião com outros integrantes da legenda. (Folha)

Alon Feuerwerker: “Jair Bolsonaro está como o malabarista que precisa manter em pé e rodando muitos pratinhos sobre varetas: precisa ao mesmo tempo manter o apoio popular, do mercado financeiro, das Forças Armadas e da imprensa e conquistar o de um Congresso que o presidente também precisa de vez em quando esmurrar, para continuar falando ao povão. Não seria missão fácil para um calejado. E Bolsonaro é calouro. No essencial, entretanto, os pratinhos estão rodando. A variável a medir é a estabilidade do equilíbrio. Se perturbações localizadas tendem a desarrumar completamente a cena ou se a natureza trabalha para o sistema sempre se reequilibrar. O cenário até agora é de equilíbrio estável. Por duas razões. A primeira: não há alternativa imediata real de poder fora do bloco de direita conservador-liberal. Ah, mas o vice-presidente é paquerado por quem sonha com um ‘bolsonarismo sem Bolsonaro’. Essas aspas são autoexplicativas. A segunda: toda a base social e política do bolsonarismo trabalha para ajudar o governo no essencial: a economia. Todos apoiam firmemente Paulo Guedes, na esperança de quebrar o ciclo de estagnação, essa marca da década que termina.”

Caiu, nos últimos meses, o número de invasões pelo Movimento dos Trabalhadores Sem Terra. A atividade já vinha em declínio desde 2015, mas se acentuou de janeiro para cá. Houve uma ocupação contra 43, feitas no mesmo período de 2018. O motivo: o governo federal parou de financiar através de convênios o MST. (Estadão)

Para ler com calma: Os observadores do debate político nas redes sociais já o perceberam. Paulo Freire voltou ao debate. Na leitura da nova direita, a aplicação do Método de Alfabetização do educador seria responsável tanto pelos maus resultados do ensino público brasileiro quanto pelo que eles chamam de ‘Marxismo Cultural’, uma doutrinação ideológica à esquerda através do sistema educacional. Na Ilustríssima, da Folha, Sérgio Haddad, biógrafo de Freire, apresenta o professor. Católico dedicado, Paulo Freire é o brasileiro mais citado na academia. Um estudo da London School of Economics de 2016, por exemplo, percebeu que um de seus livros é o terceiro mais citado em papers e livros das áreas de humanas do mundo — mais do que O Capital, de Marx. A francesa Revue Internationale d’Éducation de Sèvres, a principal publicação da área no país, o apontou como um dos maiores educadores do mundo. Respeitado mais fora do país do que no Brasil, acreditava que o processo de alfabetização devia levar em consideração o contexto da vida dos alunos. Estimulá-los a discutir seu entorno, suas vidas, ao mesmo tempo em que aprendiam a se exprimir em texto. Jamais foi comunista e sua visão de mundo era, principalmente, cristã. De alguma forma, no debate das redes, virou outra coisa. (Folha)

Aliás... O Nexo também mergulhou no estudo da LSE sobre os trabalhos mais citados nas humanidades. Freire não só aparece em terceiro na lista como é um dos raros que não nasceu em inglês. Paulo Freire é mais citado, diga-se, em traduções para o espanhol, outro indício de como é lido fora.

Cultura

Game of Thrones voltou e só se fala disso. Reencontros, revelações, análises e memes. E os dez melhores momentos do começo do fim da série.

Pois é... Enquanto a HBO mostra sua força na batalha contra a Netflix, outra velha concorrente do meio, a Disney, revela mais detalhes sobre o serviço de streaming. A nova plataforma será lançada em 12 de novembro nos EUA, alguns países da Europa e na costa pacífica da Ásia. Chega à América Latina só no final de 2020. Com mais de 400 títulos de filmes e 7.500 episódios de TV, a rede irá reunir os conteúdos de suas várias afiliações como a Pixar, Marvel, LucasFilm e suas próprias produções. O serviço de assinaturas custará US$ 6,99 por mês. É metade do que cobra a Netflix.

Em 2018, a cantora americana Beyoncé fez história ao ser a primeira mulher negra a se apresentar como a atração principal do clássico festival de música Coachella, nos EUA. Agora, os bastidores e a preparação para o show vão ser vistos num documentárioHomecoming – A Film By Beyoncé, que estreia quarta, 17, na Netflix.

Madonna publicou domingo um pequeno teaser de seu próximo álbum, Madame X.

