Bolsonaro chama povo às ruas

O presidente Jair Bolsonaro cogita participar pessoalmente das manifestações que seu grupo político está convocando para o próximo domingo. Mas, tanto internamente no governo, como dentro da bancada do PSL, e entre apoiadores do presidente, o debate é intenso. Convocadas inicialmente pelo braço olavista, traziam por mote uma repulsa ao Congresso e ao Supremo, alimentadas pelo texto contrário às instituições da República distribuído sexta-feira pelo próprio Bolsonaro. Este tom fez com que de presto empresários parceiros, como os liderados por Flávio Rocha do Brasil 200, se afastassem. Da deputada estadual paulista Janaina Paschoal ao presidente da sigla, Luciano Bivar, parlamentares do PSL também não gostaram. MBL e Vem Pra Rua declararam oficialmente que não vão. Os mobilizadores iniciaram ontem uma operação para debelar o incêndio, tentando ampliar as pautas do movimento para incluir apoio à reforma da Previdência, ao pacote anticrime de Sergio Moro, a continuidade da Lava Jato e a obrigação de voto nominal para parlamentares. (Folha)

Dos 54 deputados do PSL, 19 estão engajados na manifestação. Dentre os quatro senadores, dois fizeram o mesmo. (Estadão)

Aliás... O próprio Bolsonaro se engajou, ontem, na convocatória. Distribuiu um panfleto digital no qual está escrito ‘Elegemos o presidente Bolsonaro e cansamos de ver os corruptos querendo sabotar o governo e destruir o Brasil’. (Antagonista)

Pablo Ortellado: “O maior dilema de qualquer governo populista é que, uma vez empossado, passa a fazer parte do establishment contra o qual se opunha. Bolsonaro se elegeu denunciando a articulação das elites no Congresso e nos meios de comunicação que perpetuavam o mesmo grupo corrupto no poder. Por isso, precisa abandonar o antagonismo puramente posicional, no qual o povo se opõe às elites, e incluir nele uma dimensão moral, na qual membros da elite se insurgem contra os pares em defesa do povo. Suas limitações e fracassos são apresentados como a incapacidade de derrotar as estruturas profundas contra as quais até mesmo o poder do Estado é débil. São as insidiosas articulações do centrão, as sórdidas decisões do Supremo e a velada campanha de oposição dos meios de comunicação. Para reafirmar sua condição de antiestablishment, apesar de governo, precisa alertar o povo que, por mais integral que seja seu compromisso moral, ele é incapaz, por si mesmo, de derrotar as elites. Por isso, precisa promover atos de mobilização social que reafirmem o seu respaldo no poder soberano do povo. Se as manifestações forem bem-sucedidas, levando muita gente às ruas, elas poderão consagrar a hegemonia total do bolsonarismo sobre o legado do antipetismo.” (Folha)

Filipe Martins, assessor olavista do presidente: “Diferente das vozes cínicas do establishment, que vêem como inevitáveis as práticas que levaram os últimos presidentes à desgraça, o homem comum entende que não falta vontade política ao presidente, mas sim compromisso com o interesse público aos seus opositores. Diante disso, não é otimismo esperar outras vitórias do homem comum contra os esquemas espúrios e imorais que o establishment deseja nos impor como inevitáveis: basta que quem foi escolhido líder pelo povo exponha a podridão do sistema e peça mais engajamento popular.” (Twitter)

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A Receita Federal começou a montar uma equipe especial que passará o pente fino nas declarações do senador Flávio Bolsonaro, seu ex-assessor Fabrício Queiroz e as outras 93 pessoas que tiveram sigilos bancário e fiscal quebrados pela Justiça do Rio. Um dos objetivos é descobrir sobre o depósito feito por Queiroz na conta da primeira-dama Michelle Bolsonaro. Segundo o presidente, foi pagamento de um empréstimo. Será preciso provar que o dinheiro foi emprestado antes de ser devolvido. (Globo)

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HealthTech

Maior multinacional farmacêutica do Brasil, a Eurofarma pôs na rua uma estratégia para se reposicionar no mundo digital. Não começará o trabalho em casa, mas fora. São dois os caminhos. Um é um programa de mentoria para cientistas-empreendedores, com inscrições até o dia 31. 16 projetos de estudantes e pesquisadores serão selecionados para que se tornem remédios e sigam para o mercado. O outro é a Synapsis, um programa de aceleração de startups — não apenas de healthtech. Os objetivos são dois. Um é mesmo encontrar novos produtos. O outro, aprender uma nova cultura empresarial.

O dilema da indústria farmacêutica não é pequeno. Criar novos medicamentos é muito caro, boa parte deste processo de pesquisa é feito em segredo, e muito do dinheiro voltado para pesquisa não vira produto. Usando tecnologias como blockchain, já há startups que propõem compartilhar o que antes era segredo. Empresas do Vale do Silício também começam a entrar no setor — e com soluções radicalmente novas. Em alguns casos, mais baratas. A indústria será transformada.

E por falar em gigantes do Vale... Num paper publicado ontem na Nature Medicine, pesquisadores do Google mostram que um algoritmo de inteligência artificial foi capaz de detectar cânceres pulmonares em estágio inicial, baseando-se em imagens de tomografia computadorizada, com maior índice de acerto do que médicos. É só o início. (New York Times)

Pois é. Diagnóstico, às vezes, pode ser bastante simples. Um papelzinho enrolado em funil, encaixado no ouvido da criança e um smartphone com um app específico. O aparelho emite um som que vai até o tímpano e retorna. Quanto mais líquido, mais opaco é o som que volta. Daí que Justin Chan e Shyam Gollakota, da Universidade de Washington, acham que conseguiram desenvolver um app que diagnostica infecção no ouvido de crianças. Um diagnóstico que, quanto mais nova a criança, mais difícil é de ser feito. Ainda está em fase de testes.

