Jornais mostram balanço do combate à corrupção, que diminui

Os três grandes jornais saem com números, em suas edições desta segunda, que fazem um balanço da situação do combate à corrupção no país neste momento em que a operação Lava Jato começa a refluir. Os cofres públicos já receberam 60% daquilo que os delatores da operação prometeram devolver. É R$ 1,8 bilhão de um total de R$ 3,1 bi. (Globo)

Pois é... Mas, no rastro da operação, o BNDES pode perder até R$ 14,6 bilhões em dívidas não pagas pela Odebrecht, pivô do esquema de corrupção investigado pela operação. O grupo empresarial, que entrou em recuperação judicial, é o terceiro maior cliente do banco. (Estadão)

E... Refluiu mesmo. O primeiro semestre deste 2019 foi o de menor atividade da Polícia Federal desde o primeiro de 2014. Foi na segunda metade daquele ano que começou a Lava Jato. Entre janeiro e junho de 14, houve 178 operações. Desde então, só aumentou. Até agora. Nos primeiros seis meses da gestão Sergio Moro, foram 204. Para comparar, no mesmo período em 2018, 269. A PF argumenta que operações contra facções criminosas, crimes violentos e apreensões de drogas aumentaram. (Folha)

Fernando Gabeira: “O STF aplicou uma derrota na Lava Jato e todas as outras que combatem a corrupção no Brasil. Alguns processos serão anulados por uma filigrana jurídica: o condenado não apresentou suas declarações finais depois dos delatores. A discussão desse tema poderia aperfeiçoar as coisas daqui para a frente. Mas anular processos que desviaram milhões só por causa da ordem final é apenas o sinal do momento. A correlação de forças é outra. Os vazamentos do Intercept enfraqueceram a Lava Jato, da mesma forma que a eleição de Bolsonaro. Não adianta discutir filigranas quando a correlação de forças muda. A convergência de juízes com políticos e o próprio presidente tornou-se forte. O primeiro grande golpe sofrido pela sistema anticorrupção partiu de Tofolli em conluio com Bolsonaro. Ao neutralizar o Coaf, Tofolli quebrou o tripé composto de PF, Receita e Ministério Público. Não se pode mais informar sobre operações financeiras suspeitas, sem autorização da Justiça. O que Tofolli fez com o apoio de Bolsonaro para livrar a cara do filho senador, Flávio, tumultuou inúmeras investigações no país e rompeu com alguns compromissos internacionais do Brasil no combate à lavagem de dinheiro. Juízes, políticos e até jornalistas empenhados em derrotar o aparato de investigação contam apenas com um certo cansaço da sociedade. Ignoram as dimensões internacionais de sua escolha. No caso de lavagem de dinheiro, vamos nos isolar.” (Globo)

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A Associação Nacional dos Procuradores da República condenou uma operação de busca e apreensão feita pela Polícia Federal na casa do ex-procurador-geral da República, Rodrigo Janot. Os agentes seguiam um mandado expedido pelo ministro Alexandre de Moraes, do Supremo, após Janot revelar que chegou a ir armado à Corte para matar o ministro Gilmar Mendes. A associação se queixa de que o mandado foi emitido num inquérito aberto pelo STF que é inconstitucional e alerta que, como cidadão comum, Janot não está sob a jurisdição do Supremo. (Congresso em Foco)

O repórter Felipe Recondo estava no apartamento de Janot quando a PF chegou, no final da tarde de sexta. Ao abrir a porta, o ex-PGR encontrou 10 agentes — um o avisou que cumpria mandado. “É de prisão?”, ele perguntou. Não era. Os policiais buscavam sua arma. “Quero saber onde está, aqui, que a busca e apreensão é da arma”, questionou Janot. Além da Taurus, os agentes também levaram celular e tablet do hoje advogado. (Jota)

Na entrevista a Veja, Janot também contou ter ouvido pedidos para poupar o então deputado Eduardo Cunha, que presidia a Câmara. O ex-ministro da Justiça José Eduardo Cardozo confirmou ter assistido ao pedido, feito pelo então vice-presidente Michel Temer e o ex-deputado Henrique Eduardo Alves, pouco antes do impeachment. “Eles queriam que eu praticasse um crime, o de prevaricação”, afirmou o ex-procurador. Temer negou. “Janot, além de mentiroso contumaz, revela-se um insano homicida-suicida.” (Veja)

