Bolsonaro recua e faz deputados passarem por mentirosos

A contar pelo que dizem doze parlamentares, entre eles os líderes de Patriota, Novo, Cidadania (ex-PPS), PSL e PSC, o presidente Jair Bolsonaro ontem pegou o telefone, ligou para o ministro da Educação Abraham Weintraub, e mandou suspender o corte de verbas das universidades. O presidente o fez e, mal tendo o feito, viu entrar irritado na sala o ministro da Casa Civil Onyx Lorenzoni — momento no qual os parlamentares deixaram o gabinete presidencial. É o que eles contam. O presidente não fala nada. Weintraub nega que a conversa tenha sequer ocorrido. A Casa Civil soltou nota seca — “Não procede a informação de que haverá cancelamento do contingenciamento no MEC”. A líder do governo no Congresso, Joice Hasselmann, afirmou que a história não passa de boato. (Globo)

Neste momento há bem mais do que um parlamentar irritado com o presidente na Câmara. A lista começa com o Delegado Waldir, líder do PSL. (Poder 360)

Deputado Capitão Wagner: “Não vou admitir, como aliado do governo, ser chamado ao Palácio do Planalto para tratar de uma questão séria como essa, presenciar o presidente da República pegar um celular, ligar para um ministro na presença de vários líderes partidários, e com todas as letras o presidente disse ‘a partir de agora o corte está suspenso’. Se o governo não sustenta o que o presidente disse na presença de doze parlamentares, não sou eu que vou estar por mentiroso perante a nação, perante a imprensa, não. O governo está demonstrando mais uma vez que está batendo cabeça. Como é que o líder do governo na Câmara estava presente, o líder do PSL, e aí vem a líder do governo no Congresso e diz que era boato? Quem foi que criou o boato? Com todo respeito que tenho ao presidente, não admito ser chamado de mentiroso.” Em vídeo. (UOL)

Não foi num dia tranquilo que a confusão explodiu. Mais cedo, a Câmara convocou Weintraub para que preste esclarecimentos hoje, ao plenário, sobre quais exatamente são seus critérios para definir os bloqueios orçamentários. Votaram pela sabatina imposta do ministro 307 deputados e apenas 82 defenderam o governo. Já havia uma sessão marcada para recebê-lo. A decisão de impor o que já ocorreria, além de ampliar a conversa para incluir todos os deputados, dá o tom do ânimo da Câmara. E o clima, que já era desfavorável, azedou muito. Veja como cada deputado votou. (G1)

Então... Está marcada para hoje, em 13 capitais e dezenas de cidades, manifestações contra os cortes na educação. Em São Paulo e no Rio, inúmeras escolas particulares não terão aulas. (UOL)

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Está para começar uma briga com, no centro, a política nacional para drogas. O Senado pode votar, hoje, um projeto aprovado pela Câmara em 2013 que modifica a atual legislação. Familiares passarão a poder pedir a internação compulsória de adictos, desde que com autorização médica. Dificultará, também, as comunidades religiosas que fazem uso de substâncias alucinógenas. O texto diferencia traficantes de usuários e prevê redução de pena quando o acusado não for reincidente e não integrar organização criminosa. Porém não estabelece critérios objetivos para distinguir usuário de traficante, um dos pontos mais criticados nas regras atuais. Pelo menos um grupo de parlamentares tem pressa — querem evitar flexibilização que pode vir a ocorrer. É que o Supremo está para avaliar a atual legislação e os sinais são de que os ministros pretendem descriminalizar o uso. Além disto, o presidente da Câmara, Rodrigo Maia, tem nas mãos outro projeto, encomendado a especialistas, que também descriminaliza o consumo, determinando as quantidades que configuram uso pessoal. (Folha)

Pois é... No Supremo, o ministro Celso de Mello mandou soltar uma mulher que importou 26 sementes de maconha da Holanda. Seu argumento: a lei proíbe THC, o princípio ativo que está na planta concentrado nas flores. Sua presença nas sementes é quase nula, as sementes não são ilegais. (Estadão)

