Prezadas leitoras, caros leitores —

Quase dez horas de terror numa das maiores favelas do Rio de Janeiro, o Jacarezinho. Civis feridos dentro de casa e até em composições do metrô. Denúncias por parte dos moradores de abusos, negativas das forças de segurança, e no final um número trágico: 25 mortos, sendo um policial e 24 civis, tratados genericamente como “suspeitos”. A maior letalidade para uma única operação em toda a história da polícia fluminense. Para especialistas, um desastre; para o governador uma ação baseada na inteligência e nos protocolos.

Como isso aconteceu? Não a operação em si. Como aconteceu de a polícia, especialmente no Rio de Janeiro, se tornar uma máquina tão letal que parece só ter para enfrentar a violência do crime com mais violência? Onde foi que erramos? Ou essa é a polícia que a sociedade quer, mas não admite?

Em busca de respostas para essas perguntas, o Meio foi ouvir quem estuda a fundo políticas de segurança pública. Esse é o tema de nossa Edição de Sábado, exclusiva para os assinantes premium.

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— Os editores.

Operação policial termina em tragédia: 25 mortos no Rio

Uma ação desastrosa da Polícia Civil, no Rio de Janeiro, se tornou ontem a mais letal da história no estado. Nada menos do que 25 pessoas — um policial e 24 civis — morreram na Favela do Jacarezinho, na Zona Norte da cidade. Segundo a polícia, como já é praxe nos discursos em situações do tipo, todos os 24 civis mortos eram suspeitos. Dez pessoas foram presas e cinco, ao que se sabe, se feriram: dois policiais, um morador dentro de casa e dois homens dentro de uma composição do metrô que passava perto no horário do conflito. A operação, também de acordo com as autoridades, foi resultado de dez meses de investigações sobre a ação de traficantes que aliciavam crianças para o crime. (Globo)

Ainda durante a operação, moradores começaram a publicar em redes sociais vídeos com granadas no meio da rua, explosões em vielas e policiais armados em helicópteros. Sim: a polícia jogava granadas no meio da rua. Mais tarde, integrantes da Comissão de Direitos Humanos da OAB ouviram relatos de execuções de homens desarmados ou já rendidos. (UOL)

A Polícia Civil negou que tenha havido excessos e disse que a única execução no Jacarezinho foi a do policial civil André Farias, baleado na cabeça quando retirava uma barricada. A polícia agiu possivelmente violando ordem direta do STF, que proibiu incursões deste tipo durante a pandemia, a não ser sob uma série de condições, incluindo comunicação ao Ministério Público. O MP confirmou que recebeu o aviso, mas quando a operação já estava em andamento. Para o sociólogo ex-comandante das UPPs Robson Rodrigues, uma única palavra define a operação: “desastre”. (G1)

Raul Jungmann, ex-ministro da Defesa e da Segurança Pública: “Essa operação foi um desastre em termos de inteligência. Não sei se existia coordenação e comando. O número de homens não era adequado e você teve no início da ação a morte de um policial, infelizmente. Em seguida isso se transformou em guerra, e a guerra se tornou uma chacina. Vinte e cinco vidas perdidas e nenhuma melhora na segurança do Rio de Janeiro.” (CNN Brasil)

Após a ação da polícia no Jacarezinho, o ministro do STF Edson Fachin pautou para o dia 21 o julgamento de um processo que exige do governo do estado um plano para reduzir a letalidade em operações policiais. A ação, impetrada pelo PSB, pede ainda o fim do sigilo dos protocolos de atuação da polícia e que se priorize investigar quando as vítimas forem adolescentes. (Estadão)

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A Secretaria de Saúde do Estado do Rio anunciou ontem ter identificado uma nova variante do Sars-Cov-2, vírus causador da Covid-19. Ainda não é possível dizer se a P1.2 (chamada assim por ser derivada da P1 amazonense) é mais transmissível ou letal. (Globo)

Após um breve período de queda, as médias de casos e mortes por Covid-19 voltaram a se estabilizar no Brasil. Ontem foram diagnosticadas 72.559 nova infecções, com o total desde o início da pandemia indo a 15.009.023. Já os óbitos foram 2.531, totalizando 417.176. As médias móveis foram de 59.448 casos e 2.251 mortes. Em relação ao período anterior foram 3% a mais de infecções e 10% a menos de óbitos, indicando estabilidade nas suas situações. (G1)

Ainda motivo de discórdia no Brasil, a vacina russa Sputnik V ganhou uma nova versão, a Sputnik Light, que requer somente uma dose. A rigor, é a primeira dose do imunizante original, que, segundo o governo russo, tem eficácia de 79,4%. (UOL)

Meio em vídeo. O Censo Demográfico do IBGE funciona como uma radiografia detalhada do país. No Meio Explica desta semana, entenda como o Censo é feito, de que forma os agentes do IBGE conseguem mapear e visitar a residência de cada brasileiro e por que a não realização do levantamento poderia gerar prejuízos significativos em várias áreas essenciais, como saúde e educação. Confira no YouTube.