Viver

Tricampeão mundial de Fórmula 1, um dos mais celebrados pilotos da história, o austríaco Niki Lauda morreu ontem aos 70 anos. Ele vinha ocupando a presidência não executiva da equipe Mercedes e não resistiu a complicações no estado de saúde após um transplante de pulmão. Pilotos e equipes lamentaram a morte. “Niki estará para sempre em nossos corações e consagrado em nossa história”, escreveu a McLaren, através de seu perfil no Instagram.

História: Numa temporada em que a Ferrari ressurgiu após longo período de resultados ruins, Lauda marcou nove poles e venceu suas duas primeiras corridas, na Espanha e Holanda. Um dos episódios mais emblemáticos da história da categoria quase tirou a vida do austríaco no perigoso circuito de Nürburgring, na Alemanha — após uma derrapagem, com tecnologia antiga, seu carro explodiu numa bola de chamas. De forma impressionante, ele se recuperou e, apenas 43 dias depois da batida, estava ao cockpit de sua Ferrari, nos treinos para o GP da Itália.

Vídeo: O acidente e o retorno de Lauda às pistas.

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A poluição do ar pode estar danificando todos os órgãos e praticamente todas as células do corpo humano, de acordo com uma nova e abrangente pesquisa global. Os danos vão de doenças cardíacas e pulmonares à problemas de fertilidade, diabetes e demência. O The Guardian detalha, a partir de gráficos interativos, como o ar tóxico afeta os pulmões, o coração, o cérebro e o sistema reprodutivo. A poluição do ar agora mata cerca de 8,8 milhões de pessoas a cada ano, superando as mortes por tabagismo.

De acordo com a Organização Mundial de Saúde, a poluição do ar é uma “emergência de saúde pública”, com mais de 90% da população mundial exposta ao ar tóxico. Dra. Maria Neira, diretora de saúde pública e ambiental da OMS, diz que o estudo se soma à outras evidências. “Existem mais de 70.000 artigos científicos que demonstram que a poluição do ar está afetando nossa saúde ”. Mas o impacto de diferentes poluentes em muitas doenças ainda precisa ser estabelecido, sugerindo que danos cardíacos e pulmonares bem conhecidos são apenas “a ponta do iceberg”.

A Family Romance é uma empresa especializada no aluguel de amigos e familiares no Japão. A companhia já existe há dez anos e conta com uma equipe de 2,2 mil funcionários prontos para serem pais, mães, primos, tios, avós ou namorados. “Há muita gente que contrata esse serviço com propósitos muito diferentes. Alugamos todos os tipos de parentes, para todos os tipos de situações. Por exemplo, se alguém precisa de pais postiços para apresentar à noiva ou ao noivo, porque por algum motivo não pode apresentá-los aos pais verdadeiros, recorre a este serviço”, explicou Yuichi Ishii à BBC News Mundo. O empreendedor por trás do negócio despertou a curiosidade do diretor de cinema alemão Werner Herzog. Veja o trailer do filme Family Romance, LLC, que estreou no Festival de Cannes deste ano.

Galeria: Campeonato mundial de barba e bigode. O evento reuniu competidores, homens e mulheres, em Antuérpia, na Bélgica, e acontece a cada dois anos em diferentes países desde 1995. A próxima edição está marcada para a Nova Zelândia, em 2021.

Cultura

O Balé Nacional da China volta ao Brasil nove anos após se se apresentar no país pela última vez. O espetáculo Lanternas Vermelhas dirigido pelo cineasta Zhang Yimou, destaca-se pelo inovador conceito de iluminação e pelas soluções cênicas e será apresentado no Rio, em Curitiba, em Belo Horizonte e em São Paulo. Indicado ao Oscar de melhor filme estrangeiro, Lanternas Vermelhas transformou Zhang no grande expoente da chamada Quinta Geração, movimento seminal do cinema contemporâneo chinês.

Criado em 1959 a pedido do então presidente Mao Tsé Tung, que levou mestres da Academia Vaganova, da Rússia, para treinar os bailarinos, o Balé Nacional da China é uma das últimas companhias estatais do mundo. Moldada à maneira das instituições tradicionais russas do período soviético, ela incorporou a metodologia e os repertórios que fizeram da dança clássica russa a mais conhecida do mundo no século 20, mas não deixou de lado as raízes orientais.

Por falar em balé... Uma mudança na direção deve dar novo ritmo ao aclamado Ballet Nacional de Cuba. Ao longo do tempo, rumores de possíveis nomes vieram à tona, já que sua diretora, Alicia Alonso, agora com 98 anos, e parcialmente cega, falava em viver até os 200 anos. Em janeiro, o ministério cubano da cultura nomeou Viengsay Valdés, a primeira bailarina de 42 anos do Ballet Nacional, como vice-diretora artística do grupo. Ela é responsável, agora, por todas as decisões artísticas: programação, seleção de elenco, divulgação. Será a primeira vez na história do grupo que alguém que não seja da família Alonso estará no comando. Em Cuba, onde bailarinas são celebridades, Valdés é uma espécie de heroína. E ela sabe o tamanho da sua missão: "Eu tenho que manter o legado de Alicia Alonso, mas também tenho que atualizar o grupo“, disse durante visita a Nova York na semana passada.

Uma dica para os visitantes que vão a Nova York: o Hudson Yards, inaugurado em março, é o novo point da Big Apple. E é no coração do Hudson Yards que está a mais nova obra de arte arquitetônica da cidade, o The Vessel. A estrutura em formato de colmeia é de tirar o fôlego. “A entrada é gratuita, porém é imprescindível fazer a reserva com antecedência”, recomenda Marina Tajra Araújo, do @novayorkevoce.

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