Bolsonaro faz gesto de recuo em crise com PSL

Após ampliar involuntariamente a crise com seu partido, o PSL, e apontar para uma possível saída, o presidente Jair Bolsonaro vacila. “Vários parlamentares discutiram ontem e hoje uma espécie de refundação do partido, um novo estatuto bem claro”, disse o presidente em entrevista a Claudio Dantas, do Antagonista. “A gente está bem politicamente, pode fazer muitos prefeitos. Mas alguns da liderança ficam olhando para o próprio umbigo. O partido pega um pouco mais de R$ 8 milhões por mês. Nem todos os diretórios recebem isso, alguns espertalhões queimam a largada.” Bolsonaro acena com paz — “O que faço é uma reclamação do bem, todo partido tem problema.” Mas também ameaça sair à guerra. “Comigo fora da legenda, a tendência do PSL é murchar.” Bolsonaro quer controlar o partido, o presidente da legenda Luciano Bivar não deixa. O presidente da República tem o prestígio que ajudaria a eleger prefeitos e vereadores. Mas quem controla o dinheiro é Bivar. (Antagonista)

O recuo do presidente tem razão de ser. Como a lei funciona hoje, deputados federais não podem se transferir do PSL. E, mesmo que o fizessem, os recursos do fundo partidário, distribuídos entre cada legenda de acordo com o número de deputados eleitos, fica com o partido. Bolsonaro iria para uma sigla nova, sobre a qual teria mais controle, mas abandonaria o dinheiro. A criação de um partido do zero demoraria pelo menos um ano. Uma das possibilidades estudadas é a fusão de dois nanicos: o Patriota com ou o PHS ou o PMN. Assim, a Justiça Eleitoral considera que há um partido novo e permite a transferência. O terreno aí não é claro — há uma revisão desta lei pendente de análise do Supremo. O julgamento teria de acontecer para que o presidente possa bater o martelo. E ainda fica a dúvida a respeito do dinheiro do fundo eleitoral, necessário para a campanha do ano que vem. (Globo)

Igor Gielow: “Nas eleições de 1990, o PRN, viu eleitos 40 deputados federais. Quatro anos depois, escorraçado do poder com o presidente, estava reduzido a quatro. O PSL, outro nanico que abrigou uma improvável campanha presidencial, parece que seguirá o rumo. O tamanho da sangria nos 53 deputados, que de resto se comportam como se estivessem num grupo de WhatsApp, é algo a ver. Coesão não há. Membros se acusam mutuamente e alguns compraram briga com os radioativos filhos do presidente. O que acontecerá após a implosão é incógnito e perigoso para Bolsonaro: poderão brotar homens-bomba com segredos inconvenientes a contar. O caso é exemplar da política brasileira tão criticada pelo presidente. A geleia institucional é tão amorfa que a discussão hoje é sobre a conveniência de fundar uma nova agremiação ou partir para a tradicional fusão de nanicos. Uma coisa é certa: o país continuará sem um partido conservador verdadeiro, com o nome sequestrado por gente que flerta com extremismos. O fato é que, para Bolsonaro, tanto faz. Seu desprezo pelo jogo político é notório, e o preço de tal atitude começa a se fazer sentir. A reforma da Previdência só será aprovada, com toda a desidratação a que foi submetida, quando as faturas passadas pelo Senado forem enfim pagas.” (Folha)

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O DAPP, da FGV, analisou em dois momentos controversos como reagiu da base de apoio de Bolsonaro no Twitter e no WhatsApp. Em um dos casos, a indicação de Augusto Aras para a Procuradoria-Geral da República, a insatisfação dos seguidores foi abafada com técnica. Nos dias anteriores, o vereador Carlos Bolsonaro puxou críticas ao partido Novo e ao MBL, dando assunto para promover coesão. Nos dias seguintes, os vetos de Bolsonaro à Lei de Abuso de Autoridade auxiliaram a abafar o desgaste. Mas, no caso da intervenção do senador Flávio Bolsonaro para impedir a CPI da Lava Toga, que investigaria o Judiciário, a tática de apresentar narrativas paralelas ou uma contranarrativa não funcionou tão bem. Quase um quarto dos perfis bolsonaristas, 23%, queriam a CPI. (Estadão)

Cultura

Chico Buarque, vencedor do principal troféu da língua portuguesa: "A não assinatura do Bolsonaro no diploma é para mim um segundo Prêmio Camões", escreveu o cantor e escritor no seu Instagram. Foi uma resposta ao comentário do presidente, que deu a entender que não vai assinar o diploma que será concedido ao compositor.

