Com juros altos e inflação persistente, debêntures se tornam protagonistas do mercado
Com a taxa básica de juros, a Selic, a 15% ao ano e a inflação acima da meta, o investidor brasileiro passa a reavaliar cenários. As aplicações tradicionais pagam bem, mas o cenário já aponta para eventual queda dos juros a partir do primeiro trimestre de 2026, o que pode diminuir esses retornos no médio prazo. Nesse contexto, os investimentos em crédito privado, especialmente debêntures, ganham protagonismo como alternativa que alia rentabilidade com segurança.
Segundo a Associação Brasileira das Entidades dos Mercados Financeiro e de Capitais (Anbima), em 2024 o mercado de crédito privado atingiu R$ 633,6 bilhões em captação, sendo que as debêntures responderam por R$ 381,4 bilhões. Foi um recorde de emissões, consolidando esse tipo de papel como canal direto de financiamento entre empresas e investidores.
Em 2025, o ritmo vem se mantendo forte, pois apenas no primeiro semestre o volume negociado no mercado secundário somou R$ 517 bilhões, um crescimento de mais de 15% sobre o mesmo período de 2024 e mais que o triplo do volume registrado uma década antes.
Com esse impulso, os fundos de renda fixa também embarcaram e mais de 60% da captação líquida da categoria em 2024 veio de fundos focados em crédito privado. O investidor pessoa física também teve grande participação. Só nas debêntures incentivadas, isentas de Imposto de Renda para financiamento de infraestrutura, pessoas físicas aplicaram quase R$ 50 bilhões no ano passado. A diversificação do público, somada ao apetite por mais rendimento, acelerou a participação desses ativos nas carteiras. Os recursos foram canalizados principalmente para setores estratégicos como transportes, energia e saneamento.
Esse movimento, porém, não se limita às emissões tradicionais. Na tokenização, esse mesmo instrumento de dívida é convertido em ativos digitais registrados em blockchain. Cada token representa uma fração da obrigação financeira e garante ao investidor os mesmos fluxos de juros e amortizações de uma debênture convencional. A diferença está no processo, nos quais contratos inteligentes automatizam registros e pagamentos, reduzindo intermediários e prazos, além de permitir aportes fracionados, acessíveis a investidores de varejo e ainda mais democráticos do ponto de vista financeiro.
As mudanças regulatórias recentes da CVM abriram caminho para que empresas de diferentes portes possam emitir dívida tokenizada, ampliando as alternativas de captação no mercado de capitais. Para os investidores, o apelo vai além da rentabilidade: ao contrário de debêntures tradicionais, muitas vezes pouco líquidas no mercado secundário, os tokens permitem negociação mais ágil em plataformas digitais.
E o crescimento do crédito privado tem impacto direto na economia real. As debêntures ou a tokenização permitem que empresas financiem expansão, aquisições ou infraestrutura com menos intermediação bancária. A alocação de capital se torna mais eficiente, com benefícios tanto para o tomador quanto para o investidor.
Por isso, a tokenização promovida por plataformas como o PeerBR se insere justamente nesse novo momento do mercado de crédito privado, onde inovação e acessibilidade caminham juntas. Ao permitir a compra de frações de debêntures de forma simples, digital e regulada, o acesso de um ativo historicamente restrito aos grandes investidores é ampliado e isso contribui para a democratização do mercado de capitais, além de facilitar os negócios de investidores pessoa física, empresas e promove a melhoria de setores estratégicos da economia.