Santos Cruz vê governo perdido por besteiras

O general reservista Carlos Alberto dos Santos Cruz não esperou a confusão esfriar após sua demissão. Já recebeu em casa o jornalista Bruno Abbud, a quem concedeu uma entrevista. “Vejo este governo como uma grande oportunidade de dar certo”, afirmou, “não pode se perder por besteira. Ficar discutindo bobagem em vez de colocar o foco sobre as coisas boas. Estamos com seis meses de governo e quais as principais conversas? As pessoas vêm me perguntar do filósofo, do Twitter do outro que xingou.” Segundo ele, veterano de Haiti e do Congo, o governo está se perdendo por falta de foco. “Veja o presidente da Câmara, uma pessoa importante”, menciona. “Não é porque você tem Twitter, Facebook, que você pode dizer o que bem entende, criando situações que atrapalham o governo ou ofendem a pessoa. Discordâncias são normais. Mas atacar as pessoas em sua intimiade, isso acaba virando uma guerra de baixarias. O Brasil não pode continuar discutindo esse nivelzinho de coisa.” (Época)

Guilherme Amado: “Mais que a competência, o que importa para os Bolsonaros é a lealdade. Quando descrevem algum ministro ou assessor de que gostam, são mais elogiosos com aqueles em que identificam uma paixão sem limites por Jair. Demonstrações públicas de admiração valem dois pontos. Na semana passada, quando ministros e assessores atacaram Lula, saindo em defesa de Bolsonaro, o presidente vibrou. Quando Filipe Martins, o assessor de Bolsonaro para Twitter (e relações internacionais), defende o chefe nas redes, a família também aplaude. Wajngarten, o secretário que Santos Cruz nunca engoliu, também é citado pelos filhos como empenhado. Muitos percebem o valor que essa paixão cega tem para Bolsonaro e usam isso para ganhar prestígio. Santos Cruz não o fazia. Gustavo Bebianno também não. O ex-presidente do PSL foi um dos que criticaram os excessos de Carlos. Bolsonaro não gostou. O exemplo mais recente de integrante do governo implodido por questionar foi Joaquim Levy. O ex-presidente do BNDES nunca abraçou o discurso de que haveria uma caixa-preta de irregularidades prestes a explodir. A Secretaria de Comunicação continua sem nenhum contrato com institutos de pesquisa que possam dar ao presidente uma medição de sua popularidade. Bolsonaro não acredita nas grandes empresas de pesquisa — o termômetro em que confia é o do calor de suas bolhas no Twitter e no Facebook, sempre medido por Carlos Bolsonaro e assessores como Filipe Martins.” (Época)

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A sabatina da Comissão de Constituição e Justiça do Senado com o ministro Sérgio Moro começou às 9h de quarta e se estendeu até quase 18h. “Não estou dizendo que reconheço a autenticidade destas mensagens”, ele afirmou em seu pronunciamento anterior às perguntas, “mas, dos textos que li, eu e outras pessoas não vimos qualquer espécie de infração.” De acordo com ele, no Brasil juízes criminais, por serem responsáveis tanto pela fase de investigação quanto pelo processo, conversam corriqueiramente com procuradores e delegados. O senador Cid Gomes propôs alteração na legislação para que o juiz de instrução não seja o que julga. Eduardo Braga, do MDB, sugeriu que este novo vazamento é similar ao feito por Moro com a conversa entre Lula e Dilma, em 2016. “Existiam provas decorrentes nos autos”, afirmou o ministro. “Nada ali foi liberado a conta gotas. Aqui é diferente, é um ataque de um grupo criminoso organizado.” Quando o petista Jacques Wagner retornou ao assunto, Moro insistiu. “Pode haver divergência, mas foi uma decisão transparente, não me servi de hackers.” Ele negou ter interferido nas decisões dos procuradores. (BBC)

