Com voto confuso, Toffoli parece beneficiar Flávio Bolsonaro

O Ministério Público poderá ter acesso a dados globais produzidos pela Receita Federal sobre qualquer contribuinte, desde que sem detalhes — para detalhes é preciso que um juiz autorize. Por sua vez, a Unidade de Inteligência Financeira, antigo Coaf, pode compartilhar seus Relatórios de Inteligência Financeira diretamente com o MP. Este é — aparentemente — o voto do presidente do Supremo Tribunal Federal, José Antonio Dias Toffoli, que havia paralisado mais de 900 investigações em julho, ao analisar o caso no qual o senador Flávio Bolsonaro é acusado de pegar parte do salário dos servidores em seu gabinete na Assembleia Legislativa do Rio. Toffoli falou por aproximadamente quatro horas, um voto particularmente longo e de difícil compreensão. Tendo suspendido tantos processos judiciais antes, não pareceu ter imposto qualquer tipo de limite ao Coaf. Tanto seus pares ministros quanto advogados se mostraram confusos. “Aqui não está em julgamento em nenhum momento o Flávio Bolsonaro”, afirmou o presidente. Embora o caso tivesse sido disparado pelos advogados do senador. “A decisão que proferi a respeito da suspensão foi com base no novo CPC que diz que, havendo repercussão geral, o relator pode suspender todos os feitos em andamento.” A sessão de hoje abrirá com Toffoli tentando explicar seu voto. Os outros dez ministros precisarão se manifestar — não deve terminar hoje. (Jota)

O ministro tentou resumir a jornalistas, ainda ontem, sua opinião. “O Coaf pode, sim, compartilhar informações, mas ele é uma unidade de inteligência, o que compartilha não pode ser usado como prova”, afirmou. “É um meio de obtenção de prova.” (El País)

Um repórter pediu ajuda para compreender o voto ao ministro Edson Fachin. “Tem uma pergunta mais fácil?”, ouviu como resposta. Luís Roberto Barroso foi mais ao ponto. “Tem que chamar um professor de javanês.” (Globo)

Então... Na interpretação de alguns ministros e advogados ouvidos pelo Antagonista, o voto de Toffoli levará à anulação da investigação sobre o filho Zero Um do presidente. (Antagonista)

Joaquim Falcão: “Por que esta disputa, quase carnificina institucional, chegar ao Supremo? Por motivo simples. Por que eles viram, souberam e sabem mais do que nós. Quando o Presidente Jair Bolsonaro mandou o Coaf para o Ministério da Justiça, Sergio Moro ficou quase mudo. Mas o Congresso começou a se preocupar com o Coaf na Justiça. Começou a mobilizar para voltar para o Ministério da Economia. Não queriam nada com Moro. Inventaram então uma solução de última hora. ‘Coloca no Banco Central’. Paulo Guedes provavelmente viu antes de todos que ficar com o Coaf corria o risco de ir contra muitos que não pagam impostos. Não era politicamente conveniente para suas reformas. Para os votos de que precisaria no Congresso. A disputa estava clara desde o começo. Era entre o Coaf e o filho do presidente da República. Não era para onde melhor ir o Coaf. Mas justamente o contrário. Para onde, melhor, não ir o Coaf. Juntos o Congresso, a Presidência da República, deformado o Banco Central, faltava o Ministro Toffoli para negociar o que o Coaf pode ou não fazer. É o que estamos assistindo agora. Não há nada de jurídico nisto. Não há nada de constitucional nisto. Não há nada de democrático nisto. O que há é a tentativa para que instituições, mesmo econômicas, não funcionem. Ou funcionem menos. Ou funcionem seletivamente.” (Jota)

