Prezadas leitoras, caros leitores —

Apresentamos hoje o Modal Mais, o banco digital para investidores, e nosso novo anunciante. E o apresentamos numa semana especial. Em geral feita para se gastar, a Black Week também pode ser um convite para juntar.

O dinheiro está mudando. Instrumentos como o Pix, lançado este mês pelo Banco Central, são mais do que um TED de graça. Transferências de um celular para outro vão ficando corriqueiras e, assim, as cédulas irão lentamente desaparecendo de nossos cotidianos. O digital muda a maneira de gastarmos e juros baixos mudam a maneira de pensar como guardamos.

Falar sobre esta transformação do dinheiro é o desafio que o Modal Mais nos fez. A editoria Fique no Verde, que nasce hoje e circulará às segundas, terá este objetivo. Não é só falar sobre o dinheiro. Mas é também refletir sobre como a mudança no dinheiro transforma, igualmente, nossas vidas.

Entender o mundo em transformação é justamente nosso objetivo, cá no Meio. Daqui, torcemos por uma parceria longeva.

— Os editores.

O crime bárbaro que expôs o Brasil

O Brasil expôs suas entranhas, na última quinta-feira, quando dois seguranças espancaram e depois sufocaram à morte o soldador João Alberto Silveira Freitas, um cidadão negro de 40 anos, na garagem de um supermercado Carrefour, em Porto Alegre. Fizeram tudo enquanto filmados, não ligaram. Ao longo da sexta, o governo reagiu minimizando. “Não foi racismo”, afirmou mais de um, incluindo o vice-presidente Hamilton Mourão. No fim de semana, a revolta estourou.

Segundo o laudo da perícia, João Alberto foi morto por asfixia diante da mulher, Milena, que cobra justiça.

Quase tão chocante quanto o assassinato de João Alberto foi a reação do Executivo. O vice-presidente Hamilton Mourão descartou motivação racial porque “no Brasil não existe racismo”, e o presidente Jair Bolsonaro disse em videoconferência na reunião do G20 que as tensões raciais no Brasil “são importadas”. As declarações não encontraram eco no Legislativo nem no Judiciário. Os presidentes do Senado, Davi Alcolumbre (DEM-AP), e da Câmara, Rodrigo Maia (DEM-RJ), repudiaram o crime, dizendo que ele “escancara o racismo no Brasil”. Na mesma linha, os ministros do STF mostraram indignação. Gilmar Mendes classificou o caso como um “assassinato bárbaro”.

O Grupo Carrefour vem desde sexta-feira tentando gerenciar a crise. No sábado, o CEO da rede, Noel Prioux, e o vice-presidente de Recursos Humanos, João Senise, ocuparam um minuto de horário nobre para se desculpar. Apesar disso, o Carrefour foi desligado da Iniciativa Empresarial pela Igualdade Racial, um grupo que reúne 72 companhias, e o Instituto de Defesa dos Direitos das Religiões Afro-Brasileiras pediu a cassação do alvará da loja onde ocorreu o crime. A rede é alvo de críticas por incidentes de violência, desrespeito e racismo no Brasil e no exterior, especialmente na França e na África.

A empresa Vector, contratada para fazer a segurança do Carrefour, disse ter demitido por justa causa os vigias Magno Braz Borges e Giovane Gaspar da Silva, filmados espancando morte de João Alberto, mas isso não deve acabar com seus problemas. A PM de São Paulo, onde fica a sede da Vector, está investigando a participação da cabo Simone Aparecida Tognini na sociedade da empresa. Ela consta como sócia desde 2015, mas só pediu afastamento das funções de policial no ano passado.

Protestos vêm acontecendo desde sexta-feira em diversos pontos do país, principalmente diante de lojas da rede. Ontem houve manifestações no Rio, em Salvador e em cidades do litoral paulista. Na sexta-feira, um grupo ateou fogo a produtos numa filial do Carrefour em São Paulo.