Em palestra na Escola Superior de Guerra, o deputado Eduardo Bolsonaro — filho zero três — defendeu que o Brasil tenha armas nucleares. “Se tivéssemos”, explicou, “talvez fôssemos levados mais a sério pelo Maduro ou temido pela China e pela Rússia.” (G1)

Enquanto isso... O Ministério Público Federal enviou à Câmara nota técnica que classifica o decreto que amplia o porte de armas, editado pelo Planalto, inconstitucional. (Jota)

Ao todo, a investigação da Justiça sobre Flávio Bolsonaro vai quebrar o sigilo de 95 pessoas e empresas. Destes, 55 são funcionários ou ex-funcionários — na lista está Léo Índio, sobrinho do presidente ligado a Carlos, o zero dois. Foram incluídas também empresas ligadas ao setor de imóveis que participaram das 19 transações que o filho zero um fez nos últimos 15 anos. Abrange, ainda, a mulher de Flávio, uma ex-secretária e uma ex-mulher do presidente, além de inúmeros parentes. Os procuradores querem compreender a origem do dinheiro do senador. (Globo)

O veneno de Renan Calheiros, no Twitter... “Até agora o que existe de mais grave contra Flávio Bolsonaro é a declaração de ‘confiança’ de Onyx Lorenzetti. Trata-se de um réu confesso na utilização de caixa 2 e lavagem de dinheiro.”

Por 4 votos a 0, a sexta turma do STJ decidiu conceder habeas corpus e libertar o ex-presidente Michel Temer. (G1)

Cultura

O melhor do Photo London 2019. Em ‘Cidade não reclamada, 2012’, a fotógrafa e artista indiana Gigi Scaria cria um mundo utópico único - ou seria distópico? Destaque para as fotografias de Matilde Damele, impressas em sacos plásticos, representando a humanidade perdida em uma existência urbana. O festival deste ano acontece até o dia 19 de maio na Somerset House London.

Após o corte de gastos com cultura anunciado pela Petrobras em abril deste ano, 13 projetos artísticos nacionais tiveram seu financiamento suspenso. O Anima Mundi foi um deles. Mas um dos principais festivais de animação do mundo não se fez de rogado e lançou esta semana uma campanha de crowdfunding para a viabilizar sua 27ª edição. A campanha de arrecadação vai até o dia 27 de junho.

Primavera em Nova York. Os famosos leilões começaram na segunda-feira com uma venda de US$ 399 milhões por obras de arte impressionistas e modernas na Christie’s. Obras assinadas por Vincent van Gogh, Paul Cézanne, Pablo Picasso, Claude Monet Balthus, Amedeo Modigliani e Pierre Bonnard ficaram na faixa dos oito dígitos. O total da noite representa um declínio para a categoria ano a ano. Em 2018, a venda equivalente arrecadou US $ 415 milhões. Mas o o resultado foi uma melhora em relação à venda de US$ 279,2 milhões, em novembro passado, quando um Van Gogh não conseguiu uma única oferta. E tudo isso considerando que Wall Street teve seu pior dia em quatro meses na segunda-feira, em resposta à ameaça das tarifas dos EUA sobre a China. “Não é uma referência, dado o contexto econômico de hoje, mas estamos muito satisfeitos com o resultado", disse Guillaume Cerutti, CEO global da Christie em entrevista coletiva.

Viver

A Natura apostou na diversidade sexual para apresentar sua nova linha de maquiagem. Com publicações no Instagram, imagens e um vídeo contando a história de três casais não tradicionais, com uma mulher transgênero, por exemplo, não há dúvida de que a campanha teve repercussão. A hashtag #BoicoteNatura figurou durante todo o dia de ontem na lista de tópicos mais comentados do Twitter. Apesar do ‘texto’ sugerir um boicote, a percepção, numa visão geral, foi em apoio à diversidade. O youtuber Felipe Neto foi um dos que saiu em defesa da marca. “Pra quem tiver participando do #BoicoteNatura, quero ver ter culhão pra boicotar todas essas empresas aqui que apoiam publicamente o casamento entre pessoas do mesmo sexo”, comentou, numa referência a Google, Disney, Facebook, Itaú, Microsoft, entre outras.

