Brasil começa a vacinar em março

A vacinação contra a Covid-19 no Brasil deve começar em março do ano que vem e vai priorizar profissionais de saúde, idosos e indígenas. A informação faz parte do plano preliminar de vacinação, divulgado nesta terça-feira pelo Ministério da Saúde. O secretário de Vigilância em Saúde, Arnaldo Medeiros, disse que o plano completo só ficará pronto após o registro de alguma vacina na Avisa. Medeiros informou ainda que não estão no planos as vacinas da Pfizer e da Moderna. A primeira precisa ser armazenada a -70º C, o que implica um problema logístico grande. A segunda aguenta pouco tempo em temperaturas de até -8º C, mas precisa ser transportada a -20º C.

O Reino Unido aprovou a vacina da Pfizer e deve começar a imunização da população na semana que vem.

Por aqui, segundo o ministério, a vacinação não será obrigatória. Entretanto, o ministro Ricardo Lewandowski, do STF, liberou para julgamento duas ações sobre o tema, com premissas opostas. Uma, do PDT, quer que o Supremo reconheça a competência prevista em lei de prefeitos e governadores para decidir sobre a obrigatoriedade. A segunda, do PTB, pede que esse trecho da lei seja suspenso. O julgamento deve acontecer no dia 11.

A ideia de que a Covid só atinge idosos está sendo desmentida nos hospitais privados paulistas. A média de idade entre os internados com a doença vem caindo nesta segunda onda, ficando agora entre 40 e 44 anos. Segundo especialistas pessoas mais jovens estão tentando retomar atividades e, com isso, se expondo mais ao vírus, enquanto idosos mantêm, por medo, o isolamento social. (Folha)

Na terça-feira o Brasil registrou 697 mortes por Covid-19, elevando o total de óbitos a 173.162. Houve 52.248 novos casos. A tendência, porém, voltou a ser de estabilidade. Mas há um dado alarmante. Segundo o IBGE, 9,7 milhões de brasileiros não obedeceram a nenhuma regra de combate à pandemia em outubro, quando o número de casos e mortes voltou a subir. Isso representa 4,6% da população.

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Dois crimes ousados e praticamente idênticos aconteceram num intervalo de 24 horas em pontos extremos do país. A cidade catarinense de Criciúma amanheceu ontem em estado de choque devido a um assalto cinematográfico feito por cerca de 30 homens a uma agência do Banco do Brasil. A ação durante a madrugada envolveu o lançamento de um caminhão em chamas no batalhão da PM, trocas de tiros, explosões, tomada de reféns e lançamento de dinheiro pelas ruas da cidade. Os dez carros usados na ação foram encontrados horas depois no município vizinho de Nova Veneza. Quatro homens foram presos por furtarem parte do dinheiro deixado no asfalto. O governador Carlos Moisés admitiu que, pelo menos até o momento, o crime foi bem sucedido. Dada a precisão da ação, a polícia acredita que os bandidos estavam na região havia três meses preparando o crime. Ainda não há presos, fora os quatro que pegaram dinheiro no chão, nem se sabe sequer o total roubado. Para os moradores sobrou a lembrança de uma noite de pavor.

Já na madrugada de hoje foi a vez de Cametá, no Pará, viver uma situação idêntica. Ladrões atacaram o batalhão da PM, pegaram moradores como reféns, dispararam muitos tiros, usaram explosivos para arrombar uma agência bancária e fugiram, desta vez pelo Rio Tocantins. Segundo o prefeito Waldoli Valente, pelo menos uma pessoa morreu.

O ministro Dias Toffoli, do STF, suspendeu, em decisão monocrática, o decreto do Executivo que estimula a separação de alunos com deficiência no sistema educacional. A ação, movida pelo PSB, vai ser julgada pelo plenário (virtual) no dia 11. Para especialistas, o decreto é um retrocesso e reforça a discriminação contra esses alunos. Uma das principais defensoras do decreto é a primeira-dama, Michele Bolsonaro.

