Prezadas leitoras, caros leitores —

Esta semana, o Meio cruzou a marca de 80 mil assinantes. Nosso indicadores mostram que são, em sua maioria, imensamente fiéis. Muito obrigado. Gostaríamos, agora, de conhecê-los melhor. E, para isso, pedimos que respondam a estas perguntas.

Os dados são anônimos — nenhum nome é ligado a nenhuma resposta. Vamos usar estes resultados com dois objetivos. O primeiro é planejar o futuro. Entendendo quem são nossos leitores, e como nos vêem, poderemos planejar a ampliação do Meio. Não menos importante, os dados nos permitirão explicar aos anunciantes por que propaganda típica de internet não funcionará por aqui. Se eles nos ajudarem a produzir informação jornalística, tratarão bem suas marcas, e nossos leitores.

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Trump descumpre promessa a Bolsonaro

Em março, durante visita aos EUA, Bolsonaro concordou em abrir mão do Tratamento Especial e Diferenciado (TED) em acordos da Organização Mundial do Comércio (OMC) em troca do apoio americano à entrada do Brasil na Organização para Cooperação e Desenvolvimento Econômico (OCDE). O TED, do qual o Brasil era grande beneficiário, garante a países menos desenvolvidos algumas salvaguardas na hora de negociar com nações mais ricas e com maior poder de pressão. Ontem, porém, os representantes da Casa Branca disseram “não ter instruções” para tratar da entrada de novos membros. Nas redes sociais, os comentários foram críticos, sobretudo, em relação à política externa adotada pelo governo. “Trump até agora não cumpriu barganha com Brasil, que fez concessões comerciais e recebeu em troca poucas promessas concretas ou simplesmente nada. Realmente, Bolsonaro parece ser contra qualquer tipo de toma lá dá cá”, ironizou Oliver Stuenkel, professor de RI da FGV. Trump ainda apoia a participação do Brasil, dizem os negociadores, mas dentro de uma “modernização da instituição”, sem dar detalhes nem prazos. Garantida, mesmo, só a Argentina, que conseguiu apoio explícito por escrito em dezembro. (Valor)

Já o assessor para assuntos internacionais de Bolsonaro, Filipe Martins, negou que o governo Trump tenha voltado atrás e disse haver somente uma divergência quanto ao número de novas vagas na OCDE. (Estadão)

E pela primeira vez em 21 anos, o Brasil ficou fora da lista de 25 melhores países para se investir, elaborada pela consultoria A.T. Kearney. Após chegar ao 12º lugar em 2016, o país foi despencando, ficando em 16º em 2017 e 25º no ano passado. EUA, Alemanha, Canadá, Reino Unido e França lideram o ranking. (Folha)

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A tesoura da equipe econômica chegou aos quarteis. O governo bloqueou 43% do orçamento das Forças Armadas este ano, cerca de R$ 5,8 bilhões. O anúncio, revelado por Míriam Leitão, foi feito durante almoço de Bolsonaro e Paulo Guedes com o ministro da Defesa, Fernando Azevedo, e os comandantes das Armas. Os militares não gostaram do que ouviram e comentaram, entre si, que nem durante os governos do PT houve um arrocho semelhante. Oficialmente, porém, a Defesa diz que a medida não vai prejudicar o funcionamento das Forças Armadas. (Globo)

Ainda sob o impacto do corte orçamentário de universidades e escolas federais e de projetos da educação básica, o ministro da Educação, Abraham Weintraub, participou ontem de audiência no Senado. Ele insistiu que a retenção de verba é um contingenciamento que pode ser suspenso caso a economia se recupere, mas criticou as universidades, indagando se não podiam “cortar nada” em suas despesas. Ele não respondeu a diversas perguntas de senadores nem detalhou seus projetos para a área. (Folha)

A declaração do ministro de que os cortes poderiam ser revistos com a aprovação da reforma da Previdência irritou alguns senadores e Renan Calheiros chegou a comparar o corte de verbas com a queima de livros feita pelo nazismo. Para eles, isso foi uma tentativa de chantagear o Parlamento. (Estadão)

