A força feminina por trás da beleza brasileira
Em 2022, o setor de beleza no Brasil contabilizou mais de 2,5 milhões de profissionais ocupados, dos quais cerca de 80% eram mulheres, segundo o Senac. Elas movimentam um mercado que faz do país o terceiro maior consumidor de produtos de beleza no mundo.
Nos salões de bairro, clínicas de estética e no atendimento domiciliar, essas profissionais acabam optando pela área principalmente pensando em independência financeira e eventual flexibilidade para conciliar trabalho e responsabilidades familiares. Sete em cada dez empreendedoras afirmam acumular sozinhas as tarefas domésticas e a gestão do negócio.
A área é uma das portas de entrada mais acessíveis para o empreendedorismo feminino, sobretudo entre as camadas populares. Muitas começam com pouco capital, usando materiais básicos e então a partir de seu talento transformam as habilidades práticas em negócios. Cabeleireiros e manicures lideram o ranking de microempreendedores individuais (MEIs) no país, somando cerca de 1,2 milhão de registros, o equivalente a 9,1% de todos os MEIs.
Boa parte dessas profissionais atua de forma autônoma ou informal e ainda 68% prestam serviços em domicílio, segundo novamente o Senac. O rendimento tende a ser modesto, com mais da metade ganhando até um salário-mínimo por mês, ainda assim pode ser o primeiro passo rumo à autonomia e à segurança financeira.
Inclusive, pensando nisso, o Grupo L´Oréal, através do programa de Escolas de Beleza, lançado em 2017, já capacitou profissionalmente mais de 3.600 mulheres nas profissões de auxiliar de cabeleireiro e manicure, possibilitando a transformação de suas vidas através da beleza, promovendo empregabilidade e geração de renda.
Esse impacto positivo é ainda mais visível nas periferias e favelas. Uma pesquisa do DataFavela/Sebrae de Minas Gerais mostra que 87% dos empreendedores nesses territórios são de baixa renda e 73% são negros. O setor de beleza e estética responde por 14% dos negócios locais, atrás apenas da alimentação. Pequenos salões, cabeleireiras móveis e revenda de cosméticos se destacam como alternativas viáveis diante da falta de emprego formal.
Salões de bairro funcionam também como redes de apoio. Profissionais relatam que, para muitas clientes, o espaço é um dos poucos locais onde encontram acolhimento e informação sobre saúde ou até mesmo direitos e canais de denúncia de violência doméstica. Com alta taxa de participação feminina, capilaridade geográfica e baixo custo de entrada, o setor de beleza combina geração de renda com fortalecimento comunitário. A rede mantém então grande relevância econômica e social, especialmente para mulheres em situação de vulnerabilidade.