Prezadas leitoras, caros leitores —
Em virtude de Corpus Christi ser feriado na maior parte do país, este Meio não circulará nesta quinta-feira, dia 19. Estaremos de volta na sexta-feira com as notícias mais importantes do Brasil e do mundo.
Um bom descanso a todos.
Os editores.
De CPMI do INSS a vetos, Congresso impõe série de derrotas ao governo

A semana mal começou e o governo já coleciona derrotas em série no Legislativo. Depois de tomar um baile na Câmara na votação pela urgência da MP que aumenta o IOF, na terça-feira o Congresso derrubou os vetos do presidente Luiz Inácio Lula da Silva em uma lei que trata de investimentos em energia eólica em alto-mar. Lula vetou vários jabutis que estavam incorporados ao projeto de lei. Com a derrubada dos vetos, o governo vai ter que lidar com a insatisfação popular por ver um aumento na conta de luz. A estimativa é de que os brasileiros terão que pagar quase R$ 200 bilhões a mais na conta de luz nos próximos 25 anos. (Folha)
Os parlamentares ainda derrubaram mais de uma dezena de vetos de Lula. Entre eles estão o item que negava a indenização para crianças com microcefalia que haviam sido vítimas do Zika vírus, e aquele que barrava a taxa de avaliação e registro para agrotóxicos. O Congresso ainda decidiu adiar a análise de outros 30 vetos, entre eles, dispositivos sobre a lei de diretrizes orçamentárias de 2025. (Estadão)
Mais cedo, o presidente do Senado e do Congresso Nacional, Davi Alcolumbre (União-AP), instalou uma CPMI para investigar o esquema de fraudes no INSS. Alcolumbre leu o requerimento que cria a Comissão Parlamentar Mista de Inquérito na noite de terça-feira, e agora os líderes partidários precisam indicar os parlamentares que vão compor a comissão. O governo tentará agora comandar os principais cargos da CPMI, como a relatoria e a presidência. (CNN Brasil)
Enquanto o governo acumulava derrotas, Lula posava feliz para fotos com os líderes do G7 no Canadá. Ele foi convidado para participar da reunião de cúpula, como tem acontecido nos últimos anos. O presidente brasileiro decidiu voltar ao Brasil no fim da tarde, cancelando a reunião bilateral com o presidente da Ucrânia, Volodymyr Zelensky. (Metrópoles)
Vera Magalhães: “Lula não tem sequer uma boa notícia para comemorar no primeiro semestre de 2025. Só liberar as emendas, agora, parece pouco diante de um quadro em que deputados e senadores parecem não acreditar mais nas chances de reação do presidente e de seu combalido exército.” (Globo)
A Polícia Federal encerrou o inquérito que investiga o que ficou conhecido como “Abin paralela”, um esquema de espionagem de autoridades, políticos e jornalistas montado durante a presidência de Jair Bolsonaro. A PF concluiu que Bolsonaro participou do esquema criminoso que utilizou a Agência Brasileira de Inteligência para monitorar seus adversários políticos, mas não indiciou o ex-presidente porque ele já foi indiciado por organização criminosa no inquérito da trama golpista. Foram indiciados o ex-diretor-geral da Abin e hoje deputado Alexandre Ramagem (PL-RJ), o vereador carioca Carlos Bolsonaro (PL-RJ) e o atual diretor-geral da agência, Luiz Fernando Corrêa. Outras 34 pessoas também foram indiciadas. (g1)
Ainda de acordo com a Polícia Federal, o esquema de monitoramento tinha como alvo ministros do STF, como Alexandre de Moraes, Dias Toffoli, Luís Roberto Barroso e Luiz Fux. No Parlamento, foram espionados o então presidente da Câmara, Arthur Lira (PP-AL), o deputado Kim Kataguiri (União-SP), além dos então deputados Joice Hasselmann, Jean Wyllys e Rodrigo Maia. Ainda havia jornalistas, governadores e senadores na lista de investigados ilegalmente. (g1)
Enquanto isso... O ministro do STF Alexandre de Moraes atendeu a um pedido da defesa do general Walter Braga Netto e autorizou a realização de uma acareação entre o militar e o ex-ajudante de ordens de Bolsonaro, tenente-coronel Mauro Cid. Os dois estarão frente a frente no dia 24 de junho, próxima terça-feira, na sala de audiências do STF. Braga Netto diz que Mauro Cid mentiu em sua delação premiada e o acusou injustamente. O ex-ministro da Justiça, Anderson Torres, e o ex-comandante do Exército, general Freire Gomes, também vão passar por uma acareação. (g1)
