Déficit externo cresce e Brasil pode enfrentar câmbio mais volátil em 2025
Brasil registrou, em 2024, o maior déficit nas contas externas desde 1995, com um saldo negativo de US$ 65,4 bilhões em transações correntes, o que representa 3,02% do PIB. O resultado acendeu um sinal de alerta entre economistas, pois a principal fonte de financiamento desse déficit, o Investimento Direto no País (IDP), está cada vez mais apertada, fechando o ano em US$ 68,5 bilhões. Especialistas alertam que essa menor folga no financiamento externo torna o país mais sensível a choques globais, como a ofensiva tarifária do presidente dos EUA, Donald Trump, que pode reduzir ainda mais o fluxo de capitais para mercados emergentes. No entanto, apesar do cenário mais delicado, a situação não é considerada alarmante nem representa risco iminente de crise externa. Entre os fatores que pressionaram as contas externas, o crescimento econômico acima do potencial levou a um aumento expressivo das importações, ampliando o déficit na balança de serviços e reduzindo o saldo comercial. A perspectiva para 2025 é de um dólar mais alto e volátil e de uma desaceleração econômica, o que pode ajudar a reduzir esse déficit. (Globo)
Haddad minimiza rejeição no mercado e defende reforma do IR
O ministro da Fazenda, Fernando Haddad, minimizou os resultados da pesquisa Genial/Quaest que apontaram um aumento na sua reprovação entre agentes do mercado financeiro. Em entrevista nesta quinta-feira, ele questionou a metodologia do levantamento e comparou os números a uma conversa informal. “Depende de onde você fizer a pesquisa, vai sair de um jeito. Se você consulta 106 pessoas na Faria Lima e chama isso de pesquisa, é dar um nome muito pomposo para algo que deve ter sido feito em 15 minutos”, afirmou Haddad à Empresa Brasil de Comunicação (EBC). A pesquisa revelou que a avaliação negativa do ministro saltou de 24% em dezembro para 58% em março, enquanto sua aprovação caiu de 41% para 10%. O levantamento foi realizado entre os dias 12 e 17 de março com 103 economistas, analistas e tomadores de decisão. Ainda na entrevista, Haddad afirmou que não considera necessária uma recessão para controlar a inflação no país e atribuiu a alta da Selic à gestão anterior do Banco Central, sob o comando de Roberto Campos Neto. O ministro também defendeu a proposta do governo que isenta de Imposto de Renda quem ganha até R$ 5 mil, afirmando que o projeto deve tramitar sem dificuldades no Congresso. “A proposta foi, na minha opinião, muito bem recebida, porque quem vai pagar essa conta é quem hoje não paga Imposto de Renda”, disse. Ele ressaltou que a medida não aumenta a carga tributária, mas sim corrige distorções do sistema. Haddad também rebateu críticas de que a medida teria um caráter populista. Segundo ele, o governo estuda a medida há mais de um ano, atendendo a um pedido do presidente Lula, que teria reforçado que “não faz promessa só para ganhar eleição”. (InfoMoney, Globo e CNN Brasil)
Apesar de alta na Selic, Brasil cai em ranking de juros reais
Mesmo com o Comitê de Política Monetária (Copom) do Banco Central elevando a Selic para 14,25% ao ano, o Brasil caiu para a quarta posição no ranking global de juros reais, que descontam a inflação, segundo levantamento do economista Jason Vieira, da Lev Asset Management. O país agora fica atrás de Turquia (11,90%), Argentina (9,35%) e Rússia (8,91%), com uma taxa real de 8,79% ao ano. Em janeiro, o Brasil liderava a lista com juros reais de 9,18%. O motivo para a queda na posição do ranking, apesar do aumento da Selic, é a forte redução das taxas de juros futuras no Brasil nos últimos meses. No cenário nominal, o país manteve a quarta colocação, ficando atrás apenas de Turquia (42,50%), Argentina (29%) e Rússia (21%).