O Nobel de Literatura será anunciado logo mais, às 8h. Acompanhe pelo Twitter.

Após passar em branco em 2019, dois prêmios serão entregues este ano e cinco mulheres estão entre as favoritas.

E cinco curiosidades sobre o Nobel de Literatura, que é entregue desde 1901 pela Academia Sueca.

Estrelado por Will Smith, Gemini Man (Projeto Gemini, no Brasil) não poderá ser exibido em sua melhor forma na grande maioria dos cinemas. Com estreia prevista para hoje, o longa utilizou técnicas de gravação tão avançadas que praticamente nenhum cinema nos Estados Unidos consegue reproduzir o filme com perfeição. Gravado em 120 frames por segundo (FPS), resolução 4K e com o uso de câmeras 3D, o filme foi exibido em sua real capacidade durante a première no TCL Chinese Theatre, em Los Angeles. A reprodução fiel só foi possível graças ao uso de dois projetores especiais. A técnica deve ser replicada em salas na Ásia.

Apenas 14 salas de cinema nos Estados Unidos estão preparadas para exibirem o filme com a chamada tecnologia 3D+, que alia a taxa de quadros elevada com os efeitos tridimensionais. A maioria das produções do cinema são feitas utilizando 24 frames por segundo.

Viver

Mancha de óleo avança... Subiu de 138 para 139 o número de locais atingidos em localidades do Nordeste, segundo um balanço do Ibama divulgado na noite de ontem. O município de Cajueiro da Praia, no Piauí, foi o 63º a entrar para a lista de locais afetados em 9 estados: Alagoas, Bahia, Ceará, Maranhão, Paraíba, Pernambuco, Piauí, Rio Grande do Norte e Sergipe. O ministro do Meio Ambiente, Ricardo Salles, disse que o óleo derramado em praias do Nordeste é de origem “muito provavelmente, da Venezuela”, atribuindo a informação a relatório elaborado pela Petrobras.
Três hipóteses são consideradas: naufrágio de embarcação, despejo criminoso, ou acidente na passagem de óleo de um navio para outro.

Ainda há muitas perguntas sem resposta. Mas quando a origem do óleo finalmente for rastreada, quem deverá ser responsabilizado e punido pelos danos ambientais? A BBC News ouviu duas especialistas em Direito Marítimo Internacional especializadas em conflitos envolvendo vazamento do tipo. Segundo a professora de Direito Marítimo Ingrid Zanella, da Universidade Federal de Pernambuco, uma das primeiras perguntas que devem ser respondidas é o local onde ocorreu o vazamento —  se foi em águas nacionais ou internacionais. Ela afirma que, pela extensão do derramamento do óleo, que afetou diferentes praias do Nordeste, tudo indica que o vazamento ocorreu não em território brasileiro, mas na chamada zona econômica exclusiva. De acordo com a advogada Maria Fernanda Soares, especialista em direito marítimo, a Convenção das Nações Unidas sobre o Direito do Mar, de 1982, estabelece que um país tem poder e dever de controle sobre suas embarcações, e que “eventualmente, se uma embarcação não está apropriada para carregar uma carga, é possível considerar que o país pode ter falhado na fiscalização da embarcação”. Além de responsabilizar o país juridicamente, os estados podem tomar medidas políticas, como sanções.

