Mundo desmonta enquanto Bolsonaro ataca eleições
Ontem, em Miami, o presidente Jair Bolsonaro visitou com a mulher o ateliê do pintor Romero Britto, e lá brincou de pintar uma tela. Depoios, posou para fotos com os senadores republicanos locais. Encontrou ainda tempo para posar com o ex-piloto de Fórmula 1, Emerson Fittipaldi. No Twitter, sugeriu que o destaque do dia era o debate sobre um quadro no Fantástico de há uma semana do doutor Dráuzio Varella. Reclamou que o mundo está, em sua opinião, superdimensionando o poder destruidor do coronavírus. Aí, falando a um pequeno grupo de empresários brasileiros, afirmou ter vencido as eleições de 2018 no primeiro turno. “Pelas provas que tenho em minhas mãos”, afirmou o presidente, “que vou mostrar brevemente, fui eleito no primeiro turno. No meu entender, houve fraude.” Enquanto fazia a mais séria acusação contra o sistema eleitoral jamais feita por um presidente na Nova República, a economia desmoronava. A manifestação convocada por ele para demonstrar força ocorrerá no próximo domingo, dia 15. (Globo)
A guerra do petróleo entre a Arábia Saudita e a Rússia levou a pânico no mercado financeiro. O barril caiu mais de 24%. O Ibovespa então despencou 12,17%, a maior baixa num dia desde 1998. O dólar bateu em R$ 4,728, mesmo com o BC intervindo. O pregão da Bolsa paulista entrou em circuit breaker, quando durante meia hora foram interrompidas as negociações para acalmar os operadores e evitar perdas adicionais pelos investidores. A última vez que isso aconteceu foi em 2017, quando foram divulgado áudios do empresário Joesley Batista que comprometiam o então presidente Michel Temer. A Petrobras foi a mais afetada: perdeu R$ 74,7 bilhões em valor de mercado. Para reverter o cenário, o BC resolveu mudar sua estratégia e atuar no mercado à vista. O risco-país subiu 40%, o maior aumento já registrado, e retornou ao patamar de dezembro de 2018. (Globo)
Alguns dos auxiliares próximos do presidente recomendam que ele acene com trégua política, diz Gerson Camarotti. Estão preocupados com a economia mundial. (G1)
Então... O presidente parece estar seguindo outro caminho. Segundo levantamento da consultoria Arquimedes, a pauta econômica desgasta a imagem de Bolsonaro. Mudar de assunto o favorece. Outro estudo, da AP Exata, afirma que o governo vem perdendo a guerra da dominância narrativa nas redes. Seus apoiadores, afirma Mônica Bergamo, só influenciam uma bolha cada vez mais radicalizada. É por isto que a tática do comando de Câmara e Senado é deixa-lo falando sozinho. (Folha)
Enquanto isso... A nova secretária da Cultura, Regina Duarte, e o ministro Sérgio Moro avançam nas redes sociais enquanto os filhos do presidente perdem terreno, indica Ancelmo Gois. (Globo)
E no centro da briga continua o debate sobre o Orçamento impositivo. Com apoio do Executivo, parlamentares bolsonaristas estão se organizando para barrar o acordo enviado pelo próprio Planalto sobre a repartição do orçamento impositivo. Semana passada, o Senado manteve os vetos de Bolsonaro sobre o controle do Congresso sob os R$ 30 bilhões. Se a repartição não for votada nesta semana, a ideia é que o projeto seja incluída nas pautas das manifestações do dia 15. (Estadão)
Nos EUA, o circuit breaker também foi acionado por 15 minutos, pela primeira vez desde as eleições de 2016: a Nasdaq caía 7,14%, o Dow Jones 7,6% e o S&P500 perdia 7,23%. O VIX, índice de volatilidade do S&P 500 conhecido como o "termômetro do medo de Wall Street", disparou e chegou a níveis da crise de 2008. As bolsas asiáticas também fecharam em queda de mais de 5% e, na Europa, chegaram a recuar 8% nas negociações ao longo do dia. (Valor)
Pois é. A Rússia decidiu sacrificar as suas negociações com a Arábia Saudita para prejudicar os EUA. Na avaliação do Kremlin, aumentar a produção e, consequentemente, levar a preços menores prejudicaria a indústria americana de gás não-convencional. O objetivo é punir os EUA por ter inviabilizado o gasoduto na Sibéria. O príncipe saudita chegou a cogitar fazer uma ligação diretamente para Putin para convencê-lo a manter os preços. Mas a Rússia negou. (Globo)
As bolsas asiáticas operaram em alta durante a madrugada e, as europeias, abriram também se recuperando. (G1)
Viver
O carbonato de lítio, um dos medicamentos mais eficazes para o tratamento do transtorno afetivo bipolar, está em falta no Brasil. A Associação Brasileira de Psiquiatria (ABP) publicou nota técnica de esclarecimento, além de notificar o ministro da saúde e o Conselho Federal de Medicina sobre a magnitude do problema.
