Juros altos levam recorde de brasileiros à renda fixa, que cresce 20% na base anual
Por uma série de fatores, nunca tantos brasileiros aplicaram seu dinheiro em renda fixa. Entre o segundo trimestre de 2024 e o mesmo período de 2025, o número de CPFs com investimentos nessa categoria cresceu 20%, chegando a 100,2 milhões, segundo a B3. O valor em custódia bateu R$ 2,8 trilhões, alta de 23% em um ano. O movimento é puxado pela popularidade de CDBs e RDBs, que concentram 99,1 milhões de investidores, mas também vem impulsionando produtos mais sofisticados e alternativos, como debêntures, Certificado de Recebíveis Imobiliários (CRIs), Certificado de Operações Estruturadas (COEs) e até precatórios.
A alta e manutenção dos juros em patamar elevado (hoje a Selic está em 15% ao ano) nos últimos anos ajudou a transformar a renda fixa em protagonista na carteira de investidores de todos os perfis. Títulos de crédito privado, como debêntures e certificados de recebíveis, ganharam apelo por pagar mais que a poupança e, em alguns casos, oferecer isenção de Imposto de Renda. No caso dos CRIs e CRAs, o lastro em fluxos de caixa reais, como aluguéis ou vendas agrícolas, que estão em alta, garantem segurança adicional.
No caso dos COEs, um tipo de investimento híbrido, há uma mistura entre a renda fixa com estratégias de bolsa de valores, moedas ou commodities. Para quem busca alternativas menos convencionais, os precatórios passaram a ser opção. Isso porque ao comprar dívidas reconhecidas pelo governo com desconto, o investidor pode ter retornos elevados com risco baixo de calote, mas neste caso é preciso paciência para receber.
O crescimento de produtos de crédito privado não é só bom para o investidor pessoa física. Ele também amplia as fontes de financiamento para empresas, que conseguem captar recursos diretamente no mercado, sem depender apenas de bancos. Isso reforça a liquidez e aumenta as possibilidades de pequenas e médias empresas conseguirem expandir seus negócios.
A diversificação regional também chama atenção. Embora o Sudeste concentre 1,8 milhão de investidores, o avanço mais forte veio do Norte e Nordeste, com altas de 94% e 97% em cinco anos. Essa democratização indica que a renda fixa deixou de ser território restrito aos grandes centros e investidores mais experientes e que a educação financeira tem se capilarizado aos poucos por todo o Brasil.
O Tesouro Direto também segue como porta de entrada para muitos, com 3 milhões de investidores e R$ 169,9 bilhões em custódia. E a tendência aponta que os brasileiros estão descobrindo que, na renda fixa, há mais do que a poupança e o CDB. Com garantias que mitigam riscos e pelo investimento ser para o próprio Estado brasileiro, emissor do real, as oportunidades se tornam mais seguras.
Mesmo que a Selic caia nos próximos trimestres, algo esperado para 2026, a depender do cenário fiscal, econômico e do impacto das tarifas americanas na economia brasileira, especialistas esperam que a renda fixa continue como pilar das carteiras. Além do fato de que a taxa básica de juros está tão alta, que demoraria para mudar o racional de investimentos, produtos atrelados à inflação garantem proteção contra perda do poder de compra, e também em meio a isso, o crédito privado deve seguir no radar, garantindo retornos reais. Mais do que um momento pontual, pautado nos altos juros, parece estar havendo uma mudança estrutural no comportamento do investidor brasileiro.
Por isso, plataformas especializadas como a PeerBR têm observado uma demanda crescente por ativos de crédito privado e estruturado, especialmente entre investidores que buscam diversificar seus investimentos. A fintech, que conecta pessoas físicas a oportunidades em precatórios, recebíveis e outros instrumentos de renda fixa alternativa, tem atraído um público cada vez mais amplo e uma carteira alternativa para cada necessidade individual.
A PeerBR, inclusive, já responde por 19,2% do mercado de ofertas de valores mobiliários via crowdfunding de investimento, regulado pela Resolução CVM 88. Desde 2022, lançou 156 ofertas, sendo 72 apenas no primeiro semestre de 2025, quando passou de R$ 900 milhões em captação. Só nos seis primeiros meses deste ano, dentro da norma da CVM, foram movimentados quase R$ 2 bilhões, consolidando a plataforma como uma das principais no mercado de crédito privado.