E com o leilão que será realizado hoje para exploração de petróleo e gás, que inclui quatro blocos em uma porção específica da bacia de Camuamu-Almada, a 130 quilômetros do banco de corais de Abrolhos, a preocupação entre ambientalistas aumenta. Eles deverão ser leiloados na contramão de um parecer técnico do Ibama feito em abril, no qual especialistas do órgão reforçam a necessidade de estudos ambientais antes de os blocos serem ofertados às empresas. E alertam para o risco de danos ‘irreversíveis’ em uma região de extrema sensibilidade ambiental, caso haja vazamentos de óleo, especialmente num contexto em que as próprias empresas petrolíferas não têm conseguido apresentar, em nível mundial, planos de emergência eficazes e ágeis para minimizar danos em caso de acidentes. A preocupação ganhou ainda mais força no último mês, com a vulnerabilidade dos mares brasileiros  (El País).

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Uma delegação de líderes indígenas brasileiros viajará por doze países europeus para denunciar o que consideram ‘sérias violações’ dos direitos dos povos originários pelo governo Bolsonaro. A primeira parada será o Vaticano, onde acontece o Sínodo sobre a Amazônia, convocado pelo Papa Francisco. Os indígenas viajam munidos de um relatório do Conselho Indigenista Missionário (CIMI), da própria Igreja Católica, que aponta um "aumento de invasões a territórios indígenas em 2019" e 160 invasões de madeireiros ilegais em terras indígenas entre janeiro e setembro deste ano, o que equivale a um aumento de 44% em relação ao mesmo período em 2018.

E por falar... O Palácio do Planalto informou que cancelou a ida do presidente Jair Bolsonaro à missa pela canonização de Irmã Dulce, em Salvador, no domingo da próxima semana, dia 20. A Secretaria de Comunicação da Presidência alegou que a desistência ocorreu ‘em decorrência de ajustes na agenda’.

Por que Bolsonaro não irá a Roma: A opinião da primeira-dama pesou. O presidente havia admitido comparecer à cerimônia que será celebrada pelo Papa Francisco, mas Michelle foi contra por uma questão religiosa. Ela é evangélica. No seu lugar irá o vice-presidente Hamilton Mourão, que viajará em um jatinho da FAB com poucos lugares ao invés de num dos Boeing presidenciais. Assim, espera mostrar ao Papa a sua insatisfação com o Sínodo da Amazônia que se estenderá até o fim do mês reunindo em Roma cerca de 260 cardeais, bispos e religiosos. (Ricardo Noblat)

Por conta do Outubro Rosa, durante o qual se trabalha a prevenção do câncer de mama, a ong Américas Amigas, em parceria com os laboratórios da DASA — patrocinadora cá deste Meio —, está oferecendo mamografias gratuitas para quem precisa. E quem pode pagar, e agendar este mês, além de um desconto colabora com a distribuição de mais exames.

Romênia, 30 anos após a revolução. Cinco fotógrafos da Magnum compartilham visões contemporâneas do país para um projeto com a Fundação Eidos.

Cotidiano Digital

A Apple começou a vender em suas lojas o controller do Xbox, o console de videogames da Microsoft. E por um motivo simples: seu novo serviço de assinatura de games, Apple Arcade, é compatível. O controle pode ser usado para jogos em iPhones, iPads, Apple TVs e Macs. Quem já tem em casa pode usar imediatamente.

Uma dos segredos digitais mais bem guardados, os controles remotos da série Harmony, da Logitech, podem estar com os dias contados. Programáveis e elegantes, resolvem o problema de quem tem de lidar com inúmeros controles — TV, som, videogame, BluRay, caixa de TV por assinatura e tudo o mais. Após configurado, basta um clique para ligar tudo que seja necessário para aquela atividade. Mas conforme interfaces de voz se tornam populares com as caixas de som inteligentes, e os muitos aparelhos vão sumindo por conta da popularização dos serviços de streaming, ao menos nos EUA o número de controles remotos já está caindo. Conforme o tamanho do negócio diminui, a Logitech já planeja encerrar a linha em algum momento do futuro.

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