Wilson Gomes: “A forma mais insidiosa de discriminação, inclusive racial, é a ‘discriminação semiótica’. O preconceito é a silenciosa chave de leitura do outro: se pobre e/ou se preto ligue o botão de hostilidade e suspeita; se pobre ou preto é um pária social; precisando, bata, humilhe, mate. É tão insidiosa que é muito difícil de ser provada, a não ser que quem bata, humilha, impeça deixe escapar pela linguagem o preconceito que está ativo. Caso contrário, o delegado e o juiz ‘descartarão’ o racismo, pq ele não é detectável como um cheiro, uma secreção, uma cor.” (Twitter)

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O presidente Jair Bolsonaro virou motivo de riso no Twitter ontem. Ele usou o trecho de uma animação como metáfora para sua participação no G20. No vídeo, um gigante tenta salvar uma cidade de uma enorme pedra, mas é atacado pelos moradores e deixa a pedra destruir as casas. Os internautas descobriram que no vídeo original (Youtube) é o gigante que derruba a pedra e não perdoaram. (Globo)

A uma semana do segundo turno das eleições do Rio, o prefeito Marcelo Crivella (Republicanos) insiste nas fake News para aglutinar o eleitorado conservador. Sua campanha fez circular panfletos associando o rival Eduardo Paes (DEM) ao aborto, à liberação das drogas e ao “kit gay nas escolas”. Junto da foto de Paes há uma do deputado Marcelo Freixo (PSOL-RJ), apesar de o partido ter rejeitado o apoio ao candidato do DEM.

Os condados que formam a Pensilvânia se reúnem hoje e amanhã para certificar a eleição que ocorreu no último dia 3 em cada um deles — o ato torna oficial a contagem de votos, que dá vitória ao democrata Joe Biden e torna praticamente impossível ao presidente americano Donald Trump reverter o resultado da eleição. (CNN)

Ontem, advogados de Trump estiveram uma última vez perante um juiz federal da Pensilvânia tentando impedir o processo. “Eu esperaria, quando alguém faz um pedido tão extraordinário, que viesse armado com argumentos legais irrefutáveis e provas claras de corrupção crassa”, disse o juiz Matthew Brann. “Vieram argumentos forçados e sem mérito e acusações sem provas. Nos EUA, isto não justifica que se casse um único voto, quanto mais os votos de todos no sexto estado mais populoso.” (AP)

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Fique no Verde

Apesar de em alguns casos valer a pena, as ofertas da Black Friday podem levar ao consumo exagerado e fechar o mês no vermelho. Uma saída pra se proteger do consumo inconsciente é o universo dos investimentos, que ainda pode multiplicar os recursos com o tempo. Muitos brasileiros já tem ido nessa onda: a participação de pessoas físicas na Bolsa em 2020 está perto de três milhões — bem acima dos mais de 610 mil há 10 anos. Mas antes de começar já investindo é preciso dar alguns passos iniciais, como manter um controle mensal de todas as entradas e saídas, conhecer o seu perfil e ter uma reserva de emergência que cubra pelo menos seis meses de gastos fixos pra evitar deslocar recursos de seus investimentos pra um gasto inesperado.

Depois do lançamento do PIX, o BC quer implantar uma plataforma de open banking no Brasil em outubro de 2021. O sistema nada mais é do que, em vez de só ter os dados bancários e históricos de transação dos seus clientes, os bancos e fintechs ganham acesso a todos. O compartilhamento, no entanto, fica por conta do usuário, que decide se vai abrir, pra quem, por quanto tempo e se quer cancelar. O objetivo da nova plataforma é permitir que os clientes reúnam serviços de várias instituições em um único local. Algumas das vantagens são que poderão escolher as menores taxas de juros pra empréstimos, por exemplo, ou um retorno maior pra aplicações financeiras.

A compra de ações das big techs por pequenos investidores cresceu após um mês da liberação da Comissão de Valores Mobiliários (CVM). O giro dos BDRs (Brazilian Depositary Receipts) aumentou em 80%, pra mais de R$ 200 milhões. Os BDRs de Facebook, Apple, Amazon, Microsoft e Google são os favoritos: são 27% da liquidez e movimentaram diariamente R$ 58 milhões neste último mês, segundo a XP Inc. (Estadão)

Os BDRs são certificados de títulos negociados no mercado brasileiro, mas que representam e são lastreados por ativos emitidos em outros países. Entenda.

Viver

O Ministério da Saúde anunciou ontem ter se reunido com representantes de cinco laboratórios e instituições que estão com pesquisas de vacinas contra a Covid-19 avançadas: as americanas Pfizer, Janssen e Moderna, a indiana Bharat Biotech e o Fundo Russo de Investimento Direto (RDIF). O ministério anunciou que deverá assinar cartas de intenção não-vinculantes com as empresas “para permitir uma futura aquisição de doses”, mas não explicou o motivo para deixar de fora a chinesa SinoVac, que produz a CoronaVac, e já enviou para seu parceiro no Brasil, o Instituto Butantan, doses do imunizante.

