Cá Entre Nós

Flávia Tavares aponta o rei que está nu, a sujeira embaixo do tapete, a gota d’água que faz transbordar, enfim, a hipocrisia. Mas só aqui, entre nós.

Toda terça às 17:15

Quanto vale a vida de um palestino? E de um traficante?

Diante das cenas de horror dos reféns israelenses sendo levados por terroristas do Hamas ou de crianças palestinas sendo bombardeadas em retaliação, nos deparamos com a imensa capacidade dos indivíduos e das sociedades de desumanizar o outro. Não só em guerras, mas em contextos de violência cotidiana também fazemos isso. A desumanização do outro atende a interesses políticos. Resistir a ela é possível e necessário.

Flávio Dino na mira

Com a guerra conflagrada entre as polícias e o crime organizado e sua possível indicação ao Supremo Tribunal Federal, Dino está na berlinda. Mas a segurança pública é problema crônico, é a área em que o Brasil menos avançou, até retrocedeu nos últimos 30 anos. Ignorar as críticas de quem entende do assunto ou tapar o sol com a peneira com relação aos erros do PT na Bahia não ajuda. E o próprio Dino sabe disso.

O escárnio do general Heleno

O ex-ministro-chefe do Gabinete de Segurança Institucional agiu com profundo desprezo pelos parlamentares, pela democracia e pela verdade. Nada inédito na trajetória de um militar que foi relevante na ditadura e ainda a defende. É que, ainda assim, testemunhar esse nível de desdém e saber que, muito provavelmente, isso não vai dar em nada, é doloroso e desanimador.

A Constituição é de direita ou de esquerda?

Vários pontos da Carta Magna estão em debate no Congresso e no Supremo Tribunal Federal. Muitos deles passam por questões que dividem a sociedade, como a descriminalização das drogas e o aborto, além do marco temporal das terras indígenas e o casamento homoafetivo. Mas, afinal, para que lado deve pender a interpretação do texto constitucional? E quem deve dar a palavra final? É a própria Constituição que nos dá as respostas.

Bolsonaro, o cristão perseguido

Em 2011, ainda deputado, Bolsonaro fez um cálculo político. Era hora de ampliar seu público eleitoral. Ele escolheu a pauta de costumes e religiosa e, duas eleições depois, se tornou presidente. Mas nunca deu sinais de que realmente incorporou a lição 1 do cristianismo. Falar de religião e política vai ser um necessário exercício da nossa democracia. Antes, precisamos desmascarar quem usa Deus como escudo político.

O mérito dos super-ricos

Dá pra defender que super-rico não deve ser taxado como os demais investidores? Se eles tiverem o senso de que qualquer virtude vai além das conquistas, tem de passar necessariamente pelo que se dá de volta, não dá. Mas a história da Humanidade mostra como é difícil trazer parte da elite pra mesa pra conversar sobre privilégios — e ônus na construção de uma democracia.

A traição de Lula a Janja

Ao que tudo indica, Lula caminha a indicar mais um homem, branco, para o STF. Isso seria uma imensa traição aos movimentos que o sustentam e à socióloga feminista que Janja é. Não adianta acusar o mundo de ser machista ao derrubar Dilma ou criticar Janja e perpetuar a escolha só de homens para cargos de poder. Para ser aliado da luta, não basta não agredir mulheres. Não impedir que elas avancem. É preciso garantir seu acesso a lugares onde elas estão interditadas.

Amor de mãe pra “família militar”

Comandante do Exército falando em “família militar”, general pedindo pra jantar com a Janja, hacker querendo Nescau. Tem muito macho golpista precisando de afago e colo. Mas não se releva ou se premia crime oferecendo prestígio político em troca. Qualquer mãe sabe disso.

Os militares e o apagão do bolsonarismo

É engraçado testemunhar a patacoada corrupta de bolsonaristas e militares? Se é. Só que por trás da comédia pastelão tem o fato de que instituições brasileiras, inclusive as Forças Armadas, estiveram dispostas a endossar o bolsonarismo sabendo exatamente do que se tratava. É hora de o PT agir pra diminuir de vez o poder dos militares na política.

A gente precisa da polícia. Mas de qual?

Policiais que estão sempre em estados de guerra, com cada vez menos preparo e orientação, incitados por governantes que querem mais ação e menos inteligência, não conseguem fazer bem seu honrado trabalho de proteger os cidadãos. E o preconceito com a polícia ou com os direitos humanos não ajuda a resolver essa equação.