Viver

No Rio de Janeiro, as buscas nos escombros de dois prédios que caíram na comunidade da Muzema, na Zona Oeste, continuam. Na madrugada de hoje, subiu para 10 o número de mortos. Quinze seguem desaparecidos. Os dois prédios, irregulares e com cinco andares cada, foram interditados duas vezes — em novembro e fevereiro.

Já em Brumadinho, subiu para 228 o número de mortos identificados pela Polícia Civil devido ao rompimento da barragem. De acordo com a Defesa Civil de Minas, outros 49 continuam desaparecidos.

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A força do vento ultrapassou em capacidade instalada a hidrelétrica de Itaipu. Segundo os números apurados por André Trigueiro, os ventos brasileiros produziram 15 GW em abril, contra 14 GW das quedas de Itaipu. A combinação entre a sorte de termos ventos regulares com um modelo inovador de contratação de projetos por leilão (quando o governo prioriza os preços mais baixos pela maior oferta de energia) explica o sucesso da energia eólica no país. “Além disso, a exuberância dos ventos na região Nordeste (que concentra 86% de toda a energia eólica produzida) turbina os investimentos no setor. O blog já ouviu de diferentes investidores estrangeiros a mesma explicação sobre o diferencial do litoral nordestino quando o assunto é energia eólica: ‘é o melhor vento do mundo’”.

A tradicional megadegustação de Páscoa do Paladar teve 60 ovos de chocolate, divididos em cinco categorias. Os chocolates nacionais nunca foram tão bons — resultado do aprimoramento do cultivo, da torra, do processamento e também da elaboração. Já o preço não é tão doce. Experimentados às cegas por 11 jurados, o ranking final pôs em primeiro o ovo recheado Vinho de Cacau, da Dengo. Módicos R$ 350. O Ovo com Ganache de Glor de Laranjeira, da Gallete Chocolates, a R$ 115, ficou em segundo. E a parceria da Cristallo com a chocolateira Luisa Abram deu origem ao Bean to Bar, o terceiro, feito com chocolate do Pará e recheio de baunilha selvagem. Confira a seleção completa. (Estadão)

Cotidiano Digital

Todos os olhos no Vale do Silício estão voltados para os novos celulares que o Google deve lançar este semestre — Pixel 3a e Pixel 3a XL. Não se trata da próxima geração de Pixels, os 4 vêm no segundo semestre. Estes são uma versão light e mais barata, cujos preços americanos devem ficar entre US$ 300 e US$ 500. O acabamento é de plástico, a tela é de LCD — mais barata do que as de OLED — e o processador, mais lento que os topos de linha. A câmera, porém, é a mesma dos Pixels 3 e isto muda radicalmente o mercado de smartphones. A câmera dos celulares Pixel vem sendo consistentemente colocada como melhor do que a dos últimos iPhones ou da série Galaxy S, da Samsung. São batidos, em alguns testes, pela linha P30 Pro, da chinesa Huawei. Tratam-se, todos, de celulares topo de linha, na faixa dos mil dólares. Os Pixel 3a querem levar uma das melhores câmeras que há para o público médio. Vai virar o jogo.

A consultoria C4ADS, voltada para análises de segurança, publicou um estudo sobre a interferência de hackers a serviço de Moscou no sistema GPS. Concentrando em Rússia, a região ucraniana em conflito da Criméia e a Síria, os analistas detectaram várias ocasiões em que os sinais dos satélites foram embaralhados para desorientar navios e aviões. Já se sabia que agentes russos interferiam no sistema para dificultar a qualquer um que chegasse próximo da localização do presidente Vladimir Putin. Agora compreende-se que a ação é mais ampla, e de que os recursos tecnológicos estão sendo desenvolvidos. O governo britânico, por exemplo, estima que um ataque terrorista ao GPS no reino custaria algo como £1 bilhão. Por dia.

Faz uma semana, hoje, que uma carta aberta começou a circular nos cubículos da Amazon. O texto pede que o CEO, Jeff Bezos, assim como os executivos que respondem a ele diretamente, adotem uma política clara de combate às mudanças climáticas. Isto inclui parar de usar combustível fóssil e ter metas para emissões de carbono. Desde a sexta-feira, a carta conta com a assinatura de um vice-presidente. Ao todo, 10% dos funcionários já subscreveram seus nomes publicamente.

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