Pesquisa dá vitória a candidato de Evo, na Bolívia

O MAS, partido de Evo Morales, retornará ao governo boliviano após uma vitória em primeiro turno de Luis Arce, que foi seu ministro da Economia. Ainda não há contagem oficial de votos, mas duas pesquisas de boca de urna dão ao economista mais de 50% dos votos e a presidente interina Jeanine Áñez já o parabenizou pela vitória e pediu que pense no país e na democracia. “Vamos governar para todos os bolivianos”, afirmou Arce num discurso que buscava encerrar o confronto polarizante que dividiu o país. “Construiremos um governo de unidade nacional, recuperaremos a confiança, conduziremos um processo de transformação sem ódio, superando nossos erros.” (La Razón)

Matthias Alencastro: “Num ano de 2019 turbulento na América Latina, marcado pela escalada da crise na Venezuela e o fracasso do acordo UE-Mercosul, nada superou o escárnio do golpe ocorrido na Bolívia. A controversa tentativa de reeleição de Evo Morales terminou numa tomada de poder pelas forças militares, que apoiaram a posse de Jeanine Añez, uma presidente autoproclamada. Episódios de ruptura democrática costumam demorar tempo para serem completamente elucidados. Historiadores passam décadas catando documentos para tentar comprovar uma versão dos fatos. Na Bolívia, no entanto, bastaram alguns meses para se demonstrar o golpe de Estado, de forma que o primeiro governo da era pós-Morales acabou antes de começar. A geopolítica de outubro de 2020 é muito diferente da de novembro de 2019. Os Estados Unidos se encontram em plena transição, e a OAS e o governo brasileiro perderam a credibilidade necessária para pesar na política doméstica. Nesse contexto, as forças militares não dispõem de mesma margem de manobra para repetir a artimanha de dois anos atrás. Mais uma ruptura do processo democrático seria inaceitável até para os modestos padrões latino-americanos. O MAS, que resistiu bravamente a incessantes manobras de intimidação e violência política nos últimos meses, terá como principal desafio mostrar que tem condições de superar o ciclo da liderança carismática de Evo Morales.” (Folha)

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A premiê Jacinda Arden teve uma vitória histórica, na Nova Zelândia — seu Partido Trabalhista recebeu 49% dos votos, terá 64 das 120 cadeiras do parlamento e se tornou o primeiro a ter a liberdade de governar o país sem a necessidade de coalizão. Impulsionada por uma bem orquestrada política contra o novo coronavírus, elegeu uma composição do parlamento que será a mais inclusiva já vista no país, com 16 Māori — a população nativa —, o primeiro de origem africana, e uma do Sri Lanka. Pelo menos 10% dos parlamentares vêm da comunidade LGBTQ+. O Partido Verde fez ainda dez cadeiras, a maioria de mulheres. Arden, que aos 37 se tornou a mais jovem chefe de Estado da história neozelandesa, alcança o segundo mandato aos 40 prometendo mais inclusão, luta por direitos das mulheres e igualdade. (Guardian)

Carlos Pereira: “Bolsonaro inaugurou seu governo nadando contra a corrente das regras do jogo político. Ignorou as restrições institucionais do presidencialismo multipartidário e se negou a montar uma coalizão, preferindo governar na condição de minoria. Baseado em extensa pesquisa empírica produzida pela ciência política brasileira, era esperado que essa estratégia governativa gerasse problemas crescentes de governabilidade. Não deu outra! O governo colheu derrotas sucessivas tanto no Legislativo como no Judiciário. Além do mais, acirrou animosidades e se engajou em conflitos abertos com outros Poderes. Os custos decorrentes dessa estratégia adversarial de governar tornaram-se proibitivos para Bolsonaro, que viu sua popularidade derreter e aumentarem os riscos de interrupção precoce de seu governo. Independentemente das motivações do presidente (sobreviver, proteger seus filhos de investigações, obter sucesso no Legislativo e no Judiciário etc.), o governo fez, mesmo que tardiamente, consideráveis ajustes e inflexões em seu comportamento. Ainda sem formar uma coalizão claramente majoritária e estável, bem como sem explicitar quais os termos de troca dessas alianças, Bolsonaro decidiu jogar o jogo do presidencialismo multipartidário. O Brasil, em termos relativos, tem vivido o período mais pacífico, longevo e estável da história de sua democracia. Atores políticos e agentes econômicos que apresentam comportamento desviante têm sido objeto de investigações e sofrido punições judiciais expressivas. O viés de pessimismo decorrente do comportamento inicial de Bolsonaro parece ser a raiz do mal-estar que, a despeito das virtudes do presidencialismo multipartidário, tem atormentado a maioria das análises políticas sobre a capacidade das instituições brasileiras de constrangê-lo.” (Estadão)