E Weintraub levou a internet ao delírio ao confundir, diante dos senadores, o escritor tcheco Franz Kafka com “kafta”, tradicional iguaria do Oriente Médio. (Estadão)

Os ministros militares não tem “tato político”, mas estão aprendendo. Essa foi avaliação que Bolsonaro fez em entrevista à Luciana Gimenez, levada ao ar na noite de ontem. Embora não mencione diretamente a crise da ala militar com Olavo de Carvalho, a conversa foi gravada na segunda-feira, quando já circulava o manifesto do general Villas Bôas contra o escritor. Na entrevista, o presidente também avaliou já ter votos para aprovar a reforma da Previdência e confirmou o que todo mundo sabia: um de seus filhos (Carlos) controla sua comunicação nas redes sociais e outro (Eduardo) atua informalmente como chanceler.

Bruno Boghossian: “Jair Bolsonaro escolheu seu uniforme na guerra travada entre militares e o núcleo ideológico do governo. Embora tenha declarado que o conflito era uma ‘página virada’, o presidente deixou o caminho aberto para as pirraças e ofensas disparadas pelo escritor Olavo de Carvalho contra seus próprios auxiliares. Bolsonaro sempre escolherá, no fim das contas, o lado em que estiverem seus filhos —chefes do fã-clube de Olavo.” (Folha)

O governo cedeu às pressões políticas e vai recriar dois ministérios, das Cidades e da Integração Nacional, tradicionais gestores de grandes obras e verbas, desmembrando a atual pasta do Desenvolvimento Regional. Segundo o Painel, a cúpula do Congresso vai escolher os novos ministros e, na prática, gerenciar os R$ 4 bilhões de orçamento das pastas – o que já estaria provocando briga entre Rodrigo Maia e parlamentares. Bolsonaro quer ainda dar à mudança ares de reforma ministerial e finalmente demitir Marcelo Álvaro Antônio do Turismo. (Folha)

Ao anunciar a medida, o líder do governo no Senado e relator da MP da reforma administrativa, Fernando Bezerra Coelho (MDB-PE), informou ainda que vai manter em seu parecer o Coaf no Ministério da Justiça. O Centrão, porém, parece não ter se comovido. Segundo o Antagonista, líderes do bloco passaram a noite reunidos com Rodrigo Maia para fechar a volta do Coaf à equipe econômica.

Conforme prometera, Bolsonaro assinou decreto facilitando a compra e a posse de armas de fogo. Entre os pontos mais polêmicos estão a vinculação do porte ao indivíduo, não à arma, e a permissão para que caçadores, atiradores e colecionadores (CAC) levem as armas carregadas dos locais de armazenamento aos locais de treino e possam usá-las para defesa pessoal. Para especialistas, a maior circulação pode aumentar o número de conflitos armados. (Globo)

O Irã anunciou a suspensão de parte do acordo nuclear assinado durante o governo Obama e renegado por Trump, que retomou as sanções ao regime de Teerã. Com a suspensão o Irã pretende aumentar suas reservas de urânio enriquecido e água pesada.

Cotidiano Digital

Mais conforto para o usuário em ambientes escuros com economia de energia e a possibilidade de usar dois aplicativos ao mesmo tempo e já ser preparado para aparelhos com tela dobrável são algumas das novidades do Android Q, lançado oficialmente nesta terça-feira na Google I/O 2019, na Califórnia. Outro recurso importante na nova versão do sistema é a legendagem simultânea de vídeo, que estará disponível mesmo se o aparelho estiver offline. Mas o software não foi a única cartada do Google na abertura da conferência. A empresa apresentou também seus novos modelos de smartphones, o Pixel 3A e o Pixel 3AXL, com telas de 5,6 e 6 polegadas, respectivamente. Ainda não há previsão de lançamento dos modelos no Brasil.

Anunciaram ainda o Nest Hub Max, um novo aparelho doméstico. Espécie de mistura de tablet com câmera e assistente de voz.

