Prezados leitoras, caros leitores —
PEC da Blindagem aprovada a toque de caixa, manobras para passar o que já havia sido rejeitado, “anistia não tem prazo” pela manhã e votação da urgência da anistia à noite. A sequência de plot twists desta semana na Câmara dos Deputados tem nome e sobrenome: Hugo Motta (Republicanos-PB), presidente da Casa. Um presidente sem identidade, frágil, que viu a própria cadeira ocupada numa rebelião daqueles que deveria liderar e só ser desocupada por intervenção do antecessor e padrinho, Arthur Lira (PP-AL).
Na Edição de Sábado, exclusiva para assinantes premium, Giullia Chechia relata como a História acabou caindo nos braços de um presidente sem pulso.
E mais. Adriano Oliveira nos conduz pelas modernas cidades-fantasma nas mais diversas partes do mundo. E Guilherme Werneck entrevista a soprano brasileira Gabriella de Laccio, criadora da Donne Foundation, plataforma internacional dedicada à visibilidade de mulheres compositoras.
Política, cultura e comportamento. O Meio Premium te leva além do noticiário comum.
— Os editores
Relator diz que ‘anistia ampla está superada’ e foca em reduzir penas

Receba as notícias mais importantes no seu e-mail
Assine agora. É grátis.
Os bolsonaristas mais aguerridos já esperavam, mas não esconderam a decepção ao verem o deputado Paulinho da Força (Solidariedade-SP) ser escolhido como relator do projeto de lei que prevê anistia aos condenados pelos atos golpistas que se seguiram às eleições de 2022. Como previsto pelas alas menos radicais do Centrão, que apoiaram a aprovação do requerimento de urgência, Paulinho descartou uma anistia ampla e irrestrita, como consta no PL original do deputado Maurício Crivella (Republicanos-RJ), afirmando que a ideia “estava superada”, e disse que só apresentará uma nova proposta quando conseguir consenso no Congresso. Ele também afirmou estar aberto a conversar com o Supremo Tribunal Federal (STF) se houver, em suas palavras, algum atrito no decorrer da elaboração do texto. “Quero fazer um relatório que possa tentar agradar a todos. Como agradar a todos não é simples, vou buscar agradar a maioria e pacificar o país”, disse. O deputado foi escolhido pelo presidente da Câmara, Hugo Motta (Republicanos-PB), por seu bom trânsito entre diferentes correntes no Congresso e, em especial, pela relação pessoal com o ministro do STF Alexandre de Moraes. Em diferentes momentos, Paulinho rasgou elogios a Moraes, a quem classificou como um “defensor da democracia”. (Globo)
É exatamente essa relação pessoal entre Paulinho e Moraes que gera desconfiança entre os bolsonaristas. Apesar de ainda não fazerem ataques públicos à escolha, deputados do PL afirmaram que tentarão convencer Paulinho a incluir uma anistia ampla a todos os condenados pelos atos, principalmente o ex-presidente Jair Bolsonaro. “Nós vamos ver se a Câmara vai decidir votar uma anistia que não é anistia ou se ela realmente quer pacificar o Brasil”, disse o deputado Zé Trovão (PL-SC), afirmando que os bolsonaristas irão lutar pela anistia a Bolsonaro. Líderes do PL têm rejeitado a ideia de apenas reduzir as penas dos condenados. Pelas redes sociais, o líder do PL, deputado Sóstenes Cavalcante (RJ), afirmou que o Legislativo não pode reduzir penas de condenados. “A redução de pena é atribuição exclusiva do Poder Judiciário”, publicou. (Folha)
Paulinho começou articulações abertamente tão logo assumiu a relatoria. Na noite de quinta-feira, ele se reuniu com o ex-presidente Michel Temer (MDB) e o deputado Aécio Neves (PSDB-MG) na casa de Temer, e os três conversaram por vídeo com Motta. Após o encontro, o ex-presidente reforçou a mudança de foco para o tamanho das penas e ressaltou o diálogo. “Evidentemente, já conversamos um pouco aqui, é de comum acordo com o STF, com o Executivo, numa espécie de pacto republicano, digamos assim, especialmente com esta denominação de PL da Dosimetria, portanto uma nova dosagem das penas. Acho que pode produzir um resultado muito positivo”, disse Temer. (Poder360)
Enquanto a Câmara se mobiliza para discutir o projeto de lei sobre a anistia dos envolvidos na trama golpista, no Senado as atenções estão voltadas para a PEC da Blindagem, aprovado com folga em dois turnos esta semana. Ao contrário do que aconteceu na Câmara, que votou a proposta a toque de caixa, no Senado o projeto terá sua tramitação em ritmo normal. O presidente da Casa, Davi Alcolumbre, encaminhou a PEC diretamente para a Comissão de Constituição e Justiça (CCJ) após a Câmara enviar o texto. Alcolumbre tem demonstrado incômodo com o processo acelerado imposto por Hugo Motta. A interlocutores, ele disse que o presidente da Câmara só o procurou três horas após a aprovação do texto e não consultou os senadores a respeito da proposta para lá de polêmica de blindar os parlamentares de investigações criminais. “Motta agiu sozinho”, diz um senador próximo a Alcolumbre. (g1)
A polêmica sobre a PEC da Blindagem atravessou a Praça dos Três Poderes e chegou ao STF. Após ação protocolada pelo deputado Kim Kataguiri (União Brasil-SP), o ministro Dias Toffoli determinou que a Câmara explique os trâmites que levaram à aprovação relâmpago da proposta de emenda à Constituição. Kim Kataguiri solicita ao Supremo a suspensão da tramitação da PEC no Parlamento por meio de liminar. Dias Toffoli deu prazo de 10 dias para manifestação da Câmara e só deve se pronunciar após receber as explicações. (CNN Brasil)
