Prezadas leitoras, caros leitores —

A Ditadura havia apenas começado quando, por uma lei de 13 de junho, em 1964, o presidente-general Humberto Castelo Branco criou o Serviço Nacional de Informação. Uma agência de espionagem genuinamente brasileira. Mas, diferentemente de equivalentes como CIA, MI6, Mossad ou KGB, o SNI era muito pouco preocupado com investigações fora do Brasil. Seu principal alvo, durante todo o período em que existiu, eram brasileiros.

Conforme pipocam indícios de que o governo de Jair Bolsonaro segue o caminho de tentar reconstruir algo como foi o SNI, vale retornarmos para contar esta história. E, por isso mesmo, será o tema da edição de Sábado cá deste Meio: o que era e como funcionava o SNI.

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— Os editores

Bolsonaro sobe, Queiroz cai

A avaliação do presidente Jair Bolsonaro subiu, chegou a 37% dos brasileiros que o consideram ótimo ou bom e, de acordo com o Datafolha, está em seu melhor ponto desde o início do mandato. No levantamento anterior, realizado entre 23 e 24 de junho, 32% dos brasileiros o aprovavam. Caiu ainda mais sua curva de reprovação — de 44% para 34%. A margem de erro é de dois pontos percentuais. (Folha)

Mauro Paulino e Alessandro Janoni, do Datafolha: “A maior taxa de aprovação desde sua posse acontece logo depois de o Brasil ultrapassar a marca de 100 mil mortes registradas pela Covid-19 e continuar na segunda colocação do ranking mundial do número absoluto de óbitos em razão da doença. São justamente os que têm maior vulnerabilidade que mais contribuem para o ganho de popularidade do presidente no último mês. Dos cinco pontos de crescimento da taxa de avaliação positiva, pelo menos três vêm dos trabalhadores informais ou desempregados que têm renda familiar de até três salários mínimos, grupo alvo do auxílio emergencial pago pelo governo desde abril e que tem sua última parcela programada para saque em setembro. O dado pode explicar em parte a melhora de seis pontos na popularidade do presidente no Nordeste, uma das regiões do país onde a população mais pediu e recebeu o benefício. O abrandamento do tom autoritário, com adequações na comunicação, combinado à flexibilização da quarentena provocou um refluxo de tendência à reprovação em segmentos estratégicos, como os mais escolarizados, com maior renda e moradores do Sudeste. Nesses estratos, a popularidade do presidente subiu entre cinco e seis pontos percentuais, depois de quedas contínuas desde o início da pandemia.” (Folha)

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Mas nem tudo são boas notícias para o Planalto. O ministro Félix Fischer, do Superior Tribunal de Justiça, ordenou que Fabrício Queiroz, o ex-chefe de gabinete do filho Zero Um, volte à prisão. O ex-assessor de Flávio estava em regime domiciliar com sua mulher, Márcia Aguiar. Pois Márcia, também acusada de participar do esquema de lavagem de dinheiro desviado pela rachadinha, será igualmente encaminhada para a prisão. Vai ser a primeira experiência de Márcia na cadeia. Antes de o presidente do STJ manda-los para casa, durante o recesso do Judiciário, ela se encontrava foragida. Fischer, o ministro da corte responsável pelo caso, derrubou a decisão do presidente. (Poder 360)

Evidentemente o clima não está bom dentro do STJ. De acordo com Bela Megale, outros ministros da corte viram na decisão de Fischer um recado direto ao presidente, João Otávio Noronha. Mais de um ministro considera que Noronha está em campanha por uma vaga no Supremo Tribunal Federal. (Globo)

Gustavo Alves: “Quando foi preso em Atibaia, em um imóvel do advogado Frederick Wassef, a primeira pergunta de Queiroz aos policiais foi por Márcia. A indagação evidenciou a preocupação que o ex-assessor de Flávio tem com a companheira. Queiroz pode até suportar a prisão sozinho sem falar. Mas com Márcia presa, ele permanecerá em silêncio sobre as revelações da investigação da rachadinha?” (Globo)

Então... Se a popularidade vai bem, as más notícias se acumulam. O Jornal Nacional levantou o depoimento do empresário que vendeu para Flávio Bolsonaro sua loja de chocolates, na Barra da Tijuca, bairro carioca. Ele afirma que o deputado vendia os produtos abaixo do preço da tabela de franqueados da Kopenhagen, enquanto na nota fiscal punha o valor cheio. A informação reforça a desconfiança, pelo Ministério Público, de que a loja operava para lavar o dinheiro público desviado. O empresário afirmou também que foi ameaçado quando denunciou a fraude das notas fiscais. (G1)

