Guedes quer fim do abono salarial por Renda Brasil

O impasse para construção do sucessor do Bolsa Família segue. O ministro Paulo Guedes propõe extinguir o abono salarial — o valor, pago a 23,3 milhões de trabalhadores que recebem até dois salários mínimos, representa anualmente R$ 18,3 bilhões. Seria o suficiente para arcar com 83% do novo benefício, o Renda Brasil. Hoje, o Bolsa Família paga em média R$ 190 mensais a 14 milhões de famílias. O presidente Jair Bolsonaro gostaria de atingir 20 milhões de famílias e pagar pelo menos R$ 300 ao mês. Ele acredita que conseguirá, assim, suplantar a memória dos anos Lula e consolidar uma base de eleitores. No Ministério da Economia, a dificuldade é fazer com que o programa não ultrapasse o teto de gastos. Bolsonaro não gosta da ideia de extinguir o abono e Guedes enfrentará resistência também no Congresso Nacional. (Globo)

Então... O Senado aprovou, ontem, convite para que Guedes vá se explicar. Na semana passada, quando a Casa derrubou o veto presidencial à autorização de reajustes salariais para servidores públicos, o ministro afirmou que os senadores haviam cometido “um crime contra o país”. Os parlamentares gostariam de entender o que ele quis dizer. (G1)

A situação do ministro não é boa. Ontem, ele escolheu não ir ao Palácio para assistir ao evento de lançamento do Casa Verde e Amarela, substituto do programa Minha Casa, Minha Vida. O convite para Guedes veio com insistência. Muitas das autoridades no Palácio ouvidas pela jornalista Carla Araújo especulavam nomes que poderiam substituí-lo. Ao menos no entorno do presidente, vontade de fritá-lo, há. (UOL)

Pois é... A sensibilidade social do presidente ainda requer ajustes. Discursando na abertura do Congresso Nacional da Associação de Bares e Restaurantes, lamentou o fim do trabalho infantil. “Meu primeiro emprego, sem carteira assinada, eu tinha 10 anos”, ele comentou. “Bons tempos, né? Onde menor podia trabalhar. Hoje, ele pode fazer tudo, menos trabalhar, inclusive cheirar um paralelepípedo de crack.” (Globo)

Merval Pereira: “Discute-se no entorno do presidente se ele deve largar de lado a fantasia que usou nos meses recentes e reassumir seu verdadeiro eu, agressivo e desbocado, ou se deve continuar calado, sem se manifestar, como se fosse uma pessoa sensata que pensa antes de falar. A cautela que manteve desde a prisão de Fabrício Queiroz, recomendada pela imprevisibilidade das consequências, trouxe dividendos para sua melhora de popularidade, ou ela deveu-se apenas ao auxílio emergencial para a Covid-19? São casos graves no caminho de Bolsonaro para a sonhada reeleição. Ele vai ter que avaliar qual a melhor fantasia para tentar superar os obstáculos.” (Globo)

Vinicius Torres Freire: “Jair Bolsonaro quer mais do que dobrar a despesa com o Bolsa Família, associar o programa a um plano de emprego e rebatizá-lo de ‘Renda Brasil’ ou de ‘Alguma Coisa Verde Amarela’. Não há dinheiro. Assim, o governo faz um psicodrama fiscal em público: ‘Bolsonaro quer’; ‘heroica equipe econômica se debate’ para encontrar o tutu. Não vai achar a não ser que: 1) derrube o teto de gastos; 2) corte salários de servidores: vai ser a próxima ofensiva, que tem apoio de Rodrigo Maia e ganha ares de campanha; 3) acabe com vinculações e indexação de despesas previstas na Constituição (como o piso para saúde e educação ou o reajuste do salário mínimo pela inflação).” (Folha)

PUBLICIDADE

Volta com força a articulação dos presidentes do Senado, Davi Alcolumbre, e da Câmara, Rodrigo Maia, sobre a possibilidade de concorrerem à reeleição na mesma legislatura. Os dois vêm conversando nos bastidores com os ministros Alexandre de Moraes e Gilmar Mendes. No Supremo, a avaliação é de que os dois vêm desempenhando papel fundamental no equilíbrio entre os poderes. (Estadão)