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Artemis, a deusa grega da Lua, irmã gêmea de Apolo. Este é o nome do programa da NASA que levará a primeira mulher à Lua até 2024. O pedido de orçamento atualizado da agência espacial é de US$ 1,6 bilhão para ajudar nessa missão; o presidente Donald Trump tuitou sobre o tema na segunda-feira. Não custa lembrar que, em março, a NASA cancelou os planos da primeira caminhada espacial exclusivamente feminina por um problema com o tamanho do traje espacial.

Pra quem curte ciência, o Physics Database é uma espécie de agregador que reúne livros científicos disponíveis gratuitamente na internet. A lista, organizada em ordem alfabética, é atualizada pelos próprios usuários.

Cotidiano Digital

A estratégia de entrada no mercado brasileiro da Huawei é agressiva, informa o Painel SA. Quem levar um smartphone antigo às lojas de eletrônicos de São Paulo, Rio e Brasília vai ganhar um abatimento na compra do P30, o celular que concorre com iPhone XS e Galaxy S10. Além do abatimento, a Huawei também oferece um desconto base de R$ 2000 — ao todo, sem desconto e abatimento, o aparelho sai por R$ 5.499. (Folha)

Começou com a senadora Elizabeth Warren que, ao se lançar pré-candidata do Partido Democrata à Casa Branca, abraçou como estratégia eleitoral o debate sobre dividir, por monopólio, as grandes empresas de tecnologia. O artigo publicado na semana passada por Chris Hughes, o co-fundador do Facebook que defende a divisão da empresa, agitou os políticos. Na terça-feira, outra popular pré-candidata, a também senadora Kamala Harris, afirmou que se deve pensar seriamente a respeito de um processo antitruste contra a gigante das redes sociais. Ontem, foi a vez do líder das pesquisas, o ex-vice-presidente Joe Biden. “É um assunto sobre o qual devemos pensar muito sério”, ele declarou. Pode virar parte da plataforma dos democratas. O que deixará o Vale do Silício numa sinuca de bico — lá, quase todo mundo é anti-Trump.

Pois é... Está próxima a costura de um acordo entre Facebook e o governo americano para compensar as más-práticas da plataforma a respeito de privacidade. A multa esperada é de algo entre US$ 3 e 5 bilhões. Uma punição deste tamanho, no Congresso, é vista como pouco demais. Dois senadores, um republicano, um democrata, pediram à FTC, Comissão Federal de Comércio, que aponte formalmente Mark Zuckerberg como responsável pelas falhas tornadas públicas nos últimos anos. O enrosco do acordo tem motivo: não é a primeira vez. Em 2011, o Facebook já havia assinado outro documento no qual se responsabilizava perante a FTC de seguir certos preceitos para garantir privacidade. A impressão é de que a empresa já descumpriu os termos uma vez.

Disney e Comcast assinaram um acordo para venda completa do serviço de streaming de vídeo Hulu. Embora o negócio ainda demore até cinco anos para ser concretizado, o controle operacional já é da Disney — que hoje detém aproximadamente dois terços das ações. Ao final, quando todo o dinheiro tiver sido pago, Hulu terá um valor de mercado calculado em US$ 27,5 bilhões. O sistema, que nos EUA concorre com a Netflix, tem os direitos, por exemplo, da série The Handmaid’s Tale e deve permanecer como está — streaming voltado para o mercado adulto enquanto o novo, Disney+, deve se dedicar ao mercado infantil. A companhia pretende também vender os dois num pacote com desconto.

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