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Rita Lee e censura moral na ditadura militar

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Com mais de 50 anos de carreira, Rita Lee coleciona prêmios, hits e milhões de álbuns vendidos, mas também outro recorde inusitado: foi a compositora mais censurada durante o período da ditadura militar no Brasil que se estendeu de 1964 a 1985. Embora Chico Buarque e Caetano Veloso, com suas músicas de protesto, tenham sido perseguidos durante o regime, a rainha do rock brasileiro carrega o título, que já inspirou até livro. “Ditadura e censura nas canções de Rita Lee” (Editora Appris), escrito por Norma Lima, mergulhou nos arquivos dos órgãos de repressão para concluir, por fim, que a preocupação com a “moral e os bons costumes” era tão grande quanto com a “oposição política” característica nas músicas de Caetano e Chico. A canção de 1977 “De Leve”, versão de Rita e Gilberto Gil para “Get Back” dos Beatles, é um exemplo da repressão no período. A canção original solicitava aos dois personagens (Jo Jo, que abandonara a sua cidade natal à procura de maconha e Loretta Martin, que pensava ser mulher, mas que na verdade era homem) que retornassem à sua terra. A versão brasileira cantada por Gil e Rita sugeria que se pegasse “de leve” com a história deles, sem preconceito. Um letra à tolerância aos comportamentos sexuais e de gênero não-normativos. No livro “favoRita”, biografia lançada em 2018 (Globo Livros), a cantora conta em detalhes sobre sua fase mais “proibidona”. Em entrevista ao ‘O Estado de S. Paulo’, Rita fala sobre suas composições ao longo das décadas. “Nunca pensei que o que fiz durante 50 anos fosse o que se chama feminismo: eu ligava o foda-se e entrava decidida no mundinho considerado masculino, cantando sobre o que me desse na telha; de menstruação a menopausa, de trepada a orgasmo. Fora o resto.” Outra entre várias músicas censuradas na época da ditadura militar foi “Banho de Espuma”. Originalmente, a canção se chamaria “Afrodite”. Com as edições feitas para ser liberada pelos censores, a canção ganhou o novo título e saiu no álbum “Saúde”, de 1981. 

Como era a letra de “Afrodite”:

“Que tal nós dois

Numa banheira de espuma

El cuerpo caliente

Num dolce far niente

Sem culpa nenhuma

Fazendo massagem

Relaxando a tensão

Em plena vagabundagem

Em qualquer posição

Falando muita bobagem

Bulinando com água e sabão”

Como ficou a nova versão, “Banho de Espuma”:

“Que tal nós dois

Numa banheira de espuma

El cuerpo caliente

Num dolce far niente

Sem culpa nenhuma

Fazendo massagem

Relaxando a tensão

Em plena vagabundagem

Com toda disposição

Falando muita bobagem

Esfregando com água e sabão”

Além da censura nas letras, Rita Lee também chegou a ser presa em 1976. Ela foi condenada a um ano de prisão domiciliar por porte e uso de maconha, mas passou 15 dias detida e foi solta graças aos esforços de ninguém menos que Elis Regina, que “fez um barraco” na delegacia ao visitá-la. Lançada neste mês “Exposição Samsung Rock – Rita Lee”, em cartaz no Museu da Imagem e do Som (MIS), em São Paulo, mostra fotos, poemas e até a letra de uma música nunca gravada que relembra a vida da cantora ao lado do músico Roberto de Carvalho. Ainda na mesma entrevista dada ao jornal ‘O Estado de S. Paulo’, a camaleoa justifica a disparidade entre a censura moral e a política em suas músicas. “Acredito que os “home” da censura me viam como uma Maria Madalena que gostariam de apedrejar.”

Ouça “Banho de Espuma”, de 1981. (YouTube)

E “De Leve”, do álbum “Refestança” com Gilberto Gil, de 1977. (YouTube)

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