25 anos do Netscape Navigator
Uma importante efeméride da história da Internet passou quase despercebida essa semana: o aniversário de 25 anos do lançamento do Netscape, primeiro browser comercial da rede. Derivado do NCSA Mosaic, navegador desenvolvido pelo mesmo Marc Andreessen quando ainda na faculdade. Foi com o Netscape que muitas pessoas conheceram a Internet pela primeira vez. Foi também o Netscape que começou a desafiar os limites do HTML, linguagem por trás da web, criando novos padrões que permitiram o uso de cores de fundo, tabelas, frames e até mesmo o javascript, que está por trás de tudo que é site interativo hoje em dia. Mais do que isso, a Netscape Communications, desenvolvedora do navegador, foi a primeira empresa de Internet a fazer um IPO, em 1995, abrindo caminho para uma série de outras aberturas de capital, que desaguou mais na frente no estouro da bolha no ano 2000. O Netscape Navigator chegou a ter 80% do mercado em 1995, caindo para menos de 20% em 2000, após a Microsoft começar a pré-instalar seu Explorer em todo Windows vendido. Estratégia essa que rendeu à Microsoft um longo processo anti-truste.
O browser é até hoje o ambiente que usamos para navegar na rede, seja no computador, seja no telefone. Por trás, o simples conceito do link, em que vamos clicando, clicando em busca de cada vez mais informação. Mas não foi um caminho curto. Talvez a primeira referência a algo similar à web de hoje seja a do Memex, aparelho descrito por Vannevar Bush em um célebre artigo publicado em 1945 na Atlantic. O exemplo de pesquisa que Bush descreve não é muito diferente do que fazemos hoje quando estamos pesquisando algo no Google ou na Wikipedia.
“O proprietário do Memex, digamos assim, está interessado nas origens do
arco e flecha. Especificamente está pesquisando a razão pela qual os arcos
dos turcos, menores que os dos ingleses, demonstrou-se superior durante as Cruzadas. No Memex terá a sua disposição dezenas de livros e artigos que poderiam ser úteis para sua pesquisa. Inicialmente ele usa uma enciclopédia para encontrar um breve, mais interessante artigo. Depois, nos registro de História, ele encontra algo interessante para relacionar com o material encontrado na enciclopédia. E continua criando atalhos com vários itens.”
Leia: As we may Think de Vannevar Bush, no artigo original em inglês, ou em PDF na tradução livre para português do professor de Ciência da Computação da UFPE, Fabio Mascarenhas e Silva.
Coincidentemente, essa semana, a Vice publicou um memorando enviado em janeiro pelo editor de padrões do New York Times, Phil Corbett, reforçando para toda a redação que eles devem sempre colocar links e creditar outros veículos. Que isso é bom para o negócio.
Phill Corbet: “Linkar é sempre uma situação ganha-ganha. Se uma leitora se interessa pelo assunto da sua matéria é óbvio que ela vai valorizar quando apontamos para outras reportagens sobre o mesmo assunto. (Não se preocupe em mandá-los embora; se estivermos provendo valor de forma consistente para nossos leitores, eles irão voltar.) Na maior para dos casos, linkar não é apenas uma questão ética ou compulsória, é simplesmente bom jornalismo. Se perguntar se somos obrigados a linkar ou dar uma referência para alguma matéria, é estar fazendo a pergunta errada. Linkar deve ser o padrão. É de graça, é fácil, leitores gostam. Aprofunda nosso jornalismo e pode aumentar nossa audiência. Nossos colegas jornalistas apreciam. Porquê não faríamos?”
Pois é… Um velho sábio da rede já repete desde 2005: “Pessoas sempre voltam a lugares que as mandam para longe.”