Não é coincidência... O grupo Muda Senado, que inclui cerca de 20 senadores e prega combate à corrupção decidiu que não insistirá mais na criação da CPI da Lava Toga, conta Guilherme Amado. Um dos argumentos usados por Alcolumbre no STF para defender sua reeleição é que um dos membros do grupo pode terminar eleito. (Época)

A ministra Cármen Lúcia deu ao presidente do Banco Central, Roberto Campos Neto, 48 horas para que explique a decisão de lançar a nova cédula de R$ 200. Três partidos — PSB, Rede e Podemos — foram ao Supremo argumentar que a nota facilitaria crimes financeiros e lavagem de dinheiro. (Globo)

Viver

O Brasil registrou 1.215 mortes pela Covid-19 nas últimas 24 horas, chegando ao total de 116.666 óbitos. Com isso, a média móvel de novas mortes no Brasil nos últimos 7 dias foi de 950 óbitos, uma variação de -3% em relação aos dados registrados em 14 dias. Em casos confirmados, já são 3.674.176 brasileiros com o novo coronavírus desde o começo da pandemia, 46.959 desses confirmados no último dia. A média móvel de casos foi de 37.472 por dia, uma variação de -15% em relação aos casos registrados em 14 dias.

O Rio de Janeiro, por cinco dias consecutivos, apresentou uma tendência de alta na média móvel de mortes. Nas últimas 24 horas foram 168 mortes por Covid-19 e 2.643 novos casos da doença. Mais 621 mortes estão sendo investigadas. Epicentro da doença no País, São Paulo concentra o maior número total de casos e óbitos. Ontem, o Estado contabilizava 28.912 mortes e 765.670 casos confirmados. O Ceará (8.346) é o terceiro Estado com mais vítimas fatais. Na sequência estão: Pernambuco (7.425), Pará (6.097), Bahia (5.051), Minas Gerais (4.847), Maranhão (3.377) e Paraíba (2.350). No ranking mundial, o Brasil é o segundo país com mais casos e mais mortes por Covid-19, ficando atrás apenas dos Estados Unidos, que somam 5.773.220 contaminações, segundo dados da Universidade Johns Hopkins. O terceiro país com mais infectados é a Índia, com 3.167.323 casos.

E a qualidade e a quantidade de comida que as crianças e adolescentes brasileiros estão consumindo foi afetada pela pandemia. É o que concluiu pesquisa do Ibope e Unicef realizada com adultos que vivem com adolescentes e crianças entre 4 e 17 anos. De acordo com o levantamento, 21% dos entrevistados afirmaram que vivenciaram momentos em que os alimentos acabaram e não havia dinheiro para comprar mais. Entre os que vivem com crianças e adolescentes em casa, esse percentual foi de 27%. Sem ter a quem recorrer, como programas de distribuição de alimentos, 6% disseram que a única saída foi deixar de comer, o que representa cerca de nove milhões de brasileiros deixando de realizar alguma refeição por falta de dinheiro. Nos lares com crianças e adolescentes, esse percentual sobe para 8%. O estudo ainda mostra que a comida, quando tem, é de pior qualidade em muitos casos. Quase metade (49%) dos brasileiros sofreu alguma mudança nos hábitos alimentares neste período de quarentena.

Aliás, um estudo realizado pelo Instituto Pólis indica que a taxa de mortalidade por Covid-19 entre a população negra da cidade de São Paulo é cerca de 60% maior do que a registrada entre os paulistanos brancos. Segundo o levantamento, divulgado pela jornalista Mônica Bergamo, de março a julho ocorreram 157 óbitos de pessoas brancas para cada 100 mil habitantes. Já entre negros, foram 250 mortes para cada 100 mil habitantes. A discrepância se reflete entre as mulheres: foram 140 mortes de negras a cada centena de milhares de habitantes, contra 85 mortes de brancas para o mesmo contingente populacional.

Ele é antiviral, anti-inflamatório e repara tecidos do corpo humano. Em experimento promissor, o ABX464 inibiu a replicação do novo coronavírus em culturas celulares do epitélio ciliado dos brônquios, que faz parte do tecido pulmonar. A empresa francesa de biotecnologia Abivax anunciou o início do estudo miR-AGE no Brasil, uma pesquisa clínica que irá avaliar a eficácia do medicamento ABX464 para o tratamento da Covid-19. O remédio foi selecionado para testes contra a infecção pelo Sars-CoV-2 por apresentar tripla ação.