Para ler com calma. “Vão todos para a vala.” É assim, embora metaforicamente, que o Exército pretende tratar os militares que forem condenados no STF pela tentativa de golpe, conta Marcelo Godoy. O sentimento dos generais é de vergonha e repulsa. Submetidos ao Conselho de Justificação da Força, Bolsonaro e Braga Netto, que são oficiais da reserva, podem perder as patentes. (Estadão)
Pesquisa do Datafolha divulgada nesta manhã mostra que o percentual de entrevistados que se identificam como petistas ou bolsonaristas empatou pela primeira vez desde 2022, com cada grupo representando 35% da preferência. Em abril, os que se identificam com o presidente Lula (PT) eram 39%, enquanto os apoiadores de Jair Bolsonaro (PL) somavam 31%. As duas variações ultrapassaram a margem de erro de dois pontos. (Folha)
Meio em vídeo. Conforme o cerco ao clã Bolsonaro se fecha, ganha força a ideia de uma chapa Tarcísio-Michelle, mas também a pressão não só por um perdão presidencial a Jair como pelo enfrentamento quando o Supremo declarar o perdão inconstitucional. A que “deus” político Tarcísio está jurando obediência no púlpito? A Bolsonaro? A Gilberto Kassab? Porque à deusa Constituição não parece ser. A opinião de Flávia Tavares no Cá entre Nós. (YouTube)
O filósofo Karl Popper é cada dia mais citado na justificativa do combate ao que se vê, dependendo do lado do espectro político, como intolerância. No Meio Político desta quarta-feira, exclusivo para assinantes Wilson Gomes mostra como o célebre paradoxo vem sendo convertido em licença para práticas autoritárias, a ponto de ameaçar a própria sociedade aberta que o pensador defendia. Faça agora mesmo uma assinatura premium e receba o Meio Político ainda hoje, às 11h.
Depois de cinco dias de guerra entre Irã e Israel, e um comportamento que pode ser classificado, no mínimo, como ambíguo, Donald Trump deu sinais ontem de que os Estados Unidos podem estar próximos de entrar no conflito. O presidente americano afirmou que espera uma rendição incondicional por parte do Irã e que sabe onde o líder supremo do país está escondido, mas que não pretende matá-lo neste momento. O primeiro-ministro israelense, Benjamin Netanyahu, tem pressionado os Estados Unidos a entrar na guerra e a utilizar armamentos capazes de destruir todas as instalações nucleares iranianas. (New York Times)
Enquanto a Casa Branca parece estar cada vez mais próxima da guerra, no Congresso parlamentares democratas tentam impedir que Trump decida sozinho se atacará ou não o Irã. De acordo com deputados e senadores, o Congresso precisa aprovar a declaração de guerra contra o país persa. Trump tem a maioria na Câmara e no Senado, mas um pequeno número de parlamentares do Partido Republicano apoia a iniciativa. (Guardian)
Dois petroleiros colidiram ontem nas proximidades do Estreito de Ormuz após perderem seus sistemas de navegação via satélite. Autoridades marítimas já haviam alertado os navios que passam pela região de que os sistemas de navegação poderiam ser afetados. Cerca de 20 milhões de barris passam pelo Estreito de Ormuz todos os dias. (WSJ)
Viver
O leilão de 19 novas áreas para exploração de petróleo na Foz do Amazonas foi promovido pela Agência Nacional do Petróleo, Gás e Biocombustíveis (ANP) nesta terça-feira, aumentando a área permitida para extração, de 5,7 mil km² para 21,9 mil km². A bacia responde por 40% dos blocos ofertados e 85% da arrecadação, com áreas arrematadas pela Petrobras, as americanas Exxon e Chevron e a chinesa CNPC, pelo valor de R$ 844 milhões. Ao todo, o leilão arrecadou R$ 989 milhões com a concessão de 34 das 172 áreas oferecidas pela ANP. A oferta do bloco na margem equatorial é alvo de críticas de ambientalistas, gerando um pedido de suspensão pelo Ministério Público, já rejeitado. (g1)
O Parlamento britânico aprovou nesta terça-feira a descriminalização do aborto, retirando da esfera penal a possibilidade de processar mulheres pela prática. Por 379 votos a 137, os deputados da Casa dos Comuns validaram a mudança na maior liberalização das regras sobre interrupção de gravidez na Inglaterra e no País de Gales desde 1967. O texto deve ser analisado pela Casa de Westminster, que possui poderes limitados de alteração. Escócia e a Irlanda do Norte não são afetadas pela votação. (Folha)
