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Moda e protesto? Por que não?

Poucas vezes um tapete vermelho foi tão aguardado quando o Met gala da última segunda-feira, dia13. Não era para menos. O tradicional evento beneficente do Instituto de Vestuário do Metropolitan Museum of Art, em Nova York, acontecia anualmente desde 1948, mas fora cancelado no ano passado devido à pandemia. Este ano, mesmo com apenas um terço do número usual de participantes e exigência de estarem todos vacinados, nada impediria o brilho. E a polêmica.

O tema, América: Um Dicionário da Moda, celebrava designers e fashionistas dos EUA reunindo nomes muito além do mundo da moda e atraindo o olhar da mídia de todo o mundo para um acontecimento político. Como assim, político? O que moda tem a ver com política? Tudo. Cada peça de roupa que usamos, cada acessório é uma manifestação política. E o Met gala amplifica essa vocação, abrindo espaço para manifestações sobre desigualdade, racismo, homofobia e o que mais houver para protestar.

A começar pela manifestação política propriamente dita. Duas deputadas democratas foram convidadas para a festa, não tiveram que desembolsar os US$ 35 mil (R$ 185 mil) por um ingresso e até US$ 300 mil (R$ 1,6 milhão) por um lugar numa mesa. A novaiorquina Alexandria Ocasio-Cortez, musa da nova esquerda democrata, ganhou de presente o vestido para a festa e estampou nele a nada sutil mensagem “taxem os ricos”. Tudo a ver com a militância dela contra as desigualdades sociais – com um salário-mínimo de U$ 15 (R$ 80) a hora, um novaiorquino precisaria trabalhar 14 meses para comprar o ingresso mais barato.

Já sua colega de bancada Carolyn Maloney, da Carolina do Norte, usou um vestido com faixas exigindo direitos iguais para as mulheres. Aos 75 anos, Maloney segue incansável na luta pela igualdade de gêneros. 

E já que estamos falando de gênero, três nomes têm de ser destacados – três celebridades trans, aliás. A modelo e atriz Hunter Schaffer, de Euphoria, usou ousados e lindos acessórios de designers também trans. O ator Elliot Page trouxe uma flor verde na lapela em homenagem ao gênio inglês Oscar Wilde, que acabou preso no século 19 por ser homossexual. A flor verde era um código para gays no círculo social de Wilde. E a YouTuber Nikkie de Jager homenageou a ativista também trans Marsha P. Johnson.

Teve quem levasse o ativismo a outros patamares, como rapper Lil Nas X, recém-consagrado no VMAs. Ele não usou uma roupa, mas uma narrativa completa na base da Versace – uma capa, uma armadura e, por último, um macacão completamente decorado e decotado. A semiótica por trás? A luta contra o preconceito e a homofobia e a aceitação dele mesmo.

Nascida em Barbados, nas Bahamas, Rihanna esfregou sua condição de imigrante na cara dos conservadores, enquanto a modelo de ascendência Navajo Quannah Chasinghorse lembrou que americano de verdade é o povo dela.

Claro, nem todo mundo acertou. Cara Delevingne bem que tentou ao usar uma blusa da Dior contra o patriarcado com o termo “Peg que patriarchy”; sendo que “peg” é o ato de uma mulher penetrar um homem usando um acessório sexual. Pena que tenha, supostamente, plagiado o slogan criado pela dominatrix Luna Matatas. Além disso, “peg” implicaria a dominação pela penetração, uma das bases do próprio patriarcado.

Os protestos envolvendo o Met gala não foram só nas roupas e nem inteiramente pacíficos. Um grupo ligado ao movimento Black Lives Matter, que denuncia a violência policial contra negros, protestou do lado de fora do museu. Houve tensão e prisões. Os organizadores do Met gala condenaram a manifestação, provavelmente preferindo uma nota de repúdio.

Ou seja, pense bem antes de escolher sua próxima blusa. Você pode não acreditar, mas está fazendo um ato político.

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