Para Onde Vamos

Para Onde Vamos

O medo de contágio dos passageiros acertou em cheio o setor de transporte público. Até outubro, 13 operadoras de ônibus já interromperam suas atividades no Brasil e o setor ainda deve terminar o ano com um prejuízo de R$ 8,79 bilhões até o fim de 2020, mesmo com retomada gradual da demanda, segundo a Associação Nacional das Empresas de Transportes Urbanos (NTU). O desafio de fechar as contas vai cair no colo dos novos prefeitos em 2021, quando começa a rodada de reajustes. Mas pro setor e pra especialistas, a discussão não deve ficar só no aumento de tarifas. O momento atual pode ser usado pra mudar o modelo vigente, já que a perda de passageiros no transporte público não é de agora. E as ideias defendidas podem mudar a qualidade não só do transporte, mas também da mobilidade nas cidades.

Os EUA apresentaram o seu primeiro projeto de “aeroporto” pra carros voadores. Chamado de vertiport, o espaço lembra um terminal de aeroporto e deve ficar pronto até 2025 em Orlando. Será feito em parceria com a startup alemã Lilium, que promete que o veículo elétrico voador será capaz de decolar verticalmente e atingir uma velocidade máxima de quase 300 km/h. (New York Times)

A corrida pra criar um carro voador está se acirrando. Até agosto, havia 19 projetos em desenvolvimento. Tem desde grandes players, como a Airbus e a Boeing, até diversas empresas menores com propostas mais agressivas. A alemã Volocopter deve começar testes ainda este ano em Cingapura e lançar sua versão comercial já em 2022. Em agosto, a japonesa SkyDrive da Toyota fez um voo de teste bem-sucedido, na qual o veículo ficou quatro minutos no ar (YouTube). A estimativa é que esse setor chegue, até 2040, a valer de US$ 1,5 trilhão a US$ 2,9 trilhões.

Enquanto… De olho na mudança de comportamento do consumidor, a indústria de automóveis já tem adotado alternativas pra contornar a queda na demanda. E o caminho tem sido entrar no mercado de aluguel de veículos. A Toyota e a Volkswagen, por exemplo, já lançaram serviços de locação. A redução da demanda vem exatamente da pessoa física, enquanto a venda para locadoras cresce. A FGV estima que cerca de 45% da produção das montadoras já são destinados às locadoras. (Globo)

E uma exposição virtual do Museu da Pessoa reúne histórias reais — e inusitadas —, contadas em vídeos curtos, de passageiros e motoristas de aplicativo pelo país. Confira.

Política

A derrota na eleição municipal, quando elegeu apenas dois dos 11 candidatos que apoiou publicamente, reforçou a necessidade de o presidente Jair Bolsonaro contar com uma estrutura partidária. A dispersão por várias legendas é apontada como um dos fatores principais da derrota. A ala ideológica quer que ele volte para o PSL, pelo qual se elegeu em 2018, mas de onde saiu após perder a briga pelo controle do partido. Mas PSD, PP (ao qual Bolsonaro já foi filiado) e PTB também estão na disputa. Qualquer movimento mais sério, porém, vai aguardar a eleição para as presidências da Câmara e do Senado. (Globo)

No Congresso, as siglas se articulam para permitir a reeleição de Davi Alcolumbre (DEM-AP) no Senado, mas barrar a de Rodrigo Maia (DEM-RJ) na Câmara.

Elio Gaspari: “No meio de uma pandemia e de uma recessão, o Brasil ficou com um presidente sem partido, sem projeto e sem aliados. Para quem não gosta dele, pode ser motivo de alegria, mas daqui a pouco vai se perceber como é perigosa essa situação. A crise sanitária, os números da economia e o resultado das urnas mostraram que o negacionismo de Bolsonaro foi além das derrotas. Ele saiu de moda, mas ficará no Planalto, sem rumo.” (Globo e Folha)

Meio em vídeo. Especialista em ideologias, o cientista político Christian Lynch (IESP-Uerj) lança um olhar sobre a eleição municipal fora do eixo esquerda-direita. Para ele, o desempenho de Guilherme Boulos (PSOL) e Manuela D’Ávila (PCdoB) aponta para as eleições presidenciais em seis ou dez anos. E o fracasso do bolsonarismo pode tirar o presidente do Planalto até 2022. Assista.

