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Idelber Avelar

Colunista do Meio. Idelber Avelar é professor na Universidade Tulane. É autor de Alegorias da derrota (UFMG, 1999), Figuras da violência (UFMG, 2011), lançados originalmente em inglês, e Eles em nós: retórica e antagonismo político no Brasil do século XXI (2021), entre outros. Editou o blog O Biscoito Fino e a Massa.

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São Paulo 2 x 1 Barcelona (1992): o maior time da história tricolor

A final da Copa Intercontinental entre São Paulo e Barcelona, jogada em Tóquio em dezembro de 1992, foi precedida de um pacto inédito na história do futebol em alto nível. Os dois técnicos, Telê Santana e Johan Cruyff, se reuniram na véspera da partida, ante o testemunho do árbitro argentino Juan Carlos Lostau, e se comprometeram que suas equipes não recorreriam à violência nem à cera, e que qualquer de seus jogadores que o fizesse seria substituído. A vitória do São Paulo encerrou em definitivo o período em que um clube sul-americano podia reclamar, de forma indiscutível, a coroa de melhor time do mundo. Três outros clubes brasileiros voltaram a ser campeões do mundo, mas em jogos muito particulares, com atuações históricas de seus goleiros. No caso do São Paulo x Barcelona de 1992, tratava-se de um encontro de equipes gigantes em igualdade de condições e o SPFC foi superior. O jogo também representou a redenção definitiva de Telê Santana, depois de ser chamado de azarado, pé-frio, ingênuo ou até de incompetente nas Copas de 1982 e 1986. Este episódio analisa a disposição tática do jogo que marca a coroação do maior time da história do São Paulo Futebol Clube.

O triunfo do futebol moderno: Barcelona 2 x 0 Manchester United (2009)

O "futebol moderno" nasceu com o Ajax e a Laranja Mecânica de Rinus Michels, nos quais brilhava o gênio de Johan Cruyff, continuou com o Barcelona do Cruyff ainda jogador nos 1970, e chegou à sua maturidade com o Barcelona dirigido por Cruyff no começo dos 1990.  Embora essas equipes tenham sido vitoriosas, sempre faltou-lhes algo: a Laranja Mecânica perdeu as finais de 1974 e 1978, o Barcelona em que jogava Cruyff ganhou a liga mas não chegou a ser campeão europeu, e quando conquistou a sonhada Champions, com Cruyff no comando, o Barcelona sucumbiu ante o São Paulo de Telê Santana pela coroa mundial.  Somente com o Barcelona comandado entre 2008 e 2012 pelo sucessor de Cruyff, Pep Guardiola -- volante chave na equipe dos 1990 --, o chamado futebol moderno, total, da escola holandesa-catalã, se afirmou indiscutivelmente como o melhor do mundo. Na final da Champions League de 2009, o favorito era o Manchester United. Os ingleses vinham dominando a competição e o ManU era o time de Rooney, Giggs, Evra, Tévez, Scholes e Cristiano Ronaldo. O campeão espanhol era uma equipe de talentosos, mas relativamente inexperientes espanhóis de nomes Xavi, Iniesta, Busquets e Puyol, acompanhados de um jovem gênio argentino ainda despontando para o mundo, Lionel Messi. Depois de dez minutos equilibrados, o jogo foi um massacre em que o ManU corria atrás da bola, o Barcelona desenhava triângulos com ela e o placar final de 2x0 esteve longe de traduzir a sensação de enorme superioridade de um lado sobre o outro. Este episódio destrincha taticamente uma das partidas mais importantes da era moderna, a final da Champions League de 2009.

Brasil 1 x 2 Uruguai (1950): análise tática do Maracanazo

A Copa de 1950 é a mais estudada da história no Brasil. No entanto, na longa lista de livros, documentários e matérias sobre ela, fala-se muito pouco do futebol em si, de como os jogos foram jogados. O ufanismo e o clima de já-ganhou, o posterior conceito de complexo de vira-latas, a estigmatização racista dos jogadores negros, a construção do Maracanã e a campanha eleitoral daquele ano (e as várias distrações que trouxe ao time) têm sido os temas dominantes. As perguntas que respondemos aqui são diferentes e tentam iluminar o jogo em si: por que a narração da partida faz tantas alusões a Ghiggia carregando a bola dezenas de metros até receber o combate de Bigode? Em que tática jogava o Brasil nos anos 1940 e qual foi a mudança feita para a Copa? O que diferenciava a tática do Uruguai e da Suíça (os dois países que o Brasil não conseguiu bater) da tática das seleções que o Brasil derrotou (México, Iugoslávia, Suécia e Espanha)? Qual é a diferença entre um WM e uma diagonal? Por que podemos dizer que o Brasil jogou “torto” contra o Uruguai? Essas são algumas das perguntas que exploramos neste episódio do Meio de Campo.

