Brasília espera para esta semana a lista do procurador-geral da República, Rodrigo Janot. Nela estarão, provavelmente, dezenas de pedidos de abertura de inquérito contra autoridades, todos baseados nas diversas delações feitas por executivos da Odebrecht. A expectativa é de que, entre os nomes, apareçam os ex-presidentes Lula e Dilma, os ministros Moreira Franco e Eliseu Padilha, além de José Serra, Aécio Neves, Guido Mantega e Antonio Palocci. O presidente Michel Temer, segundo vazamentos, também foi citado nas denúncias. Mas a lei impede que presidentes sejam investigados por crimes cometidos fora do mandato. A dúvida é se o atual mandato inclui o período como vice ou não. Janot pode pedir, também, que inquéritos em curso sejam arquivados, ou incluir novos pedidos relativos a investigações que já ocorrem. É possível que ele requeira ao Supremo que partes das delações sejam tornadas públicas. Causa ansiedade, na capital, uma dúvida sobre as autoridades que não têm mais direito ao foro. Janot pode encaminhar seus nomes ao STF para que o tribunal os redistribua para as cortes inferiores, ou fazer os pedidos direto à primeira instância. Se passarem antes pelo Supremo, os advogados têm chance de retardar o processo.
Aliás… A avaliação no PT, PMDB e PSDB é a mesma. Com líderes políticos de todos os partidos se misturando, aumentam as chances de Lula argumentar que está sendo perseguido. Mas, ainda assim, a estratégia de tucanos e peemedebistas passa pelo argumento de que seus pecados são menores que os dos petistas, se resumem ao uso do caixa dois. (Folha)
E… Lula e Fernando Henrique estão se aproximando. Segundo Jorge Bastos Moreno, os dois ex-presidentes conversaram longamente ao telefone. Ficaram de incluir Temer no assunto. (Globo)
Repórteres do Estadão conversaram com cinco dos sete ministros do TSE. Ouviram que as delações da Odebrecht reforçam, do ponto de vista legal, a cassação da chapa Dilma-Temer. Mas ouviram também que eles vão levar em consideração a estabilidade do país.
Rigoroso, referência em direito ambiental e do consumidor, com planos de fazer história. Conheça o ministro Herman Benjamin, relator do processo que pode derrubar Temer no TSE. (Folha)
Eliseu Padilha retorna hoje a Brasília mas ainda não está claro se volta ao governo. (Globo)
Lula deve sair candidato à presidência no mês que vem. Seu próximo depoimento ao juiz Ségio Moro está marcado para 3 de maio. Já seria pré-candidato. (Folha)
Em palestra na Suíça, a ex-presidente Dilma declarou que foi um erro a promoção de desonerações fiscais, em 2014. “Acreditava que, se diminuísse impostos, teria um aumento de investimentos. No lugar de investir, eles aumentaram a margem de lucro.” (Estadão)
“Delação quando nasce / esparrama um montão. / O Temer quando ouve / fala: Imagina, eu não.” Os versos são de Eduardo Cunha, cujo livro Diário da Cadeia chega às livrarias no dia 27. Ou quase. Embora estampe o nome do ex-presidente da Câmara na capa, trata-se de pseudônimo, já que o livro, na verdade, foi escrito por autor secreto, conta Lauro Jardim, no Globo.
Enquanto isso… Uma fotografia do professor-pop Leandro Karnal, na qual jantava com Moro, causou alvoroço nas redes sociais. Entre a patrulha de quem considera Moro o grande vilão da pátria e a euforia de quem o acha seu maior herói, o tema dominou as linhas do tempo. “Tenho imensa curiosidade em conversar com pessoas que fazem parte da história”, escreveu Karnal em seu Facebook. “Lamento a polarização no Brasil. O momento brasileiro é estranho e há uma vontade nacional de crucificar.”
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