Joaquim Levy se demite após ameaça de Bolsonaro

Joaquim Levy pediu demissão ontem da presidência do BNDES. No sábado, o presidente Jair Bolsonaro procurou espontaneamente um grupo de repórteres para atacar o economista — “Estou por aqui com o Levy”, ele afirmou. “Falei para ele: ‘demita esse cara ou demito você sem passar pelo Paulo Guedes’.” Esse ‘cara’ era o diretor de Mercado de Capitais do BNDES, Marcos Barbosa Pinto, ex-sócio de Armínio Fraga na Gávea Investimentos, mas percebido pelo presidente como um nome ligado ao PT por ter tido cargos no governo Dilma. Marcos renunciou no sábado e, Levy, no domingo. “Eu entendo a angústia do presidente”, afirmou a Gerson Camarotti o ministro da Economia, Paulo Guedes. “É natural ele se sentir agredido quando o presidente do BNDES coloca na diretoria nomes ligados ao PT.” Bolsonaro também afirma que deseja ‘abrir a caixa-preta’ do BNDES — coisa que o banco diz já ter feito, mas que o presidente não reconhece. O novo comando do banco terá a missão de tocar as privatizações. (G1)

PUBLICIDADE

Horas após o primeiro depoimento prestado em Curitiba pelo ex-presidente Lula, o então juiz Sergio Moro enviou mensagem para o procurador Carlos Fernando dos Santos Lima, da Lava Jato. “Talvez vcs devessem amanhã editar uma nota esclarecendo as contradições do depoimento”, sugeriu Moro. “Porque a Defesa já fez o showzinho dela.” A notícia está na sexta reportagem do Intercept Brasil com dados vazados da Lava Jato. O também procurador Delta Dallagnol consultou a assessoria de imprensa do MPF sobre a possibilidade. “O papel deles vai ser levar pro campo político, a imprensa sabe disso”, ponderou um dos assessores. “E já sabe que vcs não falam de audiências. Mudar a postura vai levantar a bola pra outros questionamentos. Pq resolveram falar agora? Pq era o ex-presidente?” Naquele dia, uma nota como a sugerida por Moro foi distribuída. (Intercept Brasil)

Santos Lima publicou um desmentido no Facebook. “Atos criminosos devem ser rechaçados e os interesses que levam a esse crime estão criando diálogos apócrifos para constranger autoridades”, redigiu. “Não reconheço qualquer diálogo.”

Pesquisa da XP Ipespe apresentada na sexta indica que 77% dos entrevistados estão cientes dos vazamentos. Para 44%, a Lava Jato não cometeu excessos no combate à corrupção. Para 30%, não só cometeu como decisões judiciais devem ser revistas. Para 14%, houve excesso, mas o resultado valeu a pena. (Poder 360)

Outra pesquisa, do Atlas Político, afirma que 73,4% dos entrevistados estão informados sobre o vazamento. Ela indica, também, que 50,4% dos brasileiros têm opinião positiva de Sergio Moro, enquanto 38,6% têm opinião negativa. A avaliação positiva era de 60% em maio. Segundo ambas as pesquisas, o ex-juiz continua o ministro mais popular do governo. (El País)

Lilia Schwarcz, historiadora: “Esse episódio confirma a ideia de judicradura ou a ditadura do Judiciário, quer dizer, de um Judiciário que cumpre com sua liturgia, mas que cresceu de modo a não equiparar-se com os outros poderes. É um Judiciário que perde a medida do seu poder e põe em questão a prática da equanimidade. O patrimonialismo é resultado da relação viciada que se estabelece entre a sociedade e o Estado. É o entendimento, equivocado, de que o Estado é bem pessoal, ‘patrimônio’ de quem detém o poder. O que vimos ocorrer com o vazamento de informações sobre Sergio Moro se chama patrimonialismo. O uso do Judiciário para causas particulares, como forma de vingança e de impedimento à que a democracia siga seu curso.” (El País)