E o presidente Lula criticou abertamente a aprovação da PEC da Blindagem, dizendo que não é “uma coisa séria”. “Nós temos de garantir prerrogativa de vida para o povo”, disse, em discurso em evento do Novo PAC no Palácio do Planalto. Lula teria ficado constrangido com os votos de deputados petistas em favor da PEC. (UOL)
Após ajudar a aplicar duas derrotas acachapantes ao Planalto nesta semana, o União Brasil decidiu antecipar sua saída do governo federal, prevista originalmente para o final do mês. O partido determinou que todos os integrantes com cargos na Esplanada deixem o Executivo em até 24 horas, sob pena de punição. A decisão teria sido motivada por informações de que a Polícia Federal estaria investigando indícios de que o presidente do União, Antonio Rueda, seria dono oculto de jatos executivos usados para transportar empresários ligados ao PCC. Em nota, a executiva do partido afirmou que “causa profunda estranheza que essas inverdades venham a público justamente poucos dias após a determinação oficial de afastamento de filiados do União Brasil de cargos ocupados no governo federal”. (Metrópoles)
Depois de muito suspense, os Estados Unidos finalmente concederam visto de entrada para que o ministro da Saúde, Alexandre Padilha, participe de reuniões sobre saúde que acontecem em paralelo à Assembleia Geral da ONU, programada para começar no próximo dia 23. Padilha teve seu visto de turista cancelado pela Casa Branca por conta de seu envolvimento no Programa Mais Médicos, iniciado há mais de uma década. Havia temor de que Washington não concedesse o visto ao ministro, o que contraria os acordos internacionais firmados desde a criação da ONU, em 1947. O visto, no entanto, veio com restrições severas de movimentação. O ministro só poderá se deslocar entre seu hotel e a sede da ONU, e poderá caminhar a uma distância máxima de cinco quarteirões de onde estiver hospedado. (Globo)
Enquanto isso, nos Estados Unidos, um grupo de senadores Democratas e Republicanos apresentou projeto de lei para derrubar o tarifaço de 50% imposto aos produtos brasileiros pelo presidente Donald Trump. O projeto será analisado e votado pelo Senado. Os parlamentares afirmam que a decisão de Trump é ilegal e contribui para o aumento da inflação no país. “Uma guerra comercial com o Brasil aumentaria os custos para os americanos, prejudicaria as economias americana e brasileira e aproximaria o Brasil da China”, disseram os senadores em comunicado conjunto. (Estadão)
Não pare por aqui. Receba as newsletters especiais deste Meio e aproveite nosso streaming assinando o Meio Premium. Por apenas R$ 15 por mês, você acessa conteúdos em vídeo e texto que te preparam para opinar com segurança. Assine e descubra.
Viver
Uma nova diretriz elaborada por três sociedades médicas passa a enquadrar como pré-hipertensão a pressão arterial entre 12 por 8 e 13,9 por 8,9. O documento foi divulgado nesta quinta-feira no 80º Congresso Brasileiro de Cardiologia pelas Sociedades Brasileiras de Cardiologia (SBC), Nefrologia (SBN) e Hipertensão (SBH). A reclassificação tem como objetivo reforçar a prevenção antes que a doença se instale no paciente. Os médicos devem recomendar mudanças no estilo de vida e até receitar medicamentos, dependendo do risco. A diretriz acompanha o padrão europeu divulgado em 2024. (CNN Brasil)
O Brasil poderia economizar R$ 25 bilhões em gastos com saúde, caso o saneamento básico fosse universalizado no país, segundo uma estimativa do Instituto Trata Brasil. Até 2040, a medida teria um impacto de mais R$ 1,5 trilhão em diferentes setores econômicos, R$ 815 bilhões já descontados os custos dos investimentos. Com 56% da população tendo acesso à coleta de esgoto, em 2024, o país registrou 344 mil internações causadas por doenças relacionadas ao saneamento inadequado, que custaram R$ 174,309 milhões aos cofres públicos. Em 2020, o novo marco legal estabeleceu a meta de universalizar o acesso à água potável e à coleta e tratamento de esgoto até 2033. (UOL)
O Ministério da Educação (MEC) publicou uma portaria que institui o Programa Educação para a Cidadania e para a Sustentabilidade, que insere o ensino da democracia em salas de aula de todo o país. A adesão de estados e municípios é voluntária, mas espera-se que a iniciativa chegue a 1 milhão de estudantes por ano. O objetivo é incluir temas abordando o que é e para que serve a democracia e como exercer a cidadania no cotidiano. Inspirado em políticas de países como Alemanha e França, o programa é fruto da mobilização de 120 instituições da sociedade civil. (g1)
Cultura
O Centro Cultural Banco do Brasil começou uma retrospectiva completa de Charles Chaplin, reunindo 83 filmes, entre curtas, longas e médias, sendo um dos destaques para o fim de semana no Rio de Janeiro. Outro bom programa é o show de Zé Ibarra, como parte do Festival LivMundi, no Museu de Arte Moderna. Em São Paulo, rola o Mimo, um dos festivais itinerantes mais legais do Brasil, com muita música, filmes e workshops. Para quem é de teatro, tem a peça Seis Atores em Busca de Sérgio Cardoso, com direção de Rita Batata, no Teatro Sérgio Cardoso. Leia todas as sugestões no site do Meio.
