Ethan Hawke tem seu dia de Freddy Krueger

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Existe uma regra de ouro dos filmes de terror desde os tempos da Universal: o monstro/vilão nunca morre de verdade. E o mais novo exemplo é O Telefone Preto 2. Sim, todos nós vimos o Pegador, o assassino de crianças vivido por Ethan Hawke, morrer queimado no fim do primeiro filme, mas desde quando isso é problema para Hollywood? Finney (Mason Thames), o garoto que, com a ajuda dos fantasmas das vítimas anteriores, sobreviver e fez churrasquinho de assassino, descobre que a irmã está sendo perseguida em sonhos pelo espírito do criminoso. Pois é, um matador de crianças morre queimado e volta em sonhos para se vingar. Mais Freddy Kruger, impossível. E ainda com um toque de Jason, já que, guiados pelos sonhos da jovem, vão todos parar num acampamento na floresta.
E a semana é marcada por uma verdadeira obsessão do cinema americano, o criminoso gente boa. O primeiro dos três títulos nesta linha se chama bem explicitamente O Bom Bandido, estrelado por Channing Tatum e baseado numa história real. Ele é Jeffrey Manchester, um ex-militar na miséria que usa sua inteligência para entrar e sair de lugares para cometer roubos, ficando conhecido como “o ladrão do telhado”. O anti-herói é preso, mas consegue fugir e se esconder em uma loja de brinquedos, onde monta um refúgio entre as paredes e aguarda a perseguição policial esfriar. Nas escapadas para pegar comida, conhece a vendedora Leigh (Kirsten Dunst), e os dois se apaixonam, o que vai complicar os planos de fuga dele.
Já em Conselhos de Um Serial Killer Aposentado o bandido não é o protagonista, mas está bem perto. John Magaro vive Keane, um escritor em bloqueio criativo há quatro anos surpreendido pelo pedido de divórcio da esposa Suzie (Britt Lower). Empacado em seu livro sobre assassinos em série, ele é abordado por um homem (Steve Buscemi) que se apresenta como o ex-serial killer do título. Os dois formam uma parceria inusitada até que o matador vai na casa de Keane e se apresenta a Suzie como “conselheiro”, o que a faz pensar ser um terapeuta de casais. E o sujeito que matava pessoas se vê na tentativa de ressuscitar um casamento.
Fechando a trinca, The Mastermind, de Kelly Reichardt, se passa na década de 1970 e tem como protagonista o carpinteiro desempregado JB Mooney (Josh O’Connor), um personagem real. Como fazer móveis está em baixa, ele decide se tornar ladrão de obras de arte. As transformações sociais e políticas da época são o pano de fundo das aventuras e desventuras desse criminoso amador e de duvidosa competência.
Mudando radicalmente de tema, estreia no circuito comercial o longa saudita O Retrato de Norah, de Tawfik Alzaidi, primeiro filme de seu país a passar pela mostra Un Certain Regard, em Cannes. A Norah do título é uma jovem que vive em uma aldeia remota na Arábia Saudita na década de 1990. Prometida em casamento a um homem que não deseja, ela gostaria de estar em qualquer lugar, menos ali. É quando chega um novo professor, na verdade um artista “exilado” lá pela ditadura islâmica do país — tão brutal quanto a atual, porém mais obscurantista. Um dia ele desenha um retrato do irmão mais novo de Norah, que se encanta e quer ser retratada também. A obra vai ser a válvula de escape tanto do artista quanto da musa.
Produção brasileira, Nó é dirigido por Laís Melo e acompanha Glória, uma mãe separada e pobre que deixa a favela vai viver com as três filhas em um prédio antigo no centro de Curitiba. Ali ela vai enfrentar duas batalhas inglórias. De um lado, o ex-marido, que, diante da condição financeira periclitante de Glória, quer tirar-lhe a guarda das meninas. De outro a disputa com a melhor amiga por uma promoção que pode lhe dar uma condição de vida melhor, mas lhe custar uma amizade cara.
(Infelizmente não há trailer disponível.)
E o estúdio Angel nos inflige mais um drama-edificante-de-superação-e-fé. Em O Último Rodeio, o cowboy aposentado Joe (Neal McDonough) decide voltar a competir montando touros para pagar a cirurgia do neto com câncer. É aquilo, se a família vivesse em algum lugar civilizado, e não nos Estados Unidos, o garoto faria a operação de graça em um hospital público, mas pelo menos eles podem andar armados.
No campo das animações, há três boas opções. A melhor é o longa brasileiro Eu e Meu Avô Nihonjin, de Célia Catunda. Noburu é um menino de 10 anos e ascendência japonesa. Após muita insistência (e com apoio da avó), ele convence o avô ranzinza a contar sua história, desde a vinda do Japão para o Brasil. Mas as descobertas não param por aí. Noburu constata que tem um tio do qual jamais ouvira falar, e descobrir mais sobre ele vai ser sua nova meta.
Totalmente japonês é Detetive Conan: O Pentagrama de Milhões de Dólares, derivado de um mangá e um anime de sucesso. O detetive com nome de bárbaro e seu amigo Heiji tentam deter um ladrão que deseja roubar duas espadas durante um torneio de kendô. Mas as armas são apenas parte de um tesouro bem maior.
E com uma pegada mais convencional, mas boa técnica vem Entre Penas e Bicadas. Um filhote de águia é criado em galinheiro, onde, por óbvio, ninguém pode ajudá-lo a realizar o sonho de voar. O emplumado enfrenta uma série de desafios até chegar à cidade das águias, descobrir que é filho de um grande herói e que há uma conspiração tendo como alvo justamente as galinhas que o criaram com amor.
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