Para dar Copa do Mundo a Messi, argentinos fizeram o “jogo da vida” contra os franceses

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Após 36 anos de espera, a Argentina volta a comemorar a conquista de uma Copa do Mundo. Mas para isso, teve de protagonizar um dos jogos mais emocionantes da história dos mundiais. Para o jornalista Márvio dos Anjos, a seleção entrou em campo para fazer “o jogo da vida” e dar um título a Messi, para que ele pudesse chegar ao mesmo patamar de Maradona. “Isso é de um nível mitológico, que só na Argentina se pode entender.” Em bate-papo no programa #MesaDoMeio na Copa, ele afirma que o esforço que o país empregou para ganhar esta Copa é comparável apenas à conquista do tetra brasileiro, em 1994.

Com o alto nível de jogo entregue por Argentina e França na final da Copa, muitos brasileiros questionaram se a seleção do técnico Tite teria condições de enfrentar um adversário tão obstinado quanto a Argentina em um cenário de decisão entre ambas as equipes. Para o editor-chefe do Meio, Pedro Doria, o Brasil não teria tamanho para participar de uma final como a do último domingo. “Eu não vejo o time brasileiro nem com estrutura emocional, nem com organização, nem com raça para participar daquela final.” O jornalista e escritor David Butter acredita que uma decisão entre os sul-americanos seria diferente do que foi a final desta Copa porque as seleções se comportariam de maneira distinta, por se conhecerem e saberem o que esperar uma da outra. Para ele, a grande diferença entre Brasil e Argentina está na questão “campo e bola”, com os argentinos sabendo se organizar taticamente em relação a cada adversário.

A comemoração de grande parte dos brasileiros com a vitória argentina também chamou a atenção durante esta Copa. Se antes havia uma rivalidade entre os vizinhos, no domingo foi possível ver mais brasileiros comemorando o tricampeonato da seleção do técnico Lionel Scaloni. Pedro Doria lembra que “vinte anos atrás, uma vitória da Argentina seria uma derrota brasileira”. Para David, a diferença entre essas épocas está em Lionel Messi, que fez uma carreira construindo sua imagem com apoio do marketing, habituando os amantes do futebol a torcer pelo craque, mesmo jogando pela seleção argentina. “A gente está acostumado a ver o Messi na tela da nossa casa, a ver histórias sobre ele”, explica.

Para Márvio, a maior antipatia dos brasileiros seria pela França, que “castigou” o Brasil nas últimas Copas. Ele lembra que a Argentina não era um grande problema para a seleção canarinho desde o início da década de 1990, quando tiveram altos e baixos nas competições e representava um risco menor. Mesmo sendo satisfatório ter a sensação de ganhar dos “hermanos”, “o nosso problema estava na Europa, com a gente tomando 7 a 1 da Alemanha”.

Mesmo sem ter experiência treinando grandes equipes, Lionel Scaloni conduziu a Argentina ao tão sonhado Mundial, mostrando que o país segue sendo o celeiro de técnicos de qualidade, diferentemente do Brasil. Márvio avalia que Scaloni é um treinador sem medo de gerenciar sua equipe e moldou a seleção de uma maneira mais flexível do que poderia ser feito em um time cheio de estrelas, como a seleção brasileira. David avalia que o nível de formação técnica na Argentina é superior ao brasileiro, por ter como mentalidade olhar o que existe de melhor no mundo, mas se adaptando à realidade local, buscando o “jeito argentino” de jogar.

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