Prezadas leitoras, caros leitores —

Como de praxe, salvo notícia extraordinária, o Meio não circula amanhã, no feriado de Corpus Christi. Estamos de volta para a edição de sexta-feira.

E… Na edição de sábado, a segunda parte da história dos hackers. Se no último contamos da fase romântica e ativista, agora mergulhamos no mundo dos hackers criminosos e das ciberguerras — como aquela na qual EUA e Rússia estão engajados neste momento. Assine. Custa quase nada.

— Os editores

Senado derruba decreto das armas de Bolsonaro

Só PSL e PSC votaram com o presidente Jair Bolsonaro. Os outros partidos se dividiram ou foram maciçamente contra e, assim, o decreto que facilitaria posse e porte de armas pela população foi derrubado. Esperava-se uma votação apertada, mas a derrota do governo foi acachapante: 47 votos a 28. Bolsonaro chegou a pedir pelas redes que seus seguidores pressionassem os parlamentares — mas não deu. (Poder 360)

Pelo que ouviu Tales Faria, declarações do próprio Bolsonaro convenceram os senadores a derrubar o projeto das armas. No sábado, o presidente defendeu o armamento do povo para resistência popular a governantes que tentassem um golpe. Seu filho, o deputado Eduardo Bolsonaro, foi ainda mais específico. “Que se voltar um regime como o do governo Lula, a gente não fique sob os demandos de um regime autoritário.” A mensagem que os parlamentares ouviram foi exatamente o oposto. “Bolsonaro quer organizar sua ‘guarda bolivariana’ de direita”, comentou o senador Randolfe Rodrigues. Outro senador, o sergipano Alessandro Vieira, que é delegado, seguiu pelo mesmo caminho. “Armar a população sob pretexto de defender a democracia lembra demais Hugo Chávez.” (UOL)

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Novos diálogos apresentados pelo Intercept Brasil reforçam a impressão de que o juiz Sérgio Moro agia de forma parcial durante a operação Lava Jato. Após ter tomado conhecimento pela TV de que, em Brasília, a Procuradoria-Geral da República havia remetido uma denúncia contra o ex-presidente Fernando Henrique para o MPF de São Paulo, o juiz questionou via Telegram o coordenador da operação em Curitiba, Deltan Dallagnol. “Tem alguma coisa mesmo séria do FHC?”, ele perguntou. “O que vi pareceu muito fraco.” Após se consultar com Brasília, Dallagnol respondeu. “Foi enviado pra SP sem analisar prescrição, suponho que de propósito.” Encerrou com a leitura que fez do movimento: “Talvez para passar recado de imparcialidade.” O juiz lhe responde demonstrando incômodo. “Acho questionável pois melindra alguém cujo apoio é importante.” Nem ele, nem Dallagnol, tinham jurisdição sobre o caso ou meios para evitar a investigação. A reportagem, sétima da série, também registra os diálogos entre procuradores da Força Tarefa procurando caminhos que permitissem investigação de FH ou outros tucanos, preocupados com as acusações de que a operação seria partidária. (Intercept)

Para o procurador aposentado Carlos Fernando dos Santos Lima, que pertenceu à força-tarefa da Lava Jato, a operação está sob ataque. “O ataque foi centralizado, altamente sofisticado, com um custo que ultrapassa em muito a capacidade financeira e tecnológica de meros hackers amadores”, disse em entrevista. “Fiquei surpreso que tenha demorado tanto. As organizações criminosas que enfrentamos são poderosas e, acuadas como ratos, era natural que reagissem. A Lava Jato provou que a política brasileira se financia com o crime. Usa da corrupção para financiar campanhas eleitorais milionárias, para controlar estruturas partidárias e para os bolsos próprios, naturalmente. Nada disso mudou. As provas continuam aí para que todos vejam.” (Estadão)

O ministro da Justiça, Sérgio Moro, participará hoje de uma audiência na Comissão de Constituição e Justiça do Senado, onde responderá às perguntas dos parlamentares. (G1)