Para ler com calma. Entre algumas comunidades evangélicas, existe a cultura da pureza, crença cristã conservadora na abstinência sexual até o casamento, com sexo e masturbação sendo considerados pecaminosos. Atualmente, 17 estados americanos ainda oferecem educação sexual baseada apenas na abstinência, mas apresentam taxas de gravidez na adolescência acima da média. Com educação sexual formal proibida em casa, muitos jovens adeptos crescem sem ter ideia de como são as relações sexuais, o que leva à procura por grupos virtuais de ajuda. (Guardian)
Cultura
Morreu nesta terça-feira, aos 90 anos, o jornalista e escritor Cícero Sandroni, que ocupava a cadeira número seis da Academia Brasileira de Letras (ABL). Ele faleceu em casa, após um choque séptico causado por infecção urinária. Membro da ABL desde dezembro de 2003, sendo eleito por unanimidade, presidiu a instituição entre 2008 e 2009. Vencedor do Prêmio Esso de Jornalismo, em 1974, começou a carreira 20 anos antes, na Tribuna da Imprensa, passando depois pelo Correio da Manhã, Jornal do Brasil e O Globo, além da revista O Cruzeiro. Foi autor de diversos livros, como O diabo só chega ao meio-dia (1985), Cosme Velho (1999) e O peixe de Amarna (2003). (g1)
Vencedor de vários prêmios, como o Urso de Prata no Festival de Berlim, o longa de Gabriel Mascaro, O Último Azul, vai abrir a 53ª edição do Festival de Cinema de Gramado em 13 de agosto. O evento conta com curadoria de Caio Blat, Camila Morgado e Marcos Santuário e vai até o dia 23 de agosto. Com lançamento previsto para os cinemas brasileiros no dia 28 do mesmo mês, o filme é protagonizado por Denise Weinberg e Rodrigo Santoro. A história se passa na Amazônia, onde o governo transfere idosos para uma colônia habitacional em que vão “desfrutar” seus últimos anos de vida. (Globo)
Um ano após lançar a obra-prima Cidadão Kane, de 1941, Orson Welles veio ao Brasil para filmar parte de um projeto documental no Rio de Janeiro, depois de passar por Estados Unidos e México, chamado It's All True (É Tudo Verdade). O cineasta acabou filmando também em Ouro Preto (MG), fazendo um contraponto religioso às festividades carnavalescas cariocas. As imagens na cidade mineira não foram usadas até agora. Mas a pesquisadora e cineasta Laura Godoy encontrou as cenas preservadas na Universidade da Califórnia em Los Angeles (UCLA), que serão usadas em um novo longa produzido por ela. (Folha)
Cotidiano Digital
O presidente americano, Donald Trump sinalizou, nesta terça-feira, que deve estender o prazo para a chinesa ByteDance vender as operações do TikTok no país. A decisão oficial deveria sair até o dia 19 de junho, mas Trump disse a jornalistas, a bordo do Air Force One, que a prorrogação é o cenário mais provável. Isso porque o próprio presidente admitiu que o TikTok foi importante para sua campanha entre os eleitores mais jovens nas eleições de 2024. Ainda assim, ele reconheceu que a negociação depende do aval do governo da China. (Reuters)
O uso da inteligência artificial já faz parte da rotina de quase metade dos pequenos negócios no Brasil. Um levantamento do Sebrae mostra que 44% dos empreendedores já adotam alguma ferramenta de IA no dia a dia da empresa. Há uma tendência de quanto maior o porte do negócio, maior o uso, além de quanto maior a escolaridade do dono, mais presente a tecnologia. Outro dado que chama a atenção é que 98% das pequenas empresas no país já estão online. (CNN Brasil)
Meio em vídeo. No Pedro+Cora, os jornalistas Pedro Doria e Cora Rónai conversam sobre como a inteligência artificial está mudando a forma como obtemos e armazenamos conhecimento. No programa, eles falam sobre um dispositivo que funciona como uma extensão da memória, gravando e processando informações sobre o que o usuário diz e ouve ao longo do dia. Discutem também como essa tendência pode tornar a sociedade novamente ágrafa — ou seja, uma sociedade que não escreve. (YouTube)
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