Focus: mercado eleva estimativa de inflação em 2025 para 5,58%
Analistas do mercado financeiro aumentaram novamente as projeções de inflação para este ano e também para 2026. Segundo as projeções do boletim Focus (leia na íntegra) divulgadas hoje pelo Banco Central, a estimativa de inflação subiu de 5,51% para 5,58%, na 17ª alta seguida e novamente acima do teto da meta. Para 2026, a expectativa subiu de 4,28% para 4,30%, sétimo aumento consecutivo no indicador. A partir de 2025, com o início do sistema de meta contínua, o objetivo é de 3% – e será considerado cumprido se a inflação oscilar entre 1,5% e 4,5%. Os economistas mantiveram estável a projeção para a taxa básica de juros neste ano. No fim de janeiro, o BC elevou os juros pela quarta vez seguida, para 13,25% ao ano. E também indicou que deve elevar novamente a taxa em março. Para o fechamento de 2025, a projeção do mercado para o juro básico da economia permaneceu em 15% ao ano. Já para o fim de 2026, o mercado manteve a projeção em 12,50% ao ano. Para o crescimento do Produto Interno Bruto (PIB) em 2025, a projeção do mercado caiu de 2,06% para 2,03%. A projeção para a taxa de câmbio para o fim de 2025 ficou estável em R$ 6. Para o fim de 2026, a estimativa permaneceu também em R$ 6. (g1)
Desenrola Rural vai atender quase 1 milhão de produtores com passivo de R$ 19,5 bi
O Ministério do Desenvolvimento Agrário pretende anunciar ainda este mês o Desenrola Rural, programa para regularizar as dívidas de agricultores familiares e facilitar o acesso a crédito novo para esse público. A medida deve atender mais de 943 mil pequenos produtores e assentados da reforma agrária, cujo passivo soma R$ 19,5 bilhões. Serão contemplados débitos em atraso de mais de um ano. “O Desenrola Rural vai permitir que cerca de 1 milhão de agricultores que não podem mais tomar crédito agrícola possam fazê-lo, tendo em vista que eles repactuarão as dívidas. Uma parte já repactuou, mas tem score negativo, e isso também será solucionado”, disse o ministro Paulo Teixeira ao Valor. Os objetivos do programa são liquidar ou renegociar essas dívidas com descontos que podem chegar a 96% do valor. Segundo o ministério, não haverá custo para a União, pois a medida trata de dívidas consideradas “perdidas”. Quase 70% dessas dívidas são de até R$ 10 mil, 22% não chegam a R$ 50 mil e 9% são superiores a esse valor. (Valor)
Sem novos cortes de gastos, governo pode ficar paralisado já em 2027
Se o governo não adotar novos cortes de gastos públicos, o vencedor da próxima eleição presidencial pode chegar ao poder, em 2027, com dificuldades orçamentárias — independentemente de quem seja o presidente. Estudo do Núcleo de Economia e Assuntos Fiscais da Consultoria de Orçamento e Fiscalização Financeira (Conof) da Câmara dos Deputados mostra que “a situação discricionária [de gastos não obrigatórios] do orçamento federal já pode ser avaliada como crítica, especialmente a partir de 2027, com tendência de agravamento acelerado”. O espaço para gastos livres dos ministérios projetado pela Consultoria para 2027 é de R$ 29,6 bilhões, considerado pequeno para o atendimento de todas as demandas. A partir de 2029, o espaço fica negativo, ou seja, não poderão ser reservados mais valores para essas despesas. Os gastos obrigatórios, que têm regras específicas fixadas em leis, continuarão crescendo nos próximos anos, mesmo considerando o alívio gerado pelo pacote de cortes de gastos do fim de 2024. Com isso, aquilo que o governo não pode cortar começará a ocupar, progressivamente, o espaço dos gastos livres dos ministérios, chamados de “discricionários”. A conclusão dos analistas é que a equipe econômica deve seguir insistindo em políticas de austeridade fiscal e que cortem gastos considerados mais altos que o necessário, mesmo sofrendo resistência do próprio presidente Lula, que já se pronunciou contra novas medidas fiscais. “Um horizonte temporal adequado para a apresentação de medidas estruturais dessa natureza seria até 15 de abril de 2025, que é a data limite para o encaminhamento do projeto de lei de diretrizes orçamentárias da União para 2026 (PLDO 2026) ao Congresso”, avaliaram os consultores da Câmara. (g1)