Carlos Velloso, ex-ministro do STF: “Esse tema deve ser tratado com muita cautela, porque nasce de uma ilegalidade, que foi a invasão dos telefones por hackers. É um meio de comunicação em que prevalece a privacidade. Provas ilícitas a Constituição não admite. A opinião pública, de modo geral, está apoiando a Lava-Jato. Pessoas leigas chegam a afirmar que, se provas ilícitas puderem influenciar um caso no sentido de inocentar, absolver pessoas condenadas depois de um longo processo, em que a matéria foi longamente discutida e examinada, então daria para dizer que o crime compensa. Tenho visto esse tipo de reação.” (Globo)

Vinicius Torres Freire: “Era uma vez um governo que teria dois superministros, Paulo Guedes (Economia) e Sergio Moro (Justiça). Entraram por uma porta, saíram por outra. Os superministros foram rebaixados porque o quase governo do Congresso independente poda suas capas heroicas. Porque Bolsonaro não tem um programa que respalde na prática os projetos de Guedes e Moro. Porque o presidente implicou com Moro, que não incorporou o bolsonarismo ‘raiz’. Pior, o ministro da Justiça se tornou suspeito de querer a cadeira presidencial em 2022, assunto cada vez mais frequente de Bolsonaro, diz seu entorno. Qual será o projeto de Moro? Bater ponto até ser promovido ao STF pelo mérito de engolir sapos e de sobreviver a suspeitas da VazaJato? Guedes pode ainda fazer um grande ministério, segundo a medida do programa liberal, mas não pela régua das ambições de sua estratégia grandiosa de refundação do país. O Brasil está em crise faz seis anos, e o governo só tem mais três pela frente (os seis meses finais são de eleição).”

Sérgio Abranches: “Há muito fio desencapado. Basta juntar três e se terá um curto-circuito institucional capaz de comprometer a governabilidade. Houve a ruptura do quadro político-institucional anterior, mas não houve nem reforma, nem substituição do modelo político. Portanto, ele está falhando serialmente. No momento, está em estado disfuncional. Um presidente minoritário e com mentalidade autoritária em atrito com o Legislativo e criando antagonismos plurais na sociedade. Que descontenta mais do que satisfaz, como mostram as pesquisas de popularidade. Um movimento de redução dos poderes presidenciais pelo Legislativo e pelo Judiciário. Se as análises de especialistas competentes e de variada tendência estão certas, este é um quadro premonitório de crises de governabilidade.”

Cotidiano Digital

O presidente Jair Bolsonaro anunciou ontem, via Twitter, que o ministério da Economia estuda reduzir de 16% para 4% os impostos sobre a importação de produtos de tecnologia como computadores e celulares. E videogames.

Dois movimentos nesta última sexta feira devem mudar o cenário do comércio eletrônico brasileiro nos próximos meses. Os acionistas da Netshoes aprovaram a oferta de compra da empresa pela Magazine Luiza, que assim venceu a disputa com a Centauro pela aquisição. O preço porém é quase o dobro da oferta inicial de US$ 62 milhões.

Em outra transação, a família Klein, fundadora da Casa Bahia, comprou, por R$ 2,3 bilhões, todas as ações do Grupo Pão de Açucar na Via Varejo, empresa criada na fusão do Ponto Frio com Casas Bahia. Com isso a Família Klein volta ao comando da operação e planeja acelerar os investimentos digitais da empresa.

Viver

Para ler com calma: E quando, nas redes sociais, compartilhar é humilhar? No final de maio, uma funcionária da fábrica Iveco se suicidou após a divulgação maciça de um vídeo sexual gravado há cinco anos. Mãe de duas crianças, de 4 anos e 9 meses respectivamente, ela não pôde suportar o assédio que recebeu no trabalho, os cochichos de seus colegas, e a pressão ambiental pelo vídeo se tornar viral através de grupos de WhatsApp. “Ainda que a web tenha criado oportunidades, dando voz a grupos marginalizados e tornando nossas vidas mais fáceis, também criou oportunidades para os vigaristas, deu voz aos que proclamam o ódio e tornou mais fácil cometer toda a espécie de crimes”, refletiu o criador da web, Tim Berners-Lee.