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O porteiro do condomínio Vivendas da Barra, onde moram no Rio o presidente Jair Bolsonaro, seu filho Carlos, e também morava Ronnie Lessa, acusado de ter assassinado a vereadora Marielle Franco, mudou sua história. Nos dois depoimentos que prestou à Polícia Civil, contou que liberou a entrada de Élcio Queiroz autorizado pelo ‘seu Jair’, e anotou que o homem que naquela noite dirigiria o automóvel do crime ia para a casa 58. Do presidente. À Polícia Federal, explicou que foi Ronnie quem liberou a entrada. De acordo com Lauro Jardim, nos primeiros depoimentos ele se sentiu pressionado por si próprio por ter anotado no caderno que o homem ia para a casa de Bolsonaro. Então mentiu. A PF, agora, precisará descobrir se houve pressão de mais alguém. (Globo)

Pois é... Segundo o jornalista Kennedy Alencar, a Polícia Civil do Rio trabalha com uma hipótese nova. A de que Carlos Bolsonaro possa estar envolvido no crime. O vereador teria uma relação próxima com Ronnie Lessa, teve nos dias anteriores uma discussão forte com Marielle, e sequer entrava no elevador da Câmara Municipal quando a encontrava. A hostilidade entre ambos era grande. (CBN)

Líder do partido Azul e Branco, o deputado Benny Gantz não conseguiu formar uma coalizão para governar Israel. O Parlamento tem um prazo de três semanas para formar um gabinete. Se não ocorrer, o país realizará sua terceira eleição este ano. (Jerusalem Post)

Cultura

Morreu na noite de ontem, no Rio, o cineasta Fábio Barreto. Fábio fez muito. Filho de Luiz Carlos Barreto, produtor de meio cinema brasileiro, estreou como assistente de direção de Cacá Diegues no Clássico Bye bye Brasil e, com seu primeiro filme, de cara já foi para a mostra principal do Festival de Cannes. Era Índia, A Filha do Sol (trecho), estrelado por Glória Pires. Ao longo da carreira, dirigiu 13 filmes. Um dos longas mais badalados foi O Quatrilho (trailer), baseado no livro homônimo de José Clemente Pozenato. Estrelada por Gloria Pires e Patrícia Pillar, a produção foi indicada ao Oscar de melhor filme estrangeiro no ano seguinte. Fábio dirigiu, ainda Lula, o Filho do Brasil (trailer), no qual o ex-presidente foi vivido nas telas por Rui Ricardo Dias. Ele tinha 62 anos e estava em coma desde dezembro de 2009, após capotar o carro em Botafogo, na Zona Sul do Rio. (Globo)

No início dos anos 2010, muitos previram a morte do álbum, mas não foi o que aconteceu. Estes são os 100 álbuns favoritos da década selecionados pela Billboard.

Quinta-feira de estreias. Nos cinemas brasileiros, entra em cartaz o drama A Vida Invisível, filme nacional na disputa pela indicação à disputa do Oscar de Melhor Filme Estrangeiro (trailer). A trama mostra o paralelo entre duas irmãs que arrumam diferentes maneiras de lidar com regime patriarcal vivido em casa. De Woody Allen, estreia também Um Dia de Chuva em Nova York, novo longa do diretor (trailer). Protagonizado por Timothée Chalamet e Elle Fanning, a comédia ainda tem Selena Gomez no elenco e mostra um casal de jovens que planeja uma viagem romântica a Nova York. Quando chegam à cidade, os planos mudam, e os dois tomam diferentes caminhos ao descobrir paixões e oportunidades únicas. Outro destaque é A Grande Mentira, o filme com Helen Mirren e Ian McKellen (trailer). São dois atores com a solidez dramática esperada dos grandes nomes britânicos. Veja outros lançamentos.

Viver

Mil denúncias. A Igreja Católica da América Latina já é a protagonista da “terceira onda” de casos de abusos de menores, depois da primeira que eclodiu em 2002 nos Estados Unidos e a que se seguiu na Europa e Oceania. Essa é a conclusão da Child Rights International Network (CRIN), ONG britânica que é referência na defesa dos direitos das crianças, em um relatório de 70 páginas que se tornou público ontem e está disponível em seu site. (El País)

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Quem é o time com a maior média de público do mundo para o futebol feminino? O americano Portland Thorns – ou apenas Thorns, como é conhecido – coloca em média 20 mil pessoas no estádio por jogo. A capacidade do "Providence Park" foi ampliada para 25 mil justamente pra poder abrigar mais torcedores. Só em uma oportunidade em sete anos de história, o Thorns colocou menos de 10 mil pessoas nas arquibancadas. É um número expressivo. O clube já foi duas vezes campeão da NWSL, a liga americana que existe desde 2012. E alguns dos principais talentos da seleção dos Estados Unidos estão lá. Conheça mais sobre a equipe.