Pois é... O jornalista Reinaldo Azevedo divulgou, ontem, mais um trecho dos diálogos vazados entre procuradores da Lava Jato. O Intercept Brasil já havia reproduzido o diálogo entre Moro e o procurador Deltan Dallagnol no qual o então juiz se queixa da forma que a procuradora Laura Tessler fazia inquirição durante audiências. No novo trecho apresentado por Reinaldo, Deltan apresenta para seu colega Carlos Fernando dos Santos Lima a queixa de Moro. “Vamos ver como está a escala e talvez sugerir que vão 2, sem mencionar ela.” Santos Lima combina, então, de apagar a mensagem de Moro que lhe fora encaminhada. Na audiência seguinte com o ex-presidente Lula, Laura não estava mais lá. (UOL)

Míriam Leitão: “Na desabitada terra do meio é que se pode encontrar a trilha para entender os candentes acontecimentos políticos do Brasil. As conversas do ex-juiz Sergio Moro e do procurador Deltan Dallagnol mostram uma cooperação que não deve haver entre o julgador e acusador, mas o que está sendo revelado não reduz a relevância da operação Lava Jato. No espontâneo comparecimento do ministro da Justiça à Comissão de Constituição e Justiça, ele esclareceu vários pontos, mas não eliminou as dúvidas que permanecem sobre o que houve em Curitiba. Na sessão, os dois polos exageraram seus argumentos. Os apoiadores do ministro nada viram de errado nos diálogos divulgados pelo Intercept. A oposição defendia a tese que aqueles diálogos desmontam completamente a operação Lava Jato. Aquela imensidão de provas, malas de dinheiro, relações promíscuas entre empresas e governo, contratos fraudados, assalto à Petrobras, as inúmeras confissões, tudo teria se desmanchado no ar porque se revelou que juiz e procurador trocaram mensagens indevidas.”

Também ontem, via Twitter, o diretor do Intercept Glenn Greenwald anunciou que começará a trabalhar o banco de dados do vazamento com outros veículos. “Mais revelações serão reportadas mais rapidamente”, escreveu. “Ninguém pode alegar que a reportagem tem um viés ideológico.” O trecho citado por Reinaldo Azevedo foi pontual e não faz parte de uma pareceria oficial. Segundo informação recebida cá por este Meio, o anúncio oficial deve ocorrer até domingo.

Então... É no meio da tempestade da Vaza Jato que, ao menos no Twitter, o presidente Jair Bolsonaro vive seu momento de maior popularidade. Usando uma técnica chamada análise de sentimento, a startup Arquimedes identificou que ele alcançou na última segunda, dia 17, 54 de 100 pontos — sua nota mais alta desde a posse. A demissão de generais e do economista Joaquim Levy, que presidia o BNDES, influíram no aumento da nota. Mas os vazamentos do Intercept fizeram seu público cerrar fileiras. (Piauí)

Mariliz Pereira Jorge: “Fui bloqueada no Twitter pelo juiz Marcelo Bretas quando compartilhei um tuíte em que o magistrado recorria ao profeta Isaías. A intenção parecia clara. Bretas mandava um recado ao presidente, que questionou se não estava na hora de o STF ter um ministro evangélico. Retuitei com a legenda: ‘Oi, Bolsonaro, tem vaga no STF?’ Bretas não é a única figura pública a privar de informação seus seguidores. Há nomes de todos os espectros, incluindo Jair Bolsonaro, que adoram esse tipo de expediente. Criticou? Fora. Presidente, parlamentares, ministros e juízes vêm usando contas privadas como canal oficial de contato com o público. Portanto, não deveriam se portar de acordo? É bom lembrar que a Justiça americana obrigou Trump a desbloquear uma penca de seguidores porque interpretou que a conta da pessoa Trump havia se tornado um fórum público e que os blocks violavam a liberdade de expressão.” (Folha)

A tensão entre EUA e Irã está aumentando. Na manhã de quinta, a república islâmica abateu um drone americano de observação, não tripulado, com um míssil terra-ar. À noite, o presidente Donald Trump autorizou um ataque ao país, o que encerraria de vez o período de paz. Suspendeu sua ordem no último minuto, quando os caças já estavam no ar tomando rumo de seus alvos. (New York Times)

Na semana passada, o Meio dedicou sua edição de sábado aos principais momentos do período romântico dos hackers. Da virada do século para cá, os grupos se profissionalizaram e teve início uma nova fase. Hackers viraram militares envolvidos numa guerra cibernética entre as grandes potências. É nosso tema. Ainda é tempo para receber — torne-se, hoje, um assinante premium. Não custa quase nada.

