Prezadas leitoras, caros leitores —
Esta semana, o Twitter anunciou o bloqueio de milhares de contas ligadas à teoria da conspiração QAnon. A investigação da rede deverá alcançar até 150 mil contas ligadas à ‘seita’. Logo depois, foi a vez do Facebook, que extirpou 790 grupos, impôs restrições a outros 1.950, 440 páginas e mais 10 mil contas, no Instagram. O FBI trata o grupo como potencial ameaça de terrorismo interno. Seita talvez seja um termo forte — mas chega bem perto. E QAnon começa a rondar o Brasil.
É a mãe de todas as teorias conspiratórias da nova direita mundial. Uma histórica intricada de geopolítica que reúne Barack Obama e Hillary Clinton envolvidos em uma rede de pedofilia da qual também faz parte o russo Vladimir Putin. Donald Trump, nesta história, estaria secretamente trabalhando duro para desmantelar este grupo secreto que mantem o planeta sob controle. E toda esta história é narrada em fóruns da Internet, em códigos por vezes cifrados de tão secreta que é, por um usuário anônimo que se assina Q.
QAnon é uma religião moderna que sustenta em parte o trumpismo. Uma visão paranoide, pessimista, que estimula em seus seguidores a violência. Não é possível compreender os seguidores mais leais da nova direita populista sem conhecer em detalhes esta história. E é o assunto sobre o qual o Meio tratará na edição deste Sábado. Qual é a história, tudo que sabemos sobre sua origem.
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Câmara mantém veto a aumento de servidores
A Câmara dos Deputados reverteu a decisão do Senado e manteve o veto presidencial aos reajustes de salários de servidores públicos durante o período da pandemia. Não haverá aumentos até o final do ano que vem. Foram 316 votos pela manutenção do veto, 165 contra, e duas abstenções. Ao deixar o Congresso, o presidente da Câmara, Rodrigo Maia, criticou o ministro da Economia, Paulo Guedes. “Ficar atacando uma Casa em que o resultado não foi aquilo que ele esperava é muito ruim”, ele disse. Ontem, quando o Senado escolheu derrubar o veto, Guedes afirmou que os senadores trabalhavam contra o país. “Da mesma forma que fizeram com a Câmara antes, como eu disse no meu discurso, ontem fizeram com o Senado. O resultado de votação é um resultado daquilo que é construído, daquilo que a nossa democracia nos dá. Câmara e Senado têm trabalhado. Quando uma vai numa linha que a sociedade mesmo está contra, a outra Casa conserta, e vai assim. A Casa revisora serve pra isso.” (G1)
Míriam Leitão: “O Senado errou e, felizmente, a Câmara corrigiu a tempo, mantendo o veto do presidente Bolsonaro à permissão de aumento de salário de certas categorias de servidores. Mas esse caso é complexo e emblemático das contradições do governo. Há um fenômeno no Brasil que poderia ser definido como sensibilidade fiscal seletiva. Atinge a equipe econômica, o próprio ministro Paulo Guedes, e principalmente o presidente Jair Bolsonaro. Guedes disse que o Senado cometeu crime contra o país. Bolsonaro declarou que não poderia governar se o veto fosse derrubado, num exagero bem conveniente. Quando o presidente cria despesas corporativas é também crime contra o país e impedimento a que se governe? Bolsonaro é errático em matéria fiscal. Ele inicialmente não queria que houvesse proibição de reajustes a servidores federais. O ministro da Economia então incluiu esse ponto no acordo de transferência de recursos para estados e municípios para valer para toda a federação. O presidente decidiu proteger alguns. Demorou 20 dias para sancionar a lei dando tempo, assim, de aprovar aumentos de salários de policiais civis e militares do Distrito Federal, Amapá, Roraima e Rondonia e também para votar uma reforma na carreira dos policiais federais. Os adicionais dos salários das Forças Armadas estavam fora dessa proibição de reajuste, sob o argumento de que haviam sido garantidos pela reforma da previdência dos militares. Quando eleva as despesas públicas para beneficiar os grupos que protege, Bolsonaro não considera que isso inviabilize o governo, nem o ministro Paulo Guedes acha que é traição ao Brasil. A ambiguidade fiscal do presidente é sempre justificada pelo ministro da Economia.” (Globo)
O plenário do Supremo proibiu, ontem, o governo de produzir relatórios sobre a vida pessoal e escolhas políticas de quaisquer cidadãos. (Poder 360)