Pois é... chega até a superar, em 2019, o público nos estádios brasileiros segundo um levantamento do Globo Esporte. A diferença é que são times masculinos.

A explosão cósmica mais poderosa já flagrada em pesquisas sobre nosso universo foi registrada em janeiro deste ano por uma equipe internacional de astrônomos. De acordo com o estudo publicado na Nature, os raios gama registrados atingiram o equivalente a cerca de 100 bilhões de vezes a energia visível da luz. A publicação é resultado da cooperação entre a agência espacial americana (Nasa), a University College London (UCL), os institutos Max Planck e outros pesquisadores. No caso do estudo publicado ontem, chama a atenção o fato dos dois observatórios terem conseguido detectar a mesma explosão em questão de segundos. O Observatório Swift, da Nasa, que na verdade é um satélite ao redor da Terra encontrou primeiro. O Magic, colaboração que usa dois telescópios, mirou a explosão, apelida de GRB B 190114C,  27 segundos depois do primeiro alerta. (G1)

Cotidiano Digital

A Uber permitirá que tanto motoristas quanto passageiros façam um registro em áudio de cada viagem. O recurso vai aparecer primeiro aqui no Brasil e no México, a partir de dezembro. É um teste mundial. Passageiros poderão escolher se registram os sons de todas as viagens ou apenas algumas delas. O arquivo da gravação será armazenado no aparelho dos usuários, mas não será possível ouvi-lo. Caso desejem compartilhar o áudio com a Uber, a empresa tem a chave que permite destravá-lo. É um recurso que oferece alguma segurança e, principalmente, o registro que sirva de prova caso algum problema ocorra.

Flamengo, Corinthians e outras equipes brasileiras e sul-americanas voltam em março ao Fifa 20, videogame da EA para todos os consoles. É quando um update gratuito do jogo trará a Copa Libertadores da América para o ambiente. Assista ao trailer.

Aliás... Se você é Flamengo e tem uma caixa de som inteligente da Amazon em casa, use o seguinte comando: “Alexa, ó meu Mengão”.

A Anistia Internacional publicou um novo relatório no qual acusa Google e Facebook de criar uma cultura de espionagem sobre seus usuários que deve ser considerada como abuso de direitos humanos. Os dois negócios, que sugam informação pessoal de todos por publicidade é, para a ong, uma violação numa escala sem precedentes à privacidade humana.

Leia o relatório — em PDF.

Enquanto isso... Seguindo o exemplo do Twitter, o Google anunciou que vai impor restrições à publicidade política em sua plataforma. Não é uma proibição completa como na rede social, mas os limites serão mais rígidos. Não será mais possível endereçar propaganda a consumidores que tenham preferências partidárias específicas, tampouco será possível usar os nomes dos registros públicos que listam eleitores aptos ao voto. O princípio é simples: atributos referentes a política não poderão ser usados por anunciantes. Mas ainda será permitido direcionar mensagens baseadas em idade, gênero e CEP. As regras valerão ainda este ano para as eleições britânicas e se tornam globais em janeiro.

O presidente americano Donald Trump foi ao Twitter, ontem, para afirmar que havia participado da inauguração de uma fábrica da Apple no Texas. O apelo à criação de empregos para operários é um de seus motes de campanha. Só que não é verdade. Trump participou da inauguração de um novo campus da Apple — que, como o de Cupertino, emprega engenheiros e designers para desenvolver equipamentos, não para fabricá-los. E a fábrica de MacBooks que de fato existe na proximidade não é da Apple — que, aliás, não fabrica seu equipamento. Além de ser terceirizada, está em operação desde 2013.

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