A Amazon aproveitou a inauguração de sua 12ª loja física, em Nova York, para se render a uma ferramenta quase tão antiga quanto a civilização, o dinheiro vivo. Nas demais lojas da rede, o cliente escaneia os códigos dos produtos usando um app e é debitado do valor da compra. A filial nova-iorquina mantém esse sistema, mas permite o pagamento direto aos funcionários. Cresce nos EUA a crítica a lojas que não aceitam dinheiro como forma de pagamento sob a alegação de que elas excluem consumidores que não possuem conta bancária. Ainda não há previsão de quando as demais lojas da Amazon vão também aceitar dinheiro.

Um dos IPOs mais esperados dos últimos anos acontece hoje. As ações da Uber começam a ser vendidas no mercado em uma faixa entre US$ 44 e US$ 50. A bolsa de NY abre às 10:30 e e a pergunta que se faz é: Como está o apetite dos investidores para os unicórnios digitais e seus prejuízos constantes?

Falando nisso, motoristas de aplicativos estão paralisados, desde a zero hora de hoje, em várias cidades do Brasil. Eles aderiram a um protesto internacional de condutores que pedem melhores condições de trabalho. A greve está prevista para terminar às 23h59. Eduardo Lima, presidente da Associação de Motoristas de Aplicativos de São Paulo (Amasp), alega que a Uber cresceu, mas “o motorista está esquecido”.

Cultura

Nem Ruth, nem Raquel... o maior concurso de esculturas de areia dos Estados Unidos, o Texas SandFest, premiou o trabalho do canadense Damon Langlois. Batizada de Liberty Crumbling, o artista retratou o ex-presidente do país, Abraham Lincoln, cobrindo o rosto - e levantou discussões, como toda boa obra de arte. Muitos especularam se a ideia estaria relacionada à atual situação política no país. O evento reúne, todos os anos, artistas de várias partes do mundo na praia de Port Aransas. As fotos são incríveis.

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No meio cultural, produtores vem buscando alternativas de financiamento após os cortes anunciados pelo governo. O Anima Mundi, por exemplo, é um dos eventos que vem apostando em projetos de financiamento coletivo. O festival de animação tenta arrecadar ao menos R$ 400 mil para acontecer e tem sua 27ª edição prevista para julho no Rio e em São Paulo. A campanha será lançada no dia 13 no site Benfeitoria.

Não há um consenso ainda sobre os efeitos das mudanças. Para Rodrigo Maia, um dos fundadores da Catarse, plataforma de financiamento coletivo do Brasil, a grande anomalia da lei sempre foi a falta de democratização. Já Paulo Faria, que há 20 anos fundou a Cia. do Faroeste, em São Paulo, vê a ideia de democratização como uma falácia. Ele, que nunca conseguiu captar pela Lei Rouanet, está certo de que continuará fora do rol de beneficiários.

Viver

O Ministério do Meio Ambiente bloqueou cerca de 95% do orçamento para implementar políticas sobre mudanças climáticas no Brasil. A confirmação dos valores dos cortes ocorre um dia após a divulgação de relatório da ONU, segundo o qual um milhão de espécies podem ser extintas em decorrência de diversos fatores, dentre eles a ação do homem contra a biodiversidade.

Em alta na Netflix, o documentário Virando a Mesa do Poder (assista) retrata a campanha de quatro mulheres progressistas que concorreram a uma vaga para o Congresso dos EUA. As críticas sobre o filme, em geral, são equilibradas e focadas no quão difícil é furar o bloqueio da política tradicional.  Mas o que uma deputada americana tem a ver com o Brasil? “É fácil imaginar que teremos em breve versões brasileiras à esquerda e à direita de Alexandria Ocasio-Cortez (deputada democrata), jovens que queiram ingressar na política para mudá-la por dentro”, sugere Thomas Traumman (Poder360). "O trunfo de documentário foi prever renovação nos EUA", avalia Marina Dias (Folha).

Pesquisadores do Museu Nacional encontraram partes de uma múmia egípcia atingida pelo incêndio que provocou a maior perda científica do país. Eram os restos mortais da sacerdotisa-cantora Sha-Amun-em-Su, datada por volta de 750 a.C. A múmia é uma das 200 peças da coleção egípcia já achadas até agora, de um total de 700 —era a maior coleção da América Latina. Veja fotos de outros artefatos encontrados.

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