O ex-senador e ex-vice-presidente Joe Biden discursou ontem aceitando, formalmente, a indicação do Partido Democrata à presidência dos EUA. “O atual presidente alimentou a escuridão americana por muito tempo. Trouxe muita raiva, muito medo, muita divisão. Aqui e agora, dou a minha palavra: se me confiarem a Presidência, recorrerei ao melhor de nós, não ao pior. Serei um aliado da luz, não das trevas”, disse Biden. “Todas as eleições são importantes. Esta é uma eleição que definirá a vida.” Mantendo o tom dos quatro dias da convenção democrata, Biden reafirmou que a sua é uma candidatura que pretende ser ampla e de apelo nacional. “Embora seja um candidato democrata, serei um presidente americano. Vou trabalhar duro por aqueles que não me apoiaram, tão duro por eles quanto por aqueles que votaram em mim. Esse é o trabalho de um presidente, representar a todos nós, não apenas nossa base ou partido.” Até a FoxNews, canal ligado ao presidente Donald Trump, considerou seu discurso de encerramento triunfal. (Vox)
Assista ao discurso na íntegra. (CNN)
Steve Bannon, que de comandante da primeira campanha à presidência de Donald Trump tentou montar uma coalizão internacional da direita nacionalista, foi preso ontem acusado de estelionato. Com ele, a família Bolsonaro e seus principais assessores gostam de posar nas redes sempre que vão aos EUA. O ideólogo do trumpismo e mais dois sócios fizeram uma vaquinha virtual para erguer um muro na fronteira entre México e EUA, levantando com mais de cem mil americanos até US$ 25 milhões. Deste montante, Bannon usou pelo menos um milhão para despesas pessoais sem comunicar a ninguém. Durante a campanha online, contou com a ajuda e pedidos de Donald Trump Jr. O primogênito do presidente afirmou que não sabia do caráter fraudulento da iniciativa. Bannon foi liberado no final da tarde mediante fiança de US$ 5 milhões. (New York Times)
Então... O assessor olavista de Jair Bolsonaro, Filipe Martins, soltou apenas um tuíte críptico: “Oderint dum metuant”. A expressão em latim quer dizer ‘Que odeiem, desde que temam’. A frase vem da peça Atreus, do poeta romano Lucius Accius. A frase serve para definir um tirano.
Viver
O país registrou 1.234 mortes pela Covid-19 confirmadas nas últimas 24 horas, chegando ao total de 112.423 óbitos. Com isso, a média móvel de novas mortes no Brasil nos últimos 7 dias foi de 980 óbitos, uma variação de -4% em relação aos dados registrados em 14 dias. Em casos confirmados, já são 3.505.097 brasileiros com o novo coronavírus desde o começo da pandemia, 44.684 desses confirmados no último dia.
A flexibilização no distanciamento social aumentou os casos entre jovens no Brasil, que já são a maioria de casos em estados como São Paulo e Rio de Janeiro. Um levantamento do Globo mostra um pico de infecções entre jovens, no início de junho, 15 dias após a retomada das atividades em várias cidades do país, período que engloba o tempo médio de incubação até o aparecimento de sintomas. (Globo)
Mas cientistas acreditam que alguns lugares do mundo, entre eles cidades do Brasil, dão sinais de que podem ter alcançado a imunidade coletiva ou de rebanho. O número de casos diários caiu e não voltou a crescer significativamente por mais de um mês, caso de Rio de Janeiro, São Paulo e de Manaus, por exemplo. No mundo, Nova York, Londres e Mumbai. (Globo)
Com mais de sete meses de pandemia, os médicos estão começando a descobrir que sintomas da Covid-19 persistem em alguns pacientes por até meses, causando até doenças crônicas, como fadiga, falta de ar, dores no corpo e problemas cognitivos. (Economist)
Em meio a discussão de volta às aulas, um estudo da Universidade Harvard, o maior já feito com crianças, descobriu que, mesmo sem sintomas, crianças e jovens apresentaram carga viral, nas vias aéreas, maior do que adultos internados em estado grave nas UTIs — o que aumenta a capacidade de transmissão da doença. Os dados também mostraram que, apesar da menor quantidade de receptores, até crianças menores podem ser mais contagiosas do que adultos. (CNN Brasil)
Pois é… A Europa está repensando a sua volta às aulas a partir de setembro. A região voltou a registrar uma média de 26 mil novos casos diários e países como a Alemanha, Espanha e França registraram os seus maiores números desde abril. A taxa entre os jovens tem aumentado, a população de 15 a 24 anos registrou um aumento de 15% dos novos casos em julho. Em fevereiro, era de apenas 4,5%. (UOL)
Enquanto em São Paulo, já se considera improvável o retorno às aulas este ano.
A família da menina de 10 anos vítima de estupro e perseguição de religiosos radicais fará parte de programa de proteção, com duração de até quatro anos. A criança e seus familiares passarão a ter moradia em endereço diferente, ajuda de custo individual e novas identidades fornecidos pelo governo do Espírito Santo.