Fluminense 0 x 2 Internacional, a semifinal do Brasileirão de 1975

Meio de Campo, novo programa do Meio, com Diego Ambrosini e Idelber Avelar. O Internacional de Porto Alegre foi a grande dinastia do futebol brasileiro dos anos 1970, conquistando o título nacional em 1975, 1976 e 1979.  Até o começo dos anos 1970, a atenção do público era fortemente concentrada no eixo RJ-SP.  Por isso, quando se anunciou a semifinal do campeonato brasileiro de 1975 entre o Fluminense dirigido por Didi e o Internacional de Rubens Minelli, no Maracanã, poucos apostavam no Colorado.  O Fluminense era "A Máquina" que reunia vários titulares, ex titulares e futuros titulares da seleção:  Rivellino, Paulo César Caju, Félix, Marco Antônio. O que aconteceu foi um choque. Acostumado com o campeonato carioca, em que a carregada da bola até o meio-campo era relativamente tranquila, o Fluminense foi esmagado na saída de sua área pela pressão de Valdomiro, Lula e Flávio Minuano. Rivellino foi anulado pelo jovem Caçapava.  Carpegiani e Falcão passearam no Maracanã, o Internacional venceu por 2 x 0, o Brasil iniciou sua transição rumo à pressão na saída de bola, e o futebol do Rio Grande do Sul nunca mais deixou de ser visto com enorme respeito.  O episódio desta semana do Meio de Campo analisa o Fluminense 0 x 2 Internacional que mudou a história do futebol brasileiro.

Jeno ‘Marinetti’ Medgyessy: um húngaro inventor do futebol brasileiro

Meio de Campo, novo programa do Meio, com Diego Ambrosini e Idelber Avelar. Jeno Medgyessy, ou Marinetti, foi um técnico húngaro que viveu no Brasil entre 1926 e 1933. Nesse período, ele foi técnico de Botafogo, Fluminense, Atlético Mineiro, Palestra Itália (o futuro Palmeiras) e São Paulo. Marinetti revolucionou a forma de jogar e os métodos de treinamento, organizou duas excursões sul-americanas do clube húngaro Ferencváros, e foi o mediador entre Rio e São Paulo na unificação das regras do profissionalismo. Apesar de pouco conhecido, ele foi enormemente influente na configuração do que chamaríamos depois de jeito brasileiro de jogar. O episódio mostra que boa parte do que consideramos mais brasileiro no futebol se originou em aportes húngaros, anteriores, inclusive, aos mais conhecidos Dori Kürschner e Béla Guttmann.

O primeiro choque da Canarinho tricampeã do mundo

Meio de Campo é o novo programa do Meio! Um bate-papo sobre história e futebol com Idelber Avelar e Diego Ambrosini. No episódio de estreia: Holanda 2 x 0 Brasil, pela Copa de 1974, um capítulo chave e pouco estudado da história do futebol. Não seria exagero dizer que neste jogo nascia oficialmente a era do futebol pressão, em que passava a ser impossível carregar a bola com sossego. Vinte e quatro anos depois do Maracanaço, a soberba voltava a cumprir um papel em uma derrota brasileira na Copa do Mundo. Mesmo depois de Feyenoord e Ajax terem emplacado quatro troféus europeus de 1970 a 1973, e de a Holanda haver esmagado Uruguai e Argentina na Copa, Zagallo ainda zombava do “futebol de diversão” dos holandeses, que não competiria com o Brasil. Em contraste com a soberba de Zagallo, Rivellino declarava que os europeus vinham jogando com intensidade até então desconhecida, e que estava nascendo outro jogo. A Holanda era superior, mas sua vitória dependeu decisivamente da arbitragem, que não estava acostumada a medir a olho nu impedimentos ilusórios a partir do avanço coordenado da última linha de zagueiros holandeses. Discutiremos toda a preparação do Brasil, as oscilações de Zagallo na escalação, a violência da partida e a revolução realizada pelo futebol total holandês.

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