Casa Civil nega estudo sobre aumento no valor do Bolsa Família
Em nota divulgada na noite desta sexta-feira, a Casa Civil negou que haja um estudo sobre um possível aumento no valor do Bolsa Família. “A Casa Civil da Presidência da República informa que não existe estudo no governo sobre aumento do valor do benefício do Bolsa Família. Esse tema não está na pauta do governo e não será discutido”, diz a nota do ministério de Rui Costa. Tal possibilidade foi levantada, em entrevista à Deutsche Welle, pelo ministro do Desenvolvimento e Assistência Social, Família e Combate à Fome, Wellington Dias (PT), que afirmou que a medida poderia ser tomada para enfrentar alta no preço dos alimentos. A equipe econômica se surpreendeu com a fala de Wellington Dias, cuja pasta é responsável pelo programa. Um aumento no benefício social precisaria ser incluído no orçamento federal, o que implicaria em corte de gastos em outra rubrica ou maior arrecadação. (Folha)
Segundo maior ‘depósito de ouro’ do mundo tem fila para retirada de barras
As ameaças tarifárias de Donald Trump geraram uma procura tão grande por barras de ouro custodiadas no Reino Unido que os agentes financeiros estão dispostos a enfrentar filas que podem chegar a semanas por uma oportunidade de recuperar o metal. Todas as vagas no Banco da Inglaterra para retirada de barras de ouro nas próximas semanas já estão agendadas. Os investidores correm para enviar o metal aos Estados Unidos e aproveitar a alta dos preços do ouro no país, disse uma autoridade. Ativo físico, o ouro se tornou mais valioso nos EUA do que em outras partes do mundo, uma vez que os investidores temem que a oferta despenque se as tarifas generalizadas de Trump, tanto as anunciadas como as planejadas, tornarem as importações do metal mais caras. E os proprietários das barras de ouro armazenadas em cofres subterrâneos de Londres têm tentado aproveitar esse diferencial de preço. O Banco de Inglaterra, que possui o segundo maior estoque de ouro do mundo, tem registado uma forte procura por saques do metal. O estoque de ouro do Banco da Inglaterra caiu cerca de 2% desde o fim do ano passado. (CNN)
Bradesco lucra R$ 5,4 bi no 4º tri; no ano, alta é de 20%
O Bradesco registrou lucro líquido recorrente de R$ 5,402 bilhões no quarto trimestre de 2024, avanço de 3,4% ante os três meses anteriores e de 87,7% na comparação com o mesmo período de 2023. No ano de 2024, o banco lucrou R$ 19,554 bilhões, alta de 20% frente a 2023. O lucro líquido contábil foi de R$ 4,934 bilhões no quarto trimestre, queda de 5,6% ante o terceiro trimestre e alta de 189,7% na comparação com o mesmo período do ano anterior. A receita de serviços somou R$ 10,262 bilhões no quarto trimestre, alta de 3,6% em três meses e de 13,7% em 12 meses. As despesas operacionais totalizam R$ 16,418 bilhões, alta trimestral de 9,1% e anual de 9,9%. A carteira de crédito expandida do atingiu R$ 981,692 bilhões em dezembro, alta de 4,0% no comparativo trimestral e 11,9% em 12 meses. Já a inadimplência ficou em 4% no quarto trimestre, ante 4,2% no terceiro e 5,1% em igual período de 2023. A inadimplência de curto prazo (15 a 90 dias), ficou em 3,4%, igual ao trimestre anterior e abaixo dos 4,1% de um ano antes. (Valor)
Novas ameaças de Trump fazem bolsas cair e dólar subir