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O governo francês e o setor agrícola local anunciaram ontem um plano de 100 milhões de euros para aumentar em 40% a área de plantio de soja no país até 2023. O objetivo é reduzir (ou acabar com) a dependência de importações, especialmente do Brasil. O presidente francês, Emmanuel Macron, é um dos mais enfáticos críticos à política ambiental brasileira. (Veja)

Bela Megale: “Integrantes da cúpula do governo articularam, há cerca de um mês, a saída do ministro Ricardo Salles da pasta do Meio Ambiente. Três opções chegaram a ser cogitadas: colocá-lo em um cargo de assessor especial ligado à Presidência, realocá-lo na Secretaria-Geral da Presidência ou ainda nomeá-lo para a Secretaria de Governo, hoje ocupada por Luiz Eduardo Ramos. Seria uma maneira de tirá-lo do foco das críticas pela condução da área ambiental e recompensá-lo por ter sido um ‘bom soldado’ na defesa das pautas do governo Bolsonaro. Salles, porém, mostrou resistência em sair do Meio Ambiente.” (Globo)

Com o fim de seu governo cada vez mais próximo, o presidente Donald Trump estaria discutindo formas de proteger seus filhos de punições por crimes cometidos no governo. Uma delas a concessão de um raro mas não inédito perdão presidencial prévio para seus três filhos mais velhos (Donald Jr., Eric e Ivanka), seu genro e assessor Jared Kushner e para seu principal advogado, Rudolph Giuliani, que comanda a campanha para desacreditar o resultado das eleições.  (New York Times)

Nas últimas semanas o presidente vem distribuindo com liberalidade perdão a ex-assessores condenados. Embora a praxe seja o perdão a pessoas que já foram consideradas culpadas ou estejam sob investigação avançada, a anistia preventiva já aconteceu antes. Após a renúncia de Richard Nixon, em 1974, seu sucessor, Gerald Ford, o perdoou por todos os crimes que ele tivesse cometido durante o mandato, mesmo que ainda não tivessem sido descobertos. (New York Times)

E Trump, por mais que continue resistindo publicamente, sabe que seus dias na Casa Branca estão contados. O procurador-geral (equivalente a ministro da Justiça) William Barr, um de seus mais fiéis aliados, disse que não foram encontrados indícios de fraude que invalidassem a eleição de Joe Biden.

Cultura

Seis anos depois de se assumir como homossexual durante um evento em Las Vegas, Ellen Page, protagonista do longa Juno e da série Umbrella Academy, declarou-se ontem um homem transgênero, numa postagem no Twitter. Chamado agora Elliot, o ator canadense de 33 anos recebeu apoio dos seguidores e da comunidade LGBTQ+. Numa longa postagem, ele agradeceu às pessoas que o apoiaram. “Não tenho palavras para expressar como é incrível finalmente amar quem eu sou o suficiente para buscar meu autêntico eu”, escreveu Elliot.

A Netflix, que já confirmou a terceira temporada de Umbrella Academy, disse que Elliot Page vai continuar interpretando Vanya Hargreeves. Seu nome será alterado nos créditos, mas a personagem permanecerá uma mulher cisgênero bissexual. Na primeira temporada, Vanya teve um relacionamento amoroso com um homem; na segunda, com uma mulher.

Confira uma lista de celebridades internacionais trans.

Cotidiano Digital

Mais uma vez o projeto de criptomoeda do Facebook foi alterado. A sua moeda libra não é mais libra, foi rebatizada pra diem, “dia” em latim. Em maio, a big tech já tinha mudado o nome de sua carteira digital de Calibra pra Novi. A mudança mais recente faz parte de um esforço para obter a aprovação regulatória e distanciar o projeto do Facebook. A Libra Association, a organização que gerencia os planos da moeda digital, também mudará de nome para Diem Association.

O Slack, o aplicativo de mensagens pra trabalho, vai ser comprado pela Salesforce por cerca de US$ 26 bilhões. O negócio deve ser fechado no segundo trimestre do ano fiscal de 2022 da empresa de computação em nuvem e deve acirrar a competição de plataformas de trabalho remoto, principalmente com o Teams, da Microsoft.

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