Ibovespa sobe 0,79% e dólar cai a R$ 5,65
A manutenção dos juros nos Estados Unidos e quase certeza de que a decisão do Copom não surpreenderia, o Ibovespa fechou com alta de 0,79%, chegando aos 132.508 pontos. A decisão o Fed também animou os principais índices de Wall Street, o S&P 500 avançou 1,37%, Dow Jones subiu 1,15% e Nasdaq valorizou 1,41%. Já o dólar fechou em queda de 0,43%, a R$ 5,65. (Valor Investe)
Copom eleva Selic a 14,25% e sinaliza alta menor na próxima reunião
Em mais uma decisão unânime e conforme previsto pelos analistas, o Comitê de Política Monetária do Banco Central elevou a taxa básica de juros em um ponto percentual, a 14,25% ao ano, e sinalizou que pode fazer um ajuste de menor magnitude na próxima reunião. “Diante da continuidade do cenário adverso para a convergência da inflação, da elevada incerteza e das defasagens inerentes ao ciclo de aperto monetário em curso, o Comitê antevê, em se confirmando o cenário esperado, um ajuste de menor magnitude na próxima reunião”, diz o comunicado do Copom. Essa foi a terceira alta seguida nessa magnitude no atual ciclo de aperto monetário, iniciado em setembro passado. A Selic chega a assim ao mesmo nível observado entre o final de julho de 2015 e outubro de 2016, no auge da crise política e econômica que culminou com o impeachment da presidente Dilma Rousseff. Se houver novo aumento na próxima reunião, a Selic alcançará o maior patamar em quase 20 anos. Quanto à magnitude total do ciclo de aperto monetário, o Copom diz que isso será ditado “pelo firme compromisso de convergência da inflação à meta e dependerá da evolução da dinâmica da inflação, em especial dos componentes mais sensíveis à atividade econômica e à política monetária, das projeções de inflação, das expectativas de inflação, do hiato do produto e do balanço de riscos”. E o comitê destacou que segue acompanhando com atenção como os desenvolvimentos da política fiscal impactam a política monetária e os ativos financeiros. “A percepção dos agentes econômicos sobre o regime fiscal e a sustentabilidade da dívida segue impactando, de forma relevante, os preços de ativos e as expectativas dos agentes”, diz o Copom. A estimativa do Copom para o IPCA deste ano teve pequena redução, de 5,2% para 5,1%, acima do teto da meta de 4,5%. (Meio e InfoMoney)
Ministro da Agricultura diz que governo continua com ‘caneta na mão’ contra inflação
Na batalha contra a inflação, o ministro da Agricultura e Pecuária, Carlos Fávaro, afirmou nesta quarta-feira em audiência pública no Senado que o governo continua “com a caneta na mão” para tomar medidas para reduzir os preços dos alimentos. Ele lembrou que as alíquotas de importação de vários itens já foram zeradas para forçar a queda de preços ao consumidor e avisou que não haverá “pirotecnia”, como a taxação ou a criação de cotas de exportações, para garantir o abastecimento no mercado interno. “Um governo liberal como o dos Estados Unidos fica fazendo taxação e um governo progressista no Brasil toma medidas ortodoxas, simples. Algumas (medidas) surtirão efeito, como a redução da tarifa do óleo de palma, essencial para a indústria de alimentos. O governo continua com a caneta na mão sem pirotecnia, sem medidas excepcionais”, afirmou. (Globo)
No primeiro ano completo sob Milei, economia da Argentina encolhe 1,7% em 2024