Eloísa Machado de Almeida, da FGV-SP: “Ex-procurador-geral da República revelou ter ido armado ao Supremo com intenção de matar ministro. A revelação transforma 2019 no ano da crise entre STF e Ministério Publico. Enquanto a maioria do Supremo encampava o vale-tudo jurídico contra a corrupção impulsionado pela Lava Jato, não havia confronto público. Quando passou a contrariar posições de procuradores, o embate veio à tona. Nesse contexto, pronunciamentos de procuradores críticos ao tribunal fundamentaram a abertura de inquérito pelo presidente do Supremo com o objetivo de investigar ‘notícias fraudulentas que atingem a honorabilidade e a segurança do Supremo’. É uma anomalia jurídica. Já foi determinada a censura de matéria da revista Crusoé que criticava Toffoli, também a suspensão de procedimentos investigatórios da Receita Federal que ‘pretendeu, de forma oblíqua e ilegal investigar diversos agentes públicos, inclusive ministros do Supremo’. Agora, este inquérito acolhe também a investigação contra Janot. O futuro da Lava Jato sempre dependeu de sua própria integridade jurídica e de seus membros. A autoridade do Supremo vem da legitimidade constitucional de suas decisões. Por isso, agora, ambos naufragam abraçados. Supremo e MPF parecem preferir sacar suas armas no faroeste jurídico da Lava Jato, na terra sem lei Brasil.” (Folha)

Em abril, de acordo com o Ibope, Bolsonaro tinha 35% de ótimo ou bom. Nas pesquisas seguintes foi a 32% e, agora, a 31%. O viés é de queda, mas num ritmo lento. Isto apesar de o presidente estar sob fogo cerrado desde que tomou posse. Segundo especialistas ouvidos pela Coluna do Estadão, a brutal polarização da sociedade explica. As opiniões não convergem para o centro, mantendo-se nos extremos. (Estadão)

Aliás... A turma do Metrópoles dissecou as 28 lives de quinta-feira, aqueles momentos em que Bolsonaro fala em vídeo pelas redes sociais. Em um total de 9 horas e 35 minutos em que falou, a palavra mais citada foi ‘Brasil’: 491 vezes. Os dez temas favoritos do presidente, por ordem, foram: reforma da Previdência, Imprensa, PT, EUA, Israel, Venezuela, Carteira de Habilitação, Lula, Amazônia e BNDES. (Metrópoles)

Comece o dia com todo gás

Comece o dia com todo gás

Por que "faça o melhor que você pode" é um péssimo conselho? Ele visa incentivar o alto desempenho, mas na verdade tem o efeito oposto. O especialista em carreira Bob Dusin acredita que o conselho promove diretamente a mediocridade e dá algumas dicas. "Certa vez eu disse disse para um subordinado: 'Quase não há orçamento para trabalhar, o contratante com o qual você precisa se comunicar não é colaborativo e o cronograma é um pesadelo. Faça o melhor que puder'. Se eu tivesse que atribuir esse mesmo projeto hoje, o enquadraria de maneira muito diferente. Eu provavelmente diria algo como: 'Sim, este é um trabalho desafiador, com um contratado difícil, mas sei que você é a pessoa certa, porque é diplomático em situações difíceis. O orçamento é apertado, mas já vi você ter sucesso com menos. Você sabe como usar tempo, pessoas e ferramentas com eficiência'.  Apesar desses obstáculos, estou ansioso para ver os resultados'. Portanto, da próxima vez que você for tentado a dizer isso, tente enquadrar as expectativas de uma maneira positiva que mostre sua confiança nas pessoas". Demonstrar essas premissas positivas gera confiança mútua e, quando puderem ver o quanto você valoriza o trabalho deles e acreditar em suas capacidades, eles vão querer provar que você está certo.