Aliás... O procurador-geral da Suíça, Michael Lauber, foi afastado com dois outros procuradores das investigações sobre corrupção na Fifa. Lauber, conta Jamil Chade, se encontrou, sem registrar nos autos, com o presidente da entidade, Gianni Infantino. Um segundo procurador trocou mensagens via SMS com o diretor jurídico da Fifa e o terceiro tinha conhecimento das conversas secretas. O Tribunal Federal Suíço considerou que a imparcialidade dos três estava em dúvida, impossibilitando o trabalho. (UOL)

A Associação Nacional dos Procuradores encaminhou a Bolsonaro, ontem, a lista tríplice com os nomes mais votados para substituir Raquel Dodge na Procuradoria-Geral da República. Encabeça Mario Bonsaglia, seguido de Luíza Frischeisen e Blaul Dalloul. Lula e Dilma sempre escolheram o primeiro nome da lista. Michel Temer escolheu Dodge, que estava na segunda posição. A expectativa é de que o novo presidente indique alguém de fora da lista tríplice. Talvez, até, a própria Dodge. (G1)

Cotidiano Digital

O Facebook fez, ontem, provavelmente o mais ousado anúncio da indústria de tecnologia neste ano: juntou-se com outras companhias num consórcio para lançar sua própria criptomoeda. Libra, como vai se chamar, é diferente da bitcoin: não vai flutuar livremente, será lastreada por títulos nacionais de países com economias fortes. O público inicial para a moeda, que começa a circular no ano que vem, são as muitas pessoas no mundo que, morando em terras estrangeiras, remetem para suas famílias no país de origem algum dinheiro todo mês. Hoje, pagam taxas altas de transferência e, comumente, avisam por WhatsApp aos familiares. Com Libras, a transferência pode ser feita direta pelo app de mensagens, sem taxas. Em 2016, só este dinheiro transferido por gente pobre em todo o mundo somou quase meio trilhão de dólares. De acordo com a rede social, de seus 2,4 bilhões de usuários, 1,7 bilhão não tem acesso a contas bancárias. A carteira virtual em Libras se torna muito prática. Se juntam ao consórcio, neste lançamento, Uber e Lyft, sua principal concorrente nos EUA, PayPal e eBay, o site de leilões virtuais, Spotify, assim como Visa e MasterCard. Libras, portanto, não precisam ser convertidas. Podem ser usadas para pagamentos de serviços. A sede do consórcio será em Genebra, na Suíça. Se der certo e a moeda virtual se popularizar, a facilidade e baixo custo do fluxo pode torna-la a substituta ideal para o dólar no mercado internacional.

Pois é... Perante o anúncio, ligou-se o alerta vermelho pelo globo. A deputada americana Maxine Waters, presidente da Comissão de Assuntos Financeiros da Câmara, pediu que o Facebook interrompesse o desenvolvimento até que o Congresso consiga compreender do que se trata. O ministro francês da Fazenda, Bruno Le Maire, foi ainda mais veemente. “Não acontecerá de Libra se tornar uma moeda soberana.” O deputado europeu Markus Ferber, da Alemanha, seguiu no mesmo tom. “Não podemos permitir que corporações multinacionais como o Facebook operem num nirvana regulatório quando apresentam moedas virtuais.” O Grupo dos Sete, que reúne os presidentes de Banco Central de Alemanha, Canadá, Estados Unidos, França, Itália, Japão e Reino Unido, está trabalhando num relatório urgente sobre o assunto.

Cultura

Elizabeth Acevedo, poeta e escritora dominicana-americana, autora do best-seller The Poet X, venceu ontem a Medalha Carnegie, o mais antigo e prestigiado prêmio da literatura infanto-juvenil do Reino Unido. Não é novidade que mulheres passam despercebidas em grandes prêmios de literatura, mas Elizabeth Acevedo, filha de imigrantes dominicanos, fez história em grande estilo ao se tornar primeira mulher negra a receber a medalha em seus 83 anos de história. Vale lembrar que o prêmio foi criticado em março de 2017 por divulgar uma longa lista de livros, todos escritos por escritores brancos. De acordo com um artigo no The Guardian, os organizadores concluíram "que a força de trabalho predominantemente branca do Reino Unido, que nomeia livros para a medalha, não tinha conhecimento de títulos de escritores de cor". Os organizadores prometeram se reestruturar, o que torna a vitória de Acevedo ainda mais significativa.