Cultura
Uma obra de arte doada a um brechó da Carolina do Norte acabou sendo vendida por US $ 1.200 após um observador descobrir seu autor: Salvador Dalí. A peça é uma gravura em madeira de uma série chamada A Divina Comédia. É, inclusive, assinada pelo artista.
O Planalto anulou ontem uma das principais nomeações feitas pela nova secretária da Cultura, Regina Duarte. A nomeação de Maria do Carmo Brant de Carvalho para comandar a Secretaria da Diversidade foi publicada na manhã de segunda e anulada em edição extra do "Diário Oficial". Doutora pela PUC-SP, Maria do Carmo vinha sendo atacada nas redes bolsonaristas por ter sido secretária de Assistência Social do governo Dilma Rousseff.
Max Von Sydow, ator franco-sueco conhecido pelos seus trabalhos com o cineasta Ingmar Bergman, morreu neste domingo aos 90 anos. Entre os filmes em que participou com Bergman, está O Sétimo Selo (1957), onde foi imortalizado em uma partida de xadrez contra a morte - disponível no Telecine Play. O sucesso alavancou tanto a carreira de Bergman quanto a de Von Sydow. Os dois seguiram a parceria em mais outros dez filmes, entre eles Morangos silvestres (1957) e No limiar da vida (1958). Com outros diretores, estão O Exorcista (1973) e Pelle, o Conquistador (1987). Em 2016, Sydow entrou para o elenco da série de televisão Game of Thrones da HBO, no papel do Corvo de Três Olhos, o que lhe rendeu uma nomeação ao Emmy. Ao longo de sua prolífica carreira, participou de mais de 120 filmes em doze países diferentes e foi indicado ao Oscar duas vezes,
Um vídeo com alguns momentos importantes da sua carreira.
E uma análise do episódio de GOT que rendeu a indicação ao Emmy. O famoso Hold The Door.
Cotidiano Digital
Jack Dorsey continua no Twitter. A empresa entrou em acordo com os fundos Elliott Management e Silver Lake, que compraram participação na empresa e pressionavam pela saída de Dorsey. Pela negociação, cada um dos dois fundos vai indicar um membro para o conselho, será eleito ainda, pelo acordo, um terceiro conselheiro independente. Em troca, o Twitter receberá um investimento de US$ 1 bilhão da Silver Lake, que será usado para sua primeira recompra de ações fixada em US$ 2 bilhões. Mesmo com o cargo garantido, Dorsey estará sob uma pressão maior para justificar seus dois papéis, como chefe do Twitter e da Square — um dos motivos apontados pelos investidores para sua substituição. Além de metas de desempenho relacionadas ao crescimento de usuários e publicidade, o CEO passará por um exame mais minucioso sobre seu papel no conselho.
Por falar no Twitter, a plataforma usou pela primeira vez sua identificação de fake news. O escolhido foi Donald Trump. O presidente americano retuitou um vídeo alterado em que Joe Biden parecia apoiar Trump.
O Facebook tem deixado de ser o preferido entre os brasileiros: 46% dos entrevistados diminuíram a frequência na rede social, segundo pesquisa feita pela QualiBest. No lugar, entraram o Instagram e o YouTube. A substituição é mais perceptível entre o público jovem e a mudança tem feito as empresas migrarem para as novas redes favoritas, como o TikTok — no Brasil, o acesso cresceu 316% em 2019.
Aliás... conteúdo em vídeo é o formato mais querido entre os brasileiros, com a TV ainda sendo o meio mais utilizado, segundo estudo exclusivo da Kantar IBOPE Media. Em seguida estão WhatsApp (77%), Youtube (64%), Facebook (62%), Facebook Messenger (39%), PayTV (38%), Netflix e Instagram (33%), e Twitter (4%).