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Para salvar a democracia vale quase tudo, afirma André Janones

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“A gente precisa restabelecer uma democracia plena no nosso país, e na minha opinião, para salvar a democracia vale quase tudo.” É o que pensa o deputado federal André Janones (Avante-MG) sobre o uso de estratégias de comunicação utilizadas pelo bolsonarismo nas redes sociais para vencer a disputa de narrativas contra a extrema direita. Em entrevista ao programa #MesaDoMeio, ele reconhece que as táticas combativas utilizadas em campanha pioram o debate público e faz mal para a democracia, mas “infelizmente nós, enquanto coletividade, não fomos capazes de impedir a ascensão da extrema direita no Brasil e ela precisa ser combatida. Para isso, precisamos vencer essa guerra e colocar os radicais no lugar deles”.

O deputado lembra que os bolsonaristas foram os primeiros a entender o funcionamento das das redes sociais e o potencial dessas ferramentas no meio da política. Para os próximos anos, ele defende manter as estratégias que deixaram a campanha de Jair Bolsonaro na defensiva durante as eleições e “utilizar o mesmo método deles, mas com objetivos distintos”, se referindo a respeitar a imprensa, a Constituição Federal e as instituições democráticas “com um limite ético”. O aliado da campanha petista entende que conseguiu desestabilizar os oponentes na eleição presidencial porque “eles não estão acostumados a se defender, a enfrentar alguém que saiba utilizar as mesmas técnicas que eles”.

Para Janones, todo o campo progressista precisa se reciclar e entender melhor o funcionamento das redes sociais. Ele diz que não se deve subestimar, nem superestimar a capacidade de Bolsonaro em estratégias políticas, ao avaliar o caso das garotas venezuelanas em que o presidente disse em um podcast que “pintou um clima” com as jovens. O deputado recorda que houve quem o criticasse pela abordagem do assunto nas redes, pensando que o caso tinha sido criado intencionalmente por Bolsonaro para confundir a campanha de Lula durante a eleição. “Tem gente que pira, que esse cara é um gênio, que ele sabe tudo, e que tudo que ele faz tem um quê de genialidade por trás”, avalia. “Nós não estamos diante de um Napoleão Bonaparte do século XXI. É o Bolsonaro, um tiozão do Zap extremamente limitado.”

Ao contrário do que ficou conhecido como “gabinete do ódio”, no qual uma equipe liderada pelos filhos de Jair Bolsonaro arquitetava os planos de mobilização dos apoiadores do presidente, Janones disse que não tem uma estrutura com equipe de comunicação para ajudar no conteúdo de suas redes sociais, fazendo tudo sozinho. “Eu não tenho linhas de transmissão para mandar links das lives em grupos de WhatsApp. Eu só estou em grupos de família. Agora que estou em um grupo de campanha do presidente Lula”, afirma. Comparando sua estrutura com a do bolsonarismo, o deputado deu nota zero para o desempenho desse grupo a que chamou de “extremamente fraco e limitado”.

André Janones diz que os linchadores virtuais se acostumaram a encurralar os progressistas, e que para combatê-los, é preciso usar o mesmo tom. “Eu não vejo isso como rebaixar o nível”, defende, ao dizer que há um grupo relevante da sociedade que se comunica por memes e outras formas mais simples de se expressar, e isolá-las não as tira do debate político, mas dá espaço para que a extrema direita coopte essas pessoas para o movimento antidemocrático. “A elite intelectual criou uma bolha em que a turma do Facebook, ou o vendedor de buginganga da esquina não fazem parte da democracia”, critica, ao ressaltar que o bolsonarismo percebeu isso e juntou essas pessoas em um movimento. “Se a gente não preenche esse espaço, cria um vácuo que está sendo preenchido no Brasil e no mundo pela extrema direita”.

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