Best-seller do The New York Times, A poeta X (Amazon) é sobre uma adolescente que conta sua história através de uma poesia intensa, crua e poderosa. Xiomara Batista se sente sem voz e incapaz de se esconder no Harlem, em Nova York. Em contraste com as regras da mãe religiosa, Xio tenta expressar suas próprias crenças através da poesia: a garota derrama toda frustração e paixão nas páginas de um caderno, recitando as palavras para si mesma como orações. Em seu romance de estreia, Elizabeth Acevedo aborda dúvidas e experiências frenquentes da adolescência – religião, relacionamento e autoaceitação –, apresentando essas questões através das lentes da herança afro-latina de Xiomara. A autora traz um ponto de vista único para aqueles que convivem com todo tipo de preconceito e procuram refúgio na literatura. É uma narrativa viciante e cheia de ritmo. E, não por acaso, a recomendação na capa do livro é: ‘para ser lido em voz alta’.

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Em julho, Gloria Groove fará sua primeira turnê internacional, uma de duas já programadas. “Só de pensar na improbabilidade de sucesso de uma drag queen nessa época...”, contou ao E+. Seu novo clipe, uma parceria com Iza, já ultrapassou quatro milhões de visualizações. Por aqui, a cantora inicia hoje, em São Paulo, sua nova turnê, que se chama #Fase3Tour. O show será dividido em três blocos: corpo, alma e espírito.

O Nordeste está em festa com período junino. No Piauí, o som da safona, do arrasta pé do xaxado e o sabor da gastronomia encantam a todos. Para contar um pouco desse clima, da tradição e curiosidades, veja o especial São João da Clube. O programa destaca as histórias de mulheres no universo junino, como o relato de Dona Sebastiana, sanfoneira de 58 anos, que mesmo sem saber ler e escrever, aprendeu a tocar o instrumento apenas ouvindo o rádio.

Viver

Um dia histórico. Marta se tornou a maior artilheira da história das Copas ao fazer o gol da vitória do Brasil contra a Itália. Bateu um pênalti preciso, o que a fez superar o recorde do alemão Klose. Na entrevista pós-jogo, dedicou a importante marca às mulheres. “Estava esperando esse momento. Estou feliz demais. Digo que a gente está quebrando muitas barreiras, e esse recorde representa bastante, porque não é só a jogadora Marta, mas as mulheres, num esporte que ainda é masculino pra muitos, temos uma mulher como a maior artilheira das Copas. É para todas elas”. Seis vezes eleita a melhor do mundo pela FIFA, a camisa 10 foi a protagonista nas redes sociais no jogo contra a Austrália por conta da comemoração de um gol, quando fez menção à sua campanha ‘Go Equal’; em prol da equidade de gênero no esporte.

Neste vídeo publicado em 2015, Marta escolhe os três gols preferidos de sua carreira. Neste outro vídeo, do Museu do Futebol, a atleta fala de sua história. "Tinha que me impor pra poder jogar. E brigava mesmo".

Na Copa América, o Brasil teve dificuldade para incomodar o goleiro venezuelano e, quando conseguiu, teve três vezes o gol anulado — duas após checagem pelo VAR, o tal árbitro de vídeo.

Uma foto que evidencia o derretimento das camadas de gelo no noroeste da Groenlândia chamou a atenção nas redes sociais. A imagem mostra cães puxando o trenó com as pernas submersas na água e foi capturada pelo cientista Steffen Olsen. O derretimento costuma acontecer no meio do verão, em julho, mas neste ano foi mais cedo, na primeira quinzena de junho.

O ranking dos melhores restaurantes do mundo, o World's 50 Best Restaurants, divulgou a "segunda parte" de sua seleção. Pela primeira vez, o brasileiro D.O.M., de Alex Atala, ficou fora da lista dos 50 melhores do mundo, caindo de 30º em 2018 para 54º desta vez.  O D.O.M. já esteve no topo da lista: em 2012, a casa paulistana ocupou o 4º lugar. E tem brasileiro novo na lista: o carioca Oteque, do chef Alberto Landgraf, entrou para a seleção no 100° lugar.

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