As novas ameaças tarifárias de Donald Trump repercutiram negativamente no mercado financeiro nesta sexta-feira. O republicano disse que pretende anunciar tarifas recíprocas a vários países na próxima semana, acrescentando que os impostos adicionais podem ajudar a reduzir o déficit orçamentário do país. A moeda americana subiu 0,51%, a R$ 5,7930. Na semana, no entanto, acumulou queda de 0,76%. O Ibovespa também respondeu mal ao anúncio, caindo 1,27%, aos 124.619,40 pontos. Com isso, interrompeu uma sequência de quatro semanas em terreno no positivo, fechando no vermelho pela primeira vez em 2025, com perda semanal de 1,20%. Em Wall Street, os principais índices também fecharam em baixa. Dow Jones recuou 0,99%, S&P 500 caiu 0,95% e Nasdaq registrou perda de 1,36%. (InfoMoney)
Análise: inflação reflete uma economia superaquecida
Alexandre Schwartsman: “Se fosse verdade que a inflação se elevou apenas pelo efeito dos alimentos, esperaríamos que o IPCA livre do impacto desses produtos tivesse se mantido estável, ou mesmo diminuído, na segunda metade de 2024. Não é o que os números revelam: a inflação de tudo que não é comida se elevou de 3,9% para 4,2% no período. Outras medidas de inflação, que buscam ‘limpar’ o índice de efeitos temporários e localizados, revelam fenômeno similar. Destacamos o desempenho dos serviços, mais sensíveis à demanda interna e menos afetados pelo dólar. Também se aceleraram no segundo semestre, atingindo perto de 6% nas leituras mais recentes. Tal comportamento, em particular no que se refere a serviços, sugere uma economia superaquecida, utilizando seus recursos, capital e trabalho, de forma mais intensa do que a consistente com estabilidade de preços, definida como inflação próxima à meta. O sobreaquecimento da economia e a aceleração da inflação decorrem diretamente da política de aumento do gasto público. A bomba estourou no colo do BC, a quem cabe evitar que a inflação se desvie persistentemente da meta. Daí a necessidade de voltar a elevar a taxa Selic para moderar o crescimento e trazer o IPCA de volta”. (Veja)
Segundo economistas, Milei transforma Argentina em grande experimento liberal
A ascensão do economista Javier Milei à presidência argentina transformou a combalida economia do país em um grande laboratório de experimentos liberais. A Argentina colheu seus primeiros resultados superavitários em anos em 2024 graças à política de austeridade fiscal de Milei. Ao cortar gastos com programas sociais, reduzir a quantidade de ministros e se desfazer de estatais, ele afirma estar promovendo uma maior “eficiência estatal”. Por outro lado, a pobreza e o desemprego cresceram com o corte de financiamento a diversos programas sociais. Além da questão social, economistas alertam para uma potencial armadilha cambial na qual o país pode cair, já que a apreciação do câmbio gera uma perda de competitividade das exportações e aumenta o incentivo à importação. O maior desafio de Milei é se ele conseguirá garantir a sustentabilidade de seus feitos. (CNN Money)
Haddad critica juros altos e aposta na queda do dólar para reduzir inflação
O ministro da Fazenda, Fernando Haddad, afirmou nesta sexta-feira que espera uma redução na inflação nas próximas semanas, impulsionada pela queda recente do dólar. A moeda americana, que chegou aos R$ 6,18 no fim do ano passado, recuou para R$ 5,76, menor patamar desde novembro. “Quando o produtor está recebendo mais em reais em virtude do dólar ter e apreciado, isso acaba tendo impacto nos preços internos, então a política que nós estamos adotando para trazer esse dólar em um patamar adequado também vai ter reflexos no preços”, disse Haddad em entrevista à Rádio Manhã Cidade, da cidade de Caruaru (PE). Haddad destacou ainda que a queda do dólar também pode ajudar a reduzir o preço dos combustíveis, que subiram no último sábado devido a mudanças no cálculo do ICMS por parte dos estados. O ministro também criticou o Banco Central, que elevou a Selic para 13,25% ao ano. Segundo ele, a política monetária precisa ser aplicada na “dose certa” para evitar impactos negativos na economia. “A política monetária tem que ter muita sabedoria para você conduzir, você não pode deixar problemas e crescimento da economia, não pode jogar o país numa recessão”, afirmou. (Globo)