A economia argentina encolheu 1,7% em 2024, informou o Instituto Nacional de Estatísticas e Censos (Indec) nesta quarta-feira. Esse é o primeiro resultado anual do PIB sob a gestão de Javier Milei. O recuo na atividade econômica é reflexo de uma política dura de cortes de gastos adotada pelo presidente, batizada de Plano Motosserra, que tem como principal objetivo reduzir a inflação, que ficou em 211,4% no acumulado em 12 meses até o fim de 2023, quando o ultralibertário assumiu a Casa Rosada. Mesmo com a contração anual, os últimos trimestres dão sinais de que a Argentina está recuperando algum fôlego. O PIB do quarto trimestre de 2024 cresceu 1,4% em relação aos três meses anteriores. De julho a setembro, a atividade econômica já tinha registrado uma alta trimestral de 4,3%. Em outubro passado, o Fundo Monetário Internacional estimou que a Argentina registraria uma queda de 3,5% no PIB de 2024. Para este ano, a expectativa é de uma alta de 5%. (g1)
CVM analisa divulgação de investimento de Eike após anúncio de criptomoeda e supercana
A Comissão de Valores Mobiliários (CVM) analisa a divulgação do investimento na chamada “supercana” feita por Eike Batista durante evento com a imprensa carioca no fim de fevereiro. A análise trata da possível oferta irregular de tokens que podem ter características de valor mobiliário. Não há qualquer acusação, apenas a análise de informações. Mas isso pode, eventualmente, virar um processo com sanções. A nova empresa promete colocar a “supercana” em produção efetiva, com promessa de aporte inicial de US$ 500 milhões da BrasilInvest, de Mário Garnero, e do Abu Dhabi Investment Group (Adig). Dias após o anúncio, o dono da Cosan, Rubens Ometto, disse já ter testado a matéria-prima geneticamente modificada, mas desistiu por se mostrar economicamente inviável. (Pipeline)
Para 2025, Fazenda mantém projeção de expansão do PIB em 2,3% e eleva IPCA a 4,9%
O Boletim Macrofiscal da Secretaria de Política Econômica (SPE) do Ministério da Fazenda manteve a estimativa para o crescimento do PIB em 2,3% neste ano. Para o ano que vem, houve ligeiro ajuste para baixo, de 2,6% para 2,5%. Já a perspectiva para a inflação medida pelo IPCA passou de 4,8% para 4,9% em 2025. Para o ano que vem, o número foi revisado de 3,4% para 3,5%. A SPE afirmou que “pequenas alterações marginais no cenário esperado” influenciaram a mudança na projeção do IPCA neste ano, acrescentando que a expectativa é de desaceleração dos preços dos alimentos, estabilidade no custo de serviços e aceleração nos preços de bens industriais até o fim do ano. Em fevereiro, o IPCA ficou em 5,06% no acumulado em 12 meses. (Folha)
Ben & Jerry’s acusa Unilever de demitir CEO irregularmente
A fabricante de sorvetes Ben & Jerry’s acusou sua controladora, a Unilever, de demitir seu CEO por disputas sobre a missão social da marca. Fundada por Ben Cohen e Jerry Greeneld em 1978, a marca de sorvetes se tornou popular com sabores incomuns, como Cherry Garcia, e se associou a causas progressistas. Em uma ação apresentada na Justiça de Nova York, a Ben & Jerry’s alega que a Unilever demitiu David Stever por ele não conseguir impedir que a marca se manifestasse sobre questões políticas. Quando a Unilever comprou a empresa em 2000, um acordo estabeleceu um conselho independente na Ben & Jerry’s para proteger seus valores sociais. Mas tem havido desentendimentos sobre como a Ben & Jerry’s comunica sua missão social. Em 2022, a fábrica de sorvetes processou a Unilever por bloquear suas tentativas de parar de vender em territórios ocupados. E a Ben & Jerry’s acusa a Unilever de silenciar suas tentativas de se manifestar em apoio à paz em Gaza e de minar a autoridade do conselho independente. A polêmica ocorre em um momento em que as empresas dos EUA e de outros países estão cada vez mais se afastando de compromissos com diversidade e inclusão sob pressão do governo de Donald Trump. (Bloomberg Línea)