Extra: O Meio errou, o ministro não caiu

Diferentemente do que publicou o Meio em sua manchete de hoje, o ministro do Turismo, Marcelo Álvaro Antônio, não foi exonerado por conta do esquema de desvio de verbas de campanha que é acusado de ter dirigido. Sua exoneração, publicada no Diário Oficial esta manhã, ocorre para que Antônio tome posse na Câmara dos Deputados. Amanhã, retorna às atividades como ministro.

Como ocorre um erro assim? A notícia da queda do ministro foi dada por boa parte da grande imprensa esta manhã. A praxe, quando ocorre uma exoneração temporária para que ministros tomem posse ou participem de votações importantes no Legislativo, é de que a comunicação do governo avise previamente a imprensa. Este aviso não ocorreu. Não bastasse, pelo menos uma fonte de dentro do Planalto chegou a confirmar que Antônio caía pelo uso de laranjas.

A denúncia foi feita pela Folha de S. Paulo, na segunda: durante a campanha para deputados federais em Minas, o PSL repassou R$ 279 mil do fundo eleitoral a quatro candidatas, cumprindo o mínimo exigido legalmente para a cota de mulheres. Segundo o jornal, pelo menos R$ 85 mil deste montante foram parar, oficialmente, na conta de empresas que pertencem a assessores do atual ministro.

Uma das estrelas do PSL, a deputada Carla Zambelli, chegou a lançar um tweet de manhã congratulando o presidente Jair Bolsonaro pela demissão. “É a atitude correta”, ela escreveu, “inclusive para que o ex-ministro cuide de sua defesa. Parabéns, presidente!” Quando tudo mudou, Zambelli apagou o tweet.

Uma das dificuldades na lida com o atual governo é a constante bateção de cabeças — um diz uma coisa, o outro desmente, os conflitos internos não param. Não são poucos os jornalistas que acreditam que a confusão informativa faz parte do método. Ou, como sugeriu Claudio Dantas, do Antagonista, num tweet hoje cedo — “Vaza essa versão aí. Se o povo reclamar, a gente desmente e diz que é sacanagem da imprensa.”

De qualquer forma, a informação não se confirmou. A manchete do Meio estava errada e, acusado com fortes indícios, o ministro do Turismo segue na Esplanada.

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