Prezadas leitoras, caros leitores —

Há uma guerra em andamento na Europa, a mais grave desde 1945. No dia 24 de fevereiro a Rússia invadiu a Ucrânia sob a justificativa de impedir sua adesão à Otan e garantir a independência de províncias separatistas no Leste do País.

Os Estados Unidos e a União Europeia estão empenhados em apoiar a resistência do Exército ucraniano, enquanto os aliados de sempre — Síria, Venezuela etc. — fecham com o presidente russo Vladimir Putin.

Nessa hora, muitos olhos se voltam para uma potência longe do foco na frente de batalha, a China. Premido entre uma aliança de décadas com a Rússia e a necessidade de normalizar o comércio internacional que produz sua riqueza, a China observa.

De um lado, interessa a Beijing qualquer movimento que ponha em xeque o domínio diplomático e econômico dos EUA no mundo. De outro, uma das causa belli russas, a independência de províncias separatistas, provoca urticárias na cúpula do PC chinês.

Para entender a ambiguidade da posição chinesa, o Meio conversou com um dos maiores especialistas sobre o assunto no país, e este é o tema de nossa Edição Especial de Sábado.

Mas não é só isso. Aderindo à onda de empresas que cortaram negócios com a Rússia, a indústria tecnológica também se mobilizou, encerrando ou limitando suas atividades no país. Vamos entender o papel das big techs no conflito e os impactos na economia russa.

E o repúdio à invasão da Ucrânia provocou um sentimento antirrusso que passou um tantinho do limite, atingindo clássicos da literatura e da música e até o estrogonofe, já tão maltratado pela versão brasileira da receita. Há espaço para a guerra na gastronomia?

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Rússia amplia bombardeio aéreo da Ucrânia

Cedo hoje de manhã, a Rússia ampliou o bombardeio aéreo de toda a Ucrânia. Há cidades sob sítio entre os alvos, mas não apenas — novas aglomerações urbanas, que ainda não estavam sob ataque, foram atingidas. Faz já duas semanas do início da invasão, mas a resistência continua de pé. Imagens de satélite revelam que o cerco da capital, Kiev, se dispersou, com tanques buscando o abrigo de árvores para se proteger dos mísseis ucranianos, o que possivelmente explica a decisão de trazer os aviões. A situação é mais grave na cidade portuária de Mariupol, onde mortos se acumulam diariamente e os funerais deixaram de ser possíveis. Os corpos estão sendo enterrados nas trincheiras. Várias regiões do país informam que os estoques de alimentos estão chegando ao fim. (New York Times)

Segundo o prefeito Vadym Boichenko, a cidade está “vivendo um Armagedom”, com ataques aéreos russos atingindo áreas civis a cada meia hora. (Washington Post)

As negociações entre Rússia e Ucrânia mediadas pela Turquia não resultaram num cessar-fogo. A conferência entre o ministro do Exterior ucraniano Dmytro Kuleba e o russo Sergei Lavrov aconteceram sob o impacto do ataque a um hospital infantil e uma maternidade de Mariupol, classificado pelo governo de Kiev como prova de um genocídio. A despeito da falta de resultados práticos, o ministro do Exterior da Turquia, Mevlüt Çavusoglu, avalia que o encontro pode ser o primeiro passo para uma reunião de cúpula entre os presidentes da Rússia, Vladimir Putin, e da Ucrânia, Volodymyr Zelenski. (Guardian)

Em outra frente, o Conselho de Segurança da ONU aceitou o pedido da Rússia para uma reunião de emergência hoje. Os russos acusam os EUA de estarem financiando o desenvolvimento de armas biológicas na Ucrânia. Diplomatas americanos dizem que a acusação não tem fundamento e serviria para justificar o uso pelas próprias forças de Putin desse tipo de armamento. (BBC)

Uma cúpula da União Europeia, que se reune em Versailles, na França, sepultou as chances de uma entrada rápida da Ucrânia no grupo. “Não há algo como um fast track”, verbalizou o premiê holandês Mark Rutte. Há uma divisão entre Ocidente e Oriente. Liderados pela Polônia, os países do Leste europeu pedem sinais mais fortes do colegiado de chefes de Estado em favor da entrada da Ucrânia. (DW)

Pois é... O presidente russo Vladimir Putin reagiu às sanções econômicas impostas à Rússia ameaçando nacionalizar e confiscar os bens de empresas estrangeiras que deixaram o país em represália à invasão da Ucrânia a fim de “preservar empregos”. Na narrativa do Kremlin, o objetivo do Ocidente é destruir a Rússia. “Não tenho dúvidas de que as sanções seriam impostas por algum motivo”, disse em entrevista à TV local. (New York Times)