Meio em vídeo: Garantistas têm razão em alguns de seus pontos. Punitivistas têm as suas noutros. A Lava Jato teve muitos problemas, dentre eles o fato de que foi contaminada por política. E, ainda assim, a soltura de André do Rap e a cueca do vice-líder do governo Bolsonaro no Senado lembrar que este ainda é um país no qual se resiste a fazer da lei igual para todos. Assista.

Sun Baocheng, presidente da Huawei no Brasil, sobre a possibilidade de o governo Bolsonaro impedir a empresa de participar do 5G. “Vai demorar a transformação digital do Brasil. O segundo é que vai aumentar os custos dos operadores e o terceiro é que os custos dos operadores vão ser transferidos para os consumidores. Os brasileiros vão pagar um preço mais alto pelos serviços [de 5G]. Acho que qualquer tipo de banimento contra a Huawei só vai trazer impactos negativos e nenhum ponto positivo. A transformação digital vai demorar porque agora tem muito equipamento da Huawei nas redes do Brasil. Todos estão prontos para a evolução de 4G para 5G. Se vai trocar esses equipamentos, vai demorar muito tempo. Se for assim, vai demorar mais anos para a transformação digital. Vamos manter a comunicação com o governo para apresentar uma Huawei aberta e transparente. Como fazemos há 22 anos. No futuro, vamos continuar a respeitar a lei do Brasil, a soberania digital, a proteção dos dados e da privacidade.” (Folha)

Viver

Foram registradas 195 mortes pela Covid-19 nas últimas 24 horas, chegando ao total de 153.885 óbitos desde o começo da pandemia. Com isso, a média móvel de mortes no Brasil nos últimos 7 dias foi de 483. O país completa uma semana com a curva de mortes indicando queda. Mas não entraram nos registros até as 20h de ontem os números dos estados de Goiás, Rondônia e Minas Gerais que tiveram instabilidade nos seus sistemas. Em casos confirmados, desde o começo da pandemia 5.232.541 brasileiros já tiveram ou têm o novo coronavírus, com 8.874 desses confirmados no último dia.

Das dez cidades do país que mais tiveram mortes oito já começaram a reabrir escolas, ainda que com limitações. A flexibilização do isolamento ainda não tem provocado uma explosão de casos nem um aumento nos óbitos. Mas especialistas ainda olham o cenário com cautela. Os dados sobre testagem no Brasil não são confiáveis e o controle do vírus ainda depende que a população siga as medidas preventivas, como uso de máscaras.

Enquanto na Europa, o aumento no número de casos tem sido causado pela flexibilização, mas também pelo aumento da testagem na população. A região ultrapassou mais de 250 mil mortes, segundo um balanço da AFP. Mais de dois terços dos óbitos se concentram em cinco países: Reino Unido (43.646), Itália (36.543), Espanha (33.775), França (33.392) e Rússia (24.187).

Nos EUA, foram registrados mais de 70 mil novos casos na sexta (16) — o maior número diário desde julho. O governo admitiu que está adotando a estratégia de alcançar imunidade de rebanho, contestada por vários especialistas. Está usando como base uma petição feita por três cientistas que defendem a volta às aulas, a reabertura da economia e fim do isolamento para quem não faz parte dos grupos de risco. (New York Times)

Sobre a vacina… a Coronavac, desenvolvida pelo Instituto Butantã em parceria com a farmacêutica chinesa Sinovac, se mostrou segura também em testes com nove mil voluntários brasileiros. A vacina já tinha sido testada com 50 mil chineses. Os dados de eficácia, porém, só devem ser divulgados entre novembro e dezembro, o que deve atrasar a previsão do governo de São Paulo de começar a imunização ainda neste ano.