Um momento de alívio

Tony de Marco

Vacina
Momentos inesquecíveis registrados no blockchain. As animações do Meio estão no Open Sea.

Destrave sua gestão

Destrave sua gestão

Adoção de novos processos, tecnologias e coleta de dados já são realidade no ambiente de negócios. No entanto, muitas dessas empresas ainda geram mudanças lentas e incrementais. Isso porque ainda não alcançaram nível operacional maduro, o que muitos especialistas chamam de future-ready. Enquanto outras empresas ainda se baseiam apenas em força de trabalho humana, processos não padronizados e fragmentados, dados isolados e tecnologias básicas, as future-ready criam serviços digitalizados modulares para otimizar as operações e projetar e lançar novas ofertas; e tratam os dados como um ativo estratégico que é acessível a todos os funcionários que precisam. As vantagens são claras: ao avançar um nível de maturidade a empresa se torna 7,6% mais eficiente e 2,3% mais rentável. Entenda.

Para lidar com a segunda onda da pandemia, franquias pelo país têm cada vez mais se apoiado em soluções digitais. Em 2020, esse setor encolheu 10,5%, e agora, mais “acostumado” à imprevisibilidade, luta para reverter o cenário. Com as lojas fechadas, uma das principais soluções tem sido o e-commerce. Cada franquia ganha um link exclusivo ou é acionado se estiver no raio de atendimento da venda. As métricas têm se mostrado fundamentais. O acesso aos números de cada unidade, por exemplo, está ajudando as franqueadoras a entenderem a realidade individual de cada franqueado, traçar ações direcionadas, acompanhar o estoque etc.

Pela primeira vez, soluções em nuvem passaram as receitas de hardware. Em 2020, atingiram uma participação de 10% no mercado de tecnologia de informação (TI), e logo atrás vem hardware, estável em 9%. O motivo é simples: em momento de pandemia, foi a maneira mais rápida das empresas acessarem capacidade de computação e armazenamento. E a tendência é que não pare: as receitas de nuvem vão quase dobrar, passando de US$ 2,35 bilhões em 2020 para US$ 4,16 bilhões em 2025, enquanto hardware ficará estável em US$ 2 bilhões. (Valor)

Política

Teoricamente, era para o general Eduardo Pazuello, ex-ministro da Saúde, estar em isolamento. Ele deixou de comparecer para depor na CPI da Pandemia sob a alegação de que teve contato com pessoas com Covid-19. Entretanto, recebeu ontem o ministro da Secretaria-Geral da Presidência, Onyx Lorenzoni (DEM), e de uma assessora do Planalto. Onyx é um dos articuladores da defesa do governo na comissão. Quando a informação se espalhou, senadores da CPI, muito irritados, passaram a discutir a possibilidade de uma condução coercitiva do general. A decisão ainda não foi tomada. (Estadão)

Thaís Oyama: “Pazuello receia ficar sem o apoio do governo a que serviu e da corporação a que ainda pertence. Amigos vêm aconselhando Pazuello a comparecer à CPI fardado e com as suas três estrelas sobre os ombros. A ideia é ‘amarrar’ sua imagem à do Exército para, assim, desencorajar ‘avanços’ de parlamentares, cujos ataques poderiam ser lidos como agressões aos militares.” (UOL)

Meio em vídeo. A Bíblia já recomendava o isolamento social para evitar doenças. Aliás, documentos ainda mais antigos, de mais de mil antes, também o faziam. Enquanto isso, há um ex-ministro covarde na praça e um presidente que ladra, ladra, e a essas alturas já mostrou não ter força para morder. Confira no YouTube.