A universidade de Oxford divulgou nesta manhã dados sobre sua vacina, que tem entre os parceiros a Fiocruz. Segundo o comunicado, ela tem 90% de eficiência em duas doses e 62% em apenas uma. Igualmente importante, ela pode ser estocada em “temperatura de geladeira”, de 2 a -8ºC, e distribuída e aplicada usando as redes de saúde já existentes. Os dados ainda são preliminares.

Mas enquanto planeja compra de vacinas, o Brasil pode ter que jogar fora 6,8 milhões de testes de Covid-19 que saem da validade entre dezembro e janeiro. O material, que deveria ter ido para o SUS, está num armazém do governo federal em Guarulhos (SP). (Estadão)

Os EUA esperam começar a vacinação com o imunizante da Pfizer entre os dias 11 e 12 de dezembro, segundo Moncef Slaoui, chefe do programa americano de vacinação. A FDA (equivalente à Anvisa brasileira) marcou para o dia 10 a reunião para avaliar a aprovação do uso emergencial da vacina, e serão necessários até dois dias pra começar a imunização.

O Brasil deve, infelizmente, ultrapassar nos próximos dias a marca de 170 mil mortos por Covid-19. Com os 181 óbitos registrados ontem (lembrando que o número sempre cai no fim de semana), o total atingiu 169.197, com uma média móvel de 484 mortes diárias na última semana. A média subiu em 10 estados: RS, SC, ES, RJ, MG, SP, GO, MS, AP, RR.

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Após prometer em reunião dos Brics (e não cumprir) divulgar uma lista de países que compram madeira ilegal do Brasil, Bolsonaro voltou a falar de meio ambiente em fóruns internacionais, agora no encontro virtual do G-20.  Ele defendeu a política ambiental de seu governo, disse que continuará “protegendo a Amazônia e o Pantanal” e rechaçou “ataques injustificados” de “países menos competitivos”. A declaração vai na contramão dos números de desmatamento na Amazônia e de queimadas no Pantanal.

Provavelmente para enfatizar a “proteção à Amazônia”, o governo federal pretende abrir uma rodovia pelo meio do Parque Nacional da Serra do Divisor, no Acre, que tem a maior biodiversidade da região. (Estadão)

Cultura

Como se a escravidão não fosse horror suficiente, milhares de africanos traficados para as Américas jamais chegaram a seu destino, morrendo em naufrágios no Atlântico. Esse drama é retratado pela série documental Escravidão: Uma história de injustiça, produzida e apresentada por Samuel L. Jackson. Para realizá-la, mergulhadores investigaram destroços nos mares de 16 países, incluindo o Brasil. Com seis episódios, dois por semana, a série estreou na última sexta-feira.

Qualquer um que já tenha visto um quadro de Van Gogh sabe que: 1) ele era um gênio e 2) ele gostava muito de usar a cor amarela. Acontece que talvez não fosse apenas questão de gosto. O artista holandês fazia uso de remédios contra crises maníaco-depressivas derivados de uma flor chamada dedaleira. Entre os efeitos colaterais dessas substâncias estava a xantopsia, uma doença que afeta a percepção de cores, tendendo a ver o mundo como se houvesse um filtro amarelo. O que não muda o encanto que a obra de Van Gogh nos desperta até hoje.

Cotidiano Digital

A UE se prepara pra lançar novas regras para as big techs no dia 2 de dezembro. E a expectativa é que sejam mais rígidas: se não cumprirem a nova regulamentação, correm o risco de serem banidas do mercado europeu. Os chamados Digital Services Act e o Digital Markets Act, segundo a Reuters, devem impedir as empresas de promoverem injustamente seus próprios serviços, e também façam com que compartilhem dados com rivais e órgãos reguladores. No entanto, ainda não se sabe o quão extenso deverá ser esse compartilhamento.

Mesmo assim, a possibilidade das novas regras já não caiu bem com as big techs. O CEO do Google, Sundar Pinchai chegou a se desculpar com os reguladores europeus depois do vazamento de um documento da empresa que definia uma estratégia de 60 dias pra fazer lobby contra a regulamentação.

E a lista anual da revista Time das 100 melhores invenções de 2020. Tem desde uma jaqueta que poderia barrar um vírus até um robô tutor. Confira.

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