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Meio Político

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Desempenho democrático importa

Nas duas últimas décadas, uma onda de retrocesso democrático atingiu todos os cantos do planeta, colocando em questão a ascensão da democracia. Entre os casos mais conhecidos atualmente estão a Hungria de Viktor Orban, a Turquia de Recep Tayyip Erdogan e El Salvador sob Nayib Bukele, além do Brasil e das Filipinas durante as presidências de Jair Bolsonaro e Rodrigo Duterte, respectivamente. Acadêmicos e formuladores de políticas têm buscado compreender as causas desse fenômeno e como defender a democracia contra ele.

Marina Silva não está sozinha

Foto: Geraldo Magela/Agência Senado

Marina Silva está sozinha. Desde a violenta e constrangedora sessão da Comissão de Infraestrutura do Senado, há uma semana, essa é uma tese repetida com incômoda frequência: jogada aos leões da misoginia explícita, a ministra do Meio Ambiente e Mudança do Clima não teria recebido o devido apoio da bancada governista na Casa, ausente ou inerte diante da artilharia pesada que ela enfrentou, especialmente dos senadores Plínio Valério (PSDB-AM), Omar Aziz (PSD-AM) e Marcos Rogério (PL-RO). Marina também não teria contado com o apoio dos articuladores políticos do governo, abrigados na Casa Civil e na Secretaria de Relações Institucionais, que dias antes haviam liberado os partidos da base de sustentação para votar como bem entendessem o projeto de lei que desmonta todo o arcabouço de licenciamento ambiental do Brasil – oficialmente o PT defendeu a rejeição ao chamado PL do Licenciamento, mas a ministra ficou falando sozinha contra o projeto, definido por ela como a “boiada das boiadas” ao passar por cima de mais de 30 anos de legislação ambiental brasileira.

A democracia paralítica

Foto: Nelson Almeida/AFP

A democracia liberal, tal como concebida no século 20, atravessa uma fase avançada de obsolescência. Em praticamente todas as democracias do mundo, sua paralisia não decorre de um golpe explícito, mas de um esvaziamento progressivo de sua capacidade de agir. A engrenagem institucional, outrora celebrada por sua prudência e respeito aos freios e contrapesos, hoje se revela disfuncional diante de um tempo acelerado. O mundo digital exige decisões rápidas, fluxos contínuos de informação e adaptação permanente. A democracia, contudo, permanece ancorada em rotinas deliberativas lentas, herdadas da era analógica e da burocracia de papel. Sua crise é, antes de tudo, uma crise de temporalidade.

Recua, fascista, recua! A universidade e a intolerância com virtude

O paradoxo antipoperiano da tolerância universitária é que supostamente em nome da democracia, muitos estão dispostos a suspender os princípios democráticos... dos outros.

O crime organizado e a Amazônia

Foto: Matthijs Kuijpers / Biosphoto via AFP

Tudo parece ter começado com uma ideia equivocada, “Integrar para não Entregar”. Na lógica da ditadura que a promovia, nada estava lá. Além do inimigo imaginário – o que iria tomar nossas riquezas –, havia apenas um vazio de gente e um excesso de florestas e rios. Ocupar a região Amazônica era uma prioridade geopolítica para o regime. A solução viria na forma de construção de rodovias, empreendimentos agropecuários, benefícios fiscais, mineração e grandes barragens.

Trump e os religiosos

Drew Angerer/Getty Images via AFP

Após cem dias do segundo mandato do presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, os protestantes evangélicos brancos continuam entre seus apoiadores mais fervorosos, de acordo com uma pesquisa recente do Pew Research Center.

Uma direita sem vergonha

Foto: Marina Uezima/Brazil Photo Press via AFP

Cesar Zucco, professor da FGV-Ebape, e Timothy Power, da Universidade de Oxford, dedicam-se há décadas a compreender o que pensam os parlamentares brasileiros. Conduzem pesquisas que buscam descortinar suas ideologias a cada legislatura. E já no ressurgente período democrático, em meados dos anos 1980, detectaram o fenômeno da direita envergonhada no Brasil. Políticos que haviam sido parte da máquina autoritária do regime militar se despiram dessas vestes com tremendo desapego, trocando de filiação partidária e de discurso — mas não de visão de mundo. A noção de direita envergonhada era tão palpável que, além de conceito teórico, penetrou no imaginário político do país.

Quando a maioria deve governar?

A democracia liberal não é simplesmente um sistema de governo da maioria: ela combina o governo da maioria e a proteção dos direitos das minorias. Para evitar que maiorias temporárias privem indivíduos de direitos fundamentais ou legislem para eliminar minorias políticas, as democracias devem garantir que alguns domínios permaneçam, nas palavras do ministro da Suprema Corte dos EUA Robert H. Jackson, “fora do alcance das maiorias”.

O Coliseu moral

Muito se fala hoje do tal exibicionismo de virtude — expressão usada para criticar aqueles que ostentam em público sua suposta superioridade moral. Costuma-se ver nisso um problema de autenticidade: acusa-se o agente de dizer o que é certo, mas sem viver de acordo com o que prega. Mas há algo mais profundo em jogo.

É possível desestimular o extremismo?

Foto: Miguel Schincariol/AFP

O comício de Jair Bolsonaro no último domingo em São Paulo chamou menos a atenção pelo baixo número dos que a ele compareceram do que pelo fato de que sete governadores subiram no seu palanque – entre os quais, três pré-candidatos à presidência da República: Tarcísio de Freitas (Republicanos-SP), Ronaldo Caiado (União Brasil-GO) e Ratinho Junior (PSD-PR). É verdade que o fizeram como os sobrinhos do tio moribundo, que promete entregar sua herança àquele que mais o bajular. No caso concreto, prevendo sua condenação por tentativa de golpe de Estado e subversão das instituições democráticas, Bolsonaro faz um leilão para ver, antes de ungir o sucessor, qual deles se compromete mais com o projeto de garantir a impunidade pelos crimes que cometeu. O cientista político compreende a racionalidade de todos os aspirantes à sua sucessão. O cidadão não tem como deixar de lamentar, porém, o endosso que todos fazem a teses de que não houve tentativa de golpe. Parece que, no fim das contas, a direita não terá um único candidato confiável para a democracia.

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