Pois é... Ex-assessores de Flávio sacaram, em dinheiro vivo, pelo menos R$ 7,2 milhões. O montante corresponde a 60% do que receberam como salário da Assembleia Legislativa do Rio. Mais um indício de que devolviam parte do ganho ao chefe. (Estadão)

O clima no Conselho Nacional do Ministério Público, que na próxima terça-feira julgará o comportamento do procurador Deltan Dallagnol, lhe é desfavorável. Segundo apurou a repórter Laryssa Borges, pelo menos 8 dos 11 votos serão para afastá-lo da chefia da Lava Jato em Curitiba. (Veja)

Israel e os Emirados Árabes Unidos fecharam um acordo, selado pelo presidente americano Donald Trump, e deverão normalizar as relações diplomáticas. O premiê israelense Benjamin Netanyahu se comprometeu a não anexar, oficialmente, as terras na Cisjordânia com colonos de seu país. Segundo avaliação de Thomas Friedman, o acordo é grande e fortalecerá moderados entre todos os países sunitas da região. (New York Times)

Rússia lança Sputnik V

Tony de Marco

 
Sputnik5

Viver

Covid-19 no Brasil, o segundo país com o maior número de mortes do mundo. Um total de 105.564 óbitos com 1.301 mortes confirmadas nas últimas 24 horas. Com isso, a média móvel de novas mortes nos últimos 7 dias foi de 989 óbitos, uma variação de -4% em relação aos dados registrados em 14 dias. É o segundo dia com a média móvel menor de mil. (G1)

E a Fiocruz divulgou novo boletim Infogripe em que mostra uma redução de 14% nos novos casos de Síndrome Respiratória Aguda Grave (SRAG) na 32ª semana epidemiológica (2 à 8 de agosto), na comparação com o pico registrado na 28ª semana. Apesar da tendência de queda, o patamar de casos ainda é considerado alto. (CNN)

Teve mudança no sistema de notificação de óbitos e casos no Estado de São Paulo, que registrou 455 mortes em 24 horas pelo novo coronavírus. Foram incluídos nos dados de quinta, 221 óbitos que ocorreram ao longo da pandemia. A pasta informa que a mudança do Guia de Vigilância prevê que, agora, "os casos e mortes também poderão ser confirmados por critério clínico-imagem". (Estadão)

Com 105.564 óbitos, o ministro interino da Saúde optou pela omissão durante reunião com integrantes da OMS. Preferiu destacar o número de recuperados. Especialistas explicam que é natural que, com alto número de infectados, exista um número alto de recuperados. (O Globo)

Com 105.564 óbitos, o interino fez previsões: “Vamos esperar um pouquinho o mês de setembro chegar para ver as curvas descerem”. (EBC)

Com 105.564 óbitos, Bolsonaro voltou ontem a defender medicação sem comprovação científica. Exibia uma caixa do mesmo sob a mesa durante sua live. Disse ainda que a Anvisa facilitará compra com receita simples. (Correio Braziliense)

Jair Bolsonaro: “Sabemos que mais de 100 mil pessoas morreram no Brasil. Caso tivessem sido tratadas lá atrás com esse medicamento, poderiam essas vidas terem sido evitadas”. Quis dizer: mortes. (Estadão)

Ainda sobre o tema, mensagens de WhatsApp às quais a BBC News Brasil teve acesso, confirmadas por médicos que prestaram serviços à operadora de saúde Hapvida, ilustram as cobranças relatadas por profissionais do plano de saúde para prescrever hidroxicloroquina em casos de Covid-19. A operadora é alvo de investigações no Ceará, pelo Ministério Público e pelo Conselho Regional de Medicina, após um médico relatar que foi desligado da empresa ao se recusar a prescrever a medicação.

O Reino Unido impôs medidas mais duras às pessoas que chegam da França e da Holanda. Mais de 500 mil britânicos estão de férias na França - e o anúncio provavelmente encurtará suas viagens. O ministro da França para assuntos europeus, Clement Beaune, disse que decisão levará a uma medida recíproca.