Enquanto isso... Chegou ontem ao Brasil o grupo de 68 repatriados provenientes da Ucrânia. Eles foram recebidos na base aérea de Brasília pelo presidente Jair Bolsonaro. (Jornal Nacional)

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Meio em vídeo. Vamos lá, temos um problema no mundo. Um problema com nossas democracias. E parte da culpa é dos liberais. Liberais também têm de fazer seu mea culpa. Confira no Ponto de Partida. (YouTube)

Com a aproximação do prazo para desincompatibilização de ocupantes de cargos no Executivo para disputarem as eleições, o presidente Jair Bolsonaro (PL) marcou para a próxima semana uma reunião na qual pretende definir uma reforma ministerial. Ao todo, a expectativa é de que dez ministros deixem seus cargos para serem candidatos. (CNN Brasil)

Bolsonaro afirmou ontem que a ministra da Agricultura, Tereza Cristina, será candidata ao Senado pelo Mato Grosso do Sul. Com isso, ele fechou a porta para a pretensão do Centrão de tê-la como vice na eleição e abriu caminho para que o ministro da Defesa, general Braga Netto, integre a chapa. (UOL)

Enquanto isso... O ex-ministro Sérgio Moro (Podemos) negou ontem qualquer possibilidade de desistir da candidatura à presidência, independentemente do desempenho nas pesquisas de intenção de voto. “Não existe nenhuma possibilidade, zero chance de desistência. O que existe no fim são esses boatos, mas que refletem, no fundo, o medo que minha pré-candidatura oferece para essas pessoas que se aproveitam da situação política e se beneficiam quando o país vai mal”, afirmou. (CNN Brasil)

Embora o PSB tenha ficado de fora do anúncio de uma federação feito na quarta-feira por PT, PV e PCdoB, o ex-presidente Lula ainda acalenta a ideia de ter os socialistas no bloco, não apenas como coligados. “Eu ainda trabalho com a ideia que o PSB possa entrar nessa federação. Se não entrar nessa federação nós vamos fazer uma coligação e vamos estar juntos na campanha de 2022. Esses são os fatos políticos”, disse ele, em entrevista a uma rádio. (CNN Brasil)

O clima na bancada do PSB com a ausência do partido na federação não é bom, conta Guilherme Amado. Cerca de 15 deputados — além de prefeitos, deputados estaduais e vereadores — já deram sinais de que podem deixar a legenda em direção aos partidos federados. A debandada atingiria até Pernambuco, bastião da legenda. (Metrópoles)

Para ler com calma. Existe um estranhamento entre a esquerda brasileira e os evangélicos. A avaliação é da ex-ministra Marina Silva (Rede) que é evangélica e oriunda da esquerda. “Nós somos um país em que mais de 80% das pessoas se declaram com fé. Não se pode fazer um discurso como se todas essas pessoas fossem um risco à civilização”, diz ela. (BBC Brasil)

Eslavos de Carvalho

Spacca

meio spacca eslavetes reduz

Cultura

Não é só a Rússia que está atrás de Volodymyr Zelenski, o presidente da Ucrânia, alçado a figura de destaque pela resistência à invasão de seu país. Emissoras de TV e serviços de streaming de todo o mundo querem exibir a série cômica Servo do Povo (trailer), de 2015, na qual ele interpretava, adivinhe, o presidente da Ucrânia. Desde a invasão, no dia 24 de fevereiro, a empresa sueca Eccho Rights, dona dos direitos da série, já fechou 15 acordos e negocia outros 20. “Estamos em conversas com emissoras da América Latina, Estados Unidos, com a Netflix... com muitas pessoas”, diz Nicola Soderlund, cofundador da agência. (g1)

Falando em guerra... O Museu Hermitage de São Petersburgo, na Rússia, pediu a devolução das obras de arte emprestadas às exposições do Palazzo Reale e da Gallerie d’Italia, em Milão, até o fim do mês. É uma represália às sanções impostas ao país pela União Europeia. (Estadão)

Ao longo de décadas, Mário de Andrade (1893-1945), um dos líderes da Semana de Arte Moderna de 1922, e o também escritor Paulo Duarte (1899-1984) trocaram cartas. Em 1971, 26 anos após a morte do autor de Macunaíma, Duarte as transformou em um livro, Mário de Andrade Por Ele Mesmo, que ganha nova edição com comemoração ao centenário do evento modernista. Nas cartas, Mário se revela sem máscaras, falando de amores, traições e do medo da morte. Além das cartas, o livro inclui cinco textos que nos permitem compreender melhor o gênio modernista e sua obra. (Globo)

O Lollapalooza Brasil anunciou ontem a programação dos três dias de shows. O festival, que volta a ser presencial, acontece entre os dias 25 e 27 de março, no Autódromo de Interlagos, em São Paulo. (CNN Brasil)

Confira os destaques da agenda cultural.

