O que esperar da CPI do Crime Organizado?

A primeira sessão da CPI do Crime Organizado no Senado foi uma aula de política feita por adultos — com debate, divergência e sem histeria. Isso quer dizer que todas vão ser assim? Dificilmente. Mas a escolha da mesa de comando dos trabalhos, que acabou com Fabiano Contarato na presidência, Hamilton Mourão na vice, e Alessandro Vieira na relatoria, e o tom com que ela foi conduzida chegam a dar alguma esperança.
Caos no Rio e gol contra de Lula

Lula vive um dos melhores momentos de imagem do seu governo — e justamente com quem menos se esperava: Donald Trump. Mas uma frase desastrosa sobre traficantes serem vítimas de usuários de drogas revela a urgência de Lula se atualizar no assunto segurança pública. E a megaoperação do Rio reforça como esse tema vai ser, de longe, o mais importante da disputa eleitoral.
O que Lula quer de Boulos?

O presidente nomeou Guilherme Boulos ministro e tirou da corrida eleitoral um dos maiores puxadores de votos da esquerda. Mas há um cálculo por trás: Boulos entra no governo pra mobilizar as ruas, pressionar o Congresso e tentar reconquistar o novo trabalhador — o motoboy, o entregador, o autônomo que o PT nunca conseguiu representar. É um movimento ousado. Mas é também um risco num momento em que a esquerda precisa, mais do que nunca, fazer bancada no Congresso.
Janja, Michelle e a vaga do STF

Lula publicou um decreto regulamentando a atuação pública de Janja. O timing não podia ser pior. No melhor momento de sua popularidade e precisando indicar um novo ministro para o Supremo Tribunal Federal, escolheu gastar capital político numa pauta que é prato cheio para a oposição. Os bolsonaristas, por sua vez, estão espalhando mentira sobre o decreto e esbanjando hipocrisia, já que Michelle Bolsonaro atuou politicamente como poucas primeiras-damas. Se Lula quer marcar história e contemplar as mulheres de verdade, inclusive a sua, o caminho é outro — indicar uma ministra ao STF.
Eduardo Bolsonaro perdeu

O Zero Três parece se mover num tabuleiro em que só ele ainda acredita que está jogando. Ele coleciona distâncias — do Congresso, do PL, dos aliados e, agora, até de Donald Trump. A direita está em guerra interna: Valdemar Costa Neto, Ciro Nogueira, Tarcísio e Michelle Bolsonaro disputam o rumo do bolsonarismo enquanto Eduardo tenta manter viva a chama ideológica de Olavo de Carvalho — mas, no fim, em escala nacional, pode estar falando sozinho.
Tarcísio ou Família Bolsonaro?

Falta um ano para o primeiro turno de 2026, mas toda a política brasileira já joga com esse calendário em mente. Lula aposta em medidas de impacto para fortalecer sua popularidade, enquanto Bolsonaro, inelegível e condenado, hesita em definir um sucessor. Entre Tarcísio, Michelle e outros nomes da direita, o barulho que se faz hoje pode definir quem chega vivo ao mês decisivo da campanha.
Lula x Trump na ONU

Na abertura da Assembleia Geral da ONU, Lula falou como estadista: defendeu a democracia, a soberania brasileira, condenou o massacre em Gaza e foi aplaudido cinco vezes. Trump, no mesmo palco, improvisou ataques, ironizou a ONU, citou o Brasil com condescendência e reafirmou tarifas duras. Aos 80 anos, a ONU virou palco de um contraste histórico entre multilateralismo e autoritarismo.
Tyler Robinson é de esquerda ou de direita?

Talvez a gente nunca saiba. O assassinato de Charlie Kirk expõe muito mais do que a tragédia em si: revela um ecossistema de radicalização difusa, em que símbolos contraditórios, ironia e violência digital se misturam. O que já se sabe sobre o atirador Tyler Robinson e a forma como a extrema direita explora politicamente o caso ressaltam por que entender esse episódio é crucial para repensarmos a necessidade de lideranças mais responsáveis.
A sacada do voto de Alexandre

O ministro Alexandre de Moraes escolheu não se concentrar tanto no 8 de Janeiro ou na emboscada que kids pretos fizeram contra ele. Mas foi didático e pormenorizou diversos episódios que, juntos, mostram como a trama golpista se deu. E, numa estratégia inteligente, relacionou a live que a denúncia apresenta como momento inaugural do golpe com o discurso dos detidos no 8 de janeiro para mostrar como a trama teve começo, meio e fim — e como seu líder era Jair Bolsonaro.
O primeiro dia do golpe e o primeiro do julgamento

O STF começou a julgar os réus por tentativa de golpe com recados altos e claros de Alexandre de Moraes e Paulo Gonet. A tensão entre democracia e autoritarismo esteve no centro de suas falas, cada um a sua maneira. Entre os destaques de Gonet, estava o dia 7 de setembro de 2021, quando Bolsonaro desafiou abertamente o Supremo. O que se sabe desse dia revela como o ataque à democracia começou cedo — e por que este pode ser o julgamento do século.