Uma sessão de cinema foi paralisada em São Paulo, após policiais serem acionados para retirar uma mãe com dois filhos menores, que foram ver o filme japonês de animação Demon Slayer: Castelo Infinito, um fenômeno infantojuvenil. Funcionários da rede Cinemark interromperam a exibição, pedindo que todas as crianças saíssem da sala, o que foi recusado pela família, pausando o longa por uma hora. No boletim de ocorrência registrado pela mãe, ela disse não ter sido informada de que a classificação indicativa para o anime era de 18 anos. (g1)
Um dos favoritos ao Oscar 2026, Hamnet: A Vida Antes de Hamlet, vai encerrar a programação internacional do Festival do Rio, em 11 de outubro no Cine Odeon. Produzido por Steven Spielberg e Sam Mendes, o filme foi o grande vencedor do Festival de Toronto, ao levar o prêmio do público. O longa dirigido por Chloé Zhao retrata os bastidores da criação de Hamlet, de William Shakespeare, interpretado por Paul Mescal, que sofre com sua esposa Agnes (Jessie Buckley) pela perda de seu único filho, Hamnet. A estreia nacional acontece no dia 29 de janeiro. (Globo)
Madonna revelou nesta quinta-feira que lançará um novo álbum dançante em 2026. Ainda sem título, o disco dance será o primeiro da Rainha do Pop em sete anos. Ela se reunirá com o DJ Stuart Price, que produziu seu aclamado álbum Confessions on a Dance Floor, de 2005. O lançamento também marca a volta de Madonna à Warner Records, quase duas décadas após deixar a gravadora. (Variety)
Cotidiano Digital
O Google está lançando um conjunto de novos recursos que integram o seu modelo de IA Gemini ao navegador Chrome. A novidade já está disponível para usuários de Mac e Windows nos Estados Unidos sem necessidade de uma assinatura. Nos próximos meses, a companhia planeja introduzir um recurso que permite à IA executar tarefas consideradas tediosas no Chrome, como fazer compras de supermercado em nome do usuário a partir de uma lista de compras no e-mail, remarcar entregas, fazer reservas em restaurantes, entre outras atividades. No Chrome para desktop, agora será possível usar o agente de IA Gemini em várias abas diferentes para resumir informações de diversas fontes e recuperar páginas anteriores do histórico de navegação. (The Verge)
A Meta anunciou seu novo par de óculos inteligentes da Ray-Ban com tela integrada na lente direita para aplicativos, alertas e instruções. O dispositivo é controlado por uma pulseira que capta gestos sutis das mãos, chamada Meta Neural Band, semelhante a um Fitbit sem tela. Segundo o CEO Mark Zuckerberg, o Meta Ray-Ban Display poderá ser adquirido a partir de 30 de setembro por US$ 799. O produto vem equipado com um assistente de IA integrado, câmeras, alto-falantes e microfones, além de ter acesso a internet e aplicativos de mídia social, como Instagram, WhatsApp e Facebook. (TechCrunch)
Meio em vídeo. Pedro Doria e Cora Rónai falam sobre Charlie Kirk e como seu fim brutal foi exposto na internet e nas redes sociais. No Pedro+Cora, os jornalistas comentam como a notícia e vídeos do momento se espalharam, a volta de uma epidemia de violência política dentro dos Estados Unidos, as motivações que fazem de Tyler Robinson o principal suspeito e como estão as investigações do caso. Confira. (YouTube)
Estreia no Meio: Dou-lhe Duas. Flávia Tavares e Pietra Príncipe se encontram em um bate-papo livre, divertido e cheio de provocações inteligentes sobre os mais variados assuntos. O primeiro episódio já está no ar em nosso canal do YouTube. Assista aqui.