O Super Ministro contra o Fantasma do Passado

Tony de Marco

 
Vaza-Jato

Cultura

E Além de Toy Story 4 (trailer), destacamos outros dois filmes em cartaz. A comédia romântica Casal Improvável (trailer) conta a história do jornalista investigativo Fred Flarsky (Seth Rogen), que se demite após receber a notícia de que o site para qual trabalha foi vendido para um grande conglomerado de mídia. Ele acaba reencontrando sua antiga babá, Charlotte Field (Charlize Theron), que, atualmente, é Secretária de Estado americana e está prestes a concorrer à presidência. Um romance improvável surge entre eles. E tem estreia de documentário brasileiro também. Dirigido por Renato Martins, Relatos do Front (trailer) ajuda o espectador a compreender o Brasil atual e serve como alerta para o país inteiro diante das estratégias de combate ao tráfico de drogas. De policiais militares até simples moradores: todos são vítimas da violência urbana, um problema que é analisado por sociólogos, historiadores e advogados, na tentativa de entender como esta guerra começou. Veja os outros lançamentos da semana.

 

Uma versão inédita de Time Waits for Me, gravada por Freddie Mercury em 1986, foi publicada em vídeo pela primeira vez.

E... Stranger Things, a terceira temporada, tem trailer novo.

Viver

Miguel Barbieri, crítico de cinema da Veja: “Nunca existiu um crítico como Rubens Ewald Filho e não consigo enxergar nem nas velhas nem nas novas gerações alguém com tanto talento: talento para opinar, talento diante da câmera, talento para o improviso, talento para a sinceridade, talento com a memória, talento com o profissionalismo. Além do grande crítico de cinema, era um gentleman. Nunca o vi destratar ninguém e sempre tratou o velho crítico de jornal e o novo blogueiro com a mesma generosidade. Vá em paz, meu amigo”.

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Professores brasileiros têm os piores salários. É o que aponta um levantamento feito em 48 países. A pesquisa TALIS, da OCDE, converteu os ganhos de todos para dólares e fez o cálculo do poder de compra de cada profissional em seu país. “Segundo esse cálculo, os professores brasileiros recebem um salário equivalente a US$ 13.971 ao ano — em torno de US$ 1.164 por mês — sendo o país onde os educadores têm o menor poder de compra. A Dinamarca é o local com os melhores salários, com US$ 42.841 anuais — o que equivale a US$ 3.570 por mês — podendo chegar a até US$ 55.675 por ano ao longo da carreira”.

Hoje começa o Inverno por aqui. E, por algum motivo, o Google Doodle do inverno no Hemisfério Sul é marcado por um boneco de neve no Polo Norte.

Cotidiano Digital

De tempos em tempos, temos a oportunidade de observar duas gigantes de tecnologia fazendo apostas estratégicas radicalmente diferentes sobre o futuro da computação. É o que está acontecendo agora. A Apple, em sua última conferência para desenvolvedores, demonstrou que está apostando no iPad como substituto do laptop. Do outro lado está o Google. Esta semana, a empresa anunciou que está abandonando dois projetos relacionados a tablets, confirmando que vai focar seus esforços nos laptops com teclado.

Para entender a visão da Apple para o iPad, vale assistir o youtuber americano, Marques Brownlee, explicando porque as novidades do sistema fazem o tablet se aproximar cada vez mais de um computador. MKBHD finaliza dando sua perspectiva sobre a demora da Apple em oferecer essas funcionalidades. Satisfeito, afinal, porque escutaram os clientes? Quem sabe...

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