Aliás… Será obrigatório em São Paulo tomar a vacina depois de aprovada pela Anvisa. Segundo o governador João Doria, apenas pessoas com atestado médico poderão ser liberadas de receber o imunizante.

Mas… Quase metade dos brasileiros (46%) afirma que não tomaria uma vacina de origem chinesa. A rejeição é maior do que de uma vacina de origem russa, rejeitada por 38% dos entrevistados, de Oxford (Reino Unido) ou dos EUA e Alemanha, os três com rejeição de 22%.

Enquanto isso… Um estudo da OMS mostrou que o medicamento remdesivir teve pouco ou quase nenhum efeito sobre os tempos de internação ou chances de sobrevivência de pacientes com Covid-19. O medicamente chegou a ser apontado como promissor no tratamento e a ser usado por Donald Trump. Os resultados da pesquisa, no entanto, ainda serão revisados.

Caso Robinho. Por pressão, depois de apenas seis dias, o Santos suspendeu jogador de futebol após a divulgação de detalhes de sua sentença na Itália. Em 2017, Robinho e outro brasileiro foram condenados em primeira instância no país por violência sexual de grupo contra uma mulher. O caso aconteceu numa boate de Milão em 2013, quando o Robinho jogava no Milan. A Globo conseguiu acesso a mensagens e gravações usadas no processo, nas quais o jogador admite que a vítima estaria completamente bêbada, o que demonstraria a falta de sentidos e consentimento. A acusação pediu dez anos de prisão para Robinho e seu amigo Ricardo Falco, mas a defesa pode recorrer.

Cotidiano Digital

A Microsoft demitiu, após um mês, a apresentadora de seu canal de YouTube Xbox Brasil, Isadora Basile. “Quando anunciei meu novo trabalho”, ela afirmou num tuíte, “sofri ataques de todos os tipos.” A comunidade de gamers da plataforma se queixou de que Isadora não gostava de alguns jogos específicos — mas também houve ameaças de estupro e de morte. “Devido a estes ataques”, ela continua, “a Microsoft encontrou como melhor opção me desligar do cargo.”

A companhia se manifestou também via Twitter — “fizemos algumas mudanças em nossa estratégia de conteúdo original, resultando em menos canais”.

Nas redes veio uma onda de apoio a Isadora e acusações de que a bigtech lidou mal com ataques machistas. É um problema antigo na comunidade gamer. Em 2014, também com ameaças de estupro, duros ataques a duas desenvolvedoras — Zöe Quinn e Brianna Wu — deram no chamado Gamergate. O resultado foi uma operação do FBI para investigar quem faz ameaças anônimas de prática de violência contra mulheres, na internet.

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A Xiaomi chinesa anunciou ter construído um carregador sem fio de 80W. Isto quer dizer que é capaz de carregar uma bateria de 4.000mAh até a metade em 8 minutos e chegar a 100% em 19. É o tamanho da bateria de um iPhone 11 Pro Max.

Cultura

A morte de um amigo de infância que o tornou o último remanescente de sua primeira banda foi o que fez nascer em Bruce Springsteen a música Last man standing e, nos dez dias seguintes, outras dez faixas que compõem seu novo álbum — seu vigésimo álbum. Letter to you chega dia 23 ao streaming e acompanhará um documentário para a Apple TV — mas a faixa título já dá para ouvir (Spotify). “A tarefa do artista é passar o tempo examinando a própria vida”, ele conta. “Ao fazê-lo, você acaba escrevendo um pequeno mapa para seus ouvintes examinarem suas experiências.” Um dos grandes nomes vivos do rock americano, aos 71, Springsteen compôs as canções com o violão que ganhou de um fã.

Ainda: Assista ao clipe de Letter to you.

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