Falando em CPI... Os senadores não governistas ficaram muito irritados com o depoimento ontem do ministro da Saúde, Marcelo Queiroga. Ele driblou perguntas incisivas sobre os posicionamentos de Jair Bolsonaro, sobre a própria opinião a respeito da cloroquina e sobre o estado em que encontrou o ministério. (Folha)

Queiroga, porém, admitiu que inflou o número de vacinas contratadas pelo ministério. Ele reconheceu que, das 560 milhões de doses anunciados pela pasta, somente a metade já tem contrato fechado de fato. (Estadão)

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Em seu esforço permanente para criar atritos com outros poderes, Jair Bolsonaro voltou ontem suas baterias contra a Justiça Eleitoral. Em sua live semanal, ele disse que, se for aprovado pelo Congresso, o voto impresso e auditável será usado em 2022. “Se não tiver voto impresso, é sinal que não vai ter eleição. Acho que o recado está dado.” (Poder360)

Mônica Bergamo mapeia, hoje, o vaivém de partidos. O ex-presidente da Câmara dos Deputados, Rodrigo Maia, pedirá hoje sua desfiliação do DEM. Vai para o PSD de Gilberto Kassab. E o governador maranhense Flávio Dino está em negociações avançadas para deixar o PCdoB rumo ao PSB. (Folha)

Cultura

Anelis Assumpção, Alessandra Leão, Grupo Clarianas, Josyara e Funmilayo Afrobeat Orquestra compõem o line-up do Festival Feminino, programado para o Dia das Mães, no domingo.

Outra boa pedida para a data é o show especial de Alcione com participação de Teresa Cristina, com transmissão ao vivo da TNT Brasil.

A Osesp toca hojeSinfonia nº 64 e o Concerto para Violino em Sol Maior de Haydn sob a batuta de Emmanuele Baldini, também solista da noite. Amanhã, o violista Mikhail Bugaev apresentaFantasia para Viola em Sol Menor de Johann Nepomuk Hummel com a Filarmônica de Minas Gerais, que interpreta ainda obras de Mozart, Rossini e Prokofiev sob a regência de Fabio Mechetti.

Nesse sábado, os festivais Noumen Art e Improfest somam esforços para conectar Moscou a São Paulo e celebrar a música experimental em um evento online. Confira o line-up.

Estreia amanhã a peça Anna, dramaturgia inédita de Mário Viana inspirada na Tragédia da Piedade, crime envolvendo o escritor Euclides da Cunha em 1909. A partir de quinta, a Cia. do Despejo encara a necropolítica brasileira e celebra a mitologia iorubá no espetáculo Ireti, com texto de Ingrid Alecrim e direção de Thaís Dias.

Também no sábado, a Biscoito Fino exibe no YouTube, às 13h, o show do cantor e violonista brasileiro radicado em Portugal Fred Martins. Lançando seu oitavo disco, ele recebe a fadista Joana Amendoeira e a cantora cabo-verdiana Nancy Vieira

Ainda na quinta, Ney Matogrosso e Duda Brack participam de live da Natura Musical sobre o presente e o futuro da canção brasileira.

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Cotidiano Digital

Aos 66 anos, morreu Aleksandar Mandic, pioneiro na internet do Brasil. Abriu em 1990, em um quarto na sua casa, o Mandic BBS, que permitia aos usuários que se conectassem via telefone, através do computador, a uma rede local com correio eletrônico com tópicos de discussão. Com a chegada da internet, Mandic tornou o BBS um dos primeiros provedores de acesso à rede do país. Vendeu a empresa poucos anos depois. E não parou por aí: foi um dos idealizadores e fundadores do IG, inicialmente um provedor de internet gratuito, e depois criou o Wi-Fi Magic, um app que ajuda usuários a encontrarem redes públicas de wi-fi. A causa de sua morte não foi divulgada, mas estava em tratamento contra leucemia. (Estadão)

Seguindo a Apple, o Google também vai começar a exigir que apps informem que dados coletam do usuário. A nova seção de segurança começará a aparecer no Google Play no primeiro trimestre de 2022. Essa nova função do Android ainda é mais contida que a recente atualização do iOS que exige que os usuários optem por ser rastreados por aplicativos para publicidade personalizada.

A IBM anunciou a criação de um chip minúsculo, de 2 nanômetros, menor do que os já pequenos chips de 7 nanômetros, usados na maioria dos celulares e computadores atuais. Para se ter uma ideia da pequenez do objeto, 1 nanômetro é o tamanho que um cabelo humano cresce a cada segundo. Segundo a empresa, o modelo criado é até 45% mais rápido e pode consumir 75% menos energia do que os chips comuns. Mas vai demorar para a novidade chegar ao mercado: é preciso adaptar fábricas e os chips de 3 nanômetros ainda precisam chegar ao mercado primeiro, o que deve acontecer apenas no 2º semestre de 2022.

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