Nos EUA, o governador do Texas, Greg Abbott, procurou tranquilizar os pais. Disse que está fazendo tudo o que pode para manter os alunos seguros, já que a maioria das escolas do estado prepara reabertura na próxima semana. (Reuters)

Gaby Hinsliff, colunista: “O que todos na educação sabem, mas ninguém quer dizer, é que nada pode ser completamente seguro em uma época de Covid”. (Guardian)

Olga Tokarczuk, Nobel de Literatura: “Acho que a pandemia é acima de tudo uma lição de humildade. É um conceito antigo e um tanto esquecido. O homem esqueceu a humildade ante da natureza, ante forças superiores a ele”. (El País)

Wuhan, China. Seis meses depois, os habitantes desfrutam um retorno à vida normal, a tal ponto que muitos deles não hesitam em deixar a máscara de lado.

É o que dizem. Reportagem especial da BBC enfrentou dificuldades para entrevistar moradores da cidade. Uma entrevistada chegou acompanhada com policiais à paisana. Ao subir no carro, eles bloquearam o caminho. Um outro homem contou que foi visitado duas vezes pela polícia após falar sobre a morte de seu pai. Para vítimas e jornalistas, perguntar sobre como e por que o surto começou em Wuhan não é fácil. Mas, no epicentro deste desastre global, a necessidade de fazer perguntas não é uma escolha. A reportagem completa.

Cotidiano Digital

Um dos jogos mais populares, o Fortnite foi banido da App Store e da Google Play. As medidas foram tomadas após a Epic Games, dona do jogo, criar um sistema interno de pagamento que dribla o sistema de pagamento de Google e Apple, que cobram comissão de 30% de todas as transações. Essa estratégia, aliás, é o que colocou a Apple na mira de outras empresas de tecnologia e reguladores. Por não oferecer alternativas para baixar aplicativos no iOS, tenta provar ao mercado que suas taxas não são anticompetitivas. Enquanto, mesmo fora da loja do Google, o jogo ainda pode ser baixado no Android pelo aplicativo da Epic. A dona do Fortnite abriu uma ação contra a Apple e respondeu publicamente com uma paródia do comerçial de lançamento do Mac de 1984.

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O iFood recebeu autorização da Agência Nacional de Aviação Civil (Anac) para realizar testes de entregas de comida por meio de drones. O drone será responsável somente por atuar na primeira parte da rota. Ou seja, a encomenda será conduzida até o entregador que levará até o destino final. Os testes começarão em outubro em Campinas (SP).

Cultura

A cidade de São Paulo é candidata para ser a Capital Mundial do Livro em 2022. O tema apresentado a Unesco foi DiverCity: many stories, one city - proposta orientada pela diversidade. Será um ano importante para a cidade. Em 2022, celebra-se o centenário da Semana de Arte Moderna. Será também o bicentenário da Independência. E, ainda, ano de Bienal Internacional do Livro.

Pois é... Em julho, o Masp, uma das instituições mais tradicionais da cidade, demitiu funcionários por conta da pandemia.

Já os funcionários da Cinemateca Brasileira serão todos demitidos. O corpo de funcionários têm especialistas que trabalham na casa há anos, e em alguns casos, décadas. A especialização é requerida como forma não só de operar os acervos delicados diariamente, mas também em serviços constantes de catalogação.

Sextou em casa e com música clássica. Sob a regência de Cláudio Cruz, a Osesp transmite hoje um concerto com sinfonias de Schubert e Beethoven. Amanhã, os metais da Petrobras Sinfônica interpretam obras de Mozart, Wagner e Villa-Lobos, entre outros, pela Sala Cecília Meireles. Amanhã ainda rola a estreia de Otto nas lives, um show de João Bosco pelo Blue Note Rio e o lançamento da turnê virtual Tijolo por Tijolo, de Alcione, pelo Vivo Rio. Juçara Marçal e KIko Dinucci, parceiros no Metá Metá, relembram hoje o disco Padê, lançado pela dupla em 2008, em show que integra o festival goiano Prosa Sonora. Na programação do Sesc, transmitida pelo YouTube e pelo Instagram, hoje tem show de Péricles Cavalcanti; amanhã, de Dudu Nobre e, no domingo, de Ceumar. Agora online, o projeto Música no Vão, realizado pelo Masp, retorna hoje. Amanhã, a TV Batekoo recebe a multiartista Saskia para um live set cujas doações serão revertidas para centros de apoio LGBTQI+ e afroindígenas. O Instante da Música Negra inicia nesse sábado o primeiro dos "rolezinhos" do Festival IMuNe. No mesmo dia, ao longo de 12 horas seguidas, o TEIMA – Festival de Artes Online apresenta programação. No domingo, a Casa Fiat de Cultura recebe o antropólogo e fotógrafo Patrick Arley para um bate-papo online sobre memória e identidade. Para mais dicas culturais, assine a newsletter da Bravo.

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