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O que a beleza movimenta na economia?

A indústria da beleza não perde o fôlego mesmo quando a economia desacelera. O setor cresceu 12% em 2024 na América Latina e o Brasil respondeu por 40% desse volume, sendo a quarta força no mercado global. Mas o impacto não é só no consumo. São mais de 7 milhões de empregos diretos e indiretos ligados ao setor no país e exportação para mais de 170 países. Esse volume influencia desde o PIB até a renda de profissionais autônomos. Com isso, a área virou também um polo estratégico para multinacionais como o Grupo L’Oréal.

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Só em 2023, o grupo francês movimentou R$ 19,5 bilhões no país. Impactaram cerca de 3 mil empregos diretamente, mas cada uma delas puxou, em média, outras 14 na economia. A cadeia de valor da L’Oréal passa por indústria, inovação, marketing, distribuição, salões, lojas e redes sociais, além de sustentar um exército de pequenos negócios. É nesse ponto que o setor encontra o empreendedorismo, pois entre os quase 15 milhões de microempreendedores individuais (MEIs) no país, 1,3 milhão são da área da beleza.

A força empreendedora se sustenta em uma forte demanda. Segundo a Mordor Intelligence, o mercado de estética no Brasil deve chegar a US$ 41,6 bilhões em faturamento até 2028. O país realiza cerca de 1,5 milhão de procedimentos estéticos por ano, com preferência crescente por métodos menos invasivos, como harmonização facial, aplicação de toxina botulínica e ácido hialurônico. A busca é por resultados rápidos e pouca recuperação, algo que dialoga com o cotidiano corrido e a influência das redes sociais.

O crescimento também reflete mudanças demográficas e comportamentais. A população está envelhecendo, a classe média ampliou o consumo e o autocuidado ganhou contornos mais amplos, envolvendo autoestima, saúde mental e pertencimento. Segundo uma pesquisa da Offerwise, 70% dos brasileiros usam produtos de beleza para se sentirem bem e 8 em cada 10 dizem que pretendem manter ou aumentar os gastos nesse tipo de item. O setor, que já movimentava US$ 26,9 bilhões em 2022, deve avançar em média 7,2% ao ano até 2027, chegando perto dos US$ 40 bilhões.

Esse dinamismo também aparece nos dados do varejo. No primeiro semestre de 2024, o setor de cosméticos e fragrâncias de prestígio faturou R$ 1,8 bilhão no Brasil, com crescimento de 18% em valor e 11% em volume de vendas. Maquiagem liderou, impulsionada por blushes, batons e corretivos que viralizaram no TikTok. O segmento de skincare teve alta semelhante, com destaque para produtos multifuncionais com proteção solar. As fragrâncias cresceram menos, mas ainda somaram 15%, com lançamentos respondendo por 80% desse avanço. O comércio eletrônico subiu 13%, mas foram as lojas físicas que surpreenderam e aumentaram 20%, puxadas por novas unidades e pela volta dos trabalhos presenciais.

Enquanto isso, o modelo de franquias consolida sua presença. Segundo a Associação Brasileira de Franchising, o setor de beleza foi o segundo que mais cresceu em 2023, com alta de 17,5%. Entre os serviços que mais avançaram estão depilação, design de sobrancelhas, manicure e pedicure.

Passando longe da futilidade ou apenas da estética, a beleza no Brasil tem um peso econômico enorme, que gera renda, movimenta cadeias produtivas e impulsiona exportações. Mesmo diante de crises, juros altos ou inflação, o setor mantém crescimento consistente, puxado por um consumidor que vem valorizando mais o cuidado e encontra também uma indústria que inova, se adapta e não perde de vista o ritmo do mercado.

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