A crescente exposição à fumaça e cinzas produzidas pelas queimadas na Amazônia está comprometendo a saúde de milhões de brasileiros e pode causar problemas como irritação nos olhos, inflamação pulmonar, bronquite, asma e insuficiência cardíaca. Bebês e idosos são maioria entre os internados em hospitais. Indígenas, cuja subsistência depende da caça e de plantações devastadas, também estão entre os mais ameaçados pelos incêndios que se proliferam na mata desde o ano passado.O panorama foi descrito no relatório O ar é insuportável: os impactos das queimadas associadas ao desmatamento da Amazônia brasileira na saúde, assinado por um grupo de trabalho do Instituto de Pesquisa Ambiental da Amazônia (Ipam), do Instituto de Estudos para Políticas de Saúde (Ieps) e do Human Rights Watch.

Morreu ontem, aos 86 anos, o jornalista Washington Novaes. Pioneiro na cobertura de questões ambientais, nunca deixou a ativa. Ele havia operado para retirar um tumor no intestino que se complicou por conta de uma infecção. Washington deixa mulher e quatro filhos.

Sobre futebol, a confirmação por parte da imprensa europeia de que Lionel Messi comunicou ao Barcelona que quer deixar o clube mexeu com o mundo. Entenda os motivos que causaram o desgaste do argentino com o clube catalão.

Por falar em craque, Ronaldinho Gaúcho chegou ao Rio de Janeiro após deixar o Paraguai em um voo privado. O ex-jogador da seleção brasileira e seu irmão Roberto de Assis Moreira foram autorizados a retornar ao Brasil após ficarem detidos durante cinco meses no Paraguai por uso de passaporte com conteúdo falso.

Cultura

Todos os filmes originais da Netflix, classificados do pior ao melhor, segundo a Revista Bula. Alguns destaques são: Roma (2018), de Alfonso Cuarón, que ganhou o Oscar de Melhor Filme Estrangeiro em 2019; e História de Um Casamento (2019), dirigido por Noah Baumbach, que concorreu em seis categorias do Oscar 2020. Rede de Ódio (2020), de Jan Komasa, e Pérolas no Mar (2018), de Rene Liu, também figuram nas primeiras posições.

PUBLICIDADE

Nos sets de Hollywood, uma nova profissão surge com a retomada dos estúdios: vigia da Covid-19. Com o trabalho, um profissional chega a receber US$ 500 (R$ 2.800) por dia. O novo cargo faz parte dos protocolos de segurança obrigatórios para os estúdios que estão voltando a filmar em Los Angeles. Sindicatos de Hollywood, como o dos atores e diretores, junto com estúdios e autoridades de saúde do condado criaram um manual de orientações para evitar surtos da doença nos sets.

Cotidiano Digital

1 a 0 para a Apple contra a Epic Games. A Justiça americana permitiu que a Apple mantenha o Fortnite fora da App Store. Mas a vitória não foi completa: a big tech não poderá desativar a ferramenta de desenvolvedor da Epic Games, que vende o software para outros aplicativos.

Um instituto que influencia as regras de antitruste contra as big techs é financiado pelas próprias empresas de tecnologia. O Global Antitrust Institute, parte da Universidade George Mason, em Virgínia, é bancado quase integralmente por empresas e por fundações vinculadas ao Google, Amazon e Qualcomm. O instituto dá aulas e organiza eventos para os principais reguladores do mundo, inclusive os que estão atrás dessas big techs. Críticos e participantes de conferências passadas afirmam que a mensagem das palestras é na verdade uma só: de que a melhor maneira de fomentar a competição é adotar uma abordagem de baixa interferência para enfraquecer as leis no longo prazo. É difícil determinar o impacto do instituto. Mas, no Brasil, três investigações contra o Google foram descartadas ano passado por falta de provas. Representantes do Cade, participam das conferências desde 2015. Com tudo pago.

Enquanto isso… O governo brasileiro estuda tributar as big techs na reforma tributária. A ideia é que o novo tributo, junto com a nova CPMF, banque parte da proposta de desoneração da folha de pagamento das empresas.

Encontrou algum problema no site? Entre em contato.