Começa hoje e vai até o dia 28 a mostra “Mulheres Mágicas: Reinvenções da Bruxa no Cinema”, no CCBB de São Paulo. São 25 filmes clássicos do gênero, com sessões presenciais e debates online.

Ao longo do mês de março, toda sexta-feira, o Grupo Corpo realiza workshops de dança gratuitos transmitidos online. O primeiro deles, baseado na música de José Miguel Wisnik para a coreografia do espetáculo Nazareth, já está disponível.

Carlinhos Brown e Margareth Menezes são os convidados do concerto da Jazz Sinfônica que a TV Cultura transmite nesse domingo sob a regência de Ruriá Duprat.

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Viver

Tramitando na Câmara em caráter de urgência, o projeto que libera a mineração em terras indígenas beneficia diretamente uma empresa que o Ministério Público Federal (MPF) acusa de cooptação de índios para exploração de sais de potássio na Amazônia. Segundo ação civil pública de 2016, a Potássio do Brasil, que pertence a um banco canadense, tentou cooptar indígenas da etnia mura para minerar dentro de suas terras. O processo de licenciamento ambiental dos projetos da empresa já entrou com pedidos na Agência Nacional de Mineração para atuar na terra indígena. O presidente da companhia diz que ela respeita as normas ambientais e o direito de os mura serem consultados, mas defendeu o projeto em tramitação no Congresso. (Folha)

Aliás... O presidente da Câmara, Arthur Lira (PP-AL), defendeu hoje a decisão de dar urgência ao projeto. Ele deu um mês para o tema ser debatido num grupo de trabalho e disse que, quando chegar ao Plenário, terá um relator “nem ambientalista, nem pró-exploração”. A previsão é que a mineração em terras indígenas seja votada no dia 10 de abril. (g1)

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Embora governos estaduais e prefeituras estejam abolindo o uso de máscaras em lugares abertos ou mesmo fechados, a Associação Médica Brasileira mantém a recomendação para que elas sejam usadas. Em nota, a instituição afirma que uma “flexibilização indiscriminada pode ampliar os riscos à população, ainda mais à parcela não vacinada ou com esquema incompleto e principalmente os imunocomprometidos”. (Globo)

Ontem foi a vez de o Distrito Federal suspender a obrigatoriedade das máscaras em locais fechados. Para justificar a decisão, o governo do DF disse que a vacinação completa já atinge mais de 80% da população, embora, segundo levantamento do consórcio de veículos de comunicação, o percentual seja de 72,95%. No Rio, que aboliu as máscaras na segunda-feira, instituições como a Fiocruz e as principais universidades públicas e o Uber continuam a exigi-las. Já o transporte público parou de cobrar o uso. Em São Paulo, que estuda liberar os locais fechados no fim do mês, as máscaras devem continuar sendo obrigatórias em hospitais e no transporte público. (UOL)

Ao longo de 2021, uma mulher sofreu violência a cada cinco horas no Brasil, segundo o relatório Elas Vivem: Dados da violência contra a mulher, divulgado ontem pela Rede de Observatórios de Segurança Pública. Foram 1.975 de registros, dos quais 409 foram feminicídios – mais de um assassinato por dia. O documento também chama a atenção para a subnotificação dos casos. (Marie Claire)

Veja a íntegra do relatório.

Para ler com calma. Dizem que toda lei pode ser burlada e que, se há uma lei que proíbe algo, é porque esse algo é possível. A menos, claro, que se tratem das leis da natureza. Um objeto não pode acelerar para além da velocidade da luz, por exemplo. Mas o que define essas leis? Como identificá-las. Para isso, não basta a ciência. É necessário recorrer à filosofia da ciência. (Aeon)

Cotidiano Digital

Ontem foi a vez do YouTube e do Google Play Store, da Alphabet, suspenderem a monetização de todos os seus serviços pagos na Rússia, incluindo assinaturas. Os canais do YouTube na Rússia ainda poderão gerar receita com espectadores fora da Rússia por meio de anúncios e recursos pagos. Já os aplicativos gratuitos no Google Play Store também permanecem disponíveis na Rússia. No entanto, a medida deve bloquear a monetização de aplicativos por meio de assinaturas no país. (g1)

E começou a valer ontem o uso obrigatório do prefixo 0303 em ligações feitas por empresas de telemarketing. A mudança anunciada pela Agência Nacional de Telecomunicações (Anatel) tem como objetivo ajudar os usuários a identificarem facilmente esse tipo de ligação e decidir se vão atender a chamada. Por enquanto, as medidas valem apenas para as prestadoras de telefonia móvel. Segundo a Anatel, as operadoras também deverão realizar o bloqueio preventivo de chamadas de telemarketing a pedido do consumidor. (Agência Brasil)

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