E por falar..., Bella Thorne, que foi atriz da Disney e também é escritora, decidiu publicar fotos dela mesma seminua em seus perfis nas redes sociais para desafiar um hacker que roubou as imagens e estava fazendo chantagem. Segundo Thorne, o homem passou 24 horas ameaçando divulgar as imagens. Em um comunicado, ela contou que seu telefone foi invadido, mas que o FBI está investigando o caso e em breve deve identificar o responsável. “Eu me sinto enojada, observada, sinto que alguém tirou de mim algo que eu queria que apenas uma pessoa especial visse”, justificou.

Pois é... O Radiohead divulgou por conta própria as 18 horas de gravações inéditas de Ok Computer (Spotify), um dos álbuns mais famosos do grupo lançado em 1997. Segundo Jonny Greenwood, guitarrista da banda, um hacker estava pedindo US$ 150 mil para que o material não fosse divulgado na internet. O grupo então publicou em seu site o material completo. À venda por US$ 23 até o final do mês. O dinheiro angariado vai para o grupo ativista do clima Extinction Rebellion.

PUBLICIDADE

Sobre agrotóxicos, um estudo recente liga o composto industrial tóxico PFOS (sulfonato de perfluorooctano) à diminuição do tamanho do pênis e à queda da fertilidade em homens. O Brasil é um dos únicos países do mundo que ainda permite a fabricação da substância. Desde 2009, seu uso passou a ser amplamente restringido pelos 182 países que fazem parte da Convenção de Estocolmo, um tratado internacional que trata de Poluentes Orgânicos Persistentes. “De acordo com os pesquisadores da Universidade de Pádua, na Itália, jovens foram expostos aos PFCs possuem pênis menores e mais finos do que a média. O estudo demonstra que o PFOS e outros componentes dos PFCs se ligam ao receptor de testosterona e bloqueiam sua ativação. Além de afetar o tamanho dos órgãos genitais masculinos, essas substâncias também comprometem a fertilidade. Outro efeito colateral é o aumento da presença de hormônios femininos em homens”. No Twitter, o assunto repercutiu sábado através do Canal History.

Cultura

O diretor de cinema italiano Franco Zeffirelli morreu no sábado. Ele tinha 96 anos e ficou famoso por dirigir filmes como La Traviata e Romeu e Julieta, pelos quais foi indicado ao Oscar, mas também por produções de óperas e obras para a televisão.

Galeria: no Brasil, veja imagens dos 14 Patrimônios Culturais da Humanidade tombados pela Unesco. O Centro Histórico de Olinda, Pernambuco, as Ruínas de São Miguel das Missões, no Rio Grande do Sul, e Brasília, Distrito Federal, estão entre eles. Destaque para o Parque Nacional Serra da Capivara, no Piauí, um dos sítios arqueológicos mais antigos da América do Sul. Algumas pinturas rupestres foram feitas há mais de 25 mil anos.

Outra galeria: torcedores comemoram nas ruas de Toronto a vitória do Raptors na final da NBA. Por falar nisso, o rapper Drake, um dos principais personagens da inédita conquista dos canadenses, posou para uma foto com o troféu. “A ascensão ao topo desta montanha tem sido bíblica”, escreveu o perfil oficial do Toronto no Instagram. Ele chegou até a ser problema para a NBA, que pediu moderação ao músico antes do primeiro jogo contra os Warriors, mas não adiantou muito.

Recém-lançada pela Funarte, a antologia Dramaturgia Negra oferece um panorama inédito da produção contemporânea de autores negros no teatro brasileiro. Organizada por Eugênio Lima e Julio Ludemir, a obra contempla dramaturgos das cinco regiões, com diversidade de gêneros e gerações.

Encontrou algum problema no site? Entre em contato.