Enquanto o MP-ES entrou na Justiça contra a militante de extrema direita Sara Winter para que ela pague R$ 1,3 milhão por danos morais por ter divulgado dados pessoais da menina e local da realização do aborto. O MP também denunciou um filiado ao PSL que foi à casa da avó para convencê-la contra o aborto e divulgou informações da menina. A denúncia aponta que ele teria provocado terror psicológico e dito que teria acesso a um assessor da ministra Damares Alves. Ele nega, no entanto, e disse que só era uma referência à mensagem no Twitter da ministra de que ela estava oferecendo ajuda.
Pois é… Apenas 16% dos brasileiros acreditam que o aborto deveria ser permitido, enquanto a média mundial é de 44%, segundo pesquisa da Ipsos.
O número de mulheres atendidas pelo SUS, no 1º semestre, em razão de abortos malsucedidos foi 79 vezes maior que o de interrupções de gravidez previstas pela lei, segundo um levantamento do G1.
A frente fria chegou no sul do país e cidades do Rio Grande do Sul amanheceram com temperatura negativa e embaixo de neve. Em fotos.
Cultura
Sextou com lives. Direto de um Teatro Sérgio Cardoso vazio, o bailarino e coreógrafo Jorge Garcia interpreta hoje, às 21h, o solo Nihil Obstat pela plataforma #CulturaEmCasa. Na programação do Sesc, transmitida pelo YouTube e pelo Instagram, hoje tem show de Rappin’ Hood; amanhã, de Fernanda Abreu e, no domingo, dos Prettos. Em teatro, Antonio Petrin interpreta hoje Só os Doentes do Coração Deveriam Ser Atores. O pianista Eduardo Monteiro se junta ao maestro Emmanuele Baldini e à Osesp para a interpretação de concertos de Beethoven: o de número 3, hoje; o quarto, amanhã. Hoje à noite, a Orquestra Ouro Preto comemora 20 anos com a volta de seus músicos ao palco, no Teatro Sesc Palladium ainda sem público, para um concerto de arranjos sinfônicos de canções populares. Juliana Perdigão e Saulo Duarte são algumas das atrações do festival Rebel Vive, organizado pela Audio Rebel e que rola ao longo do mês. De sábado para domingo, a Virada SP Online reúne mais de 12 horas de programação, incluindo shows de Elza Soares, Ellen Oléria e Amilton Godoy. No Os.PiFest, realizado no domingo, As Bahias e a Cozinha Mineira, Céu, BNegão e Odair José são alguns dos destaques. Estreia nesse sábado, de forma virtual, O Peso do Pássaro Morto, monólogo baseado no livro de Aline Bei, interpretado por Helena Cerello e dirigido por Nelson Baskerville. Nesse domingo é a vez do autor de Os Lusíadas estrear nas transmissões digitais. Sob direção de Isabella Castro, o ator Roberto Souza realiza a Camões aLive, com a leitura de obras do poeta do século 16. Na próxima edição do Terças Crespas, transmitido às 19h30 pelo CCSP, o grupo Os Crespos recebe a bailarina Eduarda Lemos, a atriz Gabriela Loran e o dramaturgo Daniel Veiga – três artistas trans negros da nova geração. Na quarta, a escritora Noemi Jaffe conversa com a editora Rita Mattar sobre a forma diário, a partir de obras suas e do célebre O Diário de Anne Frank, em live da Biblioteca Mário de Andrade. Na quinta, às 19h, as cantoras Silvia Machete e Ana Frango Elétrico conversam sobre as pontes entre música e performance em live da Casa Natura Musical. Com transmissão pelo Twitch, o festival Supernova tem programação todas as noites, de segunda a sexta, com nomes da cena eletrônica, além de performances baseadas em grafite e arte urbana. Para mais dicas culturais, assine a newsletter da Bravo.
Cotidiano Digital
Um recurso à Corte de Apelações da Califórnia foi vencido por Uber e sua concorrente americana, a Lyft, na última hora. A Justiça deu prazo até 4 de setembro para que as duas companhias apresentem o plano de como implementarão a lei AB-5 em 30 dias. As novas regras do estado obrigam as empresas a transformar seus motoristas em empregados formais, com direitos que incluem plano de saúde e patamar garantido de renda. O prazo anterior terminava nesta sexta-feira. A Justiça também determinou que os advogados de Uber e Lyft serão ouvidos no dia 13 de outubro para definir se novo prazo será dado. Na primeira semana de novembro, os californianos votarão em plebiscito para decidir se a lei vale ou não. A esperança das duas concorrentes é de que consigam adiar qualquer definição até lá. (CNN)
A Airbnb pretende abrir capital no mercado de ações. Os detalhes ainda não são conhecidos — nem o volume de ações postas à venda, tampouco nem o valor inicial de cada papel. A pandemia atingiu a empresa em cheio, com cancelamentos de reservas e grandes desembolsos. Uma avaliação do Wall Street Journal sugere que a Airbnb seja um negócio de US$ 18 bilhões. No pico, em 2017, chegou a US$ 31 bilhões. (Verge)