A edição da Economist que chegou às bancas londrinas se debruça sobre o futuro do escritório. Em meados deste século, aposta a revista, tudo será muito diferente do que foi. Em média, empresas voltadas para serviços já cortaram 15% de seus custos com aluguel entre Reino Unido e EUA. Em parte, é porque mais gente trabalha em home office, mas também pela adoção do sistema de hot-desks — ninguém tem lugar fixo, são rearranjados de acordo com a tarefa. O sistema não é perfeito. Hot-desks tendem a despersonalizar o ambiente e, próximas demais, as posições de trabalho geram ruído. É mais comum ver gente trabalhando com headphones em busca de concentração. Escritórios mudarão por três razões. As pessoas buscam horários mais flexíveis de trabalho, o custo do espaço é alto, mas ainda assim pelo menos em alguns momentos promover o encontro de pessoas para colaboração puxa produtividade para cima. A criação de espaços de silêncio para aqueles de quem se exige criatividade será uma preocupação maior. No escritório, mas também nos arredores. Propostas como a do novo prédio da Apple, que oferece um bosque para quem busca calma, concentração e foco para reflexão devem se tornar mais comuns. O fato de que papel é cada vez menos necessário e colaboração remota, mais comum, pode fazer com que escritórios comecem a se deslocar do centro das cidades, para locais mais baratos e com mais espaço.

Sons da natureza. Uma playlist para para estimular a concentração nessa segunda-feira.

Cultura

Fenômeno nos anos 1990 e 2000, o Acústico MTV está de volta com Tiago Iorc.

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A Wattpad, plataforma mundial onde autores digitais podem publicar seus trabalhos, firmou uma parceria com a produtora Wise Entertaiment para produzir conteúdo audiovisual em português, voltado para o mercado brasileiro. Só no Brasil, a Wattpad tem quatro milhões de usuários entre leitores e autores. Cofundada por Mauricio Mota, neto de Nelson Rodrigues, a Wise Entertainment também está trabalhando na adaptação de Beijo no Asfalto para o inglês e produziu East Los High, série com atores latinos e indicada ao Emmy. Essa semana as empresas começaram a mapear histórias do país inteiro em busca de novas vozes para o mercado de TV e cinema.

Por falar em latinos, Shakira e J-Lo são as duas cantoras convidadas para o SuperBowl 2019.

Viver

Para o uso medicinal de maconha, a associação de pacientes Abrace Esperança, de João Pessoa, é a única com autorização legal para cultivar a planta no país. São famílias de pessoas que sofrem com crises epiléticas, doenças pulmonares e neurodegenerativas, por exemplo. Em dois anos, o número de associados passou de 155 para 2.500. Estima-se que ainda haja ao menos mil pessoas na fila de espera. O avanço é significativo, mas os usuários da erva para fins medicinais ainda enfrentam resistência, seja por parte das autoridades, de médicos ou da população. A repórter Cláudia Collucci neste episodio do Café da Manhã, fala sobre a experiência da Abrace e como anda o debate sobre maconha medicinal no Brasil. Ouça o episódio no Spotify.

Cotidiano Digital

A Netflix ultrapassou o número de 10 milhões de assinantes no Brasil. O número é oficial, embora de abril. Só foi divulgado agora. Num cálculo baseado nos números da Comscore, que estima visitações na internet, pode já ter passado de 12 bilhões. O jornalista Ricardo Feltrin, especializado em televisão, calculou pelo número mais conservador — levando-se em conta o valor da menor assinatura —, e a empresa de streaming já fatura R$ 4 bilhões anuais no Brasil. Como base de comparação: a TV Globo faturou, em 2018, R$ 10 bi.

Aliás... O YouTube anunciou as seis primeiras produções brasileiras com o selo Originals. São séries financiadas pela empresa, com acabamento de qualidade. Whindersson Nunes, Porta dos Fundos, Desimpedidos, Nathalia Arcuri, Manual do Mundo e a produtora Los Bragas já começam a produzir. Whindersson, que tem o segundo maior canal do país, estreia já no dia 3 próximo com Próxima Parada, série em que viaja por vários países com amigos e celebridades.

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