News do Meio

Acuado pela CPI, Bolsonaro dobra a aposta no centrão

Acuado de um lado pela CPI da Pandemia e de outro pelas pesquisas, o presidente Jair Bolsonaro reagiu abrindo de vez o governo ao PP, maior partido do centrão. Seu presidente, o senador Ciro Nogueira (PP-PI), que comanda a minoria governista na CPI, vai assumir a poderosa Casa Civil, de onde fará a articulação política com o correligionário e amigo Arthur Lira (PP-AL), presidente da Câmara. O atual titular da pasta, o general Luiz Eduardo Ramos, vai para a bem menos prestigiada Secretaria-Geral da Presidência, onde está Onyx Lorenzoni, do DEM. Para que este não fique ao relento, Bolsonaro vai recriar e entregar-lhe o Ministério do Trabalho, rebatizado Ministério do Emprego e Previdência, tirando um importante naco do superministério da Economia. (Folha)

Para forçar Mendonça no STF, Bolsonaro reconduz Aras à PGR

Augusto Aras não levou a indicação ao Supremo, mas ficou com um prêmio de consolação. Ontem Jair Bolsonaro recomendou ao Senado, a quem cabe a aprovação, que Aras seja reconduzido ao cargo de procurador-geral da República. Mais uma vez o presidente ignorou a lista tríplice elaborada pelos procuradores. Indicar um integrante da lista foi uma tradição inaugurada em 2003 no governo Lula e mantida por Dilma Rousseff e Michel Temer. (UOL)

Bolsonaro diz que vetará Fundão eleitoral; maior fatia iria para oposição

O presidente Jair Bolsonaro anunciou nesta segunda-feira que vai vetar o fundo eleitoral aprovado pela Câmara na semana passada dentro da Lei de Diretrizes Orçamentárias. “É uma cifra enorme que, no meu entender, está sendo desperdiçada”, disse ele, em entrevista à TV Brasil. “Posso adiantar que não será sancionada.” O valor aprovado, R$ 5,7 bilhões, é o triplo do R$ 1,7 bilhão gasto na eleição presidencial anterior, em 2018. A bancada bolsonarista, incluindo os filhos do presidente que têm mandato no Congresso, votou em peso a favor do fundo, o que provocou reações iradas de seus seguidores nas redes sociais. Bolsonaro, aliás, voltou a responsabilizar o vice-presidente da Câmara, Marcelo Ramos (PL-AM), pela aprovação do fundo. Ramos, que o presidente chamou de “insignificante”, presidiu a sessão que votou a LDO. (UOL)

Governos usaram programa israelense para espionar ativistas, jornalistas, ONGs

Mais de 50 mil pessoas, entre ativistas de ONGS, políticos, jornalistas e advogados podem ter sido alvo de espionagem por governos de 45 países graças ao software Pegasus, desenvolvido pela empresa israelense NSO, segundo denúncia da Anistia Internacional. O software é tecnicamente legal, porém abertamente polêmico. O malware infecta o celular das vítimas, retira todo o seu conteúdo — trocas de mensagens, emails, dados de buscas na web e o que mais for — e depois se instala como um espião, monitorando onde o aparelho está a cada momento. A companhia alega que só licencia o programa para a investigação de crimes e terrorismo, mas um consórcio de imprensa liderado pelo jornal inglês The Guardian confirmou que aparelhos cujos números constam da lista e não pertencem a pessoas com antecedentes criminais foram infectados. O México, onde o uso indevido do Pegasus já havia sido denunciado, lidera com 15 mil números, seguido por Marrocos e Emirados Árabes Unidos, com dez mil cada. Também está na lista a Hungria de Viktor Orbán, líder que faz parte do movimento da direita autoritária que ameaça democracias pelo mundo. (Guardian)

Depoimento na CPI faz líder do governo admitir estar ‘desconfortável’

É propina, mas pode chamar de comissionamento. O representante de vendas da Davati Medical Supply no Brasil, Cristiano Carvalho, confirmou à CPI da Pandemia que o PM Luiz Paulo Dominguetti o informou de uma exigência de US$ 1 por dose numa negociação de 400 milhões de doses da vacina AstraZeneca, mas que achou se tratar de “comissionamento extra”. Segundo Dominguetti, a exigência foi feita por Roberto Dias, então diretor de Logística do Ministério da Saúde. Munido de cópias de mensagens, Carvalho disse ainda ter sido procurado insistentemente por dois grupos do ministério; um liderado por Dias, o outro pelo então secretário-executivo do Ministério da Saúde, coronel Élcio Franco, hoje assessor da Casa Civil. (G1)

Bolsonaro está internado, sedado, mas ainda não foi operado

O presidente Jair Bolsonaro amanhece nesta quinta-feira num leito do hospital Vila Nova Star, em São Paulo, onde está internado desde ontem para o tratamento de uma obstrução intestinal. Ele sentiu fortes dores abdominais durante a madrugada de quarta-feira e foi levado para o Hospital das Forças Armadas, em Brasília. O cirurgião gástrico Antonio Luiz Macedo, que acompanha o presidente desde o atentado a faca na campanha de 2018, foi chamado a Brasília e constatou a obstrução. O presidente vinha apresentando sinais de problemas de saúde, incluindo soluços persistentes. Bolsonaro foi transferido para São Paulo no fim da tarde, e, após exames de imagem, a equipe médica descartou uma cirurgia imediata. (G1)

CPI ameaça chamar Braga Netto e crise se aproxima das FFAAs

Está se formando, na CPI da Covid, consenso para convocar o ministro da Defesa, Walter Braga Netto, a depor. O general da reserva era ministro da Casa Civil durante a gestão de Eduardo Pazuello na Saúde e há suspeitas de ingerência de sua pasta nas negociações sobre compra de vacinas. Segundo Bela Megale, o Alto Comando das Forças Armadas diz que, dependendo de como o general da reserva for tratado e de eventuais “associações genéricas” entre militares e corrupção, pode haver uma reação como a nota em tom agressivo emitida na semana passada pelo ministério e pelos comandos das Armas. (Globo)

Mensagens sugerem que Bolsonaro se envolveu em esquema das vacinas

Mensagens no celular apreendido do PM Luiz Paulo Dominguetti indicam que o presidente Jair Bolsonaro esteve pessoalmente envolvido na negociação para compra de doses da AstraZeneca através da empresa Davati, com intermediação do próprio policial e do reverendo Amilton Gomes de Paula. Numa das mensagens, Dominguetti cobra de um interlocutor documentos porque “Bolsonaro está pedindo”. Em outra, diz que “o presidente tá apertando o reverendo. Tem um pessoal da presidência lá para buscar o reverendo”. (Antagonista)

Brasileiros veem um Bolsonaro corrupto e querem impeachment

A bandeira anticorrupção que Jair Bolsonaro agitou na campanha de 2018 já não tremula, segundo pesquisa do Datafolha. Segundo o levantamento, 70% dos entrevistados avaliam que há corrupção no governo, em particular no Ministério da Saúde, e 64% acreditam que o presidente tinha conhecimento disso. O único grupo em que não há visão predominante de que há corrupção é o dos empresários. Entre eles, 50% acreditam haver irregularidades, contra 48% que discordam, um empate na margem de erro. O dado da pesquisa que mais chama atenção, porém, é outro: pela primeira vez, mais da metade dos brasileiros desejam o impeachment: 54%. (Folha)

Bolsonaro é questionado oficialmente sobre corrupção de seu líder

São, hoje, 14 dias. Há duas semanas redondas, na CPI da Covid, o deputado Luiz Miranda acusou o presidente da República de ter sido informado de um esquema de desvio de dinheiro na compra de vacinas. Segundo Miranda, Jair Bolsonaro teria sinalizado na conversa que o responsável pela corrupção é o líder do governo na Câmara, Ricardo Barros (PP-PR). E nada foi feito. Ontem, oficialmente, o presidente da CPI, Omar Aziz (PSD-AM) enviou carta inquirindo Bolsonaro, cobrando resposta. “Somente Vossa Excelência pode retirar o peso terrível desta suspeição dos ombros deste experimentado político, o